terça-feira, 3 de julho de 2018

CATOLICISMO (3)




CARACTERÍSTICAS DOUTRINAIS

         A Igreja Católica acredita ser a única igreja fundada por Cristo, e portanto, a única autêntica frente as demais igrejas e denominações cristãs que surgiram historicamente depois dela. Assim, a Igreja Católica considera que tem por missão elaborar, comunicar e propagar os ensinamentos de Cristo, assim como a de cuidar da unidade dos fiéis, com o objetivo de ajudar a humanidade a percorrer o caminho espiritual que leva a Deus. Tem também o dever de administrar os sacramentos aos seus fiéis, por meio do ministério de seus sacerdotes. A igreja acredita que Deus outorga a graça ao crente por meio dos sacramentos, daí a sua importância na vida eclesial. Ademais, a Igreja Católica manifesta-se como uma estrutura hierárquica e colegiada, com Cristo como a sua cabeça espiritual e auxiliado pelo colégio dos apóstolos, cuja autoridade passou a ser exercida, após a sua morte, pelos seus sucessores: o Papa e os bispos.



REVELAÇÃO DIVINA, TRADIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA

        
A autoridade para ensinar, ou seja, o Magistério da Igreja, baseia-se na Revelação Divina, que está expressa tanto nas sagradas escrituras (ou Bíblia) como na Sagrada Tradição (oral). Segundo a fé católica, a Revelação Divina engloba todas as verdades que a igreja acredita e que foram sendo gradualmente reveladas por Deus através dos tempos (desde o Antigo Testamento), atingindo a sua plenitude e perfeição em Jesus Cristo, que anunciou definitivamente o Evangelho à humanidade. Ou seja, já não há mais nada a acrescentar à Revelação Divina depois de Jesus, apenas há revelações privadas (exemplo: aparições marianas) que não pertencem à Revelação Divina Pública nem podem contradizê-la. O papel das aparições privadas é somente ajudar os fiéis católicos a viverem melhor a Revelação Divina, numa determinada época da História. Por isso, Jesus Cristo é considerado pelos católicos e outros cristãos como o Filho de Deus, o Messias e o salvador do mundo e da humanidade. Este conjunto de verdades reveladas pode ser designado por Doutrina Católica. Segundo o Catecismo de São Pio X, a Doutrina Católica “é a doutrina que Jesus Cristo Nosso Senhor nos ensinou para nos mostrar o caminho da salvação e da vida eterna. As partes principais e mais necessárias da Doutrina (...) são quatro: o Credo, o Pai-Nosso, os Mandamentos e os Sacramentos.”


         Apesar da Doutrina Católica ter sido plenamente revelado por Jesus Cristo, a definição e compreensão desta mesma doutrina é progressiva, necessitando por isso do constante estudo e reflexão da Teologia, mas sempre fiel à Revelação e orientada pelo Magistério da Igreja Católica. A esta definição progressiva da doutrina dá-se o nome de desenvolvimento da doutrina. Esta Revelação imutável e definitiva é transmitida pela Igreja sob a forma de tradição escrita (Bíblia) e oral. A Doutrina Católica está resumida no Credo dos Apóstolos, no Credo Niceno-Constantinopolitano e em variadíssimos documentos da igreja, como por exemplo no Catecismo da Igreja Católica (CIC) e no seu Compêndio (CCIC).


DOGMAS E SANTÍSSIMA TRINDADE



         Com os seus estudos teológicos, a igreja gradualmente proclama os seus dogmas, que são a base imutável das sua doutrina, sendo o último dogma (o da Assunção da Virgem Maria) proclamado solenemente apenas em 1950 pelo Papa Pio XII. Os dogmas são definidos e proclamados solenemente pelo Supremo Magistério Papa ou Concílio Ecumênico com o Papa) como sendo verdades definitivas, porque eles estão contidos na Revelação Divina ou têm com ela uma conexão necessária. Uma vez proclamado solenemente, nenhum dogma pode ser alterado ou negado, nem mesmo pelo Papa ou por decisão conciliar. Por isso, o católico é obrigado a aderir, aceitar e acreditar nos dogmas de uma maneira irrevogável.
         Para os católicos, um dos dogmas mais importantes é o da Santíssima Trindade, que, não violando o monoteísmo, professa que Deus é simultaneamente uno (porque, em essência, só existe um Deus) e Trino (se apresenta em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que se estabelecem entre si uma comunhão perfeita). Esta três pessoas eternas, apesar de possuírem a mesma natureza, “são realmente distintas”.
         Logo, muitas vezes, certas atividades e atributos divinos são mais reconhecidas (mas não exclusivamente realizadas) em uma pessoa do que em outra. Como por exemplo, a criação divina do mundo está associado a Deus Pai; a salvação do mundo a Jesus, o Filho de Deus, ou seja, o Deus Filho; e a proteção, guia, purificação e santificação da igreja ao Espírito Santo.

JESUS, A SALVAÇÃO E O REINO DE DEUS


         Jesus Cristo é a figura central do cristianismo, porque, por vontade de Deus Pai, ele encarnou-se (veio a Terra) para anunciar a salvação à humanidade inteira, “ou seja, para nos reconciliar a nós pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade; para nos tornar ‘participantes da natureza divina’ (2 Ped 1, 4)”, e para “anunciar as boas novas do Reino de Deus”. Santo Atanásio, um famoso Padre e Doutor da Igreja, afirmou que Jesus, “o Filho de Deus, se fez homem, para nos fazer Deus”, ou seja, para nos tornarmos santos como Deus.


         O dogma cristológico ensina que Jesus é a encarnação do Verbo Divino, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Messias, Salvador e Bom Pastor da Humanidade. Ele é também “o Filho Unigênito de Deus” (1Jo 2, 23), a segunda pessoa da Santíssima Trindade, o único e verdadeiro Sumo Sacerdote e Mediador entre os homens e Deus Pai, chegando mesmo a afirmar que “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim” (Jo 14, 6).

