sábado, 27 de novembro de 2021

ESPIRITISMO




ESPIRITISMO

Espiritismo, Doutrina Espírita, Kardecismo 

ou Espiritismo Kardecista:


            É uma doutrina espiritualista e reencarnacionista estabelecida na França em meados do século XIX pelo autor e educador Allan Kardec (pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail). Como tal, pretende explicar, a partir de uma perspectiva cristã, o ciclo pelo qual um espírito supostamente retorna à existência material após a morte do antigo corpo em que habitava, além da evolução pela qual ele passa durante este processo. O conceito também interage com concepções filosóficas e científicas sobre a relação entre o físico e a moral. O kardecismo surgiu como um novo movimento religioso ramificado do campo espiritualista, com noções e práticas associadas de comunicação espiritual disseminadas em toda a América do Norte e Europa desde os anos de 1850.

       Kardec criou o termo espiritismo em 1857 e o definiu como “a doutrina fundada sobre a existência, as manifestações e o ensino dos espíritos”. Mesmo não sendo reconhecido com ciência, Kardec dizia que o espiritismo alia aspectos científicos, filosóficos e religiosos, buscando uma melhor compreensão não apenas do universo tangível, mas também do universo a esse transcendente. Depois de observar e analisar as mesas girantes, o professor Rivail ficou intrigado com o fato de que como poderia a mesa se mover se ela não possui músculos ou formular respostas se ela não tem um cérebro. E foi o próprio agente causador do fenômeno que teria respondido: “Não é a mesa que pensa! Somos nós, as almas dos homens que viveram na Terra. Rivail foi então estudar este e outros fenômenos, tal como a chamada “incorporação” e mediunidade. 

        A doutrina é baseada em cinco “obras básicas”, chamadas de Decodificação Espírita, publicada por Kardec entre 1857 e 1868. A codificação é composta por “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “O Céu e o Inferno” e “A Gênese”. Somam-se ainda as chamadas obras “complementares”, como “O que é o Espiritismo?” Revista Espírita e “Obras Póstumas”. Seus seguidores consideram o espiritismo uma doutrina voltada para o aperfeiçoamento moral do homem e acreditam na existência de um Deus único, na possibilidade de comunicação útil com os espíritos através de médiuns e na reencarnação como processo de crescimento espiritual e justiça divina.

            De acordo com o Conselho Espírita Internacional, o espiritismo está representado em 36 países ao redor do mundo, sendo mais difundido no Brasil, onde conta com cerca de 3,8 milhões de adeptos, e mais de 30 milhões de simpatizantes, de acordo com a Federação Espírita Brasileira (FEB). Os espíritas também são conhecidos por influenciar e promover um movimento de assistência social filantrópica. O kardecismo teve uma forte influência em várias correntes religiosas, como a santeria, a umbanda e os movimentos new age. 

Etimologia e Uso

            O termo espiritismo (do francês antigo “spiritisme”, onde “spirit” = espírito + “isme”: doutrina) surgiu como um neologismo, mais precisamente uma palavra-valise, criada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (conhecido por Allan Kardec) para nomear especificamente o corpo de ideias por ele sistematizadas em “O Livro dos Espíritos” (1857):

“Para designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim exige a clareza da linguagem, para evitar confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos; espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia[1]  (...) Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez de palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos nos referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria” (Allan Kardec).

           Contudo, a utilização do termo, cuja raiz é comum a diversas nações ocidentais de origem latina ou anglo-saxônica, fez com que ele fosse rapidamente incorporado ao uso cotidiano para designar tudo o que dizia respeito à alegada comunicação com os espíritos. Assim, por espiritismo, entendem-se hoje as várias doutrinas religiosas e/ou filosóficas que crêem na sobrevivência dos espíritos à morte dos corpos, e, principalmente, na possibilidade de se comunicar com eles, casual ou deliberadamente, via evocações ou espontaneamente.

            O termo “Kardecista” ´repudiado por parte dos adeptos da doutrina que reservam a palavra “espiritismo” apenas para a doutrina tal qual codificada por Kardec, afirmando não haver diferentes vertentes dentro do espiritismo, e denominam correntes diversas de “espiritualistas”. Estes adeptos entendem que o espiritismo, como corpo doutrinário, é um só, o que tornaria redundante o uso do termo “espiritismo kardecista”. Assim, ao seguirem os ensinamentos codificados por Allan Kardec nas obras básicas (ainda que com uma tolerância maior ou menor a conceitos que não são estritamente doutrinários como apometria[2]) denominam-se simplesmente “espíritas”, sem o complemento “Kardecista”. A própria obra desaprova o emprego de outras expressões como “kardecista”, definindo que os ensinamentos codificados, em sua essência, não se ligam à figura única de um homem, como ocorre com o cristianismo ou budismo, mas a uma coletividade de espíritos que eles acreditam que se manifestaram através de diversos médiuns naquele momento histórico, e que se esperava que continuassem a comunicar, fazendo com que aquele próprio corpo doutrinário se mantivesse em constante processo evolutivo. Outra parcela dos adeptos no entanto considera o uso do termo “kardecismo” apropriado. As expressões nasceram da necessidade de alguns em distinguir o “espiritismo” (como originalmente definido por Kardec) dos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda[3]. Estes últimos, discriminados e perseguidos em vários momentos da história recente do Brasil, passaram a se autointitular espíritas (em determinado momento como o apoio da Federação Espírita Brasileira), num anseio de legitimar e consolidar este movimento religioso, devido à proximidade existente entre certos conceitos e práticas destas doutrinas.



 História

Primeiras Observações

     Segundo seguidores e simpatizantes da Doutrina Espírita, os fenômenos mediúnicos seriam universais e teriam sempre existido, inclusive com fartos relatos na Bíblia. Entre outros, os espíritas citam como exemplos mediúnicos bíblicos a proibição de Moisés à prática da “consulta aos mortos”, que seria uma evidência da crença judaica nessa possibilidade, já que não se interdita algo irrealizável, a consulta de Saul, primeiro rei do antigo Reino de Israel, à Bruxa de Endor, em I Samuel 28: 1 – 25, que vê e ouve o Espírito desencarnado de Samuel, o último dos juízes de Israel e o primeiro dos profetas registrados na história do seu povo; a comunicação de Jesus com Moisés e Elias no Monte Tabor na Transfiguração de Jesus (Mateus 17: 1 – 9).


        Na filosofia antiga também há exemplos: nos Diálogos de Platão, este fala sobre o daimon ou gênio que acompanharia Sócrates. Muitos espíritas adotam a data de 31 de março de 1848 (início dos acontecimentos mediúnicos na residência das Irmãs Fox[4] em Hydesville, estado de New York – EUA) como o marco inicial das modernas manifestações mediúnicas, alegadamente mais ostensivas e frequentes do que jamais ocorrera, o que levou muitos pesquisadores a se debruçar sobre tais fenômenos.

 Allan Kardec 

Allan Kardec
     Durante o século XIX houve uma grande onda de manifestações mediúnicas nos Estados Unidos e na Europa. Estas manifestações consistiam principalmente de ruídos estranhos, pancadas em móveis e objetos que se moviam ou flutuavam sem nenhuma causa aparente, como no caso das “mesas girantes”. No final dos anos 1840 destacou-se o suposto caso das Irmãs Fox, nos Estados Unidos.

“O verdadeiro Espírita não é aquele que crê nas manifestações, mas aquele que aproveita o ensinamento dado pelos espíritos. De nada serve crer, se a crença não o faz dar um passo à frente no caminho do progresso, e não o torna melhor para seu próximo”. (Allan Kardec).

 
           Hippolyte Léon Denizard Rivail (Lyon – 3 de outubro de 1804; Paris – 31 de março de 1869) foi um influente educador, autor e tradutor francês. Sob o pseudônimo de Allan Kardec notabilizou-se como o codificador do espiritismo (neologismo por ele criado). Foi discípulo do reformador educacional Johann Heinrich Pestalozzi[5] e um dos pioneiros na pesquisa científica sobre fenômenos paranormais (mais notoriamente a mediunidade) assuntos cuja investigação costumava ser considerada inadequada. 

Juventude e atividade pedagógica 

Kardec aos 25 anos

      Nascido numa família de orientação católica com tradição na magistratura e na advocacia, desde cedo manifestou propensão para o estudo das ciências e da filosofia. Fez os seus estudos na Escola de Pestalozzi, no Castelo de Yverdon, em Yverdon-les-Bains, na Suíça (país protestante), tornando-se um dos seus mais distintos discípulos e ativo propagador de seu método, que tão grande influência teve na reforma do ensino na França e na Alemanha. Aos quatorze anos de idade já ensinava aos seus colegas menos adiantados, criando cursos gratuitos. Aos dezoito, bacharelou-se em Ciências e Letras. Concluídos os seus estudos, o jovem Rivail retornou ao seu país natal. Profundo conhecedor da língua alemã, traduzia para este idioma diferentes obras de educação e de moral, com destaque para as obras de François Fénelon[6], pelas quais manifestava particular atração. Conhecia a fundo os idiomas, francês, alemão, inglês, neerlandês, além de dominar perfeitamente os idiomas italianos e espanhol.

            Era membro de diversas sociedades acadêmicas, entre as quais o Instituto Histórico de Paris e a Academia Real de Arras; esta última, em concurso promovido em 1831, premiou-lhe uma memória com o tema “Qual o sistema de estudos mais de harmonia com as necessidades da época?” 

Amélie Gabrielle Boudet
      A 6 de fevereiro de 1832 desposou Amélie Gabrielle Boudet. Em 1824, retornou a Paris e publicou um plano para aperfeiçoamento do ensino público. Após o ano de 1834, passou a lecionar, publicando diversas obras sobre educação, e tornou-se membro da Real Academia de Ciências Naturais. Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público. Entre 1835 e 1840, manteve em sua residência à rua de Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física e Anatomia Comparada, Astronomia e outros. Nesse período, preocupado com a didática, elaborou um manual de aritmética, que foi adotado por décadas nas escolas francesas, e um quadro mnemônico da História da França, que visou a facilitar ao estudante a memorização das datas dos acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada reinado do país. As matérias que lecionou como pedagogo foram Química, Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia, Retórica, Anatomia Comparada e Francês.

Professor Rivail

 

Das mesas girantes à Codificação

Sessão de Mesas Girantes
  Conforme o seu próprio depoimento, publicado em Obras Póstumas, foi em 1854 que o professor Rivail ouviu falar pela primeira vez do fenômeno das “mesas girantes”, bastante difundido à época, através do seu amigo Fortier, um magnetizador de longa data. Sem dar muita atenção ao relato naquele momento, atribuindo-o somente ao chamado magnetismo animal do qual era estudioso. Apenas em maio de 1855 sua curiosidade se voltou efetivamente para as mesas, quando começou a frequentar tais reuniões.

            

As primeiras manifestações de mesas girantes observadas por Kardec aconteceram por meio de mesas se levantando e batendo, com um dos pés, um número determinado de pancadas e respondendo, desse modo, sim ou não, segundo o convencionado, a uma questão proposta. 

 Michel Faraday
      Apesar da crença que supostos espíritos ou gênios movimentavam as mesas, experimentos científicos de Michel Faraday[7] publicados em 1853 mostraram que os movimentos eram causados pelo efeito ideomotor[8] e descartaram as explicações paranormais para o fenômeno das mesas girantes. O efeito ideomotor também causa os movimentos observados no chamado tabuleiro ouija e na “brincadeira do copo”, nos quais os participantes movimentam marcadores involuntariamente sobre letras e números e também atribuem os movimentos a supostos espíritos ou gênios.
 

Michel Eugène Chevreul[9] e seu experimento

            Em 1808, um químico chamado Gerboin de Estrasburgo[10] escreveu um livro sobre a utilização de pêndulos para realizar análises químicas. O método consistia em manter um pequeno anel de metal, seguro por um cordão delgado sobre uma placa inscrita com as letras do alfabeto. O anel supostamente se moveria em direção às letras da substâncias a ser examinada da mesma forma em que hoje o tabuleiro Ouija[11] responde às perguntas de participantes das sessões.

Tabuleiro Ouija


         Chevreul se espantou com os resultados dos testes com o novo método, a princípio surpreendentes, mas manteve-se cético. Inicialmente, ele utilizou o pêndulo sobre uma placa de mercúrio e observou que o pêndulo continuava funcionando. Em uma segunda etapa, percebeu que quando o mercúrio era coberto por uma placa de vidro, o anel de metal diminuía seu movimento até parar. Finalmente, repetiu a primeira experiência com os olhos vendados, pedindo a um assistente para colocar e retirar a placa de vidro sem que ele soubesse. O resultado foi que o anel não se movia, não importando se havia ou não a placa de vidro. Como conclusão para o experimento, Michel Chevreul escreveu: “Enquanto eu acreditava que o movimento era possível, ele aconteceu; mas depois de descobrir suas causas eu não conseguia mais reproduzi-lo”.

Michel Eugène Chevreul
            De acordo com Chevreul, seus experimentos mostram como é fácil: “ver ilusões como verdades, sempre que somos confrontados com fenômenos em que os sentidos humanos estão envolvidos em situações mal analisadas”.

 


O Experimento de Michel Faraday


           O físico inglês Michel Faraday envolveu-se em um amplamente divulgado experimento envolvendo as mesas girantes em 1853. Neste fenômeno, pessoas se sentavam em torno de uma mesa com as mãos sobre ela, e, depois de algum tempo, a mesa inclinava-se sobre uma de suas pernas, chegando a mover-se pela sala. Segundo os espíritas, os movimentos são causados por espíritos supostamente desencarnados. Faraday convidou algumas pessoas que considerava sérias e que haviam participado anteriormente com sucesso de sessões espíritas com mesas girantes. Ele preparou a mesa cobrindo com uma pilha de folhas presas por um elástico. As folhas se moviam facilmente, de forma que ficava possível identificar a origem dos movimentos. Assim, Faraday isolou a origem do movimento: a mesa ou as mãos dos participantes. 

        Segundo Faraday, se a mesa fosse a origem dos movimentos e se movesse da direita para a esquerda, a folhas formariam uma escada subindo da esquerda para a direita, já que a folha em contato com a mesa seria a primeira a se mover. As outras folhas, devido ao atrito com as inferiores, também se moveriam, mas seriam retardadas pelo atrito com as mãos dos participantes do experimento. Como o físico esperava, o que aconteceu foi o contrário: se a mesa movia para a esquerda, as folhas formavam uma escada a esquerda e vice-versa, denunciando que o movimento partia das mãos dos participantes. 

Os estudos de Allan Kardec

Mesas Dançantes
         Kardec, analisando esses fenômenos, concluiu que não havia nada de convincente neste método paras os céticos, porque se podia acreditar num efeito da eletricidade, cujas propriedades eram pouco conhecidas pela ciência de então. Foram então utilizados métodos para se obter respostas mais desenvolvidas por meio de letras do alfabeto: a mesa batendo um número de vezes corresponderia ao número de ordem de cada letra, chegando, assim, a formular palavras e frases respondendo às perguntas propostas. Kardec concluiu que a precisão das respostas e sua correlação com a pergunta não poderiam ser atribuídas ao acaso. Ele também questionou a possibilidade de uma hipótese muscular (como o efeito ideomotor) ser causa de todos os alegados movimentos e mensagens das mesas girantes ou de outras produções mecânicas. O ser misterioso que assim respondia, quando interrogado sobre sua natureza, declarou que era um espírito ou gênio, deu seu nome e forneceu diversas informações a seu respeito. Posteriormente o fenômeno diminuiu de popularidade e chegou a tornar-se anedótico.

Victor Hugo

         

August Vacquerie

 Victor Hugo[12], durante seu exílio na Ilha de Jersey (1851 – 1855), participou de inúmeras sessões de mesas girantes com seu amigo August Vacquerie[13] e passou a acreditar que havia entrado em contato com espíritos de falecidos, inclusive sua filha Léopoldine (morta por afogamento) e grandes escritores como Shakespeare, Dante, Racine e Molière. Diante de experiências com as mesas, Victor Hugo se converteu ao espiritismo e, em 1867, clamou que a ciência deveria dar atenção e seriedade para o fenômeno das mesas:

“A mesa girante ou falante foi bastante ridicularizada. Falemos claro. Esta zombaria é injustificável. Substituir o exame pelo menosprezo é cômodo, mas pouco científico. Acreditamos que o dever elementar da ciência é verificar todos os fenômenos pois a ciência, se os ignora, não tem o direito de rir deles. Um sábio que ri do possível está bem perto conhece, fiquemos atentos e sérios na presença do extra-humano, de onde viemos e para onde caminhamos”. Victor Hugo. 

Druidas
          Durante este período, Kardec também tomou conhecimento da psicografia. Ele então teria tido contato com um “espírito familiar”, que supostamente teria passado a orientar os seus trabalhos. O pseudônimo “Allan Kardec” foi escolhido porque esta entidade teria revelado que ambos haviam vivido juntos em uma vida passada entre os druidas[15] do povo celta, na região da Gália (atual França):

“A Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. O estado das almas depois da morte não é mais um sistema, porém o resultado da observação. Ergueu-se o véu; o mundo espiritual aparece-nos na plenitude de sua realidade prática; não foram os homens que o descobriram pelo esforço de uma concepção engenhosa, são os próprios habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua situação.” (Allan Kardec).

            Convencendo-se de que o movimento e as respostas complexas das mesas deviam-se à intervenção dos supostos espíritos, Kardec dedicou-se à estruturação de uma proposta de compreensão da realidade baseada na necessidade de integração entre os conhecimentos científicos, filosóficos e morais, com o objetivo de lançar sobre o real um olhar que não negligenciasse nem o imperativo da investigação empírica na construção do conhecimento, nem a dimensão espiritual e interior do homem.

“Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhes as consequências e busca as aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não apresentou como hipóteses a existência e a intervenção dos espíritos, nem o períspirito, nem a reencarnação, nem qualquer dos princípios da doutrina; concluiu pela existência dos espíritos, quando essa existência ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual maneira quanto aos outros princípios. Não foram os fatos que vieram a posteriori confirmar a teoria: a teoria é que veio subsequente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências só fizeram progressos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental; até então, acreditou-se que esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é também às coisas metafísicas.” (Allan Kardec). 

         Tendo iniciado a publicação das obras de Codificação em 18 de abril de 1857, quando veio à luz “O Livro dos Espíritos”, considerado como o marco de fundação do Espiritismo, após o lançamento da Revista Espírita (1 de janeiro de 1858). Kardec fundou, nesse mesmo ano a primeira sociedade espírita regularmente constituída, com o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

“(...) o Espiritismo, restituindo ao espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais o orgulho fundou castas e os estúpidos preconceitos de cor. O Espiritismo, alargando o círculo da família pela pluralidade das existências, estabelece entre os homens uma fraternidade mais racional do que aquela que não tem por base senão os frágeis laços da matéria, porque esses laços são perecíveis, ao passo que os do espírito são eternos. Esses laços, uma vez bem compreendidos, influirão pela força das coisas, sobre as relações sociais, e mais tarde sobre a legislação social, que tomará por base as leis imutáveis do amor e da caridade; então ver-se-á desapareceram essas anomalias que chocam os homens de bom senso, como as leis da Idade Média chocam os homens de hoje...” (Allan Kardec).

 Frenologia[15] 

Frenologia é uma pseudociência que alega que a forma e protuberâncias do crânio são indicativas
das faculdades e aptidões mentais de uma pessoa

          Kardec, como um erudito de sua época, acreditava na suposta superioridade racial dos brancos europeus e na inferioridade de outros grupos étnico-raciais, tendo como base a frenologia, fundada pelo médico alemão Franz Joseph Gall[16] (1758 – 1828) e atualmente considerada uma pseudociência[17]. Kardec foi, inclusive, membro da Sociedade de Frenologia de Paris e teria defendido teses atualmente consideradas racistas em trechos de suas obras, mas que, à época, representavam uma visão científica corrente no ramo da antropometria. Um dos textos de Kardec, criticados por alguns como sendo racista, encontra-se em sua obra “O Livro dos Espíritos”.

“À vista da sexta interrogação acima, dirão naturalmente que o hotentote[18] é de raça inferior. Perguntaremos, então, se o hotentote é ou não um homem. Se é, por que a ele e à sua raça privou Deus de privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é, por que tentar fazê-lo cristão? A Doutrina Espírita tem mais amplitude do que tudo isto. Segundo ela, não há muitas espécies de homens, há tão somente homens cujos espíritos estão mais ou menos atrasados, porém suscetíveis de progredir. Não é este princípio mais conforme à justiça de Deus?” – Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos” – p. 190, 1860.

            Outro texto conhecido de Allan Kardec, publicado em 1862 em uma revista da doutrina espírita na França, diz:

“Os espíritos selvagens são ainda crianças, se assim podemos nos exprimir. Neles muitas faculdades ainda estão latentes. O que faria o espírito de um hotentote no corpo de Arago[19]? Seria como alguém que nada sabe de música diante de um piano excelente. Por uma razão inversa, o que faria o espírito Arago no corpo de hotentote? Seria como Liszt diante de um piano contendo apenas algumas cordas desafinadas, das quais o seu talento não conseguiria jamais tirar sons harmoniosos”. Allan Kardec – “Perfectibilidade da Raça Negra” – Revista Espírita – p.149 – abril de 1862.

“Assim, como organização física, os negros serão sempre os mesmos; como espíritos, trata-se, sem dúvida, de uma raça inferior, isto é, primitiva; são verdadeiras crianças às quais muito pouco se pode ensinar. Mas, por meio de cuidados inteligentes é sempre possível modificar certos hábitos, certas tendências, o que já constitui um progresso que levarão para outra existência e que lhes permitirá, mais tarde, tomar um envoltório em melhores condições. Allan Kardec – “Perfectibilidade da Raça Negra”, Revista Espírita – pp.150 – 151 – abril de 1862.

