domingo, 17 de fevereiro de 2013

UM TEXTO SOBRE A DIVISÃO CONCEITUAL DA IDADE MÉDIA


 


Período compreendido entre o fim do Império Romano do Ocidente (476) e a conquista de Constantinopla pelos turcos (1453). Divide-se em duas fases: Alta Idade Média e Baixa Idade Média.

ALTA IDADE MÉDIA – Estende-se do século V ao XI. A Europa ocidental sofre sucessivas invasões dos povos bárbaros, que se instalam na região rompendo a unidade política do mundo romano. Organizam-se em reinos, conhecidos como reinos bárbaros, dos quais sobressai o dos francos, que dá origem ao Império Carolíngio (751-814). Após a morte de Carlos Magno, o Império se divide e sua porção oriental forma o Sacro Império Romano-Germânico (962). É o período de formação do feudalismo, com a ruralização da economia e a retração do comércio e da vida urbana.



A Igreja promove a cristianização dos povos bárbaros e realiza alianças com as Monarquias feudais, transformando-se também em grande proprietária de terras. É responsável pela preservação da língua latina e da cultura antiga, principalmente por meio da multiplicação dos mosteiros em toda a Europa. Funciona como um elemento de unidade e de estabilidade, com o papa exercendo autoridade sobre todos os cristãos. Essa influência se estende igualmente à arte medieval, dominada pela religiosidade.


Enquanto o Ocidente sofre um processo de fragmentação e ruralização, no mundo oriental surgem Impérios com poder fortemente centralizado: o Império Bizantino e o Império Árabe. Estes procuram expandir seu domínio no Mediterrâneo e mantêm relações comerciais com o Ocidente, especialmente com cidades italianas.


BAIXA IDADE MÉDIA –Estende-se do século XI ao XV. É um período de transformação e crise no feudalismo, que abrem caminho para o capitalismo. As inovações tecnológicas (como o uso do arado de ferro e de moinhos de vento), a diversificação de culturas e a incorporação de novas áreas para o cultivo permitem o desenvolvimento da produção agrícola. Como conseqüência, a população aumenta. Surgem as Cruzadas, que permitem a expansão do cristianismo em direção ao Oriente e a retomada do comércio em larga escala no mar Mediterrâneo.



As cidades (burgos) crescem e multiplicam-se. Seus habitantes, os burgueses, desenvolvem o comércio e o artesanato, organizados em corporações de ofício. Os dois principais pólos de crescimento urbano são o norte da Itália e o do mar do Norte. As cidades italianas (Gênova, Veneza, Milão, Pisa, Amalfi, Florença, Siena e outras) fazem o comércio de especiarias e artigos de luxo com o Oriente através do mar Mediterrâneo. As cidades comerciais do mar do Norte (Brugge, Antuérpia, Amsterdã, Bremen, Hamburgo, Lübeck e as da região de Flandres) recebem em seus portos mercadorias provenientes do mar Báltico e da Rússia. O aumento do volume de trocas obriga os comerciantes a aperfeiçoar os instrumentos de permuta. Criam, então, letras de câmbio, cheques e papéis de crédito. Nas feiras, que se realizam periodicamente em várias cidades da Europa, principalmente na região de Champagne (França), surge o banqueiro, especializado em avaliação e troca de moedas, bem como em empréstimo a juros. A rica burguesia dessas cidades controla o governo e domina a massa da população, constituída de trabalhadores assalariados. A vida urbana é marcada pela liberdade, em contraste com os laços de dependência pessoal que caracterizam as relações feudais.

O século XIV é assinalado por grandes crises que interrompem o crescimento verificado nos 200 anos anteriores. A peste negra dissemina-se por toda a Europa, provocando a morte de cerca de um terço da população. Simultaneamente têm início rebeliões camponesas, a Guerra dos Cem Anos e sucessivas crises da produção agrícola que comprometem o abastecimento da população. A crise manifesta-se também no plano espiritual, com a divisão do papado e a multiplicação dos movimentos considerados heréticos, combatidos pela Inquisição. A tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453, marca o fim da Idade Média.


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