         Nas suas pregações, Jesus, ao anunciar o Evangelho, ensinou as bem-aventuranças e insistiu sempre “que o Reino de Deus está próximo” (Mateus 10, 7). Exortou também que quem quisesse fazer parte desse Reino teria de nascer de novo, de se arrepender dos seus pecados, de se converter e purificar. Jesus ensinava também que o poder, a graça e a misericórdia de Deus era maior que o pecado e todas as forças do mal. Jesus mantinha-se insistindo por isso que o arrependimento sincero dos pecados e a fé em Deus podem salvar os homens. Este misterioso Reino, que só se irá realizar-se na sua plenitude no fim do mundo, está já presente na Terra através da igreja, que é a sua semente. No Reino de Deus, o mal será inexistente e os homens salvos e justos, após a ressurreição dos mortos e o fim do mundo, passarão a viver eternamente em Deus, com Deus e junto de Deus.
         A Doutrina Católica professa também que a salvação do homem deve-se, para além da graça divina, ao voluntário sacrifício e Paixão de Jesus na cruz. Este supremo sacrifício deve-se à vontade e ao infinito amor de Deus, que quis salvar toda a humanidade. Além disso, é também fundamental para a salvação a adesão livre do crente à fé em Jesus Cristo e aos seus ensinamentos, porque a liberdade humana, como um dom divino, é respeitada por Deus, o nosso Criador.
         Esta fé cristã “opera pela caridade” ou amor (Gálatas 5,6), por isso ela obriga o crente a converter-se e a levar uma vida de santificação. Este modo de viver obriga o católico a participar e receber os sacramentos e a “conhecer e fazer a vontade de Deus”. Este último ponto é cumprido através, por exemplo, da prática dos ensinamentos revelados (que se resumem nos mandamentos de amor ensinados por Jesus), das boas obras e também das regras de vida propostas pela Igreja Católica. Estes mandamentos de amor consistem em “amar a Deus acima de todas as coisas (...) amar ao próximo como a si mesmo” (Mateus, 22,37-39), o Grande mandamento, e “amar uns aos outros como Eu vos amei” (João 15,12), o mandamento do Amor ou Novo Mandamento. Estes ensinamentos radicais constituem por isso o resumo de “toda a Lei e Profetas do Antigo Testamente” (Mateus 22, 40). No fundo, a vida de santificação proposta pela Igreja Católica tem por finalidade e esperança últimas à salvação e a implementação do Reino de Deus.
         A igreja ensina também que todos os não católicos que, sem culpa própria, ignorem a Palavra de Deus e a Igreja Católica, mas que “procurarem sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua vontade”, podem conseguir a salvação.


ECLESIOLOGIA
         A Igreja Católica define-se pelas palavras do Credo Niceno-Constantinopolitano como:

·        UNA – porque nela subsiste a única instituição verdadeiramente fundada e encabeçada por Jesus Cristo para reunir o povo de Deus, porque ela tem como alma o Espírito Santo, que une todos os fiéis na comunhão em Cristo e porque ela tem uma só fé, uma só vida sacramental, uma única sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade;

·        SANTA – por causa da sua ligação única com Deus, o seu Autor. Por que “o Espírito Santo vivificou-a com caridade” e porque ela é a “Esposa de Cristo”, também porque ela, através dos sacramentos, tem por objetivo santificar, purificar e transformar os fiéis, reunindo-os todos para o seu caminho de santificação, cujo objetivo final é a salvação, que consiste na vida eterna, na realização final do Reino de Deus e na obtenção da santidade.



·        CATÓLICA – porque a igreja é universal e está espalhada por toda a Terra, é portadora da integralidade e totalidade do depósito da fé “leva e administra a plenitude dos meios necessários para a salvação” (incluindo os sete sacramentos) dados por Jesus à sua igreja, “é enviada em missão  a todos os povos, em todos os tempos e qualquer que seja a cultura a que eles pertençam”; e nela está presente Cristo;



·        APOSTÓLICA – porque ela é fundamentada na doutrina dos apóstolos cuja missão recebeu se ruptura. Segundo a Doutrina Católica todos os Bispos da igreja são sucessores dos apóstolos e o Papa, Chefe da Igreja, sendo este o sucessor de São Pedro (Príncipe dos Apóstolos), que é a pedra na qual Cristo edificou sua igreja.



         Além disso, a igreja, entre os seus inúmeros nomes também é conhecida por:
·        CORPO DE CRISTO -  porque os católicos acreditam que a igreja não é apenas uma simples instituição, mas um corpo místico constituído por Jesus, que é a cabeça, e pelos fiéis que são membros deste corpo único, inquebrantável e divino. Esta denominação é assente também na fé de que os fiéis são unidos intimamente a Cristo, por meio do Espírito Santo, sobretudo no sacramento da Eucaristia. A Igreja Católica acredita que os cristãos não católicos também pertencem, apesar de um modo imperfeito, ao Corpo Místico, visto que tornaram-se uma parte inseparável d’Ele através do Batismo, constituindo assim numas das bases do ecumenismo atual. Ela defende também que muitos elementos de santificação e de verdade estão também presentes nas igrejas e comunidades cristãs que não estão em plena comunhão com o Papa;



·        ESPOSA DE CRISTO – porque o próprio Cristo “Se definiu como o Esposo” (Mc 2, 19) que amou a igreja, unindo-a a Si por uma aliança eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para a purificar com o seu sangue “para a tornar santa” (Ef 5, 26) e fazer dela mãe fecunda de todos os filhos de Deus;




·        TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO – porque o Espírito Santo reside na Igreja no Corpo Místico de Cristo, e estabelece entre os fiéis e Jesus Cristo uma comunhão íntima tornando-os unidos num só corpo. Para além disso, ele guia, toma conta e “edifica a igreja na caridade com a Palavra de Deus, os sacramentos, as virtudes e os carismas”.

DIVERGÊNCIAS COM AS OUTRAS IGREJAS CRISTÃS


         A doutrina da Igreja Ortodoxa é bastante parecida com a da Igreja Católica. A únicas diferenças significativas dizem respeito ao filioque (do Filho, que é uma frase encontrada na versão do Credo Niceno-Constantinopolitano em uso na Igreja Católica Romana, ela não está presente no texto grego desse credo onde se lê apenas que o Espírito Santo procede do Pai), ao entendimento um pouco divergente da salvação e do arrependimento e principalmente à compreensão do papel e função do Papa na Igreja, que para os ortodoxos não tem jurisdição sobre as outras igrejas nem é revestido de infalibilidade quando fala ex cathedra.


         Em relação às igrejas protestantes, as diferenças mais significativas dizem respeito à doutrina da Eucaristia, dos outros sacramentos (a maioria dos protestantes professam o Batismo e a Eucaristia) à existência do purgatório, à composição do Cânone das Escrituras e ao culto de veneração à Virgem Maria e aos santos. Há também diferenças importantes na doutrina do pecado original e da graça, na necessidade e natureza da penitência e no modo de obter a redenção, com os protestantes a defender que a salvação só se atinge unicamente através da fé (sola fide), em detrimento da crença católica que a fé deve ser expressa também através das boas obras. Esta divergência levou a um conflito sobre a doutrina da justificação, mas o diálogo ecumênico moderno levou a alguns consensos entre os católicos e os luteranos, através da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, bem como com os anglicanos e outros.

DEZ MANDAMENTOS E A MORAL


         Existem várias representações dos Dez Mandamentos, que é a base e o mínimo fundamental da Lei Moral (ou Lei de Deus), devido à diversidade de traduções existentes. A mais utilizada é aquela ensinada atualmente na catequese de língua portuguesa da Igreja Católica:
1)   Amar a Deus sobre todas as coisas;
2)   Não invocar o Santo Nome de Deus em vão;
3)   Guardar domingos e festas de guarda;
4)   Honrar pai e mãe;
5)   Não matar;
6)   Guardar castidade nas palavras e obras;
7)   Não roubar;
8)   Não levantar falso testemunhos;
9)   Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos;
10)              Não cobiçar as coisas alheias.