            O hotentote, mais conhecido hoje como Khoisan, mencionado acima, se refere a uma família muito antiga de grupos étnicos do Sudoeste Africano. Para críticos, Kardec partilhava de concepções eurocêntricas (as que propugnam que europeus são racialmente superiores) quando ele assim escreveu no livro “A Gênese”:

“O progresso, não foi pois uniforme em toda a espécie humana. Como era natural, as raças mais inteligentes adiantaram-se às outras, mesmo sem levar em conta que muitos espíritos recém-nascidos para a vida espiritual, vindo encarnar na Terra juntamente com os primeiros aí chegados, tornaram ainda mais sensível a diferença em matéria de progresso. Seria impossível, com efeito, atribuir-se a mesma ancianidade de criação aos selvagens, que mal distinguem do macaco, e aos chineses, nem, ainda menos, aos europeus civilizados”. Allan Kardec, “A Gênese” – p.187 – 1868.

            No entanto, os estudiosos que discordam que Kardec teria fechado questão às teses frenológicas geralmente citam o trecho do artigo de 1862, onde ele parece discordar das premissas básicas da frenologia:

“Enganar-se-ia estranhamente crendo-se poder deduzir o caráter absoluto de uma pessoa só pela inspeção das saliências do crânio. As faculdades se fazem, reciprocamente, contrapeso, se equilibram, se corroboram ou se atenuam umas pelas outras, de tal sorte que para julgar um indivíduo, é preciso ter em conta o grau de influência de cada um, em razão de seu desenvolvimento, depois de fazer entrar na balança o temperamento, o meio, os hábitos e a educação”. Allan Kardec – “Perfectibilidade da Raça Negra”, Revista Espírita – p.143 – abril de 1862.


Ministério Público da União - DF
         O Ministério Público Federal do Brasil definiu em 2007 um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) segundo o qual editoras que publicam as obras de Kardec no país se comprometem a adicionar nelas uma nota explicativa de esclarecimento sobre a ciência de sua época e o suposto conteúdo discriminatório. O escritor espírita brasileiro Paulo da Silva Sobrinho Neto, autor do e-book “Racismo em Kardec?”, argumenta que classificar as citações de Kardec como racistas de acordo com os valores morais contemporâneos seria anacronismo, visto que Kardec reproduzia aquilo que era dito como “verdade científica” na época em que viveu. Ademais, Neto também cita vários trechos em que Kardec apoia o conceito de união “sem distinção de raças”, como na obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de 1864, onde ele diz:

“O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Allan Kardec, “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – p. 233 – 1864.

            Assim como no artigo “Jornal de Estudos Psicológicos”, publicado na Revista Espírita de 1863, onde Kardec afirma:

“Provemos-lhe que, graças aos ensinamentos dos que eles chamam demônios, compreendemos a moral sublime do Evangelho, que se resume no amor de Deus e dos nossos semelhantes, e na caridade universal. Abracemos a Humanidade inteira, sem distinção de culto, de raça, de origem e, com mais forte razão, de família, de fortuna e de condição social. Que saibam que nosso Deus, o Deus dos espíritas, não é um tirano cruel e vingativo, que pune um instante de desvario com torturas eternas, mas um pai bom e misericordioso, que vela por seus filhos extraviados com uma solicitude incessante, procurando atraí-lo a si por uma série de provas destinadas a lavá-los de todas as máculas”. Allan Kardec, “Jornal de Estudos Psicológicos”, Revista Espírita – p. 18 – janeiro de 1863. 

Últimos anos 

       Kardec passou os anos finais da sua vida dedicado à divulgação do Espiritismo entre os diversos simpatizantes, e defende-lo dos opositores através da Revista Espírita ou Jornal de Estudos Psicológicos. Já com cerca de oito milhões de seguidores, faleceu em Paris, a 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade, em decorrência da ruptura de um aneurisma, quando trabalhava numa obra sobre as relações entre o Magnetismo e o Espiritismo, ao mesmo tempo em que se preparava para uma mudança de local de trabalho. Está sepultado no Cemitério do Père-Lachaise[20], uma célebre necrópole da capital francesa. Junto ao túmulo, erguido como os dólmens druídicos. Acima de sua tumba, seu lema: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei”, em Francês. 

Túmulo de Allan Kardec
Legado

          Em seu sepultamento, seu amigo, o astrônomo francês Camille Flammarion[21] proferiu o seguinte discurso, ressaltando a sua admiração por aquele que ali baixava ao túmulo:

Camille Flammarion

“Voltastes a esse mundo donde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrestres. Aos nossos pés dorme o teu envoltório, extinguiu-se o teu cérebro, fecharam-se os olhos para não mais abrirem, não mais ouvida será sua palavra... Sabemos que todos havemos de mergulhar nesse mesmo último sono, de volver a essa mesma inércia, a esse mesmo pó. Mas, não é nesse envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança. Tomba o corpo, a alma permanece e retorna ao espaço. Encontrar-nos-emos num mundo melhor e no céu imenso onde usaremos das nossas mais preciosas faculdades, onde continuaremos os estudos para cujo desenvolvimento a Terra é teatro por demais acanhado (...) Até à vista, meu caro Allan Kardec, até à vista!” – Camille Flammarion.


            Sobre Kardec, o engenheiro francês Gabriel Delanne[22] escreveu:

Gabriel Delanne
“Substituindo a fé cega numa vida futura, pela inquebrantável certeza resultante de constatações científicas, tal é o inestimável serviço prestado por Allan Kardec à humanidade. Gabriel Delanne.

            Nas palavras do brasileiro Alexander Moreira-Almeida[23], coordenador da “Seção de Espiritualidade, Religiosidade e Psiquiatria” da Associação Mundial de Psiquiatria:

Alexander Moreira-Almeida

“Kardec foi um dos pioneiros a propor uma investigação científica, racional e baseada em fatos observáveis, das experiências espirituais. Desenvolveu todo um programa de investigação dessas experiências, ao qual deu o nome de Espiritismo”. Alexander Moreira-Almeida.

Dogmas e Princípios

     O nascimento do Espiritismo é considerado no dia 18 de abril de 1857, com a publicação de “O Livro dos Espíritos”, estruturando-se a partir de pretensos diálogos estabelecidos com espíritos desencarnados que, se manifestando por meio de médiuns, discorreram sobre temas científicos, religiosos e filosóficos sob a ótica da moral cristã, ou seja, tendo por princípio o amor ao próximo, trazendo à luz novas perspectivas sobre diversos temas de grande relevância filosófica e teológica. Desta forma foi estabelecido um dos preceitos básicos do espiritismo que é a importância da caridade, (Lema: “Fora da caridade não há salvação”. Allan Kardec) entendida como sendo a benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas.

         A doutrina espírita se propõe a estabelecer um diálogo entre a ciência, a filosofia e a religião, visando à obtenção de uma forma original que, a um só tempo, fosse mais abrangente e mais profunda, para desta forma melhor compreender a realidade. Kardec sintetiza o conceito com a célebre frase: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da humanidade”.

  

Herculano Pires
    Segundo o filósofo espírita Herculano Pires[24], “Filosofia Espírita, como disse Kardec, pertence genericamente ao que costumamos chamar Filosofia Espiritualista, porque a sua visão do Universo não se prende à matéria, mas vai até o espírito, que considera como causa de tudo o que percebemos no plano material. Englobando na sua interpretação cosmológica a Ciência Espírita, e tendo como consequência a Religião Espírita, a Filosofia Espírita encerra em si mesma toda a doutrina. 

Fundamentos principais

            A doutrina espírita, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos (princípios doutrinários):

  • Existência e unicidade de Deus, rejeitando o dogma da Santíssima Trindade (conforme está na primeira questão de “O Livro dos Espíritos” – “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”);
        • O universo é criação de Deus, incluindo todos os seres racionais (Jesus, por exemplo) e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais, que por sua vez, todos estão destinados a Lei do Progresso[25]:

    “Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeram os primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios avançam no caminho do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada na natureza permanece estacionário.” Allan Kardec – “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Item 19 do capítulo III.

        •  Existência da imortalidade do espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação Divina que atua sobre a matéria através de um conectivo “semimaterial” denominado de períspirito, e assim como o espírito, é indestrutível;
        • Volta do espírito à matéria (reencarnação), tantas vezes quanto necessário, como o mecanismo natural para se alcançar o aperfeiçoamento material e moral. No entanto, para a doutrina, a perfeição que a humanidade é suscetível atingir é relativa pois apenas Deus possui a perfeição absoluta, infinita em todas as coisas. Os espíritas rejeitam a crença na metempsicose[26];
        • Conceito de “criação igualitária” de todos os espíritos, “simples e ignorantes” em sua origem e destinados invariavelmente à perfeição, com aptidões idênticas para o bem ou para o mal, dado o livre-arbítrio[27];
        • Possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados (vivos) e os espíritos desencarnados (mortos), por meio da mediunidade (também denominada comunicabilidade dos espíritos). Essa comunicação é realizada com o auxílio de pessoas com determinada capacidades – os médiuns como, por exemplo na chamada “escrita automática” (psicografia);

        • Lei da Causa e Efeito – compreendida como mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual nossa condição atual é resultado de nossos atos passados e nossos pensamentos, palavras e atos constroem diariamente nosso futuro (“Quem semeia o bem, colhe o bem. Quem semeia o mal, colhe o mal”);
        • Pluralidade dos mundos materiais habitados: a Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo, sendo possível a reencarnação em outros orbes;
        • Jesus, criado por Deus, é o guia e modelo para toda a humanidade. Segundo o espiritismo, a moral cristã contida nos evangelhos canônicos[28] é o maior roteiro ético-moral de que o homem possui, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela humanidade;
          Madre Teresa de Calcutá
        • Fora da caridade não há salvação, para o espiritismo a caridade consiste em benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas.


                Além disso, podem-se citar como características secundárias:
        • A noção de continuidade da responsabilidade individual por toda a existência do espírito;
        • Progressividade do princípio espiritual dentro do processo evolutivo em todos os níveis da natureza;
        • Ausência total de hierarquia sacerdotal;
        • Abnegação na prática do bem, ou seja, não se deve cobrar pela prática da caridade, nem o fazer visando a segundas intenções. Toda prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”;
        • Uso de terminologia e conceitos próprios, como, por exemplo, períspirito, mediunidade, Centro-Espírita;
        • Total ausência de exorcismos, formas, palavras sacramentais, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais, amuletos, talismãs, culto ou oferenda a imagens ou altares, danças, procissões ou atos semelhantes, paramentos, andores, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso e fumo, práticas exteriores ou quaisquer sinais materiais;
        • Ausência de rituais institucionalizados, a exemplo de batismo, culto ou cerimônia para oficializar casamento;
        • Incentivo ao respeito para com todas as religiões e opiniões;
        • Ter uma fé raciocinada, rejeitando a fé cega que não utiliza o raciocínio lógico em suas crenças.

     Simbologia

                O espiritismo não possui um símbolo oficial e prioriza uma linguagem denotativa, no entanto, o ramo de videira presente em “O Livro dos Espíritos” – única gravura usada por Kardec na Codificação Espírita – é considerado pela doutrina como a imagem metafórica perfeita da relação entre o espírito e o corpo humano, devido a esse trecho:

    “Porás no cabeçalho do livro a cepa que te desenhamos, porque é o emblema do trabalho do Criador. Aí se acham reunidos todos os princípios matérias que melhor podem representar o corpo e o espírito. O corpo é a cepa; o espírito é o licor, a alma ou espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessência o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos”. Allan Kardec – Prefácio de “O Livro dos Espíritos”.


    Obras Básicas

                A seguir são apresentadas algumas das principais obras publicadas por Allan Kardec:

                A obra “O Livro dos Espíritos” foi publicado em 1857, nele estão contidos os princípios fundamentais da Doutrina Espírita. “O Livro dos Médiuns”, ou “Guia dos Médiuns e dos Evocadores”, foi publicado em 1861 e versa sobre o caráter experimental e investigativo do espiritismo, visto como ferramenta teórico-metodológica para se compreender uma “nova ordem de fenômenos”, até então jamais considerada pelo conhecimento científico: os fenômenos ditos espíritas ou mediúnicos, que teriam como causa a intervenção de espíritos na realidade física.

                O livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, publicado em 1864, avalia os evangelhos canônicos sob a óptica da Doutrina Espírita, tratando com atenção especial a aplicação dos princípios da moral cristã e de questões de ordem religiosa como prática da adoração, da prece e da caridade.

                A obra “O Céu e o Inferno”, ou “A Justiça Divina Segundo o Espiritismo”, foi publicado em 1865 e compõe-se de duas partes: na primeira, Kardec realiza um exame crítico, procurando apontar contradições filosóficas e incoerências com o conhecimento científico, superáveis, segundo ele, mediante o paradigma espírita da fé raciocinada. Entre os assuntos estão: as causas do temor da morte, porque os espíritas não temem a morte, o céu, o inferno, o inferno cristão imitado do pagão, os limbos, purgatório, doutrina das penas eternas, código penal da vida futura, os anjos, a origem da crença dos demônios. Na segunda, constam dezenas de diálogos que teriam sido estabelecidos entre Kardec e diversos espíritos, nos quais estes narram as impressões que trazem do além-túmulo.

                O livro “A Gênese”, ou “Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo”, foi publicado em 1868 e aborda diversas questões de ordem filosófica e científica, como a criação do universo, a formação dos mundos, o surgimento do espíritos e a natureza dos ditos milagres, segundo o paradigma espírita de compreensão da realidade.


     Obras Complementares

                O livro “O que é o Espiritismo?” publicado em 1859, é uma introdução didática sobre o espiritismo. O periódico Revue Spirite (em português Revista Espírita), voltado exclusivamente a assuntos relacionados ao Espiritismo, foi fundada por Kardec e dirigido por ele até a data do seus falecimento (1869). Já teve a participação de várias personalidade expoentes da doutrina e atualmente sua publicação é trimestral. 

    Obras Básicas de Allan Kardec

    Relação com outros segmentos da sociedade

    Ciência

                A investigação científica dos fatos e causas dos pretensos fenômenos mediúnicos é objeto de intenso estudo principalmente pela pseudociência (ver nota 17) da parapsicologia. Investigações científicas sobre mediunidade e outros “fenômenos espirituais”, defendidos pelo espiritismo ocorreram e ocorrem inclusive em âmbito universitário, mas apesar de muitos cientistas, inclusive renomados, já terem afirmado que evidenciaram a existência de fenômenos do tipo em suas pesquisas, através do método científico a existência de espíritos não encontra estabelecida, também não provada.

                Mesmo não considerados ciência em sentido estrito, justamente por serem sustentados também por pilares filosófico-religiosos, os fenômenos espíritas foram e ainda são, contudo, objetos de estudos para um número bem expressivo de pesquisadores (mais notoriamente médicos e parapsicólogos) ao redor do mundo; e dentre estes muitos alegaram e alegam inclusive dispor de fortes evidências para corroborar de forma bem próxima à científica estrita vários dos princípios espíritas.

                Muitos cientistas e intelectuais renomados empenharam-se em investigações sobre a mediunidade e suas implicações para as relações mente-cérebro, entre eles: Allan Kardec, Alfred Russel Wallace[29], Alexandre Aksakof[30], Cesare Lombroso[31], Camille Flammarion (ver nota 21), Carl Jung[32], Charles Richet[33], Gabriel Delanne (ver nota 22), Frederic Myers[34], Hans Eysenck[35], Henri Bergson[36], Ian Stevenson[37], J.J. Thomson[38], J.B.Rhine[39], James H. Hyslop[40], Johann K.F. Zöllner[41], Lord Rayleigh[42], Marie Curie [43] e Pierre Curie[44], Oliver Lodge[45], Pierre Janet[46], Théodore Flournoy[47], William Crookes[48], William James[49] e William McDougail[50].

     Medicina

               Em termos de medicina, indivíduos com sintomas como audição ou visão de espíritos já foram apontados como sendo portadores de transtornos mentais, mas há muito, com as atualizações da Classificação Internacional de Doenças (CID), a medicina reconhece que esses sintomas não possuem necessariamente causas patológicas. A CID em sua décima atualização (CID – 10), prevê, em seu item F.44.3 os chamados “Estados de Transe e de Possessão”, definidos como: “Transtornos caracterizados por uma perda transitória da consciência de sua própria identidade, associada a uma conservação perfeita da consciência do meio ambiente.” Contudo, explicitamente descreve em alínea seguinte: “Devem aqui ser incluídos somente os estados de transe involuntários e não desejados, excluídos aqueles de situações admitidas no contexto cultural ou religioso do sujeito”.

                Nesse sentido é feita a distinção entre o estado de transe normal – a exemplo da hipnose não mais considerada doença – e o transtorno dissociativo psicótico, uma patologia psiquiátrica. Exclui-se desse item também, entre outros, a esquizofrenia. Evidencia-se também na CID que os estados de transe tidos por espiritualistas como oriundo de “possessões espirituais” – comuns em ambientes religiosos – não são acobertados pelo item F.44.3 citado, e não são considerados patológicos; e apesar da CID reconhecer tais estados de transe ao excluí-los explicitamente, também não aponta “espíritos” como causa de transe algum, mesmo que alguns adeptos espiritualistas insistam em dizer o contrário.

               A expressão “possessão” figura no referido item da CID com acepção que remente aos estados de agitação demasiada, de agressividade ou mesmo de fúria; e mediante tal acepção a leitura do item associado em íntegra implica, nitidamente, o não reconhecimento da tal “causa espiritual”. Argumento em favor da asserção inicial deriva também do fato de que o reconhecimento de tal causa pela Organização Mundial da Saúde implicaria a inserção compulsória dessa na CID bem como a necessidade de tratamento ou acompanhamento específicos visto serem tais estados de “possessão” prontamente reconhecidos, antes de mais nada pelos próprios espiritualistas, como situações muitas vezes prejudiciais à saúde do “possuído” e que requerem por tal tratamento ou mesmo acompanhamento “espiritual” imediato, tratamentos esses certamente fornecidos – segundo suas crenças – pelos referidos grupos ou autoridades religiosas capacitadas junto aos seus templos ou ambiente de reuniões; contudo não definidos, estabelecidos, tampouco cogitados pela OMS.

               O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua quarta revisão (1994) incluiu advertência contra a interpretação equivocada de experiências espirituais ou religiosas como transtornos mentais e distinguiu dos transtornos mentais uma outra categoria de problemas classificados como “outras circunstâncias que podem ser foco de atenção clínica”, incluindo-se a isto uma subcategoria específica denominada “problemas espirituais ou religiosos”, par a orientação de profissionais da saúde no diagnóstico e tratamento de alguns possíveis problemas não patológicos dos pacientes.

                Já reconhecendo a influência do estado de espírito na saúde e bem-estar, notórias instituições científicas, como a The World Psychiatric association, American Psychological Association, American Psychiatric Association e Royal College of Psychiatrists, possuem seções dedicada à relação entre saúde e espiritualidade.

                A relação do espiritismo em si com medicina é profunda, estando presente em muito livros espíritas e havendo inclusive a Associação Médico-Espírita Internacional[51], que congrega associações médico-espírita de diversos países. O espiritismo constitui um amplo movimento internacional de instituições de caridade e saúde, como se constata principalmente através da existência de tais associações, inúmeros hospitais e centros espíritas e uma notória promoção da psiquiatria e homeopatia.

    Bezerra de Menezes
               O médico e político Bezerra de Menezes, espírita, escreveu o clássico livro “A Loucura sob Novo Prisma”, buscando principalmente relacionar a questão dos transtornos mentais com o espiritismo e assim promover a aplicação de meios mais eficazes de tratamento no campo da saúde mental.

            Atualmente o psiquiatra e parapsicólogo Alexander Moreira-Almeida (ver nota 23), coordenador da Seção Espiritualidade, Religiosidade e Psiquiatria da World Psychiatric Association, é um dos principais nomes no estudo científico da relação entre saúde e experiências espirituais, principalmente a mediunidade.


    Outras Religiões

            Não há consenso entre os espíritas sobre o espiritismo ser ou não uma religião, apesar da doutrina constar com religião em pesquisas demográficas. A causa disto é o tríplice aspecto do espiritismo que permite classificá-lo como uma doutrina que faz um alinhamentos “ciência – filosofia – religião”. No preâmbulo do livro “O que é o Espiritismo?”, Allan Kardec afirma que “o espiritismo é, ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que emanam essas mesmas relações”. Há ainda que conteste o aspecto religioso do espiritismo, contudo no livro publicado pelo codificador, intitulado “O Espiritismo na sua mais Simples Expressão”, claramente ele assegura: “Do ponto de vista religioso o espiritismo tem por base as verdades fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma, a imortalidade, as penas e recompensas futuras, sendo, porém independente de qualquer culto em particular. Seu objetivo é provar àqueles que negam ou que duvidam, que a alma existe, que ela sobrevive ao corpo e que sofre, após a morte, as consequências do bem e do mal que praticar durante a vida corpórea: o objetivo de todas as religiões”. Kardec ainda esclarece que o espiritismo é religião no discurso de Abertura da Sessão Anual Comemorativa do Dia dos Mortos (Sociedade de Paris, 1.º de novembro de 1868), em que diz:

    “Se é assim, perguntarão, então o espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da natureza.” – Allan Kardec.

                No Congresso Espírita Internacional realizado em Paris em 1925 foi proposto a retirada do aspecto religioso do espiritismo, mas o importante filósofo espírita francês Léon Denis[52] se opôs a isso com tenacidade, mesmo com sua já fraca condição física de saúde. Para Denis, o espiritismo não era a “religião do futuro”, mas sim o “futuro das Religiões”.

