segunda-feira, 28 de maio de 2018

OS GATOS NA HISTÓRIA

  

Desde tempos muito remotos, o homem constrói uma relação bastante peculiar com os animais que rondam o seu mundo. Em algumas culturas, certos animais são cultuados como deuses ou representam a origem de alguma importante divindade. Em outros casos, podem ter a sua simples presença associada ao aviso de um mau presságio ou a encarnação de algum tipo de maldição. No caso dos gatos, podemos ver que os dois tipos de olhar se aplicam a esse curioso felino.

   Por volta de 10.000 anos atrás, os gatos surgiram nos grupos humanos sedentários com a função natural de exterminar os roedores que rondavam os estoques de grãos. Nessa mesma época, lendas hebraicas e babilônicas diziam que os gatos surgiram através do espirro de um leão. Provavelmente, esse tipo de explicação mítica adveio das semelhanças físicas e de comportamento observadas entre esses dois animais oriundos da mesma família biológica.
   Entre os egípcios, esse grau de proximidade se estreitou quando várias divindades assumiam partes do corpo de um gato. Bastet, a deusa egípcia da fertilidade e do amor materno, era comumente representada por uma mulher com cabeça de gato. Observando os vários registros de imagem organizados pelos egípcios, podemos ver que os gatos perambulavam pela corte e não tinham cerimônia algum em se aproximar de qualquer indivíduo pertencente àquela civilização.
   No desenvolvimento da Era Cristã, a boa relação com os gatos foi perdendo espaço para um verdadeiro processo de demonização do animal. Alguns estudiosos dizem que tal modificação aconteceu porque os pagãos cultuavam os gatos e, pouco mais tarde, porque os muçulmanos também tinham o animal em boa conta. Nos primórdios da Idade Média, as parteiras, que comumente carregavam a imagem de um gato, símbolo da deusa Bastet, foram proibidas de utilizar tal apetrecho.
   Por volta do século XIII, a relação entre os gatos e as religiões pagãs logo se orientou para a construção de uma imagem demoníaca do animal. Em uma de suas várias bulas, o papa Gregório IX determinou que os gatos fossem terminantemente exterminados. A paranoia causada pela Inquisição acabou tendo um preço elevado, já que a diminuição da população felina acabou ajudando na propagação dos roedores que transmitiram a Peste Negra em diversas regiões da Europa.
   Com o passar do tempo, essa visão mística e preconceituosa perdeu lugar para o prazer advindo da domesticação desses pequenos animais. A capacidade de associar independência e sociabilidade faz do gato um tipo de companhia agradável e, ao mesmo tempo, integrante. Em diversos textos literários esse animal é descrito por uma minúcia de virtudes que o colocam em uma posição privilegiada. Pelo visto, eles também conseguem ocupar o posto de “melhor amigo do homem”.


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