terça-feira, 21 de junho de 2022

QUATRO CONCEITOS FILOSÓFICOS

 

INTELECTO

(do latim: intellectus, de intelligere: compreender)

         1. Na concepção clássica grega, a partir de Anaxágoras, o intelecto (nous) significa o princípio de ordenação do cosmo e, por extensão, a faculdade do pensamento humano, enquanto esta reflete a ordem cósmica. Distingue-se assim das sensações e dos desejos e apetites, sendo, pois, "a parte da alma com a qual esta conhece e pensa" (Aristóteles).


         2. A escolástica medieval, sobretudo com Tomás de Aquino. Desenvolve o conceito aristotélico de intelecto, definindo-o como faculdade do entendimento humano, do pensamento conceitual, de pensar por idéias gerais.


         3. Intelecto agente ou ativo (intellectus agens): segundo a tradição aristotélica e escolástica, trata-se do intelecto como agente, isto é, transformando as sensações em percepções e tornando-as abstratas, inteligíveis, como conceitos. Daí a fórmula "Nada está no intelecto que não tenha estado antes nos sentidos". Na tradição agostiniana, especificamente, o intelecto agente é interpretado corno a Luz Divina, a iluminação, que caracteriza nosso entendimento e torna possível o conhecimento humano.

         4. Intelecto paciente ou passivo (intellectus patiens): segundo a tradição aristotélica e escolástica, o intelecto passivo opõe-se ao ativo, sendo considerado como a capacidade de receber e ordenar os conceitos e idéias que resultam do processo de abstração realizado pelo intelecto agente.

         5. Os modernos preferem falar de entendimento.

 

REFLEXÃO CRÍTICA

Reflexão (do latim tardio: reflexivo)

         1. Em um sentido amplo, tomada de consciência, exame, análise dos fundamentos ou das razões de algo.

         2. Ação de introspecção pela qual o pensamento volta-se sobre si mesmo, que investiga a si mesmo, examinando a natureza de sua própria atividade e estabelecendo os princípios que a fundamentam. Caracteriza assim a consciência crítica, isto é, a consciência na medida em que examina sua própria constituição, seus próprios pressupostos. "A consciência reflexiva torna a consciência refletida como seu objeto" (Sartre). O argumento cartesiano do cogito (penso, logo existo) é o exemplo clássico de reflexão filosófica. 


Crítica ( do grego - kritiké: arte de julgar)

         1. Juízo apreciativo, seja do ponto de vista estético (obra de arte), seja do ponto de vista lógico (raciocino), seja do ponto de vista intelectual (filosófico ou científico), seja do ponto de vista de uma concepção, de uma teoria, de uma experiência ou de uma conduta.

         2. Atitude de espírito que não admite nenhuma afirmação sem reconhecer sua legitimidade racional. Difere do espirito crítico, ou seja, da atitude de espírito negativa que procura denegrir ostensivamente as opiniões ou as ações das outras pessoas.

         3. Na filosofia, a crítica possui o sentido de análise. Assim, a filosofia crítica designa o pensamento de Kant e de seus sucessores. Suas três obras principais se intitulam: Crítica da Razão Pura, Crítica da Razão Prática e Crítica do Juízo. Nessas obras, a palavra "crítica" tem o sentido de "exame de valor". Do uso kantiano da palavra “critica”, deriva o termo ‘‘criticismo” que designa a filosofia de Kant.

 

FILOSOFIA


         É difícil dar-se uma definição genérica de filosofia, já que esta varia não só quanto a cada filósofo ou corrente filosófica, mas também em relação a cada período histórico. Atribui-se a Pitágoras a distinção entre a sophia, o saber, e a philosophia, que seria a "amizade ao saber", a busca do saber. Com isso se estabeleceu, já desde sua origem, uma diferença de natureza entre a ciência, enquanto saber específico, conhecimento sobre um domínio do real, e a filosofia que teria um caráter mais geral, mais abstrato, mais reflexivo, no sentido da busca dos princípios que tornam possível o próprio saber. No entanto, no desenvolvimento da tradição filosófica, o termo "filosofia" foi frequentemente usado para designar a totalidade do saber, a ciência em geral, sendo a metafísica a ciência dos primeiros princípios, estabelecendo os fundamentos dos demais saberes. O período medieval foi marcado pelas sucessivas tentativas de conciliação entre razão e fé, entre a filosofia e os dogmas da religião revelada, passando a filosofia a ser considerada ancilla theologiae, a serva da teologia, na medida em que fornecia as bases racionais e argumentativas para a construção de um sistema teológico, sem, contudo, poder questionar a própria fé. O pensamento moderno recupera o sentido da filosofia como investigação dos primeiros princípios, tendo, portanto um papel de fundamento da ciência e de justificação da ação humana. A filosofia crítica, principalmente a partir do Iluminismo, vai atribuir à filosofia exatamente esse papel de investigação de pressupostos, de consciência de limites, de crítica da ciência e da cultura. Pode-se supor que essa concepção, mais contemporânea, tem raízes no ceticismo, que, ao duvidar da possibilidade da ciência e do conhecimento, atribuiu à filosofia um papel quase que exclusivamente questionados. Na filosofia contemporânea, encontramos assim, ainda que em diferentes correntes e perspectivas, um sentido de filosofia como investigação crítica, situando-se, portanto em um nível essencialmente distinto do da ciência, embora intimamente relacionado a esta, já que descobertas científicas muitas vezes suscitam  questões e reflexões filosóficas e frequentemente problematizam teorias científicas. Essa relação reflexiva entre a filosofia e os outros campos do saber fica clara, sobretudo nas chamadas "filosofia de": filosofia da ciência, filosofia da arte, filosofia da história, filosofia da educação, filosofia da matemática, filosofia do direito, etc.

 


CIDADANIA

         Cidadania é a prática dos direitos e deveres de um(a) indivíduo (pessoa) em um Estado. Os direitos e deveres de um cidadão devem andar sempre juntos, uma vez que o direito de um cidadão implica necessariamente numa obrigação de outro cidadão. Conjunto de direitos, meios, recursos e práticas que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo.



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