           A Doutrina Espírita, por sua vez, afirma respeitar todas as religiões e doutrinas, e valorizar todos os esforços para a prática do bem e diz trabalhar pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, embora rejeite firmemente, reitere-se, dogmas fundamentais das outras religiões monoteístas; no caso particular do cristianismo, destacam-se o da divindade de Cristo, o da Santíssima Trindade, o da salvação/justificação pela graça (mais que pelas obras/esforços individuais), e o da existência e importância da Igreja como entidade espiritual, não apenas humana.

     

    Cristianismo

                A Doutrina Espírita adota a moral cristã, apesar de suas concepções teológicas diferenciadas. Para os espíritas, nome dado aos seguidores do espiritismo, Jesus Cristo se trata do espírito mais elevado a já ter encarnado na Terra.

            Os espiritista (tradução muito usada durante as primeiras décadas do século XX para o neologismo francês spirite) ou espíritas, afirmam-se cristãos e atribuem à Doutrina Espírita o caráter de uma doutrina cristã, já que consideram seguir os ensinamentos morais de Jesus. Os espíritas fundamentam sua defesa do caráter cristão da doutrina espírita no fato de Allan Kardec defender que a moral cristã, isenta de dogmas de fé a ela associados, seria que mais próximo a um código de ética divino e racional que o homem possui. Os espíritas argumentam que os dogmas foram elaborados ao longo dos séculos pela Igreja Católica, não sendo, por isso, necessário segui-los para ser cristão. Além disso, o item 625 de “O Livro do Espíritos” afirma ser Jesus o maior exemplo moral de que dispões a humanidade, apesar de o espiritismo negar a ele qualquer caráter efetivamente divino. 

    O Sermão da Montanha


             As bem-aventuranças são 9 ensinamentos que Jesus proferiu no Sermão da Montanha, segundo o Novo Testamento (Mateus 5: 1 – 12). Para o espiritismo estes ensinamentos são de grande importância, a seguir serão apresentados sobre a óptica espírita.

    Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus” (Mateus 5:3). No entender da Doutrina Espírita, Jesus promete o reino dos céus aos simples e humildes em referência as qualidades morais do indivíduo;

    Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados.” “Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados.” “Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus” (Mateus 5: 4 – 10). Segundo o espiritismo, somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. A fé no porvir pode consolar e infundir paciência no espírito que suporta as diversas anomalias terrestres com calma e resignação. Todavia não justifica as causas da diversidade dos males, das desigualdades entre o vício e a virtude, das deformidades e dos flagelos naturais. As vicissitudes da vida podem dividir-se em duas partes de acordo com a ótica espírita: umas têm suas explicações na vida presente, enquanto outras se encontram fora desta vida. Esta última causa na visão espírita é explicada pela pluralidade das existências em que o espírito encarnado paga os males que cometeu em vidas anteriores.

    “Bem-aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus” (Mateus 5:8). A pureza do coração assemelha-se ao princípio da simplicidade e humildade, que exclui toda ideia de orgulho e de egoísmo. Segundo o espiritismo, o emblema de pureza que Jesus toma pela infância não deve ser tomado ao pé da letra, “Então lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai que venham a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele” (Marcos 10: 13 – 15). O espírito da criança não podendo ainda manifestar suas tendências para o mal, representa, momentaneamente, a imagem da inocência e de candura assemelhando-se aos espíritos puros. Contudo, as ações (boas ou más) tomadas pelo espírito encarnado. Portanto na medida em que o espírito encarnado vai desenvolvendo sua estrutura física, desenvolve também sua estrutura psíquica que encontra as características comportamentais correspondentes a conduta real do próprio espírito.

    Bem-aventurados os brando, porque possuirão a Terra” (Mateus 5:5). “Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9). Segundo o espiritismo, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei.

    Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia” (Mateus 5:7). A misericórdia consiste no perdão das ofensas, para a doutrina espírita o sacrifício que mais apraz a Deus é a reconciliação com os adversários, conforme está em Mateus 5:23 – 24.

                Segundo o espiritismo, toda moral cristã se resume neste axioma: “Fora da caridade não há salvação” – Mateus 22:34 -40 e Coríntios 13:1 – 7 e 13. 

    Reencarnação

           Para boa parte das religiões cristãs, a reencarnação está em desconformidade aos ensinamentos da Bíblia, a ressureição, ao conceito de salvação e do eterno suplício. Exemplificam a passagem do apóstolo Paulo que determina o estado de toda a humanidade após a morte. “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo...”

                Para a Doutrina Espírita, entretanto, a reencarnação foi confundida pelo nome de ressurreição, que significa literalmente “voltar à vida”, resultando as diversas causas de anfibologia (ver nota 1). A crença de que o homem poderia reviver é antiga e fazia parte dos dogmas judeus, porém não era determinado de que maneira o fato iria ocorrer, pois apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e de sua ligação com o corpo. Segundo alguns adeptos do espiritismo, o apóstolo Paulo na citação anterior, desvenda a dúvida referente à ressurreição e desfaz a crença da volta do espírito no corpo que já está morto para morrer pela segunda vez no mesmo corpo, sobretudo quando os elementos da matéria orgânica já se acham dispersos e absorvidos pelo tempo, pois todos os homens morrem apenas uma vez a cada existência corpórea. Afirma ainda que o “juízo” refere-se ao estado individual (não coletivo) que sucede a morte do corpo (erraticidade). Embora não resolva profundamente o problema da ambiguidade diversas passagens bíblicas enfatizam a reencarnação, segundo o espiritismo, em Jó 14:10 – 14. 

    Lei do Progresso (ver nota 25) 

           O Juízo Final, representa, segundo a Doutrina Espírita, o processo de “Regeneração da Humanidade”, no qual a Terra sofrerá uma lenta transformação físico-moral, em que se separarão os espíritos que desejam seguir o caminho do bem daqueles que permanecem no mal – evento simbolizado na Parábola do Julgamento das Nações em Mateus 25:31 – 46, e pela Parábola do Trigo e do Joio em Mateus 13:24 – 30. Todavia, essa desagregação não fará com que os “espíritos imperfeitos” permaneçam eternamente no sofrimento situação semelhante encontrada em Lucas 15:1 – 32, pois tudo no universo está destinado à Lei do Progresso.


    Mediunidade

        As religiões de matriz judaico-cristã entendem que, com a Lei dada a Moisés no Antigo Testamento, Deus teria interditado à antiga Israel comunicações com o mundo dos espíritos e o uso de poderes “sobrenaturais” por eles concedidos. “...não haverá no meio de ti ninguém que faça passar pelo fogo seu filho ou filha, que interrogue os oráculos, pratique adivinhação, magia, encantamentos, enfeitiçamentos, recorra à adivinhação ou consulte os mortos (necromancia)”. Afirmam ainda que essa proibição teria sido confirmada no Novo Testamento, pelas referências contidas nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos aos “espíritos impuros”. A citação do apóstolo Paulo, afirma que quem pratica “feitiçaria (ou bruxaria, pois o termo grego usado é farmakía) ...não herdará o Reino de Deus”.

                A postura da Doutrina Espírita propõe que se avaliem os textos, quando verdadeiramente originais, de forma crítica, levando em conta o seu patamar simbólico, em função dos recursos vocabulares e figuras de linguagem disponíveis à época e nas posteriores traduções. 

    Organizações

    Federação Espírita Brasileira (FEB)

     


               A Federação Espírita Brasileira é uma entidade de utilidade pública que foi fundada em 2 de janeiro de 1884, no Rio de Janeiro. Constitui-se em uma sociedade civil, religiosa, educacional, cultural e filantrópica, que tem por objeto o estudo, a prática e a difusão do espiritismo em todos os seus aspectos, com base nas obras da codificação de Allan Kardec e nos evangelhos canônicos. 

    Conselho Espírita Internacional (CEI)


             O Conselho Espírita Internacional é um organismo resultante da união das associações representativas dos movimentos espíritas nacionais e atualmente possui 36 países associados. Foi constituído em 28 de novembro de 1992 em Madrid, na Espanha. Seus objetivos são: promoção da união solidária e fraterna das instituições espíritas de todos os países e a unificação do movimento espírita mundial; promoção do estudo e da difusão da Doutrina Espírita em seus três aspectos básicos, quais sejam o científico, o filosófico e o religioso; promoção da prática da caridade material e moral, conforme ensina a doutrina. O principal evento organizado pelo CEI é o Congresso Espírita Mundial, realizado a cada três anos. 

    Confederação Espírita Pan-americana (CEPA)

     

        A Confederação Espírita Pan-Americana, fundada em 5 de outubro de 1946 na Argentina, é uma instituição internacional, que congrega majoritariamente espíritas da América Latina. A CEPA possui instituições adesas e filiadas em diversos países, e defende uma visão laica a respeito do espiritismo. A organização assume posicionamentos polêmicos entre os espíritas, como a desvinculação entre a doutrina e o cristianismo e a necessidade de atualizar o espiritismo face da ciência. Desde o dia 13 de outubro de 2000, a sede da CEPA passou a ser Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A atuação da CEPA no Brasil se dá, principalmente, através de eventos promovidos por instituições adesas como o Fórum do Livre Pensar Espírita e o Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita. 

    Associação Médico-Espírita Internacional (AME-Internacional)

      

            A Associação Médico-Espírita Internacional (ver nota 51) foi fundada a 4 de junho de 1999, em São Paulo, Brasil. A associação tem como missão congregar as Associações Médico-Espíritas dos diversos países e tem como finalidade o estudo da Doutrina Espírita e de sua fenomenologia, tendo em vista a sua relação e integração com os campos da ciência, em particular com a medicina, da filosofia e da religião. Para cumprir essa missão, estimula e/ou apoia a realização de estudos, cursos, experiências e pesquisas científicas, visando a aplicação do paradigma médico-espírita. Atualmente a AME-Internacional, possui 9 países integrados e tem realizado inúmeros eventos em vários países dos continentes americano e europeu. 


    Distribuição no mundo

            De 1857, ano do lançamento do “O Livro dos Espíritos”, a 1869, ano do falecimento de Allan Kardec, o espiritismo conseguiu 7 milhões de adeptos. Segundo dados do ano 2005, o espiritismo possui cerca de 15 milhões de adeptos ao redor do mundo, e segundo dados do ano 2010, o Brasil – país com mais adeptos – conta com cerca de 3,8 milhões de espíritas (25,33%). O Conselho Espírita Internacional (CEI) tem 36 países membros, sendo eles: Alemanha, Angola, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, França, Guatemala, Países Baixos, Honduras, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Moçambique, Noruega, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça, Uruguai, Venezuela. Outra organização espírita internacional, a Confederação Espírita Pan-Americana, reúne instituições espíritas e delegados de 13 países como Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Espanha, Estados Unidos, França (departamento da Guiana Francesa), Guatemala, Honduras, México, Porto Rico, República Dominicana e Venezuela.


    Brasil


                
    O espiritismo chegou ao Brasil em 1865 segundo a Federação Espírita Brasileira (FEB), porém há divergências desta opinião conforme o relato abaixo:

    “Conquanto desde 1853 os jornais do país já registraram reuniões familiares para a produção de fenômenos mediúnicos, o espiritismo codificado por Allan Kardec só desembarca no Brasil por volta de 1860 com os primeiros exemplares de “O Livro dos Espíritos”. É no ano de 1860 que surge o primeiro livro espírita publicado no Brasil – “Os Tempos são Chegados”, do professor francês Casimir Lieutuad[53], obra pioneira que abre caminho para a introdução do espiritismo no Brasil” – Anuário Espírita, 2006.

                Teve através de Bezerra de Menezes e Chico Xavier a oportunidade de se popularizar pelo país, espalhando seus ensinamentos por grande parte do território brasileiro. O Brasil reúne o maior número de espíritas em todo o mundo. A Federação Espírita Brasileira (FEB) – entidade de âmbito nacional do movimento espírita – congrega aproximadamente dez mil instituições espíritas, espalhadas por todas as regiões do país. Há várias associações espíritas brasileiras de profissionais específicos, como a Associação Médico-Espírita do Brasil, Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas, Associação Brasileira de Magistrados Espíritas, Associação Brasileira de Artistas Espíritas, Cruzada dos Militares Espíritas, etc.

                De acordo com o Censo Brasileiro de 2010, o Brasil tem cerca de 3,8 milhões de espíritas. As capitais estaduais com maior porcentagem de espíritas são Florianópolis (7,3%), Porto Alegre (7,1%), Rio de Janeiro (5,9%), São Paulo (4,7%), Goiânia (4,3%), Belo Horizonte (4,0%), Campo Grande (3,6%), Recife (3,6%), Brasília (3,5%) e Cuiabá (3,5%). O IBGE trata os termos kardecismo e espiritismo como equivalentes em sua classificação censitária.

                Terceiro maior grupo religioso brasileiro, os espíritas são, também, o segmento social que têm maior renda e escolaridade, segundo os dados do mesmo Censo. Os espíritas têm sua imagem fortemente associada à prática da caridade. Eles mantêm em todos os estados brasileiros, asilos, orfanatos, escolas para pessoas carentes, creches e outras intuições de assistência e promoção social. Allan Kardec é uma personalidade bastante conhecida e respeitada no Brasil. É o autor francês mais lido no país, seus livros venderam mais de 25 milhões de exemplares em todo o território brasileiro. Se forem contabilizados os demais livros espíritas, todos decorrentes das obras de Kardec, o mercado editorial brasileiro espírita ultrapassa 4 mil títulos já editados e mais de 100 milhões de exemplares vendidos. A temática espírita constitui o mercado editorial literário de maior sucesso no Brasil, sendo que os livros espíritas lideram o ranking dos mais vendidos nas principais livrarias do pais. Segundo o Censo de 2010, o espiritismo cresceu do ano 2000 até 2010, com um expressivo aumento de mais de 60% de seguidores, passando de 2,3 milhões para 3,8 milhões de seguidores, tendo a maioria desses, idades entre 50 e 59 anos (3,1%), e na comparação com as demais posições em relação à religião, tendo maior número de pessoas com taxa de alfabetização (98,6%), ensino superior completo (31,5%) e rendimento acima de 5 salários mínimos (19,7%), além da menor percentagem de indivíduos sem instrução (1,8%) e com ensino fundamental incompleto (15,0%). 

    Cuba


               Após a legalização das religiões em Cuba, houve um renascimento do espiritismo, que vinha ocorrendo naquele país caribenho desde o século XIX. Segundo dados do Ministério das Religiões, no ano de 2011 em Cuba havia 400 centros espíritas e mais 200 sendo registrados, tornando Cuba o segundo país mais espírita do mundo por número de militantes na Associação Médico-Espírita Internacional. 



    México

     

              Nas décadas de 1850-60 o espiritismo chega ao México, atraindo a elite intelectual em meio às suas propostas de modernismo, da reforma anticlerical e liberal de livre pensamento. O general Refugio Indalécio González[54] traduziu obras de Allan Kardec, publicando no México em espanhol “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, em 1872 e, sob direção da Sociedad Espírita Central de la República Mexicana, circulou revistas espíritas. Dentre outros destaca-se também a divulgação inicial pelo socialista utópico Nicolás Pizarro Suárez. Em 1875, a atenção ao espiritismo tornou-se acalorada na Cidade do México, quando, numa reação positivista após publicações na imprensa, foi realizado um debate entre estudantes materialistas e espiritualistas no Liceu Hidalgo e Teatro del Conservatorio, considerado por Zenia Ybenes Escardó a “primeira polêmica filosófica que, como tal, foi considerada no México”. Além de sua presença acadêmica, foi formado um espiritismo popular, incorporando práticas indígenas e cultos locais, com um imaginário folclórico fortemente presente na figura de Teresa Urrea[55], uma curandeira espiritual que foi apoiada pelo espírita Lauro Aguirre. A feministas Laureana Wright[56], escritora já conhecida, converteu-se ao espiritismo em 1889 para promover o debate do pensamento e a igualdade das mulheres conforme exemplos de emancipação feminina que ela observava em outros países, e passou a realizar sessões em que compareciam diversos figurões públicos, tornando-se posteriormente presidente da Sociedad Espírita Central. Grupos espíritas surgiam em várias localidades e, após breve declínio ao final do século XIX, intensificam-se no início do século XX os olhares sobre o espiritismo na imprensa após Francisco Madero[57], que realizou sua divulgação através de obras que distribuía, congressos organizados e, inspirados por cartas que ele alegadamente psicografou, lançou um livro que promoveu a Revolução Mexicana, tornando-se presidente do México por pouco tempo até ser assassinado.

    Impacto Cultural

                O espiritismo já foi tema de várias obras não literárias, como novelas, séries e filmes.

     Telenovelas

     

              A telenovela brasileira “Somos Todos Irmãos” (1966), foi produzida pela extinta TV Tupi e foi inspirada no romance espírita “A Vingança do Judeu” psicografado pela médium russa Wera Kryzhanovskaia[58]. A telenovela “A Viagem” (1975), produzida pela TV Tupi, foi inspirada nos romances espíritas “Nosso Lar” e “E a Vida Continua...” psicografados por Chico Xavier desenvolvendo uma trama complexa abordando os conceitos de mediunidade, morte, obsessão espiritual, reencarnação e outros. A Rede Globo concebeu um remake dela em 1994. A telenovela “O Profeta” (1977), produzida pela extinta TV Tupi e também com um remake concebido em 2006 pela Rede Globo, mostra o personagem principal como um médium capaz inclusive de predizer o futuro.


                Mais recentemente, as produções “Alma Gêmea”, “Escrito nas Estrelas”, “Amor Eterno Amor”, “Além do Tempo” e “Espelho da Vida” também contaram histórias relacionadas ao espiritismo. 

    Filmes

          O filme brasileiro “Joelma 23.º Andar”, de 1979, dirigido por Clery Cunha[59] e protagonizado por Beth Goulart, foi baseado na obra “Somos Seis” psicografada por Chico Xavier e é o primeiro no país com temática espírita e o único que retratou o incêndio no Edifício Joelma, que deixou 179 mortos e mais de 300 feridos (1.º de fevereiro de 1974). Vários outras obras cinematográficas se seguiram, como “Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito” (de 2006, visto por mais de 500 mil espectadores), “Chico Xavier” (de 2010, visto por cerca de 3,5 milhões de espectadores nos cinemas), “Nosso Lar” (também de 2010, visto por mais de 4 milhões de espectadores nos cinemas), entre outros.

    Séries

             A série “The Dead Zone” (2001) produzida pela Lionsgate Television e pela CBS Paramount Network Television aborda fenômenos paranormais, experiências de quase-morte, psicometria, premonição e retrocognição. O seriado baseia-se no livro homônimo escrito por Stephen King[60] e no filme homônimo dirigido por David Cronenberg[61]. A série Médium (2005), produzida pela NBC, tem uma protagonista que utiliza a mediunidade como auxílio a um promotor público na resolução de crimes. O seriado baseia-se na vida da médium estadounidense Alison DuBois[62], sobretudo em sua obra “Don’t Kiss Them Good Bye”. O microsseriado “A Cura” (2010), exibido e produzido pela Rede Globo, retrata o protagonista Selton Mello no papel de um médium de cura que exerce cirurgias espirituais. A série “A Gifted Man” (2011) produzida pela CBS, aborda a história de um renomado médico cirurgião viúvo que tenta mudar sua personalidade após passar a interagir com o espírito de sua falecida ex-esposa. 

    Dissidências

    Roustainguismo

    Jean-Baptiste Roustaing
             Desde o século XIX, mais notavelmente na França e no Brasil, existem conflitos de opinião entre os espíritas, ditos, equivocadamente, “kardecistas”, e os denominados “routainguistas”, consoante a admissão ou não dos postulados da obra “Os Quatro Evangelhos ou Revelação da Revelação”, coordenada por Jean-Baptiste Roustaing[58], principalmente acerca da gênese do corpo de Jesus e da queda espiritual, que provocaria a primeira encarnação nos espíritos que faliram. Para os espíritas que aceitam o binômio Kardec-Roustaing, Jesus teve um corpo “fluídico” no orbe terrestre devido a ser um espírito puro e, portanto, a gênese desse corpo fora por vontade psicomagnética, caracterizando como agênere[59].

                Já os espíritas que não aceitam a obra “Os Quatro Evangelhos”, coordenada por Roustaing, acreditam que Jesus possuía um corpo matéria igual a de qualquer ser humano encarnado, tendo sua gênese, também, sido igual. Isto é, pela fusão de espermatozoide e óvulo.

        Além disso “Os Quatro Evangelhos”, de Roustaing, explica que os espíritos que faliram pelo ateísmo, pelo orgulho e pelo egoísmo encarnaram em mundos primitivos como “criptógamos carnudos” (animais rastejantes assemelhados a lesmas), o que apresenta a doutrina da metempsicose (ver nota 26), que não é aceita pelo espiritismo, haja vista que a doutrina da reencarnação afirma que o espírito somente reencarna no reino hominal (Humanidade). 


    Racionalismo Cristão

                Na cidade brasileira de Santos, em 1910 surgiu uma dissidência do movimento espírita, que se denominou “Espiritismo Racional e Científico Cristão”, e posteriormente, Racionalismo Cristão, sistematizada por Luís de Matos[65] e Luís Alves Tomás[66]. 

    Ramatisismo 

          No Brasil, desde a segunda metade da década de 1950, alguns centros espíritas seguem a doutrina que teria sido ditada pelo espírito Ramatis[67] (corporificada sobretudo nas obras psicografadas por Hercílio Maes[68]). Distingue-se dos centros espíritas tradicionais em função da maior ênfase ao universalismo (origem comum das religiões) e ao estudo comparado de religiões e filosofias espiritualistas ocidentais e orientais. Nota-se também a influência mais acentuada de correntes do pensamento orientais (tais como o budismo e o hinduísmo) e a proximidade com a cosmogonia do espiritualismo universalista. 

