terça-feira, 23 de outubro de 2018
sábado, 20 de outubro de 2018
CARTA DE LUIZ SCHWARCZ DA COMPANHIA DAS LETRAS SOBRE O MOMENTO ELEITORAL
Carta aos autores, editores e livreiros
Não costumo me manifestar publicamente e nunca pedi voto ou sugeri votar em qualquer candidato. Posicionei a linha editorial do Grupo Companhia das Letras com independência em relação às minhas opções políticas, mas com ênfase clara em causas justas, publicando livros de apoio a minorias, que refletem a pluralidade e são contra a discriminação racial e a favor da liberdade de expressão.
Tenho uma visão pouco positiva sobre parte importante do legado dos anos do PT no poder, e espero que Fernando Haddad ainda mostre que a esquerda é capaz de fazer autocrítica, que a volta do partido ao poder seria embasada no reconhecimento de erros pregressos, oriundos da associação a formas viciadas e incorretas da prática política no Brasil, em proporções inimagináveis e contrárias à origem e vocação de um verdadeiro partido dos trabalhadores.
Por acreditar na possibilidade de que um PT renovado se apresente numa nova gestão nacional, se comprometendo, por exemplo, com políticas de equilíbrio fiscal, sugiro a todos os colegas editores que prezam a liberdade de expressão que votem em Fernando Haddad, se posicionando contra o discurso difusamente preconceituoso, contra o autoritarismo e a intolerância, símbolos do outro polo que se anuncia como alternativa no segundo turno desta eleição. A candidatura de Bolsonaro é falsamente nova e é irmã de tempos tenebrosos de nossa vida política e cultural.
Construímos nas últimas décadas um mercado editorial vigoroso, tivemos governos comprometidos com a educação e especificamente com a formação de leitores e de bibliotecas públicas, que levaram o livro a quem não pode comprá-lo devido ao histórico fosso social de nosso país. Isso foi feito de maneira criativa e inédita por governos como o de Fernando Henrique Cardoso e o de Lula, que acreditavam na educação. . Seu perfil moderado dentro do partido nos permite viver a esperança de que os inúmeros equívocos do PT, em várias áreas, não se repitam e que o partido volte aos compromissos que marcaram sua origem.
Autores, editores e livreiros têm força para pedir a todos que prezam a democracia que contribuam, criticamente, se unindo em favor da tolerância e da liberdade de expressão, que estão ameaçadas. Falta um gesto mais claro do PT em busca de um governo de coalização, mas os futuros danos à democracia têm sido verbalizados pelos seguidores do PSL continuamente e são graves.
Temos que afastar o grande risco de retroceder décadas em aspectos fundamentais da nossa vida pessoal e profissional. Desejo um bom voto a todos
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
quarta-feira, 17 de outubro de 2018
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
quarta-feira, 3 de outubro de 2018
ALEXANDER VON HUMBOLDT: O INDIANA JONES ALEMÃO
Friedrich Wilhelm Heinrich Alexander von Humboldt, o barão
de Humboldt, nasceu em Berlim, reino da Prússia, em 14 de setembro de 1769 e
morreu nesta mesma cidade em 6 de maio de 1959, era mais conhecido como
Alexander von Humboldt, foi um geógrafo, naturalista e explorador nascido na
Prússia, atual Alemanha. Foi o irmão mais jovem do ministro e linguista
prussiano Wilhelm von Humboldt.
Alexander von Humboldt foi um cientistas de uma polivalência
que poucas vezes se observou. Ele desenvolveu (e se especializou em) diversas
áreas: foi etnógrafo, antropólogo, físico, geógrafo, geólogo, mineralogista,
botânico, vulcanólogo e humanista, tendo lançado as bases de ciências como a
Geografia, Geologia, Climatologia e Oceanografia. Apesar de ter pesquisado
diversas coisas em seus mínimos detalhes, sempre fez com uma visão geral e
imparcial.
Com catorze anos de idade, fixou-se em Berlim para continuar
seus estudos e, mais tarde, frequentou as universidades de Frankfurt (Oder) e
Göttingen, onde cursou Filosofia, História e Ciências Naturais.