         Segundo a Doutrina Católica sobre os Dez Mandamentos eles são de observância e cumprimentos obrigatórios porque “enuncia deveres fundamentais do homem para com Deus e para com o próximo” e dão a conhecer também a vontade divina sobre a conduta moral dos homens.

SACRAMENTOS

         Dentro da fé católica, os sacramentos, que a igreja acredita serem instituídas por Jesus, são gestos e palavras de Cristo que concedem e comunicam a graça santificadora sobre quem os recebe. Sobre os sacramentos, São Leão Magno diz: “o que era visível no nosso Salvador passou para os seus sacramentos”.
         Ao celebrá-los, a Igreja Católica alimenta, exprime e fortifica a sua fé, sendo por isso os sacramentos uma parte integrante e inalienável da vida de cada católico e fundamentais para a sua salvação. Isto porque eles conferem ao crente a graça divina, os dons do Espírito Santo, “o perdão dos pecados” (...) a conformação a Cristo Senhor e a pertença à Igreja” que o torna capaz “de viver a vida nova de filhos de Deus e Cristo acolhido com a fé” Daí a grande importância dos sacramentos na liturgia católica. Ao todo, a Igreja Católica tem sete sacramentos:



      1)   BATISMO é dado às crianças e a convertidos adultos que não tenham sido antes batizados validamente (o batismo da maior parte das igrejas cristãs é considerado válido pela Igreja Católica, contanto que seja feito pela fórmula: “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. A rigor, todo cristão pode, nessa fórmula, batizar validamente alguém, nomeadamente em situações urgentes. Entretanto, o batismo será ilícito, devendo o batizado ser levado na presença de um sacerdote, para que complete os rituais do sacramento, como a unção com o Crisma e com o óleo dos catecúmenos).

            2)   CONFISSÃO, PENITÊNCIA ou RECONCILIAÇÃO envolve a admissão de pecados perante um padre e o recebimentos de penitências (tarefas a desempenhar a fim de alcançar a absolvição ou perdão de Deus).

              3)   EUCARISTIA (comunhão) é o sacramento mais importante da Igreja Católica porque ela relembra e renova o mistério pascal de Cristo, atualizando e renovando assim a salvação da humanidade. Por isso, recebe também o nome de Santíssimo Sacramento. Este sacramento está associado também à transubstanciação, que é a crença de que, após a consagração, o pão e o vinho oferecidos e consagrados se tornam realmente o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, sob as aparências de pão e vinho.

       4)   CRISMA – ou Confirmação, o Espírito Santo, que é recebido no batismo é “fortalecido e aprofundado” através da imposição de mãos e da unção com o sano óleo do Crisma. Na maior parte das igrejas de Rito Latino, este sacramento é presidido por um bispo e tem lugar no início da idade adulta (na maioria das vezes quando se completam os 15 anos). Existe uma íntima relação entre os sacramentos do Batismo e da Confirmação, mesmo que haja distância de anos entre estas celebrações. O gesto de estender as mão sobre o confirmado e a unção com o óleo do crisma são os sinais do dom do Espírito Santo. Ele comunica uma força especial para viver e testemunhar a fé cristã. Este sacramento também chama-se Catecumenato, por que a unção é realizada com o óleo dos catecúmenos e por essa unção, o cristão participa das unções do Espírito Santo sobre Jesus em seu batismo e sobre os apóstolos e Maria em Pentecostes. 



    Considerando-se a prática comum dos batismos de bebes, a Confirmação passa a marcar a maturidade da fé e a personificação do compromisso batismal. Por esta razão, é necessário que seja precedida de cuidadosa catequese. Somente assim, o sacramento da Crisma será uma experiência especial e marcante na vida dos jovens, suscitando a continuidade da sua participação consciente e ativa nas celebrações e na vida da igreja. Nas Igrejas Católicas Orientais o sacramento do Crisma é geralmente executado por um padre imediatamente depois do batismo.

            5)   SAGRADO MATRIMÔNIO – é o sacramento que valida, diante de Deus, a união de um homem e uma mulher, constituindo assim uma família. Segundo a Tradição Católica, com base no Evangelho de São Marcos, o casamento é indissolúvel. Só é permitido um segundo casamento no caso da morte de um dos cônjuges ou em situações de nulidade do casamento.

           6)   A ORDENAÇÃO – a Ordem recebe-se ao entrar para o clero, através da consagração das mãos com o santo óleo do Crista e, no Rito Latino (ou ocidental) envolvem um voto de castidade, enquanto que nos Ritos Orientais, os homens casados são admitidos como padres diocesanos, mas não como bispos ou padres monásticos. Em raras ocasiões, permitiu-se que padres casados que se converteram a partir de outros grupos cristãos fosse ordenados diáconos permanentes, mas não podem voltar a casar se a esposa morrer ou for declarada a nulidade do casamento. O sacramentos das Ordens Sagradas é dado em três graus: o do diácono (desde o Concílio Vaticano II, um diácono permanente pode ser casado antes de se tornar diácono), o de sacerdote e o de bispo.

     7)   A UNÇÃO DOS ENFERMOS – era conhecida como “extrema-unção” ou “último sacramento”. Envolve a unção de um doente com um óleo sagrado dos enfermos, abençoado especificamente para este fim. Já não está limitada aos doentes graves e aos moribundos, mas a igreja recomenda esse sacramento e o viático (comunhão eucarística) para a hora da morte.


CINCO MANDAMENTOS DA IGREJA


         Os cinco mandamentos ou preceitos da Igreja Católica, na sua forma atual, foram estabelecidos pelo Papa João Paulo II e promulgados em 2005 pelo Papa Bento XVI, onde suprimiu-se o termo “dízimos” do quinto mandamento (pagar dízimos conforme o costume), cujo sentido real era, obviamente, uma contribuição segundo as possibilidades de cada uma, e não uma taxação ou imposto sobre os rendimentos.
         Os cinco mandamentos ou preceitos da Igreja Católica são:


  1)   Participar na Missa, aos domingos e festas de guarda e abster-se de trabalhos e atividades que impeçam a santificação desses dias. (Os dias santos de guarda ou preceito que podem não se no domingo são: a) 1 de janeiro – Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus; b) 6 de janeiro – Epifania do Senhor; c) 19 de março – Solenidade de São José; d) Ascensão de Jesus – data variável – quinta feira da sexta semana da Páscoa; e) Corpus Christi – data variável – 1.ª quinta feira após o domingo da Santíssima Trindade; f) 29 de junho – Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo; g) 15 de agosto – Solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu; h) 1 de novembro – Dia de Todos os Santos; i) 8 de dezembro – Solenidade da Imaculadas Conceição da Virgem Maria; j) 25 de dezembro – Natal.


