A
guerra é uma das relações humanas mais cruéis e, abusando da redundância, mais
humanas.
Não me recordo de ter
estudado ou visto uma notícia do tipo: "Formigas saúvas invadem um
formigueiro de lava-pés”, ou “Formigas atacam uma colmeia e sequestram a abelha
rainha”.
Logo, com exceção dos seres humanos,
que fazem guerra em grande escala, as lutas entre animais estão ligadas
principalmente à preservação da espécie, e como já dito, são brigas, lutas e
não guerras.
Já os homens, e principalmente o gênero
masculino desta honorável espécie, adoram uma guerrinha. Seus sistemas sociais e
econômicos se deleitam com as escaramuças.
Por trás disto uma nobre indústria, a indústria
do capitalismo e também do, então, socialismo real.
A indústria armamentista no nível da
sociedade capitalista revela um dos grandes remédios para as crises que ocorrem
ciclicamente neste sistema, sistema da burguesia, classe que lucra com a
destruição, com a construção, com a “re-construção” e com novas destruições em
nível regional.
Quem irá reconstruir a Ucrânia? Quais
capitais serão utilizados? Quem vai rearmar a Ucrânia? Quem vai ter que forjar
novos armamentos para a Rússia?
Será a classe trabalhadora, é claro,
porém sobre as condições impostas pela classe burguesa, ávida de obter o mais
valor desta mágica capacidade do trabalho humano e sugar o mais que puder a
força de trabalho, pressionada por um exército, este não militar, mas sim de
desempregados, ansiosos por venderem-se ao satânico capital.
As crises cíclicas do capital, uma
atrás da outra e cada vez mais constantes, são disfarçadas pela mídia (que
também é uma indústria ideológica e de camuflagem da realidade imediata) e são
resolvidas a partir do fornecimento de novas mercadorias bélicas aos países
agressores e agredidos.
Contrariando a lógica do capitalismo, não existe
possibilidade de canonização de ninguém. Na guerra da Ucrânia, por exemplo, Vladimir
Vladimirovitch Putin e Volodymyr Olexandrovytch Zelensky não têm nada de angelicais.
Se de um lado temos um sujeito que
governa a Rússia desde os anos 2000, por outro lado temos um comediante que
assumiu o poder, muito seriamente, através de um golpe, a um fantoche de Putin,
é vero, Viktor Yanukovych, um governo eleito de 2010 a 2014, ou seja, com
mandato com dia e hora para acabar.
Se Zelensky tem aproximação com o
neonazismo, Putin também teve seu namoro com esses cidadãos “muito democráticos”
na Rússia, uma diferença pró Putin é que ele não possui esses buldogues em suas
tropas regulares.
Nacionalismo chauvinista os dois
defendem parte a parte. Defensores de um Estado forte, e uma sociedade civil
fraca e no caso de Zelensky militarizada, sendo que Putin já tem um forte
exército para precisar colocar armas nas mãos de seus cidadãos. Ambos possuindo
os meios de comunicação estatal nas mãos. Sendo que Zelensky tem toda a
imprensa ocidental para lhe dar uma reforçadinha.
Pode-se novamente afirmar que neste
conflito não existe santidade. A não ser que se chame a
São Vladimir...
Cláudio Maffei
03 de abr. de 2022.
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