Em 1789, com apenas vinte anos de idade, fez sua primeira
viagem de caráter científico, passando pelos Países Baixos, Alemanha e
Inglaterra, e principalmente ao longo das margens do rio Reno, seguindo Georg
Forster, um naturalista que acompanhou o Capitão Cook em sua viagem ao redor do
mundo. O resultado de toda essa exploração científica foi uma obra intitulada
Observações Sobre os Basaltos do Reno.
Sua viagem exploratória pela América Central e América do
Sul (1799 – 1804) e pela Ásia Central (1829) tornaram-no mundialmente conhecido
ainda antes da sua morte. Sua principal obra é o Kosmos, uma condensação do
conhecimento científico de sua época. Sua obra Ansichten der Natur também foi
bastante popular.
Sua correspondência científica com colegas cientistas
compõe-se de 35 mil cartas, das quais aproximadamente 12.500 estão arquivadas.
Schiller, Wilhelm, Alexander von Humboldt e Goethe em Jena. |
Entre 1799 e 1804, von Humboldt viajou pela América do Sul,
explorando-a e descrevendo-a pela primeira vez de um ponto de vista científico.
Nos cinco volumes da sua obra Kosmos, ele tentou elaborar uma descrição física
do mundo. Humboldt apoiou (e colaborou com) outros cientistas, entre os quais
Justus von Liebig e Louis Agassiz.
Como resultado de suas explorações, von Humboldt descreveu
diversos aspectos geográficos e espécies que eram até então desconhecidos dos
europeus. Espécies denominadas em sua homenagem incluem:
> Pinguim de Humboldt
> Phragmipedium humboldtii – uma orquídea
> Quercus humboldtii – Carvalho sul-americano
> Conepatus humboldtii – Espécie de cangambá
> Annona humboldtii – Espécie de arbusto
> Utricularia humboldtii – Planta carnívora
> Geranium humboldtii – um gerânio
> Salix humboldtiana – salgueiro (árvore)
> Nymphoides humboldtiana – Planta aquática
> Pinguim de Humboldt
> Phragmipedium humboldtii – uma orquídea
> Quercus humboldtii – Carvalho sul-americano
> Conepatus humboldtii – Espécie de cangambá
> Annona humboldtii – Espécie de arbusto
> Utricularia humboldtii – Planta carnívora
> Geranium humboldtii – um gerânio
> Salix humboldtiana – salgueiro (árvore)
> Nymphoides humboldtiana – Planta aquática
Aspectos e acidentes geográficos denominados em sua
homenagem incluem a corrente de Humboldt, o rio Humboldt, a cadeia de montanhas
East and West Humboldt Range, os condados estado-unidenses de Humbolt County,
na Califórnia e Humboldt County, no Iowa e o parque Humboldt no lado oeste de
Chicago. Além disso, o mar lunar Mare Humboldtianum foi assim denominado em sua
homenagem bem como o asteroide 54 Alexandra.
A FUNDAÇÃO ALEXANDER VON
HUMBOLDT
Após sua morte, seus amigos e colegas criaram a Fundação
Alexander von Humboldt (Stiftung em alemão) para manter o generoso apoio de
Humboldt a jovens cientistas. Apesar de a dotação inicial ter se perdido
durante a hiperinflação alemã dos anos vinte, e novamente após a Segunda Guerra
Mundial, a fundação tem recebido apoio do governo alemão e tem um papel
importante na atração de pesquisadores estrangeiros à Alemanha possibilitando
também a pesquisadores alemães trabalhares no estrangeiro por um determinado
período.
JUVENTUDE
Pintura do pequeno Humboldt com sua mãe Maria Elisabeth |
O segundo tutor dos Humboldt, Gottlob Christian Kunth, tem
um papel importante na vida de Alexander. Ele transmite aos irmãos Humboldt
sólida bases de história, matemática e línguas. Alexander demonstra grande
interesse pela história natural.
Wilhelm von Humboldt |
Em Göttingen tem aulas de física e química com Georg
Christoph Lichtenberg, Christian Gottlob Heyne e Johann Friedrich Blumenbach.
Durante suas férias de 1789 ele deu uma demonstração de suas proezas
posteriores em uma excursão científica que subiu o Reno que originou o estudo
Mineralogische Beobachtungen über eineige Basalte am Rhein – Observações
mineralógicas sobre alguns Basaltos do Reno (Brunswick, 1790).