2)   Confessar os pecados ao menos uma vez cada ano.



  3)   Comungar o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa.


   4)   Guardar a abstinência e jejuar nos dias determinados pela igreja: Dias de jejum – quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa; Dias de abstinência de carne ou de qualquer comida determinada pela conferência episcopal: todas as sextas-feiras, principalmente as da Quaresma, a não ser que uma solenidade seja numa sexta-feira.

   5)   Atender às necessidades materiais da igreja, cada qual segundo as suas possibilidades;






ORGANIZAÇÃO E CARGOS DA IGREJA CATÓLICA ROMANA


         Estruturalmente, a Igreja Católica Romana constitui uma das religiões mais centralizadas do mundo. O seu chefe, o Papa, governa-a a partir da Cidade do Vaticano, um Estado independente no centro de Roma, também conhecido na diplomacia internacional como Santa Sé. O Papa é selecionado por um grupo de elite de Cardeais, conhecidos como Príncipes da Igreja. Só o Papa pode selecionar e nomear todos os clérigos da igreja acima do nível de padre. Todos os membros da hierarquia respondem perante o Papa e a sua corte papal. Os papas exercem o que é chamado Infalibilidade Papal, isto é, o direito de definir declarações definitivas de ensinamento católico romano em matérias de fé e moral. Na realidade, desde a sua declaração no Concílio Vaticano I, em 1870, a Infalibilidade Papal só foi usada uma vez, pelo Papa Pio XII, na década de 1950.




         A autoridade do Papa vem da crença de que ele é o sucessor direto de São Pedro e, como tal, o Vigário de Cristo na Terra. A igreja tem uma estrutura hierárquica de títulos que são, em ordem descendente:




   ·        PAPA, que é o Sumo Pontífice e chefe da Igreja Católica, o guardador da integridade e totalidade do depósito da fé, o Vigário de Cristo na Terra, o Bispo de Roma e o possuidor do Pastoreio de todos os cristãos, concedido por Jesus Cristo a São Pedro e, consequentemente, a todos os Papas. Esta autoridade papal (Jurisdição Universal) vem da fé de que ele é o sucessor direto do Apóstolo São Pedro (a chamada “Confissão de Pedro”). Na Igreja Latina e em algumas orientais, só o Papa pode designar os membros da Hierarquia da Igreja acima do nível de presbítero. Aos Papas atribui-se infalibilidade. Por essa prerrogativa, as decisões papais em questões de fé e costumes (moral) são infalíveis quando proclamadas ex cathedra (literalmente: “a partir da cadeira de São Pedro”). Todos os membros da hierarquia respondem perante o Papa e a sua corte papal chamada de Cúria Romana.

·        CAMALENGO – em caso de morte ou renúncia do cargo, essa pessoa é quem detém todos os poderes de um papa até a eleição de outro pelo Colégios de Cardeais.




    ·        CARDEAIS – são os conselheiros e os colaboradores mais íntimos do Papa, sendo todos eles bispos. Sendo o próprio Papa eleito de forma vitalícia (a abdicação é rara e já não acontecia desde a Idade Média) pelo Colégio dos Cardeais. A cada cardeal é atribuída uma igreja ou capela (daí a classificação em cardeal-bispo, cardeal-presbítero e cardeal-diácono) em Roma para fazer dele membro do clero da cidade. Muitos dos cardeais servem na Cúria, que assiste o Papa na administração da igreja. Todos os cardeais que não são residentes em Roma são bispos diocesanos.

     ·        PATRIARCAS, são chefes de algumas Igrejas Católicas Orientais sui iuris. Alguns dos grandes arcebispos católicos latinos também chamados Patriarcas, entre estes contam-se o Arcebispo de Lisboa e o Arcebispo de Veneza;

    ·        ARCEBISPOS (Metropolitana ou Titular) – são bispos que, na maioria dos casos estão à frente das arquidioceses. Se a sua arquidiocese for a sede de uma província eclesiástica, ele normalmente tem poderes de supervisão e jurisdição limitada sobre as dioceses (chamadas sufragâneas) que fazem parte da respectiva província eclesiástica.

   ·        BISPOS (Diocesano, Titular e Emérito) – são os sucessores diretos dos doze apóstolos. Receberam a totalidade dos graus da Ordem, o todo do sacramento da Ordem, o que lhe confere, na maioria dos casos, jurisdição completa sobre os fiéis da sua diocese.

     ·        PADRE ou PRESBÍTERO (MONSENHOR é um título honorário para um padre, que não dá quaisquer poderes sacramentais adicionais) inicialmente não havia padres. Esta posição evoluiu a partir dos bispos suburbanos que eram encarregados de distribuir os sacramentos mas não tinham jurisdição completa sobre os fiéis. São colaboradores dos bispos e só têm um nível de jurisdição parcial sobre os fiéis. Alguns deles lideram paróquias da sua diocese.

       ·        DIÁCONO: são auxiliares dos padres e bispos, que tem por função a administração de alguns sacramentos e dos sacramentais. Possuem o primeiro grau do sacramento da Ordem, são ordenados não para o sacerdócio, mas para o serviço da caridade, da proclamação da Palavra de Deus e da liturgia. Apesar disso não consagram a hóstia e não administram a Unção dos Enfermos e Reconciliação.

         Todos os ministros sagrados mencionados fazem pare do clero. A Igreja Católica acredita que os seus clérigos são “ícones de Cristo”, logo todos eles são homens, porque os doze apóstolos são todos homens e Jesus, na sua natureza humana também é homem. Mas isto não quer dizer que o papel da mulher na igreja seja menos importante, mas apenas diferente. Excetuando em casos referentes a padres ordenados pelas igrejas orientais, aos diáconos permanentes e a alguns casos excepcionais, todo o clero é celibatário. Os clérigos são importantes porque efetuam exclusivamente determinadas tarefas, como a celebração da Missa e dos sacramentos.

         Existem ainda funções menores: Leitor, Ministro Extraordinário da Comunhão Eucarística, Ministro da Palavra e Acólito. O acólito é um membro da Igreja Católica instituído ou não, que auxilia os ministros ordenados (bispos, padres ou diáconos) nas ações litúrgicas, sobretudo na celebração da Santa Missa. É um ministério próprio dos homens, porém podem ser aceitas mulheres para acolitar, não podendo ser, contudo, instituídas. Os acólitos instituídos, em circunstâncias específicas podem ser encarregados de expor e repor a Sagrada Eucaristia para a adoração pública dos fiéis, mas não dar a Benção do Santíssimo.
         As funções citadas tomadas em conjunto não fazem parte do clero, pois são conferidas aos leigos, uma vez que, para entrar para o sacerdócio, é preciso ao católico receber o Sacramento da Ordem. Desde o Concílio Vaticano II, os leigos tornaram-se cada vez mais importantes no seio da vida eclesial e gozam de igualdade em relação ao clero, em termos de dignidade, mas não de funções.

         Dentro da Igreja Católica, também existem um grupo de leigos que decidiram tomar uma vida consagrada e normalmente agrupam-se em ordens religiosas, congregações religiosas ou em institutos seculares, existindo porém aqueles que vivem isoladamente ou até junto dos não consagrados. Estes movimentos apostólicos têm a sua própria hierarquia e títulos específicos. Destacando os Abades e Abadessas (que vivem em abadias); Prior e Madre Prioresa (vivem nos Mosteiros e Conventos); Monge e Monja (vivem em Conventos); Frade e Freira (vivem nos conventos, mas no caso dos frades administram paróquias); Eremitas (que vivem nos Eremitérios).




         O Papa é eleito pelo Colégio dos Cardeais de entre os próprios membros do colégio (o processo de eleição, tem lugar na Capela Sistina e é chamado de Conclave). Cada Papa continua no cargo até que morra ou até que abdique, o que aconteceu apenas três vezes.

DOUTRINAS DISTINTIVAS

         A Doutrina Oficial da Igreja Católica é o conjunto de crenças professadas pela Igreja Católica acerca de diversos aspectos relativos a Deus, ao homem e ao mundo. Segundo a igreja, essas verdades foram sendo reveladas por Deus através dos tempos (nomeadamente ao longo do Antigo Testamento), atingindo sua plenitude em Jesus Cristo, considerado pelos católicos e cristão como o Filho de Deus, o Messias e o Salvador do mundo e da humanidade. Mas, a definição e compreensão dessa doutrina é progressiva, necessitando por isso do constante estudo e reflexão da Teologia, mas sempre fiel à Revelação Divina e orientada pelo Magistério da Igreja Católica. A Doutrina Católica está expressa e resumida no Credo dos Apóstolos, no Credo Niceno-Constantinopolitano e, atualmente, no Catecismo da Igreja Católica em seu compêndio.

         Com estes estudos teológicos a igreja vai-se gradualmente instituindo os seus dogmas, que é a base da doutrina oficial, sendo o último dogma, o da Assunção da Virgem Maria, proclamado solenemente apenas em 1950.



      Para os católicos, um dos dogmas mais importantes e o da Santíssima Trindade, que, não violando o monoteísmo professa que Deus é uno e trino.




         A doutrina professa também a divindade de Jesus, que seria a segunda pessoa da Trindade, e que a nossa salvação deve-se, para além da graça divina, ao seu supremo e voluntário sacrifício e paixão na cruz. Este tão grande sacrifício deveu-se à vontade e ao infinito amor de Deus, que quis salvar toda a humanidade. Além disso, é também fundamental para a salvação a adesão livre do crente à fé em Jesus Cristo e aos seus ensinamentos, porque a nossa liberdade, como um dom divino, é respeitada por Deus, o nosso Criador. Esta fé leva à conversão das pessoas e à prática das boas obras (que nos afastam do pecado e nos ajudam a crescer na caridade), nomeadamente o ato de “amar a Deus acima de todas as coisas” (Mt 22, 37) e também o de “amar o próximo como a si mesmo” (Mt 22, 39). Estes dois atos virtuosos, juntamente com o ato de “amar uns aos outros como Jesus nos ama” (Jo 15, 10), são justamente os mandamentos de amor que Jesus deu aos seus discípulos e à humanidade. Estes mandamentos radicais constituem o resumo de “toda a Lei dos Profetas” do Antigo Testamento (Mt 22, 40).

         Nas suas muitas pregações, Jesus Cristo ensinou, para além dos seus mandamentos de amor, as bem-aventuranças e insistiu sempre “que o Reino de Deus está próximo” (Mt 10. 7) e que Deus estava preparando a Terra para um novo estado de coisas. Anunciou também que quem quisesse fazer parte do Reino de Deus teria de “nascer de novo”, de se arrepender dos seus pecados, de se converter e purificar. Jesus ensinava também que o poder, a graça e a misericórdia de Deus era maior que o pecado e todas as forças do mal, insistindo por isso que o arrependimento sincero dos pecados e a fé em Deus podem salvar os homens. Este misterioso Reino de Deus, que só irá realizar-se na sua plenitude no fim do mundo, está já presente na Terra através da igreja, que é a sua semente. A Igreja Católica ensina que neste Reino de Deus, o mal será inexistente e os homens salvos e justos, após a ressurreição dos mortos e o fim do mundo, passarão a viver eternamente em Deus, com Deus e junto de Deus.
         Mais concretamente, a fé em Cristo (e em Deus) inclui a adesão do crente à doutrina por ele revelada e transmitida pela igreja, bem como ao conjunto de regras de vida propostas por essa mesma igreja. Os católicos professam que a igreja é Corpus Mysticum, onde este corpo místico tem por função reunir toda a humanidade para o seu caminho de santificação, que tem o seu fim na vida eterna, na realização final do Reino de Deus e pelo alcance da santidade. A igreja ensina também que os cristãos não católicos também pertencem apesar de um modo imperfeito, ao Corpo Místico, visto que tornaram-se uma parte inseparável dele através do batismo.

LITURGIA E PRECE

         O ato de prece mais importante na Igreja Católica Romana é a Liturgia Eucarística, normalmente chamada de Missa. A missa é celebrada todos os domingos de manhã na maioria das paróquias Católicas Romanas, no entanto, os católicos podem cumprir as suas obrigações dominicais se forem à missa no sábado à noite. Os católicos devem também rezar missa cerca dez dias adicionais por ano, chamados Dias Santos de Obrigação. Missas adicionais podem ser celebradas em qualquer dia do ano litúrgico, exceto na Sexta-feira Santa. Muitas igrejas têm missas diárias. A missa contemporânea é composta por duas partes principais: a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística. Durante a Liturgia da Palavra, são lidas em voz alta uma ou mais passagens da Bíblia, ato desempenhado por um Leitor (um leigo da igreja) ou pelo padre ou diácono. O padre ou diácono lê sempre as leituras do Evangelho e pode também ler de outras partes da Bíblia (durante a primeira, segunda, terceira, etc. leituras). Depois de concluídas as leituras, é rezada a homilia (que se assemelha ao sermão protestante) por um padre ou diácono.
       Nas missas rezadas aos domingos e dias de festa, é professado por todos os católicos presentes o Credo Niceno-Constantinopolitano, que afirma as crenças ortodoxas do catolicismo. Segue então a Liturgia Eucarística, que nada mais é do que a Missa em seu sentido estrito. Nela, o pão e o vinho oferecidos, segundo o dogma católico da transubstanciação, se tornam realmente o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo.




         O movimento de reforma litúrgica, iniciado no início da década de 1960 pelo Concílio Vaticano II, tem sido responsável nos últimos quarenta anos por uma convergência significativa das práticas predicamentais do Rito Romano com as das igrejas protestantes, afastando-as das dos outros ritos católicos, particularmente os ritos orientais. Uma característica dos novos pontos de vista litúrgicos tem sido um “regresso às fontes”, que se diz que tem origem na redescoberta de antigos textos e práticas litúrgicas, bem como muitas práticas novas. As reformas litúrgicas pós-conciliares (pós Concílio Vaticano II) incluem o uso da língua vernacular (local), uma maior ênfase na Liturgia da Palavra, e a clarificação do simbolismo. A característica mais visível das reformas é a postura do padre. No passado, o padre virava-se para o altar, de constas para a congregação. As reformas fizeram com que o padre se voltasse para o povo, separado dele pelo altar. Isto simboliza o desejo de que a missa se torne mais centrada nas pessoas. Há, todavia, críticos que não concordam com a natureza da missa pós Vaticano II (conhecida por vezes como Novus Ordo Missae). Em 2003, foi revelado que a Missa Tridentina pré-Vaticano II estava de novo, a ser celebrada na Basílica de São Pedro (embora não no altar principal) e que o Papa João Paulo II começou a celebrar missas tridentinas na sua capela privada no Palácio Apostólico, no Vaticano. A partir de 7 de julho de 2007, pelo Motu proprio Summorum Pontificum, o Papa Bento XVI reafirmou a validade da Missa Tridentina (pré-Concílio Vaticano II e rezada em latim) e a liberação de celebrá-la a pedido dos fiéis sem prévia autorização episcopal. Assim sendo, existem atualmente duas formas de celebração do Rito Romano: a forma ordinária (o Novus Ordo) e a forma extraordinária (a Missa Tridentina).


ORGANIZAÇÃO POR REGIÃO


         A Igreja Católica está presente em virtualmente todas as nações do planeta. Está organizada em hierarquias nacionais com bispos diocesanos sujeitos a arcebispos, Colégios, ou Conferências Nacionais de bispos que coordenam a política local dentro dos países ou de grupos de países.


         A unidade geográfica e organizacional fundamental da Igreja Católica é a diocese (nas Igrejas Católicas do Oriente, a unidade equivalente chama-se eparquia). Esta corresponde geralmente a uma área geográfica definida, centrada numa cidade principal, e é chefiada por um bispo. A igreja central de uma diocese recebe o nome de Catedral, da cátedra, ou cadeira, do bispo, que é um dos símbolos principais do seu cargo. Dentro da diocese, o bispo exerce aquilo que é conhecido como um ordinário, ou seja, a autoridade administrativa principal. As sedes de algumas ordens religiosas são semi-independentes das dioceses a que pertencem; o superior religioso da ordem exerce jurisdição ordinária sobre elas. Embora o Papa nomeie bispos e avalie o seu desempenho, e exista uma série de outras instituições que governam ou supervisionam certas atividades, um bispo tem bastante independência na administração de uma diocese. Algumas dioceses, geralmente centradas em cidades grandes e importantes, são chamadas de arquidioceses e são chefiadas por um arcebispo. Em grandes dioceses e arquidioceses, o bispo é frequentemente assistido por bispos auxiliares, bispos integrais e membros do Colégio dos Bispos que não chefiam a sua própria diocese. Arcebispos, bispos sufragiários (designação frequentemente abreviada simplesmente para “bispos”), e bispos auxiliares, são igualmente bispos; os títulos diferentes indicam apenas que tipo de unidade eclesiástica chefiam. Muitos países tem vicariatos que apoiam as suas forças armadas (Ordinariato Militar).
         O Ordinariado Militar é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em determinados países, subordinada diretamente à Santa Sé, participa do Conselho Episcopal da sua Região e da sua Conferência dos Bispos do país, organizando e coordenando os serviços de todas as capelanias católicas do país.

         Quase todas as dioceses estavam organizadas em grupos conhecidos com províncias, cada uma das quais era chefiada por um arcebispo. Embora as províncias continuem a existir, o seu papel foi substituído quase por completo por conferências de bispos, geralmente constituídas por todas as dioceses de um determinado país ou grupo de países. Estes grupos lidam com um vasto conjunto de assuntos comuns, incluindo supervisão de textos e práticas litúrgicas para os grupos culturais e linguísticos da área, e as relações com os governos locais. A autoridade destas conferências para restringir, as atividades de bispos individuais é, no entanto, limitada (os teólogos tradicionais consideram esta autoridade basicamente irrestrita). As conferências de bispos começaram a surgir no princípio do século XX e foram oficialmente reconhecidas no Concílio Vaticano Segundo, no documento Christus Dominus.

         O Colégio dos Cardeais é o conjunto dos bispos católicos romanos que são conselheiros especiais do Papa. Qualquer padre pode ser nomeado cardeal, desde que se “distinga em fé, moral e piedade”. Se um cardeal que ainda não tiver sido nomeado bispo for eleito Papa, deverá receber a ordenação episcopal mais tarde. Todos os cardeais com menos de 80 anos têm o direito de eleger um novo Papa depois da morte do seu predecessor. Os cardeais eleitores são quase sempre membros do clero, mas no entanto, o Papa concedeu no passado a membros destacados do laicado católico (por exemplo, a teólogos) lugares de membro do colégio, após ultrapassarem a idade eleitoral. A cada cardeal é atribuída uma igreja ou capela (e daí vem a classificação em bispo cardeal, padre cardeal e diácono cardeal) em Roma para fazer dele membro do clero da cidade. Muitos dos cardeais servem na cúria, que assiste o Papa na administração da igreja. Todos os cardeais que não são residentes em Roma são bispos diocesanos.

         As dioceses são divididas em distritos locais chamadas paróquias. Todos os católicos devem frequentar e apoiar a sua igreja paroquiana local. Ao mesmo tempo que a Igreja Católica desenvolveu um sistema elaborado de governo global, o catolicismo do dia a dia é vivido na comunidade local, unida em prece na paróquia local. As paróquias são em grande medida autossuficientes. Uma igreja, frequentemente situada numa comunidade pobre ou em crescimento, que é sustentada por uma diocese recebe o nome de “missão”.

         A Igreja Católica Romana sustenta muita ordens (grupos) de monges e freiras que são principalmente não-padres que vivem vidas especialmente devotadas a servir Deus. São pessoas que se juntaram sob um determinado sistema a fim de atingir a perfeição e a virtude. Estes sistemas por vezes implicam a separação do mundo para meditar, outras a participação excepcional no mundo, frequentemente através de prestação de serviços médicos ou educacionais. Quase todos os monges e freiras tomam votos de pobreza (nenhuma ou limitada posse de propriedade ou dinheiro), castidade (nenhuma utilização dos órgãos sexuais) e obediência (aos superiores).


IGREJAS SUI IURIS E OS SEUS RITOS LITÚRGICOS



         A Igreja Católica é uma comunhão de 24 igrejas particulares autônomas (sui iuris) em comunhão completa umas com as outras e em união com o Papa na sua qualidade de Sumo Pontífice da Igreja Universal (chamado de “Pontífice de Roma” na lei canônica). O Papa na sua qualidade de Patriarca de Roma é também o chefe da maior das igrejas sui iuris, a Igreja Latina. As restantes 23 igrejas sui iuris, conhecidas coletivamente como “Igrejas Católicas Orientais”, são governadas por um hierarca que ou é um Patriarca ou Arcebispo Principal ou um Metropolita. A Cúria Romana administra quer as igrejas orientais, quer a igreja ocidental. Devido a este sistema, é possível que um católico esteja em comunhão completa com o Pontífice de Roma sem ser um católico “romano”.



         Cada uma das igrejas sui iuris utilizam uma das seis tradições litúrgicas tradicionais (que emanam de Sés tradicionais de importância histórica), chamadas “ritos”. Os ritos principais são o Romano, o Bizantino, o de Antióquia, o Alexandrino, o Caldeu e o Armênio (existem ainda dois ritos ocidentais menores, o Rito Ambrosiano e o Rito Moçárabe). O Rito Romano, usado pela Igreja Latina, é dominante em grande parte do mundo, e é usado pela vasta maioria dos católicos (cerca de 98%). Antigamente havia muitos ritos ocidentais menores, que foram substituídos pelo Rito Romano pelas reformas litúrgicas do Concílio de Trento.



         Historicamente, o Santo Sacrifício da Missa no Rito Romano (a Missa Tridentina) era conduzido inteiramente em latim eclesiástico, mas devido ao Concílio Vaticano II, no início dos anos 60, foi promulgada uma nova versão da missa (Novus Ordo Missae), que é celebrada na língua vernacular. O serviço correspondente das Igrejas Católicas Orientais, a Liturgia Divina, é conduzido em várias línguas litúrgicas, segundo o Rito e a Igreja: as Igrejas de Rito Bizantino usam o grego, o eslavônio, o árabe, o romeno e o georgiano, as igrejas de Ritos Antioquiano e Caldeu usam o siríaco, a igreja de Rito Armênio usa o armênio e as igrejas de Rito Alexandrino usam o copta e o je’ez.


CONCÍLIOS DA IGREJA CATÓLICA



         Um Concílio Ecumênico é uma reunião de todos os bispos cristãos convocada para discutir e resolver as questões doutrinais ou disciplinares da Igreja Cristã. A palavra ecumênico deriva do grego e significa literalmente “o mundo habitado”. Inicialmente, ela foi usada para se referir ao Império Romano e, posteriormente, passou a ser aplicado para designar o mundo em geral. Devido aos cismas, a aceitação desses concílios varia muito entre as diferentes denominações do cristianismo.

         As igrejas cristãs que se separaram com as demais por causa de divergências cristológicas aceitam somente os concílios ecumênicos que se realizaram antes da sua separação. Assim, a Igreja Assíria do Oriente aceita os dois primeiros e as Igrejas Ortodoxas Orientais os três primeiros. Até o século IX, sete concílios ecumênicos reconhecidos tanto pela Igreja Católica como pela Igreja Ortodoxa foram realizados, antes da sua separação (século XI). Desde então, a Igreja Ortodoxa não tem reconhecido como ecumênico mais nenhum concílio, pois não há mais a “ecumene” ou seja, o imperador. De qualquer forma, a Igreja Ortodoxa continua realizando concílios com a mesma autoridade dos ecumênicos, chamados Concílios Pan-Ortodoxos. A Igreja Católica continuou a convocar e realizar concílios ecumênicos em comunhão plena com o Papa, que passou a ser a “ecumene”. Anglicanos, luteranos e algumas outras denominações protestantes reconhecem os quatro primeiros concílios ecumênicos e, em alguns casos, os primeiros sete.

CONCÍLIOS PRÉ-NICENOS
        
Os concílios ou sínodos pré-Nicenos foram, na sua maior parte, reuniões de natureza regional, nunca chegando a reunir todos os bispos da igreja. Apesar disso, estes concílios eram muito importantes para clarificar vários aspectos doutrinais ou disciplinares nos primórdios do cristianismo e as suas decisões, em geral, são seguidas por muitos cristãos e bispos que não participaram nestes encontros. O exemplo mais paradigmático destes concílios é o Concílio de Jerusalém (49 d.C.), que libertou a igreja cristã nascente das regras antigas da sinagoga e, por isso, marcou definitivamente o desligamento do cristianismo do judaísmo e confirmou para sempre o ingresso dos gentios (não-judeus) na cristandade. O primeiro Concílio com o objetivo de reunir todos os bispos da Igreja, e portanto ecumênico, realizou-se somente em 325 e chama-se Primeiro Concílio de Niceia.
N.º
Papas Durante o Concílio
Local e designação
Duração do
Concílio
Temas principais
1
São Pedro
Jerusalém
 51
Os convertidos do paganismo (novos cristãos) isentos de algumas práticas da lei mosaica, como a circuncisão.
2
São Vítor I
Concílio (Sínodo) de Roma
197
Examina a questão da data da Páscoa, celebrada diferentemente no Oriente e no Ocidente.
3
Santo Estevão I
Concílio (Sínodo) de Cartago
256
Cipriano, bispo de Cartago, reúne 87 bispos africanos. Discutem o Cisma novaciano.
4
Sede Vacante
Concílio (Sínodo) de Elvira
306
Reúne 19 bispos e 24 presbíteros da península Ibérica. Decretam o celibato do clero.
5
São Silvestre I
Concílio (Sínodo) da Gália
314
Constantino convoca em Arles, 33 bispos africanos, na tentativa de evitar o Cisma donatista.


CONCÍLIOS DA IGREJA CATÓLICA
       
  Segundo os cânones 337 e 341 do Código de Direito Canônico, um concílio ecumênico (ecumênico de universal, ou seja, de toda a Igreja Católica) é uma reunião de todos os bispos da igreja para refletir sobre pontos da doutrina e de disciplina que precisam de ser esclarecidos, promulgar dogmas, corrigir erros pastorais, condenar heresias e, em suma, dirimir sobre todas as questões de interesse para a igreja universal. É convocado e presidido pelo Papa ou por algum bispo, isso porque não é necessário o Papa estar presente para a realização de um concílio, mas para ele ser válido precisa de sua confirmação.
         São 21 os concílios ecumênicos com a participação de todos os bispos católicos do mundo.
        

 

    Segundo a Doutrina da Igreja Católica, além do Papa o episcopado católico pleno é também infalível (em matérias de fé e moral) só quando reunido num concílio ecumênico, quando estes desejam propor como definitiva e obrigatória uma determinada doutrina, em comunhão (união) bispos e o Papa que é a cabeça do episcopado. Mas fora desta comunhão com o Papa e da sua autoridade suprema, o concílio tem apenas poder sinodal. Sendo que um Sínodo Católico é uma reunião que pode ser realizada em nível de diocese ou mais amplo. No primeiro caso, o sínodo diocesano é convocado pelo bispo, a autoridade máxima da diocese, dele, participam sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos que dão a sua contribuição e opinião visando o bem da comunidade diocesana. Devemos notar a diferença do poder de um concílio com o de um sínodo, mesmo que ele seja chamado pelo Papa.


N.º
Papas Durante o Concílio
Local e designação
Duração do
Concílio
Temas principais
1.º
São Silvestre I
Niceia I
20 de Maio a 25 de Julho de 325
Primeiro a reunir a Cristandade. Condena o Arianismo como heresia e exila Ário. Reconhece como dogma a igualdade de natureza entre o Pai e o Filho. Compõe o Credo Niceno.
2.º
São Dâmaso I
Constantinopla I
Maio a Julho de 381
Reconhece como dogma a natureza divina do Espírito Santo no Credo niceno-constantinopolitano, que se recita na missa. Estabelece que o bispo de Constantinopla receberá as honras logo após o de Roma.
3.º
São Celestino I
Éfeso
22 de Junho a 17 de Julho de 431
Reconhece como dogma a unidade de pessoa do Verbo Eterno com o corpo e a alma encarnados de Cristo. Condena o Nestorianismo como heresia e proclama a maternidade divina da Virgem Maria.
A Igreja Assíria do Oriente não reconhece este concílio e nenhum dos posteriores.
4.º
São Leão I, Magno
Calcedónia
8 de Outubro a 1 de Novembro de 451
Condenação do monofisismo. Reconhece como dogma a unidade das duas naturezas, completas e perfeitas em Jesus Cristo, humana e divina. É escrita a carta dogmática "Tomo a Flaviano" pelo Papa Leão I.
As Igrejas ortodoxas orientais não reconhecem este concílio e nenhum dos posteriores.
5.º
Papa Vigílio
Constantinopla II
5 de Maio a 2 de Junho de 553
Condena os ensinamentos de Orígenes e outros. Condena os documentos semi nestorianos designados Os Três Capítulos.
6.º
Santo Agatão
Constantinopla III
7 de Novembro de 680 a 16 de Setembro de 681
Reconhece como dogma que em Cristo há duas vontades, uma divina e outra humana. Condena o monotelismo.
7.º
Papa Adriano I
Niceia II
24 de Setembro a 23 de Outubro de 787
Reconhece a licitude da veneração de imagens (ícones). Condena os iconoclastas.
8.º
Papa Adriano II
Constantinopla IV
5 de Outubro de 869 a 28 de Fevereiro de 870
Condenação e deposição de Fócio, patriarca de Constantinopla. Encerra temporariamente o primeiro Cisma Ocidental.
9.º
Papa Calisto II
Latrão I
18 de Março a 6 de Abril de 1123
Encerra a Questão das investiduras. Independência da Igreja perante o poder temporal.
10.º
Papa Inocêncio II
Latrão II
Abril de 1139
Torna obrigatório o celibato para o clero na Igreja Ocidental. Fim do cisma do Antipapa Anacleto II
11.º
Papa Alexandre III
Latrão III
Março de 1179
Normas para a eleição do Papa (maioria de 2/3) e da nomeação de bispos (idade mínima de 30 anos). Excomungam-se os barões que, na França, apoiavam os Cátaros.
12.º
Papa Inocêncio III
Latrão IV
11 de Novembro a 30 de Novembro de 1215
Determina que todo o cristão, chegado ao uso da razão, é obrigado a receber a Confissão e a Eucaristia na Páscoa. Condenação dos Albigenses, Maniqueístas e Valdenses. Definição de transubstanciação.
13.º
Papa Inocêncio IV
Lião I
28 de Junho a 17 de Julho de 1245
Deposição do imperador Frederico II.
14.º
Beato Gregório X
Lião II
7 de Maio a 17 de Julho de 1274
Tentativa de reconciliação com a Igreja Ortodoxa. Regulamentação do conclave para a eleição papal. Cruzada para libertar Jerusalém. Institui o conceito de Purgatório.
15.º
Papa Clemente V
Vienne
16 de Outubro de 1311 a 6 de Maio de 1312
Supressão dos Templários. Discute-se a questão dos bordéis de Roma e a nomeação de um arcebispo em Pequim, na China.
16.º
Papa Gregório XII e Papa Martinho V
Constança
5 de Outubro de 1414 a 22 de Abril de 1418
Extingue o Grande Cisma do Ocidente. Condenação de John Wycliffe e de Jan Hus. Eleição do Papa Martinho V.
17.º
Papa Eugênio IV
Basileia-Ferrara-Florença
1431-1432
Sanciona o cânon católico (relação oficial dos livros da Bíblia), tenta nova união com as Igrejas orientais ortodoxas. Reconhecimento no romano pontífice de poderes sobre a Igreja Universal. Ratifica a figura do Purgatório.
18.º
Papa Júlio II e Papa Leão X
Latrão V
10 de Maio de 1512 a 16 de Março de 1517
Condenação do concílio cismático de Pisa (1409-1411) e do conciliarismo. Reforma da Igreja.
19.º
Papa Paulo III, Papa Júlio III, Papa Marcelo II, Papa Paulo IV e Papa Pio IV
Trento
13 de Dezembro de 1545 a 4 de Dezembro de 1563
Reforma geral da Igreja, sobretudo por causa do protestantismo. Confirmação dogmática dos sete sacramentos, principalmente dos dogmas eucarísticos. Decreta a versão da Vulgata como autêntica.
20.º
Beato Pio IX
Vaticano I
8 de Dezembro de 1869 a 18 de Julho de 1870
Reforça a ortodoxia estabelecida no Concílio de Trento. Condena o Racionalismo, o Naturalismo e o Modernismo. Reconhece como dogmas o Primado do Papa e a infalibilidade papal na definição expressa de doutrinas de fé e de costumes.
21.º
São João XXIII e Beato Paulo VI
Vaticano II
11 de Outubro de 1962 a 8 de Dezembro de 1965
Abertura ao mundo moderno. Reforma da Liturgia. Constituição e pastoral da Igreja, Revelação divina, liberdade religiosa, novo ecumenismo (visto que o modo tradicional de ecumenismo é bem diferente, como mostra a Encíclica Mortalium Animos, de Pio XI), apostolado dos leigos. Este Concílio gera muitas polêmicas, inclusive por não ser um Concílio dogmático. Os tradicionalistas dizem que o Concílio Vaticano II rompe de modo herético com a tradição bimilenar da Igreja: a Missa Tridentina e o Canto Gregoriano perdem importância; o modo como todos os sete sacramentos são celebrados sofreu também mudanças.


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