    Conscienciologia

    Waldo Vieira

             Após o fim da parceria com o médium Chico Xavier em 1968, o médium Waldo Vieira[69] inicia pesquisa própria sobre o fenômeno denominado “projeção da consciência” (no espiritismo referido como “desdobramento espiritual”). Consequentemente, em 1987 sistematiza o momento de cunho paracientífico chamado Conscienciologia. 


    Renovação Cristã


              
    Surgida no Brasil, também como uma dissidência do movimento espírita, desde setembro de 2002. Sem deixar de seguir a Doutrina Espírita, afirma fazê-lo com maior seriedade do que o movimento brasileiro em si, argumento usado para o afastamento.
     


    Controvérsias

                Uma série de críticas ao espiritismo contestam a sua caracterização como um movimento científico ou cristão. No século XIX, o código penal de 1890 chegou a proibir a prática do espiritismo no Brasil e punia com 6 meses de prisão quem praticasse o “crime”. Apesar de ser tolerada socialmente, especialmente após a atuação da Federação Espírita Brasileira nas primeiras décadas do século XX, a prática deixou de ser proibida oficialmente com a promulgação do Código Penal de 1940. 


    Qualificação como ciência

    Mesmer

              Alexander Moreira-Almeida (ver nota 23) ainda tenta essa legitimação, chegando a denominar a abordagem de Kardec como “revolucionária”. No entanto, o consenso científico atual considera a parapsicologia uma pseudociência (ver nota 17), desconsiderando os supostos fenômenos paranormais que fundamentam o espiritismo, como mediunidade, reencarnação, obsessão, mesas girantes, sessão espírita, psicografia, psicopictografia (popularmente referida como pintura mediúnica, é, mais notoriamente segundo a Doutrina Espírita, uma manifestação mediúnica pela qual um espírito, através de um médium, se expressa por meio de pinturas ou desenhos), tiptologia (forma de comunicação obtida pela sucessão de pancadas ou batidas curtas feitas em algum material rígido, usualmente madeira, produzindo ruídos), dentre outros. Os críticos das pseudociências chegam a definir a parapsicologia como “perversão”, pois os parapsicólogos alegam que a ciência não pode ser a única privilegiada que está fora das explicações que eles defendem. O magnetismo animal (mesmerismo) também está presente nos ensinos espíritas e há constantes referências a conceitos mesméricos como, por exemplo, fluídos magnéticos. Segundo essa hipótese, algumas pessoas poderiam operar curas por meio de “fluídos”. Porém, a hipótese do Magnetismo Animal atualmente é considerada pseudocientífica, pois desde a segunda metade do século XVIII, os cientistas sabem que as supostas curas eram apenas psicossomáticas, por meio de hipnose, sem qualquer atuação dos “fluídos” ou magnetismo animal.

    Joseph McCabe
          Segundo Joseph McCabe[70], citando as alegações de Arthur Conan Doyle[71] sobre a confirmação por cientistas supostos fenômenos espirituais durante 30 anos, os médiuns enganaram os pesquisadores. Ele considera que tais enganos resultaram na linguagem arrogante da literatura espiritualista.

             Um artigo publicado na revista cética britânica “The Skeptic” também critica o espiritismo por estar associado à ufologia, parapsicologia, magnetismo e outras pseudociência. 


    Declarações Racistas de Allan Kardec


                Allan Kardec fez declarações controversas, etnocêntricas e racistas em várias de suas obras no século XIX contra chineses e africanos, sendo amplamente criticado no meio católico mais tradicionalista por conta disso. Kardec, como um erudito de sua época, acreditava na suposta superioridade racial dos brancos europeus e na inferioridade de outros grupos etnicorraciais, tendo como base a frenologia, fundada pelo médico alemão Franz Joseph Gall (1758 – 1828) – (ver nota 16) e atualmente considerada uma pseudociência. Kardec foi, inclusive, membro da Sociedade de Frenologia de Paris.

    Assim, como organização física, os negros serão sempre os mesmos; como espíritos, trata-se, sem dúvida, de uma raça inferior, isto é, primitiva; são verdadeiras crianças às quais muito pouco se pode ensinar. Mas, por meio de cuidados inteligentes é sempre possível modificar certos hábitos, certas tendências, o que já constitui um progresso que levarão para outra existência e que lhes permitirá, mais tarde, tomar um envoltório em melhores condições” – Allan Kardec – “Perfectibilidade da Raça Negra”, Revista Espírita, pp. 150 – 151, abril de 1862.


            Em 2007, o Ministério Público Federal definiu um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), segundo o qual editoras que publicam as obras de Allan Kardec no Brasil se comprometem a adicionar nelas uma nota explicativa de esclarecimento sobre a ciência de sua época e o suposto conteúdo discriminatório. O escritor espírita brasileiro Paulo da Silva Sobrinho Neto[72], autor do e-book “Racismo em Kardec?”, argumenta que classificar as citações de Kardec como racistas de acordo com os valores morais contemporâneos seria um anacronismo, visto que Kardec reproduzia aquilo que era dito como “verdade científica” na época em que viveu. Ademais, Neto também cita vários trechos em que Kardec apoia o conceito de união “sem distinção de raças”, como na obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de 1864.



    [1] Anfibologia – (Linguística/Lógica) em Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) e na linguística moderna, duplicidade de sentido em uma construção sintática; ambiguidade; equívoco; imprecisão; anfibolia. Fonte: https://www.google.com/search?q=anfibologia; acessado em 15 de Nov. 2021. 

    [2] Apometria (apo, do grego “além de” e; metron “medida”) é um conjunto de práticas pseudocientíficas (ver nota 17) de tratamento espiritual. Segundo seus praticantes, a técnica consiste no transporte do “corpo astral” do enfermo para hospitais em um suposto mundo astral, onde os espíritos realizariam o tratamento. A raiz da prática foi introduzida no VI Congresso Espírita Panamericano pelo farmacêutico porto-riquenho radicado no Rio de Janeiro chamado Luiz Rodrigues, que a chama de hipnometria. Na década de 1960, foi sistematizada pelo espírita José Lacerda de Azevedo no Hospital Espírita de Porto Alegre, que lhe trocou o nome para apometria. Fonte: Wikipédia. Acessado em 15 de Nov. 2021. 

    [3] Umbanda – religião brasileira que sintetiza vários elementos das religiões africanas, indígenas e cristãs, porém sem ser definida por eles. Formada no início do século XX no sudeste do Brasil a partir da síntese com movimentos religiosos como o Candomblé, o Catolicismo e o Espiritismo. É considerada uma “religião brasileira por excelência” com um sincretismo que combina o Catolicismo, a tradição dos orixás africanos e os espíritos de origem indígena. O dia 15 de novembro, é considerado pelos adeptos como a data do surgimento da Umbanda, e foi oficializado no Brasil em 18 de maio de 2012 pela Lei 12.644/2012. Em 8 de novembro de 2016, após estudos do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a Umbanda foi incluída na lista de patrimônios imateriais do Rio de Janeiro, por meio de decreto. Fonte: Wikipédia. Acesso em 15 de Nov. 2021. Ver também: http://radiomaffei.blogspot.com/2018/07/diferencas-entre-candomble-e-umbanda.html; acesso em 15 de Nov. 2021.


    [4] Irmãs Fox – Foram três mulheres que, nos Estados Unidos, tiveram um importante papel na gênese do moderno espiritualismo ocidental. As irmãs eram Katherine “Kate” Fox (1837 – 1892), Leah Fox (1814 – 1890) e Margareth “Maggie” Fox (1833 – 1893). As irmãs fizeram sucesso por muitos anos como médiuns que diziam possibilita espíritos a se manifestarem por batidas (tiptologia). Em 1888, Margareth confessou que as batidas eram uma farsa, mostrando publicamente o método que usavam para enganar o público. No ano seguinte, tentou se retratar, dizendo que na verdade eram manifestações mediúnicas, mas a reputação das irmãs já havia sido arruinada. Fonte: Wikipédia. Acesso em 26 de Nov. 2021.



    [5] Johann Heinrich Pestalozzi – Nascido em Zurique em 12 de janeiro de 1746 e falecido em Brugg na Suíça em 17 de fevereiro de 1827 foi um pedagogista suíço e educador pioneiro da reforma educacional. Fonte: Wikipédia. Acesso em 16 de Nov. 2021. 



    [6] François de Salignac de La Mothe-Fénelon – Nascido em 6 de Agosto de 1651 e falecido em 7 de janeiro de 1715. Conhecido como “O Cisne de Cambraia”, foi um teólogo católico, poeta e escritor francês, cujas ideias liberais sobre política e educação, esbarravam contra o status quo da Igreja e do Estado dessa época. Pertenceu à Academia Francesa de Letras. Fonte: Wikipédia. Acesso em 16 de Nov. 2021. 



    [7] Michael Faraday – Nascido em Newington, Londres – Inglaterra em 22 de setembro de 1791 e falecido em Hampton Court – Londres em 25 de agosto de 1867). Foi um físico e químico britânico que contribuiu para os estudos do eletromagnetismo e eletroquímica. Suas descobertas englobam os princípios básicos da indução eletromagnética, diamagnetismo e eletrólise. É considerado um dos cientistas mais influentes de todos os tempos. Além disso, Faraday fez também diversas outras contribuições muito importantes na física e na química. Faraday foi principalmente um experimentalista, tendo sido descrito como o “melhor experimentalista na história da ciência”, mesmo não conhecendo matemática avançada, como cálculo infinitesimal. Suas grandes contribuições para a ciência tiveram grande impacto sobre o entendimento do mundo natural. As descobertas de Faraday cobrem áreas significativas das modernas física e química, e a tecnologia desenvolvida baseada no seu trabalho está ainda mais presente. Suas descobertas em eletromagnetismo forneceram a base para os trabalhos de engenharia no fim do século XIX para que Edison, Siemens, Tesla e Westinghouse tornassem possível a eletrificação das sociedades industrializadas. Seus trabalhos em eletroquímica são amplamente usados em química industrial. Fonte: Wikipédia. Acesso em 17 de Nov. 2021.



    [8] Efeito ideomotor – é a influência da sugestão sobre movimento corporais involuntários e inconscientes. O fenômeno foi originalmente descrito pelo naturalista britânico William Benjamin Carpenter em 1852, em um artigo sobre radiestesia. Porém, o químico francês Michel Eugène Chevreul havia se deparado com a mesma ideia já em 1808. Fonte: Wikipédia. Acesso em 17 de Nov. 2021.

     

    [9] Michel Eugène Chevreul – Nascido em Angers – França em 31 de agosto de 1786 e falecido em Paris em 9 de abril de 1889. Foi um químico francês, filho de Michel Chevreul (1754 – 1845), nasceu na França onde seu pai era médico e professor da Escola de Obstetrícia. Seus primeiros trabalhos com gorduras animais revolucionaram a fabricação de sabonetes e velas e levaram ao isolamento dos ácidos graxos heptadecanóico (margárico – ácido graxo saturado encontrado em gorduras e usado em sínteses orgânicas), esteárico e oleico. Na área médica, ele foi o primeiro a demostrar que os diabéticos excretam glicose na urina e a isolar a creatina. Em 1826 entrou para a Academia Francesa de Ciências, na vaga de Joseph Louis Proust. Fonte: Wikipédia. Acesso em 17 de Nov. 2021. 



    [10] Antonine Clement Gerboin – professor da Faculdade de Medicina de Strasbourg, França, após numerosas experiências com pêndulos trazidos da Índia, elaborou em 1798 uma complexa teoria para explicar os movimentos pendulares. Em 1806 publicou em Strasbourg seu livro “Recherches Experimentales sur um Nouveau Mode de L’Action Èletrique”. Na mesma época de Gerboin o abade Guinebault usava pêndulos chineses para pesquisar fontes. Até então a radiestesia europeia era praticada somente com varetas metálicas ou de madeira. A partir daí o pêndulo tornou-se o instrumento habitual dos pesquisadores de fontes. Fonte: Site do Instituto Mata Verde – Templo de Umbanda – https://www.blog.mataverde.org/primeira-reuniao-texto-complementar-a-radiestesia-francesa/. Acessado em 26 de nov. de 2021. 


    [11] Tabuleiro de Ouija ou Tábua Ouija – é qualquer superfície plana com letras, números ou outros símbolos em que se coloca um indicador móvel. Foi criado para ser usado como método de necromancia ou comunicação com espíritos. Os participantes colocam os dedos sobre o indicador que então se move pelo tabuleiro para responder perguntas e trazer mensagens dos supostos espíritos. Há um jogo de tabuleiro registrado no Departamento de Comércio dos Estados Unidos com o nome Ouija, mas a designação passou a ser usada para caracterizar qualquer tabuleiro que se utilize da mesma ideia. O princípio em se baseia o tabuleiro Ouija ficou conhecido depois de 1848, ano em que duas irmãs estadunidenses, Kate e Margareth Fox (ver irmãs Fox – nota 4) supostamente contataram um vendedor que havia morrido anos antes e espalharam uma febre espiritualista pelos EUA e Europa. Há também indícios de que o princípio teria sido aperfeiçoado por um espiritualista chamado M. Plachette, que por volta de 1853 teria inventado o indicador de madeira, utilizado até hoje. Em 1890, Elijah J. Bond, de Baltimore, solicitou a patente do “Ouija” ou “Tabuleiro Egípcio da Sorte”, concedida em 1891. Nesta patente se descreve o funcionamento e alega-se que o tabuleiro é capaz de responder “perguntas de qualquer tipo”. Segundo as explicações científicas as movimentações que ocorrem no Tabuleiro de Ouija se devem ao efeito ideomotor (ver nota 8). As pessoas participantes da sessão involuntariamente exercem uma força imperceptível sobre o indicador utilizado, e a conjunção da força exercida por várias pessoas faz o objeto se mover. O efeito ideomotor foi descoberto pelo naturalista britânico William Benjamin Carpenter em 1852. O físico, também britânico, Michel Faraday realizou experimentos que comprovam que os movimentos das mesas girantes, atribuídos a fontes ocultas, eram realizados inconscientemente pelos próprios participantes dos experimentos. O mesmo princípio se aplica ao tabuleiro Ouija. O mágico ilusionista e cético estadunidense James Randi também realizou um experimento, citado em seu livro “Na Encyclopedia of Claims Frauds, and Hoaxes of the Occult and Supernatural. Randi demonstrou que quando os participantes do tabuleiro Ouija são vendados eles não conseguem produzir mensagens inteligíveis. Já os espiritualista eu acreditam na possibilidade de contato com o mundo dos mortos argumentam que o espírito comunicante utilizaria os sentidos do participante durante as sessões. Os adeptos dessa teoria acreditam que o tabuleiro não tem poder em si mesmo, servindo apenas como ferramenta para o médium se comunicar com o mundo dos espíritos. Além das críticas científicas dos céticos, o tabuleiro Ouija também é criticado entre os espiritualistas. Edgar Cayce, declarou-os perigosos. Críticos avisam que maus espíritos poderiam enganar os participantes e possuí-los espiritualmente. No meio especializado há diversos avisos contra o uso do tabuleiro por pessoas desavisadas. Há também notícias de tabloides relatando casos de suposta possessão demoníaca em decorrência de sessões envolvendo espíritos malignos. A Igreja Católica critica o tabuleiro e a brincadeira do copo, assim como as experiências de seus fiéis na busca de contato com os mortos em geral. A recomendação dos padres é que os fiéis se mantenham distantes de participações nesse tipo de evento. Segundo o padre exorcista, Gabriele Amorth, este tipo de jogo pode contatar demônios. Em seus livros ele relata inúmeras possessões causadas pelo uso de jogos. Da mesma forma, Igrejas Evangélicas definem essas práticas como “brincadeiras com demônios”. Allan Kardec orienta em seu “O Livro dos Médiuns”, no caso de comunicações frívolas (fúteis, levianas), estas práticas devem ser evitadas porque, normalmente, são utilizadas para curiosidades em geral e somente são feitas perguntas vãs, longe da seriedade exigida no intercâmbio com a espiritualidade benfeitora. Assim, o espiritismo, nesse caso particular de comunicações frívolas, considera que é mais provável a presença de espíritos levianos e zombeteiros, sem nenhum interesse com a verdade e com a dignidade, do que espíritos bons e esclarecidos comprometidos com a divulgação de propostas morais e éticas. Fonte: Wikipédia. Acesso em 26 de Nov. 2021.



    [12] Victor-Marie Hugo – Nascido em Besançon – França em 26 de fevereiro de 1802 e falecido em Paris em 22 de maio de 1885. Foi um romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande atuação política em seu país. É o autor de “Les Misérables” e de “Notre-Dame de Paris”, entre diversas outras obras clássicas de fama e renome mundial. Fonte: Wikipédia. Acesso em 17 de Nov. 2021. 



    [13] Auguste Vacquerie – 1819 -1895 – Foi um jornalista e escritor francês. Nasceu em Villequier, França em 19 de novembro de 1819. Desde os primeiros dias foi um admirador de Victor Hugo, com que esteve ligado pelo casamento de seu irmão Charles com Léopoldine Hugo. Suas primeiras produções românticas incluem um volume de poemas, “L’ Enfer de L’espirit (1840); uma tradução de “Antígona” (1844) em colaboração com Paul Meurice; e “Tragaldabas” (1848), um melodrama. Ele foi um dos principais colaboradores da revista “L’Évenemente” e acompanhou Victor Hugo em seu exílio em Jersy, em 1852, onde tirou fotos da família e parentes de Hugo. Em 1869 ele retornou a Paris, e com Meurice e outros fundaram o “Rappel Anti-Imperial”. Seus artigos neste jornal foram, mais de uma vez, ocasião de processos judiciais. Depois de 1870, tornou-se o editor do Rappel. Suas obras incluem “Souvent Homme Varie” (1859), uma comédia em verso; “Jean Baudry” (1863) a mais bem-sucedida de suas peças; “Aujourd’hui et Demain” (1875); “Futura” (publicada em 1900) e poemas sobre assuntos filosóficos e humanitários. Ele publicou uma edição coletiva de suas peças em 1879 e uma coleção de ensaios em 1885. Vacquerie morreu em Paris em 19 de fevereiro de 1895. No ano de sua morte, a rue Auguste Vacquerie, no 16.º arrondissement de Paris foi nomeada em sua homenagem. Fonte: Wikipédia. Acesso em 26 de Nov. 2021. 



    [14] Druidas (no feminino druidesas ou druidisas) – pessoas encarregadas das tarefas de aconselhamento e ensino, e de orientações jurídicas e filosóficas dentro da sociedade celta. Druida significa aquele(a) que tem o conhecimento do carvalho, pois o carvalho nessa acepção, por ser uma das mais antigas e destacadas árvores da floresta, representa simbolicamente todas as demais. Ou seja, quem tem o conhecimento do carvalho possui o saber de todas as árvores. A sabedoria druídica era composta de um vasto número de versos aprendidos de cor e conta-se que eram necessários cerca de 20 anos para que se completasse o ciclo de estudos dos aspirantes druidas. As tradições que existem do que seriam seus rituais, foram conservadas no meio rural e incluem a observância do Halloween (Samhaim), rituais de colheita, plantas e animais, baseados nos ciclos solar, lunar e outros. Tradições que seriam partilhadas pela cultura de povos vizinhos. Segundo Léon Denis, o estabelecimento de uma data específica para a comemoração dos mortos é uma iniciativa dos druidas, que acreditavam na continuação da existência depois da morte. Reuniam-se nos lares, e não nos cemitérios, no primeiro dia de novembro, para homenagear e evocar os mortos. Fonte: Wikipédia. Acessado em 16/11/2021.



    [15] Frenologia é uma pseudociência que alega que a forma e protuberâncias do crânio são indicativas das faculdades e aptidões de uma pessoa. A frenologia baseia-se no conceito de que o cérebro é o órgão da mente e se encontra dividido em regiões com funções específicas denominadas módulos. Embora estes conceitos se baseiam em fatos reais, a frenologia extrapola conclusões para além das evidências empíricas de uma forma que diverge da ciência. O principal pressuposto da frenologia, que alega que as medidas do crânio são indicativas dos traços de personalidade, encontra-se desacreditada por evidências empíricas. Fonte: Wikipédia. Acessado em 16/11/2021. 

    [16] Franz Joseph Gall – alemão criador da frenologia em 1796, exerceu alguma influência na psiquiatria e psicologia do século XIX, sobretudo entre 1810 e 1840. O rigor metodológico da frenologia era questionável até para os padrões da época, sendo já considerada pseudocientífica por diversos autores do século entanto, a noção de Gall de que o caráter, raciocínio e emoções se situam em partes específicas do cérebro é considerado um passo importante na história da neuropsicologia. Fonte: Wikipédia. Acessado em 16/11/2021.