Alexander von Humboldt estudou ainda o comércio e línguas
estrangeiras em Hamburgo, Geologia em Freiberga com Abraham Gottlob Werner;
anatomia em Jena com Justus Christian Loder; astronomia e uso de instrumentos
científicos com Franz Xavier von Zach e J. G. Köhler. Suas pesquisas sobre a
vegetação das minas de Freiberg levaram à publicação, em 1793, do seu Florae
Fribergensis Specimen; e os resultados de uma prolongada série de experiências
sobre o fenômeno da irritabilidade muscular, então recém descoberta por
Galvani, foram condensados no seu Versuche über die gereizte Muskel-und
Nervenfaser (Berlin, 1797), enriquecido de um tradução francesa com notas de
Blumenbach.
VIAGENS E TRABALHOS NA
EUROPA
Em 1794 foi admitido na intimidade da famosa sociedade de Weimar,
e desde junho de 1795 contribuiu ao novo periódico de Schiller, Die Horen, uma
alegoria filosófica intitulada Die Lebenskraft, oder der rhodische Genius. No
verão de 1790 fez uma visita rápida à Inglaterra em companhia de Foster. Em
1792 e 1797 esteve em Viena; em 1795 realizou uma viagem de caráter geológico e
botânico na Suíça e na Itália. Durante este tempo, obteve um posto público como
assessor de minas em Berlim, em 29 de fevereiro de 1792.
Diante da ignorância dos mineradores, que não sabem distinguir
um mineral de uma rocha sem valor, Humboldt abre uma escola de formação de
mineradores, que ele financia com seu próprio dinheiro que o Ministro von
Heinitz lhe enviará para reembolsar suas despesas. Humboldt realiza também
pesquisas para melhorar a segurança das minas.
Apesar de o serviço público ser por ele considerados um
aprendizado ao serviço da ciência, ele cumpriu suas tarefas com tanta
habilidade e zelo que não somente foi promovido a postos superiores no seu
departamento, como também recebeu diversas missões diplomáticas importantes.
Em 1795 von Heinitz propõe a Humboldt o cobiçado posto de
Diretor de Minas da Silésia, no sudeste da Prússia. Humboldt recusa e abandona
o serviço público.
A morte de sua mãe, em 19 de novembro de 1796, deixa-o livre
para seguir seu destino, no que aguarda uma oportunidade de pôr em prática seus
planos de viagem.
A EXPEDIÇÃO PELA AMÉRICA
LATINA
O almirante Louis Antoine de Bougainville, célebre navegador
e explorador, propõe a Humboldt participar de uma expedição pela América do
Sul, México, Califórnia, através do Pacífico, e depois ao Polo Sul.
Bougainville será substituído por Baudin. Uma guerra com a Áustria leva o
Diretório a anular a expedição.
O botânico Aimé Bonpland deveria, como Humboldt, participar
da expedição de Baudin. Eles se tornam amigos e se decidem se juntar à
expedição científica que segue as tropas de Napoleão no Egito. O barco que
deveriam tomar jamais aportou em Marselha, aonde eles tinham ido espera-lo.
Decide, então, ir para a Espanha e embarcar em um navio para Esmirna. Durante
as seis semanas de viagem, Humboldt realiza meticulosas medidas geográficas.
Humboldt é apresentado ao rei e à rainha da Espanha, obtendo
um passaporte com o selo real, que garante aos viajantes a assistência das
autoridades que eles encontrarem.
Bonpland torna-se oficialmente secretário de Humboldt. Os
dois são os primeiros a efetuar uma exploração científica digna deste nome. O
objetivo de Humboldt durante a viagem às Américas é descobrir a interação das
forças da natureza e as influências que o ambiente geográfico exerce sobre a
vida vegetal e animal. Com essas poderosas recomendações, eles embarcam no
Pizarro na Corunha em 5 de junho de 1799.
Durante a navegação, Humboldt efetua medidas astronômicas,
meteorológicas, de magnetismo, de temperatura e de composição química do mar.
Fazem uma escala de seis dias em Tenerife para a ascensão do
pico do Teide e aterram em Cumaná (Venezuela) em 16 de julho. Lá, na noite de
11 para 12 de novembro, Humboldt observa uma extraordinária chuva de meteoros
(as Leônidas), que constitui o ponto inicial da nossa percepção da
periodicidade do fenômeno; depois disso, ele segue com Bonpland para Caracas.
Na América, sente uma revolta pela maneira com que se vendem e se avaliam os
escravos, mesmo se ´nas possessões espanholas onde eles são mais bem tratados.
Em fevereiro de 1800 deixa a costa com o intuito de explorar
o curso do rio Orinoco. Essa viagem, que durou quatro meses e cobriu mais de
2.750 quilômetros de terra inabitada, selvagem e inóspita, teve como resultado
a descoberta da existência de uma comunicação entre os sistemas hidrográficos
do Orinoco e do rio Amazonas (canal Casiquiare), e a determinação exata do
ponto de bifurcação. Humboldt e Bonpland não foram os primeiros europeus a
tomar essa rota, mas o rigor dos seus dados e das descrições que realizaram fez
com que não existisse mais dúvidas sobre a existência de uma passagem navegável
entre os dois rios.
Recolhem diversos espécimes de animais e plantas
desconhecidos, e Humboldt anota meticulosamente a temperatura do rio, do solo e
do ar, assim como a pressão atmosférica, a inclinação magnética, a longitude e
a latitude. Em Calabozo, algumas enguias elétricas foram capturadas por Alexander
von Humboldt e Aimé Bonpland por volta de 19 de março de 1800. Os pesquisadores
receberam choques elétricos violentos durante suas experiências.
Em 24 de novembro os dois amigos parte para Cuba e depois de
uma estada de alguns meses retornam para Cartagena.
Humboldt descobre que Baudin deixou a França e deve chegar
em Lima, no Peru. Para evitar a ausência dos alísios, Humboldt e Bonpland
decidem continuar por via terrestre ao longo dos Andes, passando doze meses em
altitude através dos vulcões. Eles têm os pés em sangue, mas recusa fazer como
a aristocracia local: serem transportados em cadeiras fixas nas costas de
índios.
Subindo o curso do Magdalena e atravessando os picos gelados
dos Andes, chegam em Quito em 6 de janeiro de 1802. Durante essa estada,
escalaram o Pichincha e o Chimborazo e terminaram em uma expedição às fontes do
Amazonas, a caminho de Lima, onde chegam em 22 de outubro de 1802.
Humboldt ganha um renome mundial ao escalar o Chimborazo,
pico considerado na época como o mais alto do mundo.
Em Callao, Humboldt observa o trânsito de Mercúrio em 9 de
novembro e estuda as propriedades fertilizantes do guano, cuja introdução na
Europa muito se deveu às suas obras. Uma viagem tumultuada, sob uma tempestade,
levou-os para o México, onde residiram durante um ano. Humboldt e seus
companheiros passaram o ano de 1803 a percorrer o México. Humboldt escreverá
seu Ensaio Político sobre o Reino da Nova Espanha, o primeiro ensaio geográfico
regional, no qual ele relata sumariamente suas viagens. No México estuda o
calendário asteca.
Ele embarca em seguida para Havana, a fim de recuperar suas
coleções lá depositadas havia mais de três anos.
PASSAGEM PELOS ESTADOS
UNIDOS
Thomas Jefferson |
Humboldt passa a maior parte do seu tempo com membros da
sociedade. Bonpland e Montúfar, não falando o inglês, têm um papel de
figurantes. Humboldt encontra Jefferson, com que discute sobre história
natural, costumes diferentes de acordo com o país e as maneiras de melhorar o
nível de vida. Os dois homens se entendem tão bem que Jefferson convida
Humboldt a passar sua estada na Filadélfia na casa dele. Eles zarparam para a
Europa na embocadura do Delaware, chegando em Bordeaux em 3 de agosto de 1804.
RESULTADOS DA EXPEDIÇÃO
LATINO-AMERICANA
A expedição de Humboldt e Bonpland, com uma duração de cinco
anos, custou a Humboldt um terço de suas economias. Foi uma das mais notáveis
expedições científicas de todos os tempos, com uma massa de dados de um valor
científico inestimável, ainda mais valiosa que os espécimes que eles puderam
recolher.
Humboldt e Bonpland percorreram, durante sua expedição
através das Américas, um total de 9.650 quilômetros, tanto a pé, como a cavalo
ou em canoas. A expedição atravessou as terras dos atuais Venezuela, Colômbia,
Equador, Peru, Cuba e México (foi impedido de permanecer no Brasil, pois os portugueses
consideraram-no um possível espião alemão, após encontrarem-no em terras
brasileiras perto da fronteira venezuelana). A característica que torna essa
expedição absolutamente excepcional é que ela foi levada a cabo sem nenhum
interesse comercial, sua única motivação foi o desejo de conhecimento e a
curiosidade.
Durante sua expedição pelas Américas de 1799 a 1804, ele
precisou latitudes e longitudes, melhorou mapas, identificou 60.000 plantas,
das quais 6.300 até então desconhecidas, desenvolveu a geografia das plantas e
descreveu a corrente que levou mais tarde seu nome, a corrente de Humboldt.
Graças à sua excepcional expedição, Humboldt pode ser
considerado como tendo lançado as bases das ciências físicas da geografia e da
meteorologia. Pelo seu estudo (em 1817) das isotermas, ele sugeriu a ideia e
entreviu os métodos de comparação das condições climáticas de vários países.
Ele primeiramente investigou a taxa de decaimento da temperatura média com o
aumento da altitude acima do nível do mar, e forneceu, pelas suas questões e
pesquisas sobre a origem das tempestades tropicais, a primeira pista para a
detecção da lei, mais complicada, governando as perturbações atmosféricas em
altas latitudes. Seu ensaio sobre a geografia das plantas foi baseado na,
então, recente ideia de estudar como as condições físicas variadas alteram a
distribuição da vida. Sua descoberta da diminuição da intensidade do campo
magnético terrestre dos polos ao equador foi comunicada ao Instituto de Paris
em uma dissertação por ele lida em 7 de dezembro de 1804, e sua importância foi
atestada pelo rápido surgimento de reivindicações rivais. Seus serviços à
Geologia basearam-se principalmente no seu atento estudo dos vulcões do Novo
Mundo. Ele mostrou que eles se classificavam naturalmente em grupos lineares,
presumidamente correspondendo a vastas fissuras subterrâneas, e, pela sua
demonstração da origem ígnea de rochas cuja origem era anteriormente
considerada aquosa, ele contribuiu imensamente para a eliminação dessas
hipóteses errôneas.
Joseph Louis Gay-Lussac |
ACLAMAÇÃO DE HUMBOLDT
Com exceção de Napoleão Bonaparte, Humboldt era então o
homem mais famoso da Europa. Aplausos acolhiam-no em todos os lugares aonde ia.
Academias, nacionais e estrangeiras, estavam ansiosas para tê-lo entre seus
membros.
Em janeiro de 1808, Humboldt é enviado a Paris pelo rei da
Prússia, acompanhado pelo príncipe Wilhelm, para tentar negociar uma diminuição
do valor das indenizações de guerra. Desde que a França invadiu a Prússia,
Humboldt não recebe mais as rendas de seus domínios. Ele vive em Paris em um
quarto mobiliado, que divide com Gay-Lussac, não dormindo mais do que três ou
quatro horas por dia. Em Paris, ele tem a firme intenção de assegurar a
cooperação científica necessária para publicar seu grande trabalho. Essa tarefa
colossal, que ele inicialmente estimou em dois anos, acabou durando 22 anos, e
ainda assim ficou incompleta.
Ele é espionado pela polícia francesa, pois é alemão e sua
correspondência privada reflete as opiniões políticas dos salões parisienses.
Humboldt escreve entre mil a duas mil cartas por ano. Acaba passando dezoito
anos em Paris, durante os quais publica seu Voyage Interminable sur l’Amérique
du Sud – Viagem Interminável pela América do Sul.
Em 1826 recebe uma carta do rei da Prússia ordenando-o
deixar Paris. Ele pode somente passar 4 meses de férias por ano na cidade-luz.
Em Berlim, Humboldt é aparentemente detestado por suas ideias liberais.
Em 1828 obtém bastante sucesso ao dar cursos na universidade
e, mais tarde, conferências diante de um público mais vasto. Em Berlim, a
comunidade científica não costumava realizar reuniões científicas, como era o
caso de Paris, para a confrontação e discussão de ideias. Humboldt organiza uma
reunião da Associação Científica em Berlim à qual participam 600 dos mais
renomados cientistas.
EXPLORAÇÃO NA RÚSSIA
Em 1827, o ministro russo das finanças pede a Humboldt sua
opinião sobre a emissão de moedas de platina. Como o preço da platina era
instável, Humboldt se mostra desfavorável à ideia e sugere estudar as minas dos
Urais. Em março de 1829, ano dos seus 60 anos, Humboldt viaja para a Rússia,
com as despesas pagas pelo imperador, com Gustave Rose, professor de química e
de mineralogia, C.G. Ehrenberg, naturalista e zoólogo, e um empregado
doméstico. Na Rússia, ele é acolhido como uma importante personalidade oficial.
Ele tem suas refeições com a família do czar. Ao deixar Moscou, juntam-se à
expedição responsáveis da indústria mineira e burocratas das autoridades
locais.
Humboldt passa um mês estudando as minas dos Urais. Graças à
presença de filões de platina e de areias auríferas, ele prediz a existência de
diamantes nos Urais. Humboldt e Rose investigam cada jazida de outro que
encontram no microscópio. Foi o conde Polier, proprietário de tais jazidas, e a
que Humboldt explicou sua teoria, que encontrou o primeiro diamante dos Urais.
A expedição atravessa a Sibéria até o Altai. Como de hábito,
Humboldt realiza medições barométricas. Humboldt e seus companheiros retornam
após seis meses de expedição e após terem percorrido aproximadamente 17.000
quilômetros. Humboldt estudou e simulou a colocação de uma rede de estações
magnéticas e meteorológicas fazendo observações regulares e funcionando com
aparelhos idênticos. Ele deixa aos cuidados de Rose e Ehrenberg a publicação
dos resultados da expedição. Será somente anos mais tarde publicado seu Ásia
Central (três volumes).
HUMBOLDT COMO DIPLOMATA
Entre 1830 e 1848, Humboldt foi frequentemente empregado em
missões diplomáticas à corte de Luís Filipe I, com quem mantinha relações
pessoais cordiais. A morte de seu irmão Wilhelm von Humboldt, que morreu em
seus braços em 8 de abril de 1836, entristeceu os últimos anos de sua vida. Ao
perder o irmão, Alexander lamentou ter “perdido metade de si mesmo”. A ascensão
ao trono do príncipe Frederico Guilherme IV, após a morte de seu pai em junho
de 1840, aumentou o seu favoritismo na corte. O novo rei solicitava-o
frequentemente como conselheiro da corte. Humboldt utiliza sua função de
conselheiro privado do rei para militar pela emancipação dos judeus e pela
abolição do servilismo na Prússia, enquanto que o rei o utiliza como
enciclopédia ambulante. A popularidade de Humboldt permanece grande, apesar das
inimizades que ele adquire junto aos reacionários próximos do rei. Em 1857, a
loucura que afeta o rei permite a Humboldt ter mais tempo para seus trabalhos.
Em 1852, Humboldt recebe a medalha Copley da Royal Society
de Londres.
O “KOSMOS”
Não é frequente que um homem adie seus 76 anos, e então
execute com sucesso a coroação da obra da sua vida. No entanto, foi este o caso
de Humboldt. Os primeiros dois volumes do Kosmos foram publicados, e
basicamente elaborados, entre os anos de 1845 e 1847.
A ideia de um trabalho que deveria comunicar não somente uma
descrição gráfica, mas principalmente uma concepção engenhosa do mundo físico
que pudesse ser generalizada por detalhes e ressaltar detalhes através da
generalização preenchia seu espírito havia mais de meio século. Tomou uma forma
definida pela primeira vez em uma série de conferências por ele proferidas na
Universidade de Berlim, no inverno de 1827-1828. Essas conferências
constituíram, como nota seu último biógrafo, “o esboço para o grande afresco do
Kosmos”.
O objetivo desta obra notável pode ser brevemente descrito
como sendo a representação da unidade no meio da complexidade da natureza.
Nessa obra, os grandes e vagos ideais do século XVIII são recuperados e
combinados com as necessidades científicas do século XIX. Apesar de inevitáveis
imperfeições, a tentativa foi eminentemente bem sucedida.
Um estilo um pouco pesado e um tratamento às vezes pitoresco
demais tornam a obra mais imponente que atraente ao leitor casual. Mas seu
valor supremo consiste no fato de representar fielmente o reflexo da mente de
um grande homem. Não existe maior elogio que possa ser feito a Alexander von
Humboldt do que dizer que, ao tentar, e não em vão, representar o universo, ele
conseguiu de maneira ainda mais perfeita representar a sua própria inteligência
compreensiva.
A última década de sua longa vida – seus anos “improváveis”,
como ele costumava chamá-los – foi dedicada à continuação de sua obra, cujos
terceiro e quarto volumes foram publicados em 1850 – 1858, e um fragmento de um
quinto postumamente em 1862. Nestes volumes, ele procurou detalhar de acordo
com os ramos das ciências o que expusera de maneira geral no primeiro volume.
Não obstante seu alto valor individual, é preciso admitir
que, de um ponto de vista artístico, essas adições foram deformações. A ideia
característica da obra, na medida em que uma ideia tão gigantesca pudesse ser
transposta em forma literária, havia sido completamente desenvolvida nas suas
partes iniciais, e a tentava de transformá-la em enciclopédia científica foi na
verdade uma negação da motivação inicial.
O trabalho e a precisão de Humboldt nunca foram mais
visíveis do que durante a concepção deste último troféu à sua genialidade.
Tampouco apoiou-se somente em seus próprios trabalhos; deveu grande parte do
que conseguiu à sua rara capacidade de assimilar ideias e aproveitar a
cooperação de terceiros. Humboldt estava tão pronto a receber reconhecimento
quanto a dá-lo. As notas do Kosmos são repletas de citações loquazes em que
ele, de certa maneira, reconhece suas “dívidas” intelectuais.
DOENÇA E MORTE
Máscara Mortuária de Humboldt |
Em 24 de fevereiro de 1857 Humboldt teve uma crise de
apoplexia leve, que não deixou traços perceptíveis. Foi somente durante o
inverno de 1858 – 1859 que suas forças começaram a diminuir, e, em 6 de maio,
ele morreu tranquilamente, quatro meses antes de completar seus noventa anos.
As honras que lhe foram reservadas durante sua vida
seguiram-no após a morte. Seus restos mortais, antes de serem enterrados no
mausoléu familiar de Tege, foram transportados em funerais nacionais pelas ruas
de Berlim, e recebidos pelo príncipe regente, a cabeça descoberta, na porta da
catedral. O primeiro centenário de seu nascimento foi celebrado em 14 de
setembro de 1869, com igual entusiasmo no Novo e Velho Mundo, e os numerosos monumentos
erigidos e as novas regiões descobertas denominadas em sua honra testemunham a
difusão universal de sua fama e popularidade.
CONTRIBUIÇÕES DE HUMBOLDT À
CIÊNCIA
Os textos sul-americanos de Humboldt compreenderam trinta
volumes publicados em trinta anos. Compõem-se de livros científicos, atlas,
tratados de geografia e economia sobre Cuba e o México, uma narrativa de suas
viagens e um Examen Critiqué de l’Histoire de la Géographie du Nouveau
Continent (Exame Crítico da História e da Geografia do Novo Continente).
Humboldt escreveu seus textos científicos em colaboração com outros cientistas.
Dedicou o volume consagrado à Geologia a seu amigo Goethe.
Em seu Kosmos, cujo objetivo era de comunicar a excitação
intelectual e as necessidade prática da pesquisa científica, ele descreve em
cinco volumes todos os conhecimentos da época sobre os fenômenos terrestres e
celestes. Atribui-se a Humboldt a invenção de novas expressões como isodinâmica,
isotermas, isóclinas, jurássico e tempestade magnética. Ele lançou as bases da
Geografia Física e da Geofísica, notadamente da sismologia. Ele demonstra que
não pode haver conhecimento se experimentação verificável.
PUBLICAÇÕES
BIOBRAFIAS
A mais recente e elogiada biografia de Humboldt é “A
Invenção da Natureza” de Andres Wulf, eleita melhor livro de não ficção de 2015
segundo o New York Times, The Guardian e Time. Uma boa biografia de Humboldt é
a do professor Karl Bruhns (três volumes, Leipizig, 1872), traduzida para o
inglês por Misses Lassel em 1873. Breves notas à sua carreira são fornecidas
por A. Dove em Allgemeine Deutsche Biographie, e por S. Gunther em Alexander
von Humboldt (Berlin, 1900).
OBRAS
Le Voyage aux Régions Exinoxiales du Nouveau Continent, fait
em 1799 – 1804, par Alexandre de Humboldt et Aimé bonpland (Paris, 1807)
composto de 30 fólios e quatro volumes, englobando um número considerável de
obras subordinadas, mas importantes, entre as quais podem-se encontrar,
inclusive no site da Biblioteca Nacional Francesa:
·
Vue des Cordillères et monuments des peuples indigènes de l'Amérique (2 vols. fólio, 1810);
·
Examen critique de l'histoire de la géographie du Nouveau Continent (1814-1834);
·
Atlas géographique et physique du royaume de la Nouvelle Espagne (1811);
·
Essai politique sur le royaume de la Nouvelle Espagne (1811);
·
Essai sur la géographie des plantes (1805, hoje muito raro); e
·
Relation historique (1814-1825),
uma narração não terminada de suas viagens, incluindo o Essai politique sur l'île de Cuba.
Outras de suas publicações são,
inclusive que podem ser encontradas no Projekt Gutenberg-DE
·
Nova
genera et species plantarum (7 vols. fólio, 181
5?1825), contendo descrições de mais de 4500 espécies de plantas coletadas por
Humboldt e Aimé Bonpland, compilado principalmente por Karl Sigismund
Kunth;
·
J. Oltmanns ajudou na
preparação do Recueil
d'observations astronomiques (1808);
·
Cuvier, Latreille,
Valenciennes e Gay-Lussac cooperaram no Recueil d'observations de zoologie et d'anatomie comparée (1805-1833).
·
Ansichten
der Natur (Stuttgart e Tübingen,
1808) de Humboldt teve três edições ao longo da sua vida, e foi traduzido em
praticamente todas as línguas européias.
Os resultados de sua viagem asiática
foram publicados em Fragments de
géologie et de climatologie asiatiques (2 vols., 1831), e em Asie centrale (3 vols., 1843),
uma expansão da obra anterior. As notas e documentos lidos por ele diante de
sociedades científicas, ou contribuições a periódicos científicos, são
numerosos demais para especificação.
Sem se esquecer do KOSMOS – Entwurf einer
Physischen Weltbescheibung (1845 – 1862) sendo encontrado na internet em: Kurt
Stübers Online Bibliothek (em alemão), Posner Memorial Collection, e Biblioteca
Nacional Francesa.
CORRESPONDÊNCIA
DE HUMBOLDT
Desde sua morte, uma parte considerável
de suas correspondências tem se tornado pública. A primeira delas, em ordem
cronológica e de importância, são suas Briefe an Varnhagen von Enze (Leipzig, 1860). Elas foram
seguidas rapidamente de Briefwechsel
mit einem jungen Freunde (Friedrich Althaus, Berlin, 1861); Briefwechsel mit Heinrich Berghaus (2vols.,
Jena, 1863); Correspondance
scientifique e littéraire (2 vols., Paris, 1865 - 1869); Lettres à Marc-Aug. Pictet, publicadas
em Le Globe, tomo VII.
(Genebra, 1868); Briefe an Bunsen (Leipzig,
1869); Briefe zwischen Humboldt
und Gauss (1877); Briefe
an seinen Bruder Wilhelm (Stuttgart, 1880); Jugendbriefe an W. G. Wegener (Leipzig,
1896); além de outras coleções de menor importância. Uma edição das principais
obras de Humboldt foi publicada em Paris por Também. Morgand (1864 - 1866). Veja também: Karl von
Baer, Bulletin de l'acad. des
sciences de St-Pétersbourg, XVII. 529 (1859); R. Murchison, Proceedings, Geog. Society of London,
VI. (1859); L. Agassiz, American
Jour. of Science, XXVIII. 96 (1859); Proc. Roy. Society, X. XXXIX.; A. Quetelet, Annuaire de l'acad. des sciences (Bruxelas,
1860), p. 97; J. Mädler, Geschichte
der Himmelskunde, II. 113; J.C.Houzeau, Bibl. astronomique, II. 168. (A.
M. C.)
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