segunda-feira, 25 de junho de 2018

OS MÓRMONS - IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS (2)

OBRA MISSIONÁRIA

         A igreja cresceu substancialmente e tornou-se uma organização internacional, em parte devido à propagação de missionários em todo o mundo. Em 2013, havia 88 mil missionários mórmons em todos os países e territórios com presença oficial desta denominação. Em 2000, havia cerca de 11.068.861 adeptos do mormonismo no mundo, de acordo com dados estatísticos promovidos pela própria igreja, sendo que em 2009 a adesão atingiu 13.824.854 pessoas e mais de 15 milhões em 2013. Rodney Stark, professor de sociologia da Universidade de Baylor no Texas, estima que daqui a 40 anos um em cada vinte estadunidense seja mórmon e que existirão aproximadamente 50 milhões de adeptos da religião no mundo. Ainda segundo Rodney Stark, o mormonismo está muito perto de ser a segunda religião da história a ter pelo menos uma congregação em cada país dos planeta, logo depois dos católicos.


POSIÇÕES DA IGREJA
         A igreja tornou-se defensora forte e pública da família como a unidade básica da sociedade e, por vezes, desempenhou papel proeminente em questões políticas, incluindo a oposição de bases de mísseis MX PeaceKeeper em Utah e Nevada em 1983, contra jogos especializados, oposição à união estável homo afetiva e oposição ao aborto e uso de eutanásia. Para além das questões que considera ser os da moralidade, no entanto, a igreja geralmente mantém uma posição de neutralidade política.


      
   Poucas mudanças oficiais tem ocorrido com a organização. Uma mudança significativa foi a ordenação de homens negros ao sacerdócio em 1978. A igreja afirma que esta mudança se deu por conta de uma revelação de Deus que declarava tal iniciativa. Helvécio Martins, um executivo do Rio de Janeiro, no Brasil, foi o primeiro negro a ser ordenado ao sacerdócio, após a publicação da Declaração Oficial 2. Há variações periódicas somente na estrutura e organização da igreja, principalmente para acomodar o crescimento da organização e a crescente presença internacional. Por exemplo, desde 1900, a igreja instituiu um Programa de Correlação do Sacerdócio para centralizar as operações da igreja e coloca-las sob uma hierarquia de líderes do sacerdócio. Durante a Grande Depressão, a igreja também começou a operar um sistema de proteção social da igreja, e tem realizado numerosos esforços humanitários em cooperação com outras organizações religiosas.


         O termo mórmon, geralmente usado para referir-se aos membros da igreja, deriva do nome do profeta Mórmon, que é um dos autores e compiladores das escrituras que formaram o Livro de Mórmon, que é, de acordo com a igreja, outro testamento de Jesus Cristo. Apesar de os termos mórmon e mormonismo serem aceitos pela própria igreja, a denominação recomendada para os fiéis é o termo santos dos últimos dias, ou o acrônimo em português “SUD” e em inglês “LDS” (later-day saints).

PRESENÇA NO MUNDO

         A sede da denominação fica situada no estado de Utah, fundado pelos pioneiros mórmons, na cidade de Salt Lake City. Está presente em mais de 172 países, sendo o quarto maior corpo religioso dos Estados Unidos, onde possui 71 templos construídos. Em alguns estados dos EUA como Arizona, Idaho, Nevada, Wyoming e Washington, o mormonismo é a segunda maior denominação religiosa, superado apenas pela Igreja Católica. Dos mais de 15,3 milhões de adeptos da religião, 6,4 milhões estão nos Estados Unidos, o país com a maior comunidade mórmon no mundo, seguido por México e Brasil, com 1,34 milhão e 1,28 milhão de adeptos, respectivamente.
         Apesar desses três países concentrarem mais da metade da população de adeptos do mormonismo, o país com maior densidade de mórmons é Tonga, onde mais de 50% da população são de Santos dos Últimos Dias, segundo estatísticas da igreja.

         A Ásia é o continente com o maior número de países onde a igreja não tem representação. Países do Oriente Médio, Norte da África e do leste asiático estão entre os de maior dificuldade encontrada pela igreja para iniciar suas operações de proselitismo religioso. Quase todos os países da Europa possuem representantes da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, com exceção de Kosovo, Montenegro e Bósnia e Herzegovina. No continente americano, em contrapartida, Cuba é o único país onde a igreja não está presente.
         Em 2010, os Santos dos Últimos Dias obtiveram autorização do governo comunista chinês para iniciar suas atividades religiosas no país. Sendo assim, a República Popular da China foi o primeiro país de regime socialista a autorizar a presença da igreja Mórmon em seu território. As negociações para que a igreja obtivesse autorização legal para suas atividades no país duraram cerca de trinta anos. Tal fato fez a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias a segunda entidade cristã a receber autorização para atuar no país, logo após a Igreja Católica.


O MORMONISMO NO BRASIL

         Antes do início oficial da Igreja Mórmon no Brasil, a igreja e o Brasil se conheceram por meio do então imperador do Brasil, Dom Pedro II. Durante a visita do imperador aos Estados Unidos em 1876, ao viajar de Nova York a São Francisco pela primeira ferrovia transcontinental dos EUA, aceitou o convite de Brigham Young, governador do estado de Utah e mórmon, para descer do trem em Ogden, Utah e visitou Salt Lake City no dia 22 de abril de 1876. O imperador visitou a Praça do Templo, o Tabernáculo, fez perguntas sobre a fé e também visitou o Savage Art Gallery onde comprou fotos de Utah. Depois de sua visita, ele declarou: “Os mórmons realizaram um árduo labor, preparado esta terra para as culturas, impelidos (...) pelo entusiasmo religioso.
         O início da Igreja de Jesus Cristo dos Santos do Últimos Dias no Brasil deu-se antes da Segunda Guerra Mundial. Uma família de alemães estabeleceu-se em Ipomeia – SC, em 1923. Como no Brasil ainda não havia sido estabelecida a Igreja Mórmon, a família escreveu para a Primeira Presidência solicitando que lhe enviassem materiais de apoio, além de missionários. Na época, a Missão Mórmon mais próxima situava-se em Buenos Aires, na Argentina. Em 1926, Reynold Stoolf, então presidente da Missão Sul-Americana, visitou o Brasil pela primeira vez. Os élderes (apóstolos) Schindler e Heinz foram os primeiros missionários mórmons a chegarem no Brasil, em 17 de setembro de 1928. Como eles não falavam português, o trabalho de proselitismo junto as famílias de imigrantes era feito na língua alemã. Com a Segunda Guerra Mundial, entretanto, os missionários deixaram o Brasil, e somente os membros da igreja levaram avante o trabalho missionário. A família Sell, que também vivia em Santa Catarina, foi a primeira família brasileira a se converter ao mormonismo.
         Em 1933, foi organizada a Sociedade de Socorro no Brasil, ainda em Santa Catarina. Na ocasião, estavam presentes 24 mulheres. A primeira missão brasileira foi criada dois anos depois em São Paulo, tendo Rulon S. Howells como presidente. O idioma falado pelos missionários era ainda o alemão. O total de fiéis da igreja no Brasil era de apenas 143 pessoas. Em 1939, com a proibição do governo brasileiro do uso do idioma alemão em público, a igreja passa a usar o idioma português. Com isso, o Livro de Mórmon foi traduzido para a língua portuguesa.
         Em 1941, a igreja iniciou a retirada dos missionários americanos, devido a Segunda Guerra Mundial, sendo que eles só retornaram ao país em número considerável em 1946. Ainda em razão da Segunda Guerra Mundial, muitos ramos (congregações) foram fechados no país. A expansão da igreja reiniciou-se logo após o término da Segunda Guerra, quando tornou a enviar missionários ao país. Em 1 de janeiro de 1948, foi publicada A Gaivota, primeira revista oficial da igreja no Brasil e que, posteriormente, teve seu nome alterado para A Liahona. Em 1951, a igreja comprou um prédio localizado na rua Itapeva, em São Paulo, para a sede da Missão Brasileira.
         David O. McKay, presidente da igreja nas décadas de 1950, 1960 e 1970, visitou o Rio de Janeiro e São Paulo em 1958. Na ocasião, ele realizou uma conferência e criou novos ramos no Brasil, sendo os principais nas cidades de Manaus e Campinas. No ano seguinte, Harold B. Lee, também visitou o Brasil e criou a Missão Brasileira do Sul, em 30 de setembro de 1959, com sede em Curitiba (em 1968 houve a transferência da sede para Porto Alegre), abrangendo os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que possuíam 11 ramos e 1.400 membros nessa missão. Em 22 de outubro de 1959 foram organizados os distritos de Porto Alegre (mais de 260 membros), Joinville (mais de 200 membros) e Curitiba (mais 550 membros). Dois anos depois, em 1961, Ezra Taft Benson desembarcou em Brasília em caráter oficial e participou de uma conferência com Juscelino Kubitschek, presidente brasileiro da época. Em dezembro de 1962 a igreja contava com 6.747 membros, 43 ramos e 9 edifícios próprios. A terceira missão no país foi criada em 7 de julho de 1968, com o nome de Missão Brasileira do Norte, sediada em Recife. A Missão Brasileira do Norte abrangia Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, Manaus, Juiz de Fora, Recife e Rio de Janeiro.
        
O Programa do Seminário e do Instituto de Religião do Sistema Educacional da igreja, eram programas educacionais religiosos oferecidos pela denominação a seus fiéis (semelhante a uma catequese) foi instalado em alguns estados brasileiros em 1971. No mesmo ano, a Missão Brasileira do Sul passa a se chamar Missão Brasil Sul e a Missão Brasileira do Norte passa a chamar Missão Brasil Norte. Em 14 de outubro de 1972 foi criada a primeira estaca do Rio de Janeiro. Em 1975 foi realizada, no Palácio do Anhembi, em São Paulo, a Conferência Anual da igreja. Foi a primeira vez em que o Brasil sediou uma conferência mórmon. Nessa ocasião, foi anunciado a construção do Templo de São Paulo, o primeiro templo da Igreja no Brasil e na América Latina. O Templo de São Paulo foi inaugurado em 31 de outubro de 1978 pelo presidente Spencer W. Kimball. Ainda na conferência, foi criada duas novas estacas: a Estaca Manaus Brasil e a Estaca Brasília Brasil.


         A construção dos templos do Recife e Porto Alegre foram anunciados em 1996, por Gordon B. Hinckley. A construção dos dois templos foi concluída em 2000. O templo de Recife foi inaugurado em 15 de dezembro do mesmo ano, e o de Porto Alegre recebeu sua dedicação dois dias depois, em 17 de dezembro. Nos anos seguintes, outros templos mórmons foram anunciados ou dedicados no Brasil. Em 22 de fevereiro de 2004, o Templo de São Paulo foi rededicado por Gordon B Hinckley anunciou a construção do Templo de Manaus, o primeiro templo da região norte, que seria então dedicado em 10 de junho de 2012.
         No dia 1 de junho de 2008, o Templo de Curitiba também foi dedicado, por Thomas S. Monson, sendo o quinto templo no Brasil e 126.º no mundo, além de ser o primeiro templo dedicado por Thomas S. Monson desde que este assumiu a presidência da igreja, em fevereiro de 2008. Em 3 de outubro de 2009, a igreja anunciou a construção do sétimo templo mórmon no país, em Fortaleza, fazendo do Brasil o quarto do mundo em número de templos, superado por Estados Unidos, com 71 templos mórmons e pelo México e Canadá, com doze e oito templos respectivamente. Recentemente, a igreja anunciou a construção do oitavo e do nono templos brasileiro, na cidade do Rio de Janeiro e Belém. Enquanto que as últimas estatísticas divulgadas pela igreja apontam que o total de membros no Brasil já supera a marca dos 1,32 milhão de pessoas, organizadas em quase 2 mil congregações espalhadas por todo o país. O trabalho missionário é desenvolvido em 34 missões. Há também 325 Centros de História da Família, dedicados essencialmente a pesquisas genealógicas. Esses centros são abertos a todos os interessados, inclusive pessoas não congregadas à igreja. Como comemoração dos oitenta anos da presença da igreja no Brasil, foi realizada uma sessão especial promovida pelo Senado Federal do Brasil.




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