    [17] Pseudociência – qualquer tipo de informação que se diz ser baseada em fatos científicos, ou mesmo como tendo um alto padrão de conhecimento, mas que não resulta da aplicação de métodos científicos. É uma reivindicação, crença ou prática que se apresenta como científica, mas não adere a um método científico válido, carece de provas ou plausibilidade, não podendo ser confiavelmente testado, ou de outra forma, não tem estatuto científico. A pseudociência é frequentemente caracterizada pelo uso de afirmações vagas, exageradas ou improváveis, uma confiança excessiva na confirmação em vez de tentativas rigorosas de refutação, a falta de abertura para a avaliação de outros especialistas, e uma ausência generalizada de processos sistemáticos para desenvolver teorias racionalmente. Um campo, prática ou corpo de conhecimento pode razoavelmente ser chamado de pseudocientífico quando for apresentado como sendo coerente com as normas de pesquisa científica, mas comprovadamente não cumprindo essas normas. A ciência é também distinguível de teologia, revelação ou espiritualidade na medida em que oferece uma visão sobre o mundo físico obtido pelas pesquisas e testes empíricos. A ciência “pop” pode desfocar a divisão entre ciência e pseudociência entre o público em geral, e pode também envolver ficção científica. As crenças pseudocientíficas são comuns, mesmo entre professores de ciências e repórteres de jornais. O problema da demarcação entre ciência e pseudociência tem implicações políticas, éticas, bem como questões filosóficas e científicas. Diferenciar ciência e pseudociência tem várias implicações práticas, dentre elas os cuidados de saúde, o testemunho de especialistas nas falsas polêmicas sobre o Aquecimento Global e na educação científica das pessoas. A distinção entre fatos e teorias científicas de crenças pseudocientíficas, como os encontrados na astrologia, no charlatanismo médico e nas crenças ocultistas combinados com conceitos científicos, é parte da educação científica. O termo “pseudociência” é muitas vezes depreciativo, sugerindo que algo está sendo impreciso ou mesmo enganosamente retratado como ciência. Por isso as pessoas rotuladas como praticantes ou partidárias da pseudociência normalmente contestam a caracterização. Fonte: Wikipédia. Acessado em 26/11/2021. 

    [18] Hotentotes – constituem uma etnia negra, nativa da África do Sul, de cultura bastante primitiva. Caracterizam-se pela vida nômade, baseada na caça e na coleta, hoje combinada com a atividade pastoril e cultivos itinerantes. Fonte: Folha de São Paulo – 16/09/2000 Hotentotes: https://www1.folha.uol.com.br>fsp>brasil. Acesso em 16 de nov. de 2021. 

    [19] Dominique François Jean Arago – nascido em Estagel, França em 26 de fevereiro de 1786 e falecido em Paris em 2 de outubro de 1853. Foi um físico, astrônomo e político francês. Ocupou o cargo de primeiro-ministro da França, de 10 de maio a 24 de junho de 1848. Iniciou seus estudos em Perpignan, seguindo depois para Paris, onde frequentou a École Polytechnique. Aos 19 anos foi nomeado secretário do Observatório de Paris e, logo depois, junto com o físico e astrônomo Jean-Baptiste Biot, completou a medida de um arco do meridiano terrestre. No ano de 1809, Arago foi eleito para a Academia de Ciências, assumindo no mesmo ano o cargo de professor de geometria analítica na École Polytechnique. De 1809 a 1830, dedicou-se exclusivamente à Ciência. Em 1830 ingressou na política, como deputado republicano. Em 1848 foi nomeado ministro da Marinha. Luz e eletromagnetismo dos trabalhos de Arago no domínio da física ressaltam, por sua importância, as descobertas da polarização cromática da luz e a polarização rotatória. Em 1811, trabalhando com Augustin Jean Fresnel, descobriu um novo processo de decompor a luz branca. As investigações de Arago e Fresnel sobre os fenômenos da polarização vieram confirmar a teoria da ondulatória da luz. Importante também, foi a contribuição de Arago para o progresso dos estudos dos fenômenos eletromagnéticos. As obras completas de Arago foram publicadas, de 1854 a 1862, em 13 volumes. Fonte: Wikipédia. Acessado em 16/11/2021. 



    [20] Cemitério do Père-Lachaise – É o maior cemitério de Paris e um dos mais famosos do mundo. Está situado no 20.º arrondissement de Paris. A sua origem remonta do século XII, quando o terreno estava repleto de vinhas pertencentes à Igreja Católica. No entanto, em 1430 um comerciante adquiriu as terras e construiu uma residência pomposa, até que a propriedade passou para as mãos dos jesuítas no século XVII. O cemitério recebeu a sua denominação em homenagem a um dos sacerdotes católicos, François d’Aix de la Chaise (1624 – 1709), dito “le Père la Chaise” (o padre la Chaise), confessor do rei Luís XIV da França, sobre que exerceu influência moderadora na luta contra o jansenismo (doutrina religiosa inspirada nas ideias de um bispo de Ypres, Cornelius Otto Jansenius. Como movimento tem caráter dogmático, moral e disciplinar, que assumiu também contornos políticos, e se desenvolveu principalmente na França e na Bélgica, nos séculos XVII e XVIII, no seio da Igreja Católica e cuja teorias acabaram por ser consideradas controversas por esta, desde 16 de outubro de 1656, através da bula papal “Ad Sacram” subscrita pelo papa Alexandre VII. Defende uma interpretação das teorias de Agostinho de Hipona sobre a predestinação contra as teses tomistas do aristotelismo e do livre-arbítrio). Após a expulsão dos jesuítas, o terreno passou as mãos da cidade graças a Napoleão Bonaparte, e assim foi construído o cemitério, inspirado no estilo dos jardins ingleses. No início do século XIX, vários novos cemitérios substituíram as antigas necrópole parisienses. Fora dos limites da cidade foram criados o cemitério de Montmartre ao norte, o cemitério do Père-Lachaise a leste, o cemitério Montparnasse no sual e o cemitério de Passy ao oeste. A concepção do Père-Lachaise foi confiada ao arquiteto neoclássico Alexandre-Théodore Brongniart, em 1803 e, desde sua abertura, o cemitério conheceu cinco ampliações: em 1824, 1829, 1832, 1842 e 1850, passando de 17 hectares a 44 hectares. Em 21 de maio de 1804, o cemitério foi oficialmente aberto para uma primeira inumação; a de uma pequena menina de cinco anos, Adélaïde Pillard de Villeneuve. Todavia, os parisienses não aceitavam de bom-grado a necrópole, localizada distante do centro, numa zona pobre e de difícil acesso. Esta situação só mudaria quando para lá foram transferidas ossadas de importantes personalidades, apaziguando as críticas da elite parisiense. Ao sul do cemitério encontra o Muro dos Federados, contra o qual 147 dirigentes da Comuna de Paris foram fuzilados em 28 de maio de 1871. Fonte: Wikipédia. Acessado em 26/11/2021.



    [21] Nicolas Camille Flammarion – nascido em Montigny-le-Roy em 26 de fevereiro de 1842; faleceu em Juvisy-sur-Orge em 3 de junho de 1925. Foi um astrônomo, pesquisador psíquico e divulgador científico francês. Importante pesquisador e popularizador da astronomia, recebeu notórios prêmios científicos e foi homenageado com a nomenclatura oficial de alguns corpos celestes. Sua carreira na pesquisa e popularização de fenômenos paranormais também é bastante notória. Seu irmão Ernest Flammarion foi o fundador das Edições Flammarion. Fonte: Wikipédia. Acessado em 16/11/2021.



    [22] François-Marie Gabriel Delanne – nascido em Paris, França em 23 de março de 1857 e faleceu em 15 de fevereiro de 1926. Foi um engenheiro francês e um dos primeiros pesquisadores espíritas notórios. Intelectual renomado, sua pesquisa sobre mediunidade é notória no contexto do problema mente – corpo. O seu pai, Alexandre Delanne, era espírita e amigo íntimo de Allan Kardec, e a sua mãe, médium, colaborou na Codificação. Graduou-se em engenharia. Fundo a União Espírita Francesa, em 1882, e o jornal Le Spiritisme, no mesmo ano. Ao lado do filósofo Léon Denis, foi um importante divulgador das ideias espíritas na época. Fez conferências por toda a Europa, inclusive na abertura do “I Congresso Espírita e Espiritualista”, que ocorreu em 1890. Compreendendo que o períspirito estava no centro dos fenômenos espíritas, procurou distinguir mediunismo de animismo. Auxiliou Charles Robert Richet, criador da Metapsíquica em suas pesquisas com a médium Marthe Béraud. Em 1896 fundou a Revista Científica e Moral de Espiritismo que por muitos anos levou a público artigos científicos e filosóficos sobre a temática espírita. Faleceu em 1926, aos 69 anos de idade, e foi sepultado no Cemitério do Père-Lachaise. Fonte: Wikipédia. Acessado em 16/11/2021.



    [23] Alexander Moreira-Almeida – Nascido em Três Rios em 28 de março de 1974 é um psiquiatra e parapsicólogo brasileiro, professor associado da Universidade Federal de Juiz de Fora, notório por suas publicações sobre fenômenos paranormais, saúde, transtornos mentais, problemas mente-corpo, religião e espiritualidade. Participante ativo do movimento espírita e influenciado por Allan Kardec, atualmente ele é o coordenador das seções de relação entre espiritualidade, religião e saúde mental da World Psychiatric Association, participando da sua diretoria entre 2011 e 2012. Ele realiza ampla divulgação de suas publicações junto aos meios de comunicação, que muitas vezes fazem uma cobertura positiva de suas publicações e alegações. Mas seus artigos também são criticados devido as falhas metodológicas por jornalistas e divulgadores científicos. Suas publicações são citadas pela Federação Espírita Brasileira, pela Associação Médico-Espírita de São Paulo e pela Associação Médico-Espírita Internacional como evidências científicas eu supostamente comprovariam os dogmas do kardecismo, especialmente os relacionados à mediunidade. Moreira-Miranda é um dos fundadores do “Manifest for a Post-Materialist Science” e da consequente “The Campaing for Open Science”. Um artigo da revista Skeptical Inquirer criticou duramente o manifesto chamando-o de “cortina de fumaça” que tenta usar a mecânica quântica para promover pseudociências. Fonte: Wikipédia. Acessado em 23/11/2021.



    [24] José Herculano Pires – Nascido em Avaré – SP em 25 de setembro de 1914 e falecido em 9 de março de 1979. Foi um jornalista, filósofo, educador, escritor e tradutor brasileiro. Destacou-se como um dos mais ativos divulgadores do espiritismo no país. Traduziu escritos de Allan Kardec e escreveu tanto estudos filosóficos, quanto obras literárias inspiradas na Doutrina Espírita. Fonte: Wikipédia. Acessado em 17/11/2021.



    [25] Lei do Progresso – é uma das dez “Leis Morais” a que alude Allan Kardec na parte terceira de “O Livro dos Espíritos”. Segundo Allan Kardec, há duas espécies de progresso que se prestam mútuo apoio e que, todavia não marcham lado a lado: o progresso intelectual e o progresso moral. Fonte: Wikipédia. Acessado em 17/11/2021. 

    [26] Metempsicose – (do grego meta = “além de”, psique = “alma). É o termo genérico para transmigração ou teoria da transmigração da alma, de um corpo para outro, seja este do mesmo tipo de ser vivo ou não. Essa crença não se restringe à reencarnação humana, mas abrange a possibilidade da alma humana encarnar em animais ou vegetais. Era uma crença amplamente difundida na Pré-história e na Antiguidade, sendo encontrada entre egípcios, gregos, romanos, chineses e na Índia, entre outros. Para os budistas tibetanos essa migração é possível, embora muito rara (os budistas descrevem várias formas de reencarnação, sob vários contextos diferentes). Os esquimós e outros povos mantém a mesma convicção. O termo é encontrado em Pitágoras e Platão. Acredita-se que Pitágoras aprendeu seu significado com os egípcios, que por sua vez aprenderam com os indianos. A problemática desse raciocínio é a divergência entre as crenças. Platão e os indianos não acreditavam na metempsicose. Utilizavam o termo na ausência de outro sinônimo de reencarnação. Já os egípcios, estes sim, acreditavam na metempsicose, dessa maneira sendo o termo grego, há polêmica quanto ao seu significado. Por outro lado, a Doutrina Espírita opõe-se à doutrina da metempsicose, pois a transmigração da alma do homem para o animal implicaria na ideia de retrogradação evolutiva, o que entra em desacordo com um dos principais pontos da doutrina, que diz que o espírito apenas progride, nunca retrocede ou involui. Fonte: Wikipédia. Acessado em 18/11/2021. 


    [27] Livre-arbítrio ou Livre-alvedrio – são expressões que denotam a vontade livre de escolha, as decisões livres. O livre-arbítrio é a capacidade de escolha autônoma realizada pela vontade humana. O livre-arbítrio também pode estar associado a uma crença religiosa que defende que a pessoa tem o poder de decidir as suas ações e pensamentos segundo o seu próprio desejo, crença e/ou valores da vida depois da morte. A pessoa que faz uma escolha livre pode se basear numa análise relacionada ao meio ou não, e a escolha que é feita pelo agente, pode resultar em ações para beneficiá-lo ou não. As ações resultantes das suas decisões são subordinadas somente à vontade consciente do agente. A expressão livre-arbítrio costuma ter conotações objetivas, subjetivas ou paradoxais. No primeiro caso, as conotações indicam que a realização de uma ação (física ou mental) por um agente consciente não é completamente condicionada por fatores antecedentes. Já no segundo caso, elas indicam o ponto de vista da percepção que o agente tem de que a ação originou-se na sua vontade. Tal percepção é chamada algumas vezes de “experiência da liberdade”. A existência do livre-arbítrio tem sido uma questão central na história da filosofia e mais recente na história filosóficas, científicas e tecnológicas. Fonte: Wikipédia. Acessado em 18/11/2021. 



    [28] Evangelhos Canônicos – Mateus, Marcos, Lucas e João são autores dos únicos evangelhos aceitos pela maioria das denominações cristãs como legítimos e que portanto integram o Novo Testamento da Bíblia. O cânon do Novo Testamento começou a ser definido por volta de 150 d.C. durante a controvérsia marcionita (o marcionismo foi uma seita religiosa cristã do século II. Foi uma das primeiras a ser acusada de heresia. Foi estabelecida por Marcião de Sinope (110 – 160), filho de um bispo. Propagou-se pela Ásia Menor e na antiga Roma, em comunidades que multiplicaram e constituíram uma vasta rede na bacia do Mediterrâneo. Foi considerada herética e Marcião excomungado em 144. De características gnósticas, tinha base no cristianismo ligado à tradição paulina. Simplificou as cerimônias dos primeiros cristão, praticando uma moral severa, com interdição ao casamento, jejuns rigorosos, preparação para o martírio e fraternidade austera. O seu corpo doutrinário partida da oposição entre justiça e amor, lei e evangelho. Rejeitava o Antigo Testamento como ultrapassado, anunciando um cristianismo autêntico baseado na contradição entre dois deuses: 1.º O Deus da Lei, o Demiurgo, que seria o Deus do Antigo Testamento e; 2.º O Deus do amor, como revelado por Jesus Cristo.) e aparece documentado pela primeira vez na forma atual em 367, em uma carta de Atanásio, bispo de Alexandria. O Terceiro Sínodo de Cartago, em 397, ratificou o cânon já aceito previamente no Sínodo de Hipona Regia, realizado em 393, em Hipona, onde hoje é a Argélia na África. O evangelho de Marcos dá mostras de ser o livro mais antigo. O evangelho de João foi o último entre os evangelhos a ser escrito e possui características particulares tanto do ponto de vistas dos textos quanto da perspectiva teológica do escrito. Fonte: Wikipédia. Acessado em 17/11/2021. 

    [29]Alfred Russel Wallace – nascido no País de Gales em 8 de janeiro de 1823 e falecido em Broadstone Dorset – Inglaterra em 7 de novembro de 1913. Foi um naturalista, geógrafo, antropólogo e biólogo britânico. Em fevereiro de 1858, durante uma jornada de pesquisa nas Ilhas Molucas, Indonésia, Wallace escreveu um ensaio no qual praticamente definia as bases da Teoria da Evolução e enviou-o a Charles Darwin, com quem mantinha correspondência, pedindo ao colega uma avaliação do mérito de sua teoria, bem como o encaminhamento do manuscrito ao geólogo Charles Lyell. Darwin ao se dar conta de que o manuscrito de Wallace apresentava uma teoria praticamente idêntica à sua – aquela em que vinha trabalhando, com grande sigilo, ao longo de vinte anos – escreveu ao amigo Charles Lyell: “Toda a minha originalidade será esmagada”. Para evitar que isso acontecesse, Lyell e o botânico Joseph Dalton Hooker – também amigo de Darwin e com grande influência no meio científico – propuseram que os trabalhos fossem apresentados simultaneamente à Linnean Society of London, o mais importante centro de estudos de história natural da Grã-Bretanha, o que aconteceu em 1 de julho de 1858. Em seguida, Darwin decidiu terminar e expor rapidamente sua teoria: A Origem das Espécies, que foi publicada no ano seguinte. Wallace foi o primeiro a propor a distribuição geográfica das espécies animais e, como tal, é considerado um dos precursores da ecologia e da biogeografia e, por vezes, chamado de “Pai da Biogeografia”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 19/11/2021.



    [30] Konstantin Sergeyevich Alexandr Aksakov – Nascido em Ripievka em 27 de maio de 1832 e faleceu em São Petersburgo em 4 de janeiro de 1903. Foi um diplomata russo (conselheiro de Alexandre III), filósofo, jornalista, tradutor, editor e grande pesquisador dos fenômenos espíritas durante o século XIX. Fonte: Wikipédia. Acessado em 19/11/2021.



    [31] Cesare Lombroso – Nascido em Verona em 6 de novembro de 1835 e falecido em Turim em 19 de outubro de 1909. Foi um psiquiatra, cirurgião, higienista, criminologista, antropólogo e cientista italiano. Durante muitos anos Lombroso negou os alegados fenômenos paranormais, considerando-os com charlatanice e credulidade simplória. Chegou mesmo a ridicularizar as manifestações espíritas com a publicação do opúsculo “Studi Sull’ipnotismo” (Turim, 1882). Entretanto, a convite do conde Esrle Chiaia para que estudasse melhor o assunto, em 1891, conheceu e participou de sessões com a médium italiana Eusápia Palladino, vindo a considerar como autênticas a produção dos fenômenos e manifestações espíritas, e iniciando as suas pesquisas; no mesmo ano registrou em uma carta: “Estou muito envergonhado e desgostoso por haver combatido com tanta persistência a possibilidade dos fatos chamados espiríticos; mas os fatos existem e eu deles me orgulho de ser escravo”. Lombroso se tornou um adepto do espiritismo e as suas principais pesquisas relacionadas ao assinto encontram-se publicadas na obra “Richerche su Fenomeni Ipnotici e Spiritic” (Turim, 1909). Fonte: Wikipédia. Acessado em 19/11/2021. 



    [32] Carl Gustav Jung – Nascido em Kesswil, na Turgóvia, Suíça em 26 de julho de 1875 e falecido em Zurique em 6 de junho de 1961. Foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a psicologia analítica. Jung propôs os conceitos de personalidade extrovertida e introvertida, arquétipo e inconsciente coletivo. Seu trabalho tem sido influente na psiquiatria, psicologia, ciência da religião, literatura e áreas afins. O conceito central da psicologia analítica é a individuação – processo psicológico de integração dos opostos, incluindo o consciente e o inconsciente, mantendo, no entanto, a sua autonomia relativa. Jung considerou a individuação como o processo central do desenvolvimento humano. Ele criou alguns dos mais conhecidos conceitos psicológicos, incluindo arquétipo (conceito para se referir a conjuntos de imagens psicoides primordiais que dão sentido aos complexos mentais e às histórias passadas entre gerações, formando o conhecimento e o imaginário do inconsciente coletivo; agem como estruturas inatas, imateriais, com que os fenômenos psíquicos tendem a se moldar, e servem de matriz para a expressão e desenvolvimento da psique. Também é associado a experiência universais, como nascimento e morte), o inconsciente coletivo, o complexo e a sincronicidade. A classificação tipológica de Myers Briggs (MBTI), um instrumento popular psicométrico, foi desenvolvido a partir de suas teorias. Via a psique humana como “de natureza simbólica” e fez desse simbolismo o foco de suas explorações. Ele é um dos maiores estudiosos contemporâneos de análise de sonhos e simbolização. Embora exercesse sua profissão como médico e se considerasse um cientista pautado no método empírico naturalista, muito do trabalho de sua vida foi passado a explorar e aplicar também as Ciências Humanas, como a antropologia, sociologia, mitologia e religião comparada nas divulgações acadêmicas sobre descobertas culturais, históricas e arqueológicas de sua época, além de áreas tangenciais à ciência, incluindo a filosofia oriental e ocidental, alquimia e astrologia, bem como a literatura e as artes. Seu interesse pela filosofia e ocultismo levaram muitos a vê-lo como um místico. Fonte: Wikipédia. Acessado em 19/11/2021.



    [33] Charles Robert Richet – Nascido em Paris em 26 de agosto de 1850, falecido em 4 de dezembro de 1935. Foi um médico fisiologista francês. Descobridor da soroterapia e da anafilaxia (uma reação alérgica), foi laureado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1913. Também interessou-se por fenômenos paranormais tendo criado a metapsíquica; e por aviação, tendo desenvolvido com Louis Breguet em 1907 um giroplano. Desempenhou um papel fundamental no processo de desvendar o desconhecido mundo dos fenômenos anímicos. Em 1905, então presidente da Sociedade de Investigações Psíquicas – Londres, propôs o nome de Metapsíquica a este conjunto de conhecimentos. Sua obra mais famosa, Tratado de Metapsíquica, é um verdadeiro arcabouço de fatos e descrições pormenorizadas de experiências psíquicas, descrições históricas e classificatórias que muito colaboraram para o seu desenvolvimento. A sua maior contribuição foi o estudo do ectoplasma, substância responsável pela viabilidade dos fenômenos ditos objetivos. Foi ele quem, pela primeira vez, denominou a substância que emanava dos médiuns de efeitos físicos de ectoplasma, naquele momento referindo-se aos fluídos que emanavam de Eusápia Palladino (uma das maiores médiuns da história do Espiritismo): “São as formações difusas que eu chamo de ectoplasmas; porque elas parecem sair do próprio corpo de Eusápia.” Numa experiência transcorrida com a médium Marthe Béraud, Charles Richet e Gabriel Delanne [ver nota 22] fizeram com que a “materialização” soprasse o ar de seus pulmões através de uma solução aquosa de barita, usando um pequeno tubo. O resultado foi o turvamento do líquido, revelando a presença do gás carbônico, fenômeno peculiar dos organismos vivos normais. A teoria de Richet era composta pela composição dos seguintes fenômenos: a criptestesia (na parapsicologia é a sensibilidade a fenômenos cuja natureza ainda não se conhece; metagnomia, percepção extrassensorial), a telecipnesia (A psicose – “movimento mental” -, telecinesia – “movimento à distância” – ou psi-kappa descreve o suposto fenômeno ou capacidade de uma pessoa movimentar, manipular, abalar ou exercer força sobre um sistema físico sem interação física, apenas usando a mente. O termo psicocinese, foi criado em 1914 pelo autor estadunidense Henry Holt e popularizado pelo parapsicólogo estadunidense J.B.Rhine no anos 30. Já o termo telecinesia foi criado em 1890 pele parapsicólogo russo Alexandre Aksakof [ver nota 30]. Historicamente tem-se questionado e criticado a telecinesia pelo fato de não ser empiricamente demonstrável, apontando-se como principais falhas a falta de controle e de repetitividade dos experimentos, dois pilares do método científico. Por consenso na comunidade científica, a telecinesia é tida como uma pseudociência (ver nota 17), apesar de ser defendida como autêntica por estudiosos da parapsicologia, ela própria considerada uma pseudociência) e a ectoplasmia (estudo da substância perceptível à visão que é capaz de ocasionar a materialização do espírito). Para ele, a Metapsíquica estava na flor d’água de uma nova psicologia. No seu tratado, Richet classificou a história da fenomenologia metapsíquica em quatro períodos: 1.º) Período Mítico – que vai das origens históricas até Mesmer, 1776; 2.º) Período Magnético, que vai de Mesmer às irmãs Fox, 1847; 3.º) Período Espiríticos – que vai das irmãs Fox, passando por Allan Kardec e William Crookes, 1872; 4.º Período Científico que vai de Crookes até os dias atuais. Charles Richet também classificou os fenômenos em dois grupos gerais: 1.º Grupo - Fenômenos Subjetivos – que ocorrem exclusivamente na área psíquica, sem nenhuma ação dinâmica sobre os objetos materiais (anos antes, a estes fenômenos Allan Kardec denominou inteligentes) e; 2.º Grupo – Fenômenos Objetivos – cuja manifestação envolve ação física sobre os objetos materiais (na linguagem espírita – fenômenos físicos). Esta classificação é utilizada até os dias de hoje. Charles Richet nunca se declarou espírita, mas sim, um estudioso dos fenômenos metapsíquicos. Assim sendo, Charles Richet não pode ser considerado um continuador da obra de Allan Kardec, já que na verdade Richet reserva um espaço de duas páginas em um tratado de mais de 700 àquele que poderia ter sido um de seus mestres. Desvendou um caminho distinto, sem evidentemente desconhecê-lo tanto, e que o classifica na categoria de iniciador romântico da Metapsíquica, reconhecendo em Kardec, a quem se refere como Dr. H. Rivail, algum apreço pela investigação científica, mas que, no entanto, se levou demais a acreditar que as comunicações dos espíritos através dos médiuns eram destituídas de erros, desde que as mesmas emanasse de bons espíritos. Esta crítica se assemelha a feita por Arthur Conan Doyle, em seu livro “História do Espiritualismo” fazendo pensar que hoje se conhece bem melhor a obra de Kardec do que seus contemporâneos vizinhos e conterrâneos. Richet foi companheiro de jornada de homens do vulto de um Gustavo Geley, Gabriel Delanne e Ernesto Bozzano. Este último seu grande amigo e com quem duelaria no campo da ciência. Bozzano no seu livro “Metapsíquica Humana” dedica no último capítulo, denominado – Respostas a algumas objeções de ordem geral – algumas palavras diretamente contrárias às posições de Charles Richet, são elas: “... não devo ocultar que entre os que assim pensam está o professor Charles Richet, a quem sinceramente venero e admiro”. No Journal of the American de setembro de 1923, p. 400, a respeito escreve: “Sou de opinião que, se a Metapsíquica não tem progredido mais, se deve isto a um defeito de método; quiseram dela fazer uma religião cheia de ardor, em vez de uma ciência serena e modesta (...). Penso ser de não pequena utilidade destruir essa deplorável prevenção, filha da observação estranhavelmente parcial e superficial do movimento espírita encarado em seu conjunto. Se é verdade que o espiritismo seja tomado num sentido religioso por uma multidão, aliás muito respeitável, de almas simples, não quer dizer isso que ele seja religioso, mas tão somente que as conclusões rigorosamente experimentais e, portanto, científicas, a que conduzem as investigações medianímicas, tem a virtude de reconfortar grande número de almas atormentadas pela dúvida...” (Ernesto Bozzano). E se refere a tantos sábios, homens de ciência que se dedicaram a estudar os fenômenos inicialmente de forma materialista, convertendo-se ao Espiritismo pela conclusão a que chegaram através da pesquisa. Na introdução do seu “Tratado de Metapsíquica” Richet, em sua segunda edição, chega mesmo a citar espíritas que já naquela época pouca importância deram a esta obra uma vez que acreditavam que tudo o que importava já havia sido escrito. Richet escreveu: “Se os espíritas fossem justos, reconheceriam que a minha tentativa de fazer entrar na ordem dos fatos científicos todos os fenômenos que constituem a base de sua fé, mereceria eu verdadeiramente alguma indulgência.” Vê-se que na época o movimento espírita francês já estava dominado totalmente pelos ritos, afastando-se dos ensinamentos de Allan Kardec, salvava-se neste tempo Gabriel Delanne (ver nota 22), que muito doente insistia com a sua Sociedade Francesa de Estudos de Fenômenos Psíquicos e na revista Le Spiritisme. A rigidez de Richet, com relação à metodologia científica se explica pelo trabalho profissional do mesmo que, como cientista, veio a ser merecedor de um Prêmio Nobel. Allan Kardec, em “A Gênese”, escreve: “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar no erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará”. Com estas palavras Kardec colocava todo o seu gênio que infelizmente só foi seguido por alguns como Camille Flammarion, Léon Denis, Delanne dentre outros. Desta mesma forma, Richet declara que o primeiro Tratado de Metapsíquica irá ter a sina comum. Ele irá ficar para trás e cair em desuso, porque os progressos desta nova ciência serão rápidos. Assim como Kardec, os metapsiquistas também acreditavam num rápido progresso da ciência psíquicas, elas de fato tiveram algum alento com o advento da Parapsicologia de Rhine (ver nota 34). No começo da década passada, muitos estudiosos, guardavam muita esperança de que na União Soviética existissem centros de pesquisa, a cortina de ferro caiu e o que havia em termos de psicobiofísica? A verdade é que pesquisadores do quilate dos grandes metapsiquistas, incluindo no grupo os espiritualistas ingleses, já não aparecem com tanta frequência. Transferiu-se as expectativas para o século XXI, este sim poderá trazer ao público em geral aquilo que Kardec, Richet e tantos outros se empenharam tanto em estudar, classificar e ensinar, mas que não atingiram a universidade do conhecimento. Obras de Charles Richet: “O Tratado de Metapsíquica”, “A Grande Esperança”, “O Sexto Sentido”, “A Evolução do Homem e a Inteligência”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 20/11/2021. 



    [34] Frederic William Henry Myers – nascido em 6 de fevereiro de 1843 e falecido em 17 de janeiro de 1901. Foi um intelectual ensaísta, e poeta britânico, notabilizando-se como um dos pioneiros na pesquisa de fenômenos paranormais e, em 1882, é cofundador da “Society for Psychical Research” (SPR), juntamente com Henry Sidgwick, Edmund Gourney e Frank Podmore. O grupo de intelectuais britânicos almejava investigar os fenômenos espiritualistas tão em voga na época, de um ponto de vista racional e equânime, a partir de análises dos relatos e também da participação in loco de sessões onde ocorriam os alegados fenômenos paranormais. A SPR editou um jornal científico divulgando suas investigações e continua ativa até o presente momento, permanecendo a sede em Londres. Myers foi o presidente da SPR em 1900. O filósofo e psicólogo estadunidense William James, amigo pessoas de Myers, participou do SPR e posteriormente fundo nos Estados Unidos a “American Society for Psychical Research” (ASPR). Uma importante e extensa obra publicada pela SPR intitula-se” Phantasms Of The Livings”, de 1886, escrita por Edmund Gourney e Fredric Myers com extensa colaboração de Frank Podmore, na qual são analisados 702 casos em que abrangem, nas palavras de Myers, “todas as transmissões de pensamento e sentimento de uma nova de uma pessoa para outra, por meios outros que reconhecidas vias sensoriais”. Myers cunhou o termo telepatia para denominar transmissões. Fonte: Wikipédia. Acessado em 20/11/2021. 



    [35] Hans Jürgen Eysenck – nascido em 4 de março de 1916 e falecido em 4 de setembro de 1997. Foi um psicólogo britânico de origem alemã que passou sua carreira profissional na Grã-Bretanha. Tinha uma posição política alinhada com a extrema-direita e conceitos revisionistas e racistas. Ele é mais lembrado por seu trabalho sobre inteligência e personalidade, embora tenha trabalhado em outras questões da psicologia. No momento de sua morte, Eysenck era o psicólogo vivo mais citado na literatura científica revisada por pares. Um estudo de 2019 revelou que ele é o terceiro mais controverso de 55 pesquisadores sobre inteligência, sendo a maioria dos artigos contestatórios da obra de Eysenck. Suas pesquisas pretendiam demonstrar que certos tipos de personalidade tinham um risco elevado de câncer e doenças cardíacas. Os estudiosos identificaram erros e suspeita de manipulação de dados nos trabalhos de Eysenck, e grandes replicações não conseguiram confirmar as relações que ele pretendia encontrar. Um inquérito em nome do King’s College London concluiu que os artigos de Eysenck eram “incompatíveis com a ciência clínica moderna”. Em 2019, 26 de seus artigos (todos em coautoria com Ronald Grossarth-Maticek) foram considerados “inseguros” pelo inquérito do King’s College London. Quatorze de seus artigos foram retirados em 2020, e os periódicos emitiram 64 declarações de preocupação sobre as publicações feitas por ele. Rod Buchanan, biógrafo de Eysenck, argumentou que 87 publicações deveriam ser retiradas. Eysenck acreditava que a inteligência era determinada geneticamente e citou um estudo americano que parecia mostrar que o QI das crianças negras caía, em média, 12 pontos abaixo das crianças brancas. (Fonte: Wikipédia. Acessado em 21/11/2021). Vinte e dois anos após a morte de Eysenck, uma parte polêmica do seu legado científico foi desqualificada em um relatório produzido por um comitê de investigação do King’s College, que se debruçou sobre 25 papers publicados entre 1988 e 2000 assinados pelo psicólogo e seu colaborador Ronald Grossarth-Maticek, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha. Segundo o relatório divulgado em outubro de 2019 pelo site Retraction Watch, os resultados desse conjunto de artigos não são confiáveis. Os trabalhos são vinculados a um programa de pesquisa que investigava como traços específicos de personalidade tornavam indivíduos propensos a ter câncer e doenças cardiovasculares e apresentava tratamentos capazes de reduzir o risco. Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/legado-academico-contestado/. Acessado em 21/11/2021.



    [36] Henri Bérgson – nascido em Paris em 18 de outubro de 1859 e falecido em Paris em 4 de janeiro de 1941. Foi um filósofo e diplomata francês, laureado com o Nobel de Literatura de 1927. Conhecido principalmente por “Ensaios sobre os Dados Imediatos da Consciência”, “Matéria e Memória”, “A Evolução Criadora” e “As Duas Fontes da Moral e da Religião”, sua obra é de grande atualidade e tem sido estudada em diferentes disciplinas – cinema, literatura, neuropsicologia, bioética, entre outras, baseada na intuição como um método, cujos resultados viriam da experiência e seriam tão rigorosos quanto as ciências baseadas na inteligência, como a matemática. Ao contrário de Platão e René Descartes, que usavam a geometria como modelo para fazer da metafísica uma ciência, Bérgson adotou a biologia, a psicologia e a sociologia como fundamentos de seu pensamento filosófico. Bérgson é frequentemente situado na história da filosofia como espiritualista evolucionista. Quanto a intuição significa para Bérgson apreensão imediata da realidade por coincidência com o objeto. Em outras palavras, é a realidade sentida e compreendida absolutamente de modo direto, sem utilizar as ferramentas lógicas do entendimento: a análise e a tradução. Diferencia-se da inteligência que, apropriando-se do mundo através de ferramentas, calcula e prevê intervalos do mesmo plano espaço-temporal; ao contrário, penetra no interior da vida coincidindo com o real imediatamente. Dizemos, portanto, que o real passou a ser conhecido pela metafísica como, ao modo de Descartes, numa certeza imanente ao próprio ser do sujeito cognoscente. A intuição é uma forma de conhecimento que penetra no interior do objeto de modo imediato, isto é, sem o ato de analisar e traduzir. A análise é o recorte da realidade, mediação entre o sujeito e o objeto. A tradução é a composição de símbolos linguísticos ou numéricos que, analogamente a primeira, também servem de mediadores. Ambas são meios falhos e artificiais de acesso a realidade. Somente a intuição pode garantir uma coincidência imediata com o real sem o uso de símbolos nem da repartições analíticas. A intuição pode ser entendida, portanto, como uma experiência metafísica. Bérgson foi o expoente da linha de filosofia intuicionista, assim chamada porque afirma constituir o verdadeiro conhecimento não conceitos abstratos, do intelecto racionalmente, mas na apreensão imediata, na intuição, como é evidenciado pela experiência interior. Segundo o filósofo, há dois caminhos para conhecer o objeto, duas formas de conhecimento, diversas e de valores desiguais: mediante o conceito e mediante a intuição. A forma mediante o conceito é o caminho dos conceitos, dos juízos, silogismos, análise e síntese, dedução e indução; e a segunda forma é o da intuição imediata que nos proporciona o conhecimento intrínseco, concreto, absoluto. Bérgson conceitua a intuição como a faculdade suprema do impulso vital (élan vital) e faculdade cognoscitiva do filósofo. Segundo o filósofo, “hoje, só raramente e com grande esforço, podemos chegar à intuição; no entanto, a humanidade chegará um dia a desenvolver a intuição de tal modo que será a faculdade ordinária para conhecer as coisas. Então, desaparecerão todas as escolas filosóficas e haverá uma só filosofia verdadeira conhecedora da verdade e do ser absoluto.” Bérgson foi, também, um dos primeiros a fazer referência ao inconsciente. Fonte: Wikipédia. Acessado em 21/11/2021.



    [37] Ian Pretyman Stevenson – Nascido em Montreal, 31 de outubro de 1918 e falecido em Charlottesville, Virgínia, EUA em 8 de fevereiro de 2007. Foi um cientista e professor de psiquiatria da Universidade da Virginia; um dos mais importantes pesquisadores na temática das experiências espirituais. A sua pesquisa incluía principalmente o tema reencarnação, a problemática do relacionamento mente e cérebro e a continuidade da personalidade após a morte. O astrofísico e divulgador da ciência Carl Sagan supostamente expressou que o trabalho deste psiquiatra era um dos poucos estudos sobre o fenômeno paranormal que merecia ser analisado, mas é possível que sua opinião tenha sido distorcida. Ian Stevenson cresceu em Ottawa, onde seu pai era o correspondente canadense para o New York Times. Sua mãe, por sua vez, fez com que Stevenson se interessasse por Teosofia (refere-se a um conjunto de doutrinas filosóficas, místicas, ocultistas e especulativas que buscam o conhecimento direto dos mistérios presumidos da vida e da natureza, da divindade e da origem e propósito do universo. Esta escola mística/movimento iniciático propõe que todas as religiões surgiram a partir de ensinamentos de tronco comum, que foram de certa forma, recombinando e permutando, nas suas diversas mutações e encarnações, e que, apesar de comungarem de um tronco comum, acabam muitas vezes por deturpar os ensinamentos da doutrina original. A teosofia é considerada parte do esoterismo ocidental, que acredita que o conhecimento escondido ou a sabedoria do passado antigo oferece um caminho para a iluminação e a salvação, tendo base nos ensinamentos de Jakob Boehme, Friedrich Cristoph Oetinger, Paracelsus, Emanuel Swedenborg e Louis Claude de Saint-Martin assim como a Kabbalah Judaica). Stevenson estudou na Universidade de St. Andrews, na Escócia, e na Universidade McGill em Montreal, onde graduou-se em 1942 e especializou-se em 1943, sendo o primeiro da sua classe. Nos anos de 1950, inspirado por um encontro com Aldous Huxley, tornou-se um pioneiro no estudo médico sobre os efeitos do LSD. Em 1957 Stevenson foi nomeado chefe do Departamento de Psiquiatria e Ciências Neurocomportamentais da Universidade da Virginia. A sua principal pesquisa incluía doenças psicossomáticas, compêndios sobre pacientes entrevistados e exames psiquiátricos. Em 1958 e 1959, Stevenson escreveu ativamente na conceituada revista Haper, incluindo temas como doenças psicossomáticas e percepção extra-sensorial, e em 1958, foi vencedor em uma competição de ensaios sobre fenômenos paranormais e vida após a morte promovida pela organização parapsicológica American Society for Psychical Research em homenagem a um dos pioneiros da área, William James (1842 – 1910). A partir daí Stevenson se aprofundou muito mais nos fenômenos paranormais se tornando o fundador da moderna pesquisa científica a respeito de reencarnação e ficando famoso por recolher e analisar meticulosamente casos de crianças as quais pareciam lembrar de vidas passadas sem o auxílio de hipnose. Após a publicação do seu primeiro ensaio sobre reencarnação em 1966, o inventor da fotocopiadora, Chester Carlson, custeou as suas primeiras visitas de campo à Índia e as Sri Lanka. Quando Carlson faleceu (1968), legou um milhão de dólares para manter uma cadeira na Universidade de Virginia, e mais um milhão de dólares para o próprio Stevenson, com o intuito de que a pesquisa sobre a reencarnação não parasse. O trabalho de pesquisa sobre reencarnação realizado pelo psiquiatra também recebeu significativo apoio financeiro de Eileen J. Garret (1893 – 1970), um dos fundadores da Parapsychological Fundation. Em 1967, Stevenson foi escolhido como Diretor do Setor de Estudos da Personalidade (posteriormente recebendo o nome de “Setor de Estudos da Percepção), que funciona ainda hoje com objetivo de realizar investigações de fenômenos paranormais através de métodos científicos. Stevenson continuou a administrar pesquisa de campo adicional sobre reencarnação na África, Alasca, Colúmbia Britânica, Birmânia, Índia, América do Sul, Líbano e Turquia e muitas outras localidades. As crianças estudadas normalmente se lembravam de suas experiências passadas entre os dois e os seus quatro anos de idade, mas pareciam esquecê-las por volta dos sete ou oito anos. Em seus relatos, mencionavam frequentemente terem morrido de forma violenta e, além disso, as lembranças de como haviam morrido eram aparentemente claras. Stevenson também reuniu testemunhos, assim como registros médicos contendo informação a respeito de sinais de nascença, defeitos de nascimento e outras evidências físicas de reencarnação. Stevenson publicou apenas para as comunidades científica e acadêmica, e seus mais de 200 artigos e vários livros – trazendo ricos detalhes de pesquisa e argumentos acadêmicos – podem ser técnicos demais para um público leigo. Sua pesquisa, com mais de 3.000 estudos de casos, fornece evidências discutidas por Stevenson, apoiando a possibilidade de reencarnação, apesar de ele mesmo ter sido sempre muito cauteloso ao se referir a elas como “casos sugestivos de reencarnação” ou “casos do tipo de reencarnações”. Alguns de sua área questionaram a metodologia e a objetividade de Stevenson em tecer conclusões a partir de suas pesquisas. O próprio Stevenson reconheceu uma limitação em seu argumento sobre reencarnação, a qual Tom Shroder, editor do Washington Post, chamou de “erro fatal”, a ausência de qualquer evidência de um processo físico, pelo qual uma personalidade poderia sobreviver à morte e se transferir para outro corpo. Fonte: Wikipédia. Acessado em 21/11/2021.




    [38] Joseph John Thomson (J.J. Thomson) – Nascido em Manchester, Inglaterra em 18 de dezembro de 1856 e falecido em Cambridge, Inglaterra em 30 de agosto de 1940. Foi um físico britânico vencedor do Nobel de Física em 1906, creditado com a descoberta e identificação do elétron, a primeira partida subatômica a ser descrita. Thomson era cristão anglicano devoto, frequentava a igreja constantemente e rezava diariamente. Fonte: Wikipédia. Acessado em 21/11/2021.



    [39] Joseph Banks Rhine (J.B. Rhine) – Nascido em Waterloo, Pensilvânia, EUA, em 29 de setembro de 1895 e falecido em 20 de fevereiro de 1980. Foi um botânico estadunidense, fundador da investigação científica na parapsicologia como ramo da psicologia, fundador do laboratório de parapsicologia na Universidade de Duke, do Journal of Parapsychology, da Foundation for Research on the Nature of Man (atualmente chamada de Rhine Research Center) e da Parapsychological Foundation. Rhine escreveu os livros “Extra-sensory Perception” e “Para psychology: Frontier Science of the Mind. Rhine era casado com Louisa Ella Rhine e os dois foram biólogos ligados ao Departamento de Psicologia da Universidade de Duke. Após vários anos de cauteloso pesquisa científica e criteriosa avalição estatística dos resultados, Rhine publicou, em 1934 a primeira edição da obra “Percepção Extra Sensorial”, o qual teve várias edições e foi extensamente lido nas décadas seguintes. No final da década de 30, Rhine dedicou-se à investigação dos fenômenos de psicocinese (movimento mental ou telecinesia – movimento à distância, ou ainda psikappa – descreve o suposto fenômeno ou capacidade de uma pessoa movimentar, manipular, abalar ou exercer força sobre um sistema físico sem interação física, apenas usando a mente. O termo psicocinese foi criado em 1914 pelo autor estadunidense Henry Holt e popularizado por J.B. Rhine nos anos 30. Já o termo telecinesia foi criado em 1890 pelo parapsicólogo russo Alexandre Aksakovf [ver nota 23]. Historicamente, tem-se questionado e criticado a telecinesia pelo fato de não ser empiricamente demonstrável, apontando-se como principais falhas a falta de controle e de repetibilidade dos experimentos, dois pilares do método científico. Por consenso na comunidade científica, a telecinesia é tida como uma pseudociência (ver nota 17), apesar de ser defendida como autêntica por estudiosos da parapsicologia, ela própria considerada uma pseudociência.), realizando uma série de experimentos em condições controladas em laboratórios. Rhine procurou demonstrar que uma pessoa poderia influenciar o resultado de dados lançados utilizando-se de recursos psíquicos – inicialmente coma mão da própria pessoa, mais tarde com os dados jogados através de um copo, e finalmente com uma máquina de lançamento de dados sem interferência humana. Na década de 1960, a partir das experiências ligadas à percepção extra-sensorial, realizando os chamados testes de Rhine com as Cartas Zener, que eram usadas na condução de experiências ligadas à percepção extra-sensorial, principalmente no estudo da clarividência. As cartas de Zener foram inventadas por Rhine como uma fácil e estatisticamente mensurável maneira de tese para PES (Percepção Extra-Sensorial) de acordo como o método científico. Rhine nomeou-as assim em homenagem ao seu colega Karl Zener um psicólogo que pesquisava a percepção. O Dr. Zener selecionou cinco desenhos que iriam aparecer nas cartas. Quando as cartas de Zener foram criadas em 1920, elas eram embaralhadas manualmente, mas Rhine depois modificou este método para o embaralhamento mecânico. São 25 cartas no pacote, 5 de cada desenho. Os cinco desenhos que aparecem na frete das cartas são o círculo, a cruz na forma grega com cada linha do mesmo tamanho, uma estrela de cinco pontas, um quadrado, e um trio de linha onduladas. Na ordem de número de linhas, elas são: círculo, cruz, ondas, quadrado e estrela. Nos testes com clarividência, a pessoa que conduz o teste puxa uma carta do baralho, olha para ela para ver que símbolo está na carta e anota a resposta do sujeito experimental (o qual tenta acertar a figura da carta que foi puxada). O experimento continua até que todas as cartas do baralho tenham sido utilizadas. Uma terceira pessoa pode ser empregada para ver o videotape para ter certeza de que o experimento foi conduzido com pureza e que todas as cartas não foram vistas pelo sujeito experimental. Na elaboração de experimentos com as cartas de Zener, assim como outras formas de teste de PES, deve-se usar de todas as maneiras para se ter certeza de que o sujeito experimental não tenha como saber qual carta está diante do experimentador. Em alguns experimentos o experimentador e o sujeito experimental podem até mesmo estar em quartos diferentes. Quando as cartas de Zener foram usadas pela primeira vez, elas eram feitas de uma suave e fina folha de papel branco transparente. Vários sujeitos experimentais ou grupos de sujeitos experimentais conseguiram um escore muito alto nos primeiros anos, mas logo descobriram que os sujeitos comumente eram capazes de ver os símbolos através das costas das cartas. Então elas foram refeitas para que os símbolos não pudessem ser vistos sob quaisquer condições. Rhine e outros parapsicólogos continuaram conseguindo resultados positivos nos testes coma s cartas mas em menor proporção que antes. Também houve céticos alegando que ainda dava para trapacear nos testes. No final da década, fundou a Foundation for Research on the Nature of Man, na Universidade de Duke. Rhine se referia a Parapsicologia como uma ciência da natureza não física, uma disciplina envolvida com fenômenos “que falhavam em mostrar relações regulares com o tempo, espaço, massa e outros critérios fisicalistas” e pesquisas que a “mente pode escapar dos limites corporais sob certas condições...”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 21/11/2021.



    [40] James Hervey Hyslop – Nascido em 18 de agosto de 1854 e falecido em 17 de junho de 1920. Foi um pesquisador psíquico estadunidense, psicólogo e professor de ética e lógica na Universidade de Columbia, New York. Ele foi um dos primeiros psicólogos estadunidense a conectar a psicologia aos fenômenos psíquicos. Em 1906 ele ajudou a reorganizar a American for Psychical Research (ASPR) na cidade de New York e serviu como secretário-tesoureiro da organização até a sua morte. Segundo Hyslop: “Eu considero a existência de espíritos desencarnados como cientificamente comprovada e não me refiro mais ao cético como tendo o direito de falar sobre o assunto. Qualquer homem que não aceita a existência de espíritos desencarnados e a prova disso é um ignorante ou um covarde moral. Dou-lhe pouca atenção e não me proponho mais a discutir com ele, supondo que ele saiba alguma coisa sobre o assunto. James H. Hyslop, “Life After Death (1918). Originalmente um agnóstico e materialista, o interesse de Hyslop na investigação psíquica aumentou após sessões em Boston com a médium Leonora Piper, com quem se encontrou pela primeira vez em 1888. O primeiro contato experimental de Hyslop com configurações pessoais com Mrs Piper foi publicado em 1901 nos anais ingleses. A questão, como ele via esses fenômenos, se era espiritismo ou a telepatia, exclusivamente de pessoas vivas era a explicação mais racional para o fenômeno da médium Piper, porém, em particular, Hylop estudou mensagens supostamente recebidas de seus parentes falecidos, concluindo em seu longo relato que essas comunicações o forçaram a “(...) dar minha adesão à teoria de que há uma vida futura e persistência da identidade pessoal... e tolerar a teoria espírita o mais racionalmente possível e respeitável, assim como acatar a telepatia e seus adjuntos até o infinito da onisciência.” Ele acreditava que por meio da médium ele havia recebido mensagens de seu pai, sua esposa e outros membros da sua família, sobre as quais relatou no Journal of the Society for Psychical Research (Londres, 1901). Em seu livro “Science and a Future Life (1905), Hyslop escreveu sobre sua participação em sessões espíritas com a médium Leonora Piper e sugeriu que elas só poderiam ser explicadas por espíritos ou telepatia. Hyslop favoreceu a hipótese espiritualista. No entanto, Frank Podmore escreveu que as sessões espíritas de Hyslop com Piper “obviamente não exigem qualquer explicação sobrenatural” e “Não posso apontar para um único caso em que uma peça precisa e inequívoca de informação foi fornecida de um tipo que poderia não procederem a própria mente do médium, trabalhando com materiais fornecidos e as dicas deixadas pelo assistente. Começando em 1907, ele trabalhou com diferentes médiuns para investigar a possessão e a obsessão por espíritos. Hyslop fez um estudo profundo de múltiplas personalidades e de obsessão, e chegou à conclusão de que em muitos casos isso poderia ser atribuído à possessão espiritual. Hyslop investigou o alegado caso de possessão de espírito de Doris Fischer. Após investigação, ele começou a acreditar que as personalidades de Fischer eram espíritos desencarnados. Afirmou que um espírito conhecido como Conde Cagliostro era líder dos espíritos possessores e realizou um exorcismo. Hyslop desistiu do caso esperando que Fischer tivesse sido curando, no entanto, ela morreu em um hospital psiquiátrico anos depois. Em 1913, Edwin William Friend foi contratado por Hyslop como seu assistente e com ajudo de Theodate Pope tornou-se editor do Journal of American Society for Psychical Reseach. Friend recebeu artigos que deveriam ser publicados na revista, mas, em vez disso, decidiu escrever seus próprios artigos. Em resposta, Hyslop retomou a redação da revista e tanto Friend quanto Pope renunciaram da ASPR em 1915. Em 1.º de maio de 1915, tanto Friend quanto Pope embarcaram no navio de passageiros britânico RMS Lusitania com planos de formar uma nova organização psíquica com a cooperação da British Society for Psychical Research. Em 7 de maio, o navio foi torpedeado por um submarino alemão. Três dias após a perda do navio, Hyslop realizou sessão espírita com a médium Mrs. Chenoweth em uma tentativa de contatar o amigo. Em 1916, Hyslop escreveu que todo o caso da mediunidade de Pearl Lenore Curran (1883 – 1937) foi baseado em fraude. Hyslop no Journal for the American Society for Psychical Research afirmou que Curran conhecia pessoas do Ozarks (montanhas Ozark – é uma região fisiográfica nos estados americanos de Missouri Arkansas, Oklahoma e no extremo sudeste do Kansas) que falavam um dialeto que lembrava Patiente Worth e o marido de Curran havia estudado Chaucer e educado sobre o assunto (Geoffrey Chaucer, considerado o maior poeta inglês da Idade Média, foi chamado de “pai da literatura inglesa” ou “pai da poesia inglesa, ganhou também fama de filósofo e astrônomo, mantendo uma carreira no serviço público como burocrata, cortesão, diplomata e membro do parlamento). De acordo com Hyslop, o caso de Patience Worth foi “uma fraude e ilusão para qualquer pessoa que deseje tratá-lo com seriedade” Hyslop também acusou Casper Yost e o editor de seu livro Henry Holt de saber sobre a fraude, mas encobri-la para aumentar as vendas do livro. No Espelho, artigos publicados por Emily Hutchings e Yost defendendo Curran contra as alegações de fraude. Em resposta Hyslop escreveu uma carta ao Mirror afirmando que ele havia sido informado do conhecimento de Mrs. Curran sobre Chaucer por um “homem científico” que ouviu do próprio Mr. Curran. Em 1938, o jornal da ASPR publicou um artigo anônimo que refutou toda as acusações de Hyslop, de acordo com o artigo, o dialeto de Ozark não se parecia coma a linguagem de Patience Worth e o conhecimento de Chaucer não teria dado a Curran o vocabulário para compor a literatura de Patiente Worth, que foi supostamente um espírito que produziu vários romances, poesia e prosa que Pearl Curran afirmava canalizar. Psicólogos e céticos que estudaram os escritos de Curran concordavam que Patiente foi uma criação fictícia de Curran. Embora crente na mediunidade mental, Hyslop considerou os fenômenos físicos do espiritualismo “repulsivos”. Em 1906, Hyslop criticou os famoso experimentos de Johann Karl Friedrich Zöllner, com o médium Henry Slade e apontou onze possíveis fontes de erro. O pesquisador psíquico Hereward Carrington descreveu as críticas de Hyslop como “muito boas”. Em uma revisão para o Journal of American Society for Psychical Research, em 1917, Hyslop escreveu que várias ocorrências de levitação podem ter sido falsificadas por truques. Ele também revisou os experimentos do pesquisador William Jackson Crawford com o médium Kathleen Goligher e sugeriu que fenômenos físicos relatados na sala de sessão espírita podem não ser confiáveis. Fonte: Wikipédia. Acessado em 21/11/2021.



    [41] Johann Karl Friedrich Zöllner – nascido em 8 de novembro de 1834 em Berlim e falecido em 25 de abril de 1882 em Leipzig, Alemanha. Foi um astrofísico alemão que estudou ilusões de ótica. Também foi um dos primeiros investigadores psíquicos. Zöllner começou a se interessar pelo espiritualismo em 1875, quando visitou o cientista Willian Crookes na Inglaterra. Zöllner queria uma explicação científica física para os fenômenos e chegou à conclusão de que a física de um espaço quadridimensional pode explicar o espiritualismo. Zöllner tentou demonstrar que os espíritos são quadridimensionais e montou seus próprios experimentos de sessão espírita com o médium Henry Slade que envolviam escrever em ardósia, amarrar nós em cordas, recuperar moedas de caixas seladas e a interligação de dois anéis de madeira. Esses experimentos ocorreram em novembro e dezembro de 1877 na casa de Zöllner em Leipzig. Ele convidou os cientista Wilhelm Eduard Weber, Gustav Fechner, Wilhelm Scheibner e Wilhelm Wundt para algumas das sessões. Os experimentos foram registrados por Zöllner em um livro intitulado “Transcendental Physics”, em 1878. De acordo com Zöllner alguns dos experimentos foram um sucesso. No entanto, os críticos sugeriram que o médium Henry Slade usou de fraudes ao executar truques nos experimentos. Wilhelm Wundt, que participou de uma das sessões, afirmou que as condições e controles eram insatisfatórios. Ele também achou erros gramaticais do alemão nas lousas suspeitos, já que Slade falava inglês. Slade falhou no experimento referente à interligação de dois anéis de madeira. Em vez disso, descobriu-se que os dois anéis foram passados para uma perna de mesa, isso impressionou Zöllner, mas os mágicos notaram que tal feito é facilmente explicável por métodos de truque. Em 1879, Hermann Ulrici chamou a atenção dos cientistas para os experimentos de Zöllner ao descrevê-los em um jornal acadêmico, isso causou uma controvérsia acalorada. Wundt publicou uma réplica a Ulrici, denunciando os experimentos e o espiritualismo como não científicos. Enfurecido, Zöllner atacou Wundt e ameaçou com uma ação judicial. Zöllner chegou a afirmar que Wundt estava possuído por espíritos malignos. George Stuart Eullerton, secretário da Comissão Seybert (grupo de membros do corpo docente da Universidade da Pensilvânia que, em 1884 – 1887, investigou vários médiuns espíritas respeitados, descobrindo fraude ou suspeita de fraude em todos os casos que examinaram), afirmou que Zöllner tinha uma “mente doentia” na época dos experimentos. Carl Wilmann, um inventor de aparelhos mágicos, suspeitou fortemente que Slade havia trapaceado. No caso de lousas lacradas, ele sugeriu que elas poderiam ser facilmente abertas por um fio fino. O pesquisador psíquico Hereward Carrington em seu livro “The Physical Phenomena of Spiritualism” (1907) revelou métodos fraudulentos (com diagramas de truques com corda) que Slade pode ter utilizado nos experimentos. O psicólogo Ray Hyman observou: “No caso das investigações de Zöllner sobre Slade não apenas sabemos que Slade foi exposto antes e depois de suas sessões com Zöllner, mas também há muitos motivos para levantar questões sobre a adequação da investigação. Carrington (1907), Podmore (1963) e Mrs Sidgwick (1886 – 1887) estão entre vários críticos que descobriram falhas e lacunas nas sessões de Zöllner com Slade.” O Escritor de ciência Martin Gardner também expôs os truques de Slade com diagramas e comentou que “Zöllner fez um bom trabalho na análise de espectro, mas ele era extremamente ignorante sobre métodos de enganação. Como consequência, ele foi ludibriado, infelizmente por Henry Slade”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 21/11/2021. 



    [42] Lord Rayleigh – John William Strutt – Nascido em Langford Grove, Essex em 12 de novembro de 1842 e falecido em Witham, Essex em 30 de junho de 1919. Conhecido como 3.º Barão de Rayleig de Terling Place, Witham condado de Essex. Foi um matemático e físico inglês, conhecido por suas pesquisas em fenômenos ondulatórios. Juntamente com o químico inglês Sir William Ramsay recebeu o Nobel de Física, em 1904, por pesquisas sobre densidade dos gases mais importantes e pela descoberta do argônio. Fonte: Wikipédia. Acessado em 21/11/2021.



    [43] Marie Sklodowska-Curie, nascida Maria Salomea Sklodowska em Varsóvia em 7 de novembro de 1867 e falecida em Passy, França em 4 de julho de 1934. Foi uma física e química polonesa naturalizada francesa, que conduziu pesquisas pioneiras sobre radiatividade. Ela foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel, sendo também a primeira pessoa e a única mulher a ganha-lo duas vezes, além de ser a única pessoa premiada em dois campos científicos diferentes. Ela teve papel fundamental no legado da família Curie, de cinco prêmios Nobel. Ela também foi a primeira mulher a se tornar professora na Universidade de Paris e, em 1995, se tornou a primeira mulher a ser sepultada por seus próprios méritos no Panteão de Paris. Nasceu em Varsóvia, no que era então o Reino da Polônia, parte do Império Russo, ela estudou na clandestina Universidade Volante de Varsóvia e iniciou seu treinamento científico prático na mesma cidade. Em 1891, aos 24 anos, seguiu sua irmã mais velha, Bronislawa, para estudar em Paris, onde obteve seus diplomas superiores e conduziu seus trabalhos científicos subsequentes. Ela compartilhou o Prêmio Nobel de Física de 1903 com seu marido Pierre Curie, e com o físico Henri Becquerel. Ela também ganhou o Prêmio Nobel de Química de 1911. Suas realizações incluem o desenvolvimento da teoria da “radioatividade” (um termo que ela cunhou), técnicas para isolar isótopos radioativos e a descoberta de dois elementos químicos, o polônio e o rádio. Sob sua direção, foram conduzidos os primeiros estudos para o tratamento de neoplasias (tumor – massa anormal de tecido, cujo crescimento excede e é descoordenado com o do tecido normal e persiste no mesmo modo excessivo depois da cessação do estímulo que provocou a alteração, podendo ser classificadas como benignas, malignas e potencialmente malignas – tumores de borderline), usando isótopos radioativos. Ela fundou o Instituto Curie em Paris e sua contraparte em Varsóvia, que continuam sendo grandes centros de pesquisa médica. Durante a Primeira Guerra Mundial, ela desenvolveu unidades de radiografia móvel para fornecer serviços de raio-X a hospitais de campanha. Apesar de ter-se tornado uma cidadã francesa, Marie Sklodowska-Curie, que usava os dois sobrenomes, nunca perdeu o senso de identidade polonesa. Ela ensinou às filhas a língua polonesa e as levava em visitas à Polônia. Ela nomeou o primeiro elemento químico que descobriu, o polônio, em homenagem ao seu país natal. Marie Curie morreu em 1934, aos 66 anos, em um sanatório em Sancellemoz (Alta Saboia), na França, de anemia aplástica, causada por exposição à radiação durante sua pesquisa científica e seu trabalho radiológico em hospitais de campanha durante a Primeira Guerra Mundial. Fonte: Wikipédia. Acessado em 21/11/2021.



    [44] Pierre Curie – Nascido em Paris em 15 de maio de 1859 e falecido em Paris em 19 de abril de 1906. Foi um físico francês, pioneiro no estudo da cristalografia, magnetismo, piezeletricidade e radioatividade. Junto da esposa, Marie Sklodowska-Curie, recebeu o Nobel de Física de 1903, “em reconhecimento pelos extraordinários serviços que ambos prestaram através das suas pesquisas conjunta sobre os fenômenos da radiação descobertos pelo professor Henri Becquerel”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 21/11/2021.



    [45] Oliver Joseph Lodge – Nascido em Penkhull – município dentro de Stoke-upon-Trent na cidade de mesmo nome, no condado inglês de Staffordshire – em 12 de junho de 1851 e falecido em 22 de agosto de 1940. Foi um físico e escritor inglês. Foi um dos pioneiros da telegrafia sem fio e do rádio. Em suas palestras na Royal Institution (“O Trabalho de Hertz e alguns de seus sucessores”) cunhou o termo “coesor” e obteve a patente de “sintonização” do Escritório de Patentes dos EUA. Educado na Adam’s Grammar Scholl, Oliver Lodge obteve o grau de bacharel em Ciências pela Universidade de Londres em 1875. Foi designado professor de Física e Matemática do University College em Liverpool em 1881, vindo a receber o grau de Doutor em Ciências em 1887. Em 1900 mudou-se de Liverpool retornando às Midlands, tornando-se o primeiro reitor da nova Universidade de Birmingham, lá permanecendo até à sua aposentadoria em 1919, supervisionando o início da mudança da Edmund Street no centro da cidade para o atual campus em Edgbaston Oliver Lodge recebeu a Medalha Rumford da Royal Society em 1898 e foi nomeado cavaleiro pelo Rei Eduardo VII em 1902. Como cientista foi também um grande defensor da existência da vida após a morte e é lembrado pelos seus estudos sobre o tema, iniciou-os estudando fenômenos físicos (principalmente telepatia) no final da década de 1880. Entre 1901 e 1903, serviu como presidente da Society for Psychical Research importante organização de pesquisa parapsicológica. Após a morte de seu filho, Raymond, em 1915, na Primeira Guerra Mundial, Oliver Lodge visitou vários médiuns e escreveu sobre a experiência em diversos livros, incluindo “Raymond, or Life and Death” (1916), que se tornou um best-seller à época. Ao todo, escreveu mais de quarenta livros sobre a vida após a morte, o éter, relatividade e a teoria eletromagnética. Fonte: Wikipédia. Acessado em 21/11/2021. 



    [46] Pierre-Marie-Félix Janet – Nascido em Paris em 30 de maio de 1859 e falecido em Paris, 24 de fevereiro de 1947. Foi um psicólogo, psiquiatra e neurologista francês que fez importantes contribuições para o estudo moderno das desordens mentais e emocionais envolvendo ansiedade, fobias e outros comportamentos anormais. Está classificado ao lado de William James e Wilhelm Wundt como um dos fundadores da psicologia. Fonte: Wikipédia. Acessado em 22/11/2021.



    [47] Théodore Flournoy – Nascido em Genebra, Suíça em 15 de agosto de 1854 e falecido em Genebra em 5 de novembro de 1920. Foi um médico e professor de Filosofia e Psicologia na Universidade de Genebra, fundador do primeiro laboratório de psicologia de Genebra. Flournoy estudou medicina em Leipzig, e foi desde 1891 até falecer professor de psicologia na Universidade de Genebra, cadeira em que foi sucedido pelo seu primo Édouard Clararède. Ficou conhecido pelos seus estudos sobre a médium Hélène Smith, pseudônimo de Catherine Müller, que supostamente lhe forneceria informações sobre vidas passadas através de um estado de transe. Flournoy descreveu as informações obtidas pela médium como romances da imaginação subliminal e produto da mente inconsciente. Flournoy foi contemporâneo de Freud e o seu trabalho influenciou o estudo de Carl Gustav Jung (ver nota 32) sobre outra médium – a sua prima Hélène Preiswerk – que deu origem à dissertação doutoral de Jung em 1902. Flournoy foi um dos poucos acadêmicos do seu tempo que aceitaram a proposta de William James da não dualidade da consciência (a que ele deu designação de “sciousness”), conforme expresso no seu ensaio “Radical Empiricism”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 22/11/2021.



    [48] William Crookes – Nascido em Londres em 17 de junho de 1832 e falecido em Londres em 4 de abril de 1919. Foi um químico e físico britânico. Frequentou o Royal College of Chemistry em Londres, trabalhando em espectroscopia. Em 1861 descobriu um elemento que tinha uma linha de emissão verde brilhante no seu espectro, ao qual deu o nome de tálio, do grego thalos, um broto verde, que é o elemento químico de número atômico 81. Também identificou a primeira amostra conhecida de hélio, em 1985. Foi o inventor do radiômetro de Crookes, vendido ainda como uma novidade, e desenvolveu os tubos de Crookes, investigando os raios catódicos. Em suas investigações sobre a condutividade da eletricidade em gases sob baixa pressão, descobriu que, à medida que se diminuía a pressão, o elétrodo negativo parece emitir raios (os chamados raios catódicos, que hoje se sabe tratarem-se de um feixe de elétrons livres, utilizado nos dispositivos de vídeo padrão CRT). Como esses exemplos mostram que Crookes foi um pioneiro na construção e no uso de tubos de vácuo para estudar fenômenos físicos. Foi, por conseguinte, um dos primeiros cientistas a investir o que hoje é chamado de plasmas. Também criou um dos primeiros instrumentos para estudar a radioatividade nuclear, o assim chamado espintariscópio. Crookes tornou-se interessado no espiritualismo no final dos anos 1860. Ele foi influenciado, possivelmente, pela morte prematura de seu irmão mais novo Philip, em 1867 aos 21 anos de febre amarela contraída durante uma expedição para implantar uma linha telegráfica de Cuba para a Flórida. Em 1867, influenciado por um clarividente Cromwell Fleetwood Varley, participou de uma sessão espírita para tentar entrar em contato com o irmão. As afirmações de Crookes alegando a existência de uma força consciente que se manifesta através de fenômenos paranormais levaram a diversos questionamentos quanto à imparcialidade do pesquisador e seus métodos. Os psicólogos Leonard Zusne e Warren H. Jones descrevem Crookes como ingênuo, apesar de seu conhecimento científico na área da física, por ter endossado médiuns fraudulentos. O antropólogo Edward Clodd ressalta que Crookes possuía uma visão muito fraca, o que poderia explicar sua crença nos fenômenos que afirmou presenciar. Ele cita William Ramsay que afirma que Crookes possuía “uma visão tão limitada que não pode ser confiável no que afirma ter visto”. O biógrafo William Brock escreve que Crookes era “evidentemente míope, mas não usou óculos até os anos de 1890. Até então ele deve ter usado um monóculo ou uma lente de aumento portátil quando necessário. Que limitações isso impôs em suas pesquisas sobre os fenômenos psíquicos pode apenas ser conjecturado”. Em uma série de experimentos em Londres na casa de Crookes em fevereiro de 1875, a médium Anna Eva Fay conseguiu convencer Crookes de que possuía poderes psíquicos genuínos. Fay posteriormente confessou sua fraude e revelou os truques que havia utilizado. Em relação a Crookes e seus experimentos com médiuns, o mágico Harry Houdini sugeriu que Crookes havia sido enganado. O médico Victor Stenger registrou que os experimentos eram insuficientemente controlados e “sua vontade de acreditar o tornou cego para os artifícios dos psíquicos que pesquisava”. Em 1906, William Hope enganou Crookes com uma fotografia falsa do espírito de sua mulher. Oliver Lodge revela que havia sinais óbvios de exposição dupla, a fotografia da Senhora Crookes havia sido copiada de uma fotografia de aniversário de casamento, no entanto, Crookes era um espiritualista convicto e afirmou que se tratava de uma evidência fotográfica genuína de um espírito. O médico Gordon Stein suspeito que Crookes estava muito envergonhado para admitir que havia sido enganado pela médium Florence Cook ou que conspirava com ela em troca de favores sexuais. Ele também sugeriu que Crookes havia conspirado com Anna Eva Fay. Ele ressalta que ao contrário da crença popular, o médium Daniel Douglas Homes, também pesquisado por Crookes, havia sido revelado como fraude em diversas ocasiões. Stein concluiu que todos os feitos de Home eram truques de ilusionismo. Em uma crítica literária, o biógrafo William Brock escreveu que Stein construiu seu “caso contra Crookes e Home de forma lógica.” Fonte: Wikipédia. Acessado em 22/11/2021.



    [49] William James – Nascido em Nova Iorque em 11 de janeiro de 1842 e falecido em Tamworth, Condado de Staffordshire, Inglaterra. Foi um filósofo e psicólogo estadunidense e o primeiro intelectual a oferecer um curso de psicologia nos Estados Unidos. James foi um dos principais pensadores do final do século XIX e é considerado por muitos como um dos filósofos mais influentes da história dos Estados Unidos enquanto outros o rotulam de “pais da psicologia americana”. Juntamente com Charles Sanders Peirce e John Dewey, James e considerado uma das principais figuras associadas à escola filosófica conhecida como pragmatismo, e também é citado como um dos fundadores da psicologia funcional. “Uma Análise da Psicologia Geral”, publicada em 2002, classificou James como o 14.º mais eminente psicólogo do século XX. Uma pesquisa publicada no American Psychologist em 1991 classificou a reputação de James em segundo lugar, atrás apenas de Wilhelm Wundt, que é amplamente considerado o fundador da psicologia experimental. James também desenvolveu a perspectiva filosófica conhecida como empirismo radical. O trabalho de James influenciou muito intelectuais como Bertrand Russel, Ludwig Wittgenstein, Hilary Putnam e Richard Rorty, e até presidentes, como Jimmy Carter. James nasceu numa família rica, seu pai era um teólogo swedenborgiano chamado Henry James Jr., e seu irmão foi o famoso romancista Henry James. William James estudou medicina, mas nunca exerceu a profissão. Em vez disso, descobriu que seus verdadeiros interesses estavam na filosofia e na psicologia. James escreveu amplamente sobre muitos tópicos, incluindo epistemologia, educação, metafísica, psicologia, religião e misticismo. Entre seus livros mais influentes estão: “Os Princípios da Psicologia”, que foi um texto inovador no campo da psicologia; “Essays in Radical Empiricism”, um importante texto de filosofia; e “As Variedade da Experiência Religiosa”, onde James investiga diferentes formas de experiência religiosa, incluindo teorias sobre a cura de patologias mentais. Em 1882 ele começou a ser um notório pesquisador científico da paranormalidade, se associando a recém fundada Society for Psychical Research da Inglaterra, organização que o influenciou a fundo em 1885 a American Society for Psychical Research. Durante duas décadas estudou a médium Leonora Piper, junto a cientistas das duas organizações. Em 1896, um discurso no qual ele descreveu Piper como uma paranormal autêntica chegou a ser publicado pela revista Science. Fonte: Wikipédia. Acessado em 22/11/2021.


     

    [50] William McDougall – Nascido em 22 de junho de 1871 e falecido em 28 de novembro de 1938. Foi no início do século XX o psicólogo que passou a primeira parte de sua carreira no Reino Unido e na última parte nos Estados Unidos. Escreveu vários livros didáticos influentes e foi importante no desenvolvimento da teoria do instinto e da psicologia social no mundo de língua inglesa. McDougall foi um oponente do behaviorismo e está um pouco fora da corrente principal do desenvolvimento do pensamento psicológico anglo-americano na primeira metade do século XX; mas seu trabalho era conhecido e respeitado entre os leigos. Ele foi um forte defensor do método científico e da profissionalização acadêmica na pesquisa psíquica. Foi fundamental para estabelecer a parapsicologia como uma disciplina universitária os EUA no início dos anos 1930. A historiografia tradicional da pesquisa psíquica, dominada pelos “vencedores” da corrida pela “ciência da alma”, revela incomensurabilidades epistemológicas fascinantes e um conjunto complexo de interações entre pressupostos científicos e metafísicos na construção e manutenção do status científico da psicologia. Assim, as histórias revisadas da pesquisa psíquica e sua relação com a psicologia com um impulso crítico não limitado ao que foi visto com suspeita de qualquer maneira, oferecem um desafio e uma promessa aos historiadores. Em 1920, McDougall serviu como presidente da Society for Psychical Research e no ano subsequentes de sua contraparte nos Estados Unidos, a American Psychical Research. McDougall trabalhou para alistar uma série de questões e causas científicas, religiosas, éticas, políticas e filosóficas em uma ampla “rede de atores” que finalmente impulsionou a institucionalização e profissionalização da parapsicologia. Ele também foi membro do comitê da Scientific American que investigou a médio Mina Crandon. Ele compareceu a sessões espíritas com a médium e estava cético sobre sua “mão ectoplasmática”. Ele suspeitou que fosse parte de um animal artificialmente manipulado para se parecer como uma mão. A suspeita de McDougall foi confirmada por especialistas independentes que examinaram fotos da mão. MacDougall era crítico do espiritualismo, ele acreditava que alguns de seus proponentes como Arthur Conan Doyle, interpretavam mal a pesquisa psíquica e “se dedicavam à propaganda”. Em 1926, McDougall concluiu “Participei de um número considerável de investigações de supostos fenômenos supernormais; mas até agora não consegui encontrar evidências convincentes em nenhum caso, mas encontrei muitas evidências de fraude e trapaça.” McDougall, no entanto, continuou a encorajar a pesquisa científica sobre fenômenos psíquicos e em 1937 foi coeditor fundador (com Joseph Banks Rhine – ver nota 34) do Journal of Parapsychology, que continua a ser publicado. Por ter sido o primeiro a formular uma teoria do comportamento instintivo humano, ele influenciou o desenvolvimento do novo campo da psicologia social. Fonte: Wikipédia. Acessado em 22/11/2021. 



    [51] A Associação Médico-Espírita Internacional (AME-Internacional) foi fundada durante o II Congresso Nacional da AME-Brasil (MEDNESP99) e o I Encontro Internacional de Médicos Espíritas, ocorreu entre 3 de junho e 5 de junho de 1999 a partir de representantes de seis países presentes: Argentina, Brasil, Colômbia, Guatemala, Panamá e Portugal. Sua presidente nos anos iniciais foi a Dr.ª Marlene Rossi Severino Nobre. Atualmente, a presidente é a Dr.ª Sonia Doi dos EUA. Fonte: Wikipédia. Acessado em 22/11/2021. 

    [52] Léon Denis – Nascido em Foug, França em 1.º de janeiro de 1846 e falecido em Tours, em 12 de Abril de 1927. Foi um pensador, médium e um dos principais continuadores do espiritismo após a morte de Allan Kardec, ao lado de Gabriel Delanne (ver nota 22) e Camille Flammarion (ver nota 21). Fez conferências por toda a Europa em congressos internacionais espíritas e espiritualistas, defendendo ativamente a ideia da sobrevivência da alma e suas consequências no campo da ética, nas relações humanas. É conhecido como sendo o “consolidador do espiritismo” em toda a Europa, bem como “apóstolo do espiritismo”, dadas as suas qualidades intrínsecas de estudioso do espiritismo. Autodidata, tendo mostrado inclinações literárias e filosóficas, aos 18 anos travou contato com “O Livro dos Espíritos” e tornou-se adepto da Doutrina Espírita. Desempenhou importante papel na divulgação, enfrentando críticas do positivismo materialista, do ateísmo e a reação do catolicismo. Foi membro atuante da maçonaria. Em 1900 participou do II Congresso Espírita Internacional. Participou ainda do Congresso Espírita de Liège (1905) e Bruxelas (1910), ambos na Bélgica. A partir de 1910 a sua visão começou a diminuir, mas isso não impediu que prosseguisse no trabalho de defesa da existência e sobrevivência da alma. Logo depois da Primeira Guerra Mundial, aprendeu a linguagem Braille. Em 1925, foi aclamado presidente do Congresso Espírita Internacional (Paris, França), no qual foi formada a Federação Espírita Internacional. Neste congresso quiseram tirar o aspecto religioso do espiritismo mas Denis se opôs a isso com tenacidade, apesar da acentuada velhice. Denis trabalhava em seu novo livro “O Gênio Celta e o Mundo Invisível” quando acometido de pneumonia, e com a ajuda de duas secretárias, conseguiu concluir a obra. Morreu às 21 horas de 12 de abril de 1927, uma terça feira, em sua casa. A sua grande produção na literatura espírita, bem como o seu caráter afável e abnegado, valeram-lhe a alcunha de “Apóstolo do Espiritismo”. Ao longo de sua vida manteve estreita ligação com a Federação Espírita Brasileira, tendo sido aprovada por unanimidade a sua indicação para sócio distinto e presidente honorário da instituição (1901). Léon Denis afirmou que “a verdade assemelha-se às gotas de chuva que tremem na extremidade de um ramo; enquanto ali estão suspensas, brilham como diamantes puros no esplendo do dia: quando tocam o chão, misturam-se com todas as impurezas. Tudo o que nos chega do Alto corrompe-se ao contato com a terra; até o íntimo santuário o homem levou suas paixões; as suas concupiscências, as suas misérias morais. Assim em cada religião o erro, fruto da terra, mistura-se à verdade que é o bem dos céus”. Citação de Léon Denis: “Recorda-te de que a vida é curta; esforça-te, pois, por conquistar, enquanto o podes, aquilo que vieste realizar – o verdadeiro aperfeiçoamento. Possa teu espírito partir desta Terra mais puro do que quando nela entrou! Pensa que a Terra é um campo de batalha, onde a matéria e os sentidos assediam continuamente a alma; corrige teus defeitos, modifica teu caráter, reforça a tua vontade; eleva-te pelo pensamento, acima das vulgaridades da Terra e contempla o espetáculo luminoso do céu.” Léon Denis, livro “Depois da Morte”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 22/11/2021.



    [53] Casimir Lieutaud – Na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil e sede da corte, as primeiras sessões espíritas foram realizadas por franceses, muitos deles exilados políticos do regime de Napoleão III (1852 – 1870), na década de 1860. Alguns desses pioneiros foram o jornalista Adolphe Hubert, editor do periódico “Courrier do Brésil”, o professor Casimir Lieutaud, e a médium psicógrafa, Madame Perret Collard. Em 1860, o professor Casimir Lieutaud, fundador e diretor do Colégio Francês no Rio de Janeiro, publicou a tradução, em língua portuguesa, das obras “Os Tempos são Chegados” (“Les Temps Sont Arrivés”) e “O Espiritismo na sua mais Simples Expressão” (“Le Spiritisme à sa plus Simple Expression”). Fonte: Wikipédia. Acessado em 26/11/2021.



    [54] Refúgio Indalécio Gonzáles – General – Nasceu em Encarnación de Díaz, Jalisco, México em 9 de janeiro de 1814, filho de Santiago González Hermosillo e Carmen González Hermosillo e Muñoz de Nava, lutou como insurgente na batalha de Puente de Calderón, porém, ao obter o perdão, ele fazia parte do exército monarquista e lutou contra os insurgentes. Foi o iniciador do movimento espírita no México, fanático pelo espiritismo até o dia da sua morte e também foi um liberal intransigente. Antes da fundação da Sociedade Espírita Central da República Mexicana, fundo em 1868, em Guadalajara, o primeiro jornal espiritualista, que nomeou “A Ilustração Espírita”, mudando sua residência para a Cidade do México. Em agosto de 1872, os espíritas mexicanos abandonaram suas Guildas, que não funcionavam abertamente, fundando a Sociedade Espírita Central da República Mexicana, na qual deram a ela um certo arcabouço institucional. Refúgio Indalécio González, foi o editor da revista “Ilustração Espírita, que iniciou sua circulação em 1872, neste mesmo ano, concluiu a tradução para o espanhol de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” de Allan Kardec. Afirmou que os liberais e espiritualistas tinham um inimigo em comum, a ortodoxia religiosa do catolicismo conservador, e reafirmava que tantos os espíritas quanto os liberais buscavam a liberdade e o progresso das pessoas. Em 1875, termina a tradução do “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec e vários anos depois “O Livro dos Médiuns”, “Céu e Inferno” e “O Gênesis”, do codificador. Ele morreu na Cidade do México em 16 de agosto de 1894. Blog Encarnaciodediaz.mx; http://encarnaciondediaz.mx/personajes/siglo-xix/gonzalez-gonzalez-refugio-indalecio/. Acessado em 26 de nov. de 2021.



    [55]Teresa Urrea (frequentemente referida como Teresita), também conhecida como Santa Teresa de Urrea (a “Santa de Cabora”) pertencente aos mayos (Nascida em 15 de outubro de 1873 e falecida em 11 de janeiro de 1906). Foi uma mística mexicana, curandeira e insurgente revolucionária. Fonte: Wikipédia. Acessado em 24/11/2021.



    [56] Laureana Wright de Kleinhans (1846 – 1896) – também conhecida como Laurena. Foi uma escritora mexicana e pioneira feminista. Seus escritos sobre o papel das mulheres foram revolucionários para seu temp. Sua revista, “Violetas del Anáhuac”, em 1887, mudou o paradigma ao promover como ideologia central da revista o ideal feminino de uma esposa e mãe culta e educada. A publicação promoveu a educação feminina e insistiu que a igualdade intelectual entre homens e mulheres era o meio de emancipação. Ela foi uma das primeiras teóricas feministas do México, pedindo às mulheres que questionassem seu papel na sociedade e as condições em que viviam. Ela cobriu temas como educação, sufrágio feminino e igualdade legal entre homens e mulheres. Ela escreveu poesia patriótica e atuou como presidente da Sociedade Espírita Central do México, à qual ingressou porque um de seus princípios sustentava que homens e mulheres tinham inteligência igual. Laureana não acreditou totalmente no espiritismo quando o conheceu pela primeira vez e até o denunciou no “Violetas del Anáhuac”, mas se tornou seguidora de Allan Kardec por acreditar que homens e mulheres tinham igual inteligência. Acabou sendo umas seguidora fervorosa do espiritismo kardeciano e tornou-se vice-presidente da Sociedade Espírita do México, e posteriormente presidente. Também explorou a maçonaria, que no século XIX estava sendo anunciada como um meio de remover as influências da Igreja Católica. Ela finalmente rejeitou a organização porque eles se recusaram a reconhecer a igualdade de homens e mulheres e, de fato, tinham um juramento de iniciação que declarava “nunca admitir em suas fileiras um cego, um louco ou uma mulher. Laureana Wright de Kleinhans morreu em 22 de setembro de 1896 na Cidade do México. Sua obra “Mujeres Notables Mexicanas” (1910) foi lançado postumamente. É um trabalho importante, pois é uma coleção das biografias que Laureana havia reunido de distintas mulheres mexicanas. Contém 116 biografias, começando com assuntos pré-conquista e se estendendo até a segunda metade do século XIX. Foi um dos poucos livros que incluiu as mulheres como parte da história do México antes do século XX. Fonte: Wikipédia. Acessado em 24/11/2021.



    [57] Francisco Ignacio Madero González – Nascido em Parras de la Fuente em 30 de outubro de 1873 e falecido na Cidade do México em 22 de fevereiro de 1913). Foi um revolucionário, escritor e estadista mexicano que serviu como 37.º presidente do México (33.º eleito) de 1911 até pouco antes do seu assassinato em 1913. Um rico proprietário de terras, ele tornou-se, no entanto, um defensor da justiça social e da democracia. Madero foi notável por desafiar o presidente de longa data Porfírio Diaz para a presidência em 1910 e por ter sido fundamental em desencadear a Revolução Mexicana. Nascido em uma família extremamente rica no estado de Coahuila, no norte, Madero era um político incomum, que até ele se candidatar à presidência nas eleições de 1910, nunca ocupou um cargo. Inspirado por cartas que ele considerava ter recebido de espíritos através de sua mediunidade, Madero, para preocupação da sua família, decidiu mobilizar uma revolução política contra o Porfiriato, escrevendo seu livro de 1908 intitulado “A Sucessão Presidencial de 1910” em que pediu aos eleitores que impedissem a sexta reeleição de Porfírio Díaz, o que Madero considerava antidemocrático. Sua visão lançaria as bases para um México democrático do século XX, mas sem polarizar as classes sociais. Para esse feito, ele bancou o Partido Nacional Antirreeleicionista de oposição e instou os eleitores a expulsarem Díaz nas eleições de 1910. A candidatura de Madero contra Díaz conquistou amplo apoio no México. Ele possuía meios financeiros independentes, determinação ideológica e a coragem de se opor a Díaz quando era perigoso fazê-lo. Díaz prendeu Madero antes das Eleições, que foram então vistas como fraudulentas. Madero escapou da prisão e emitiu o Plano de San Luís do Potosí nos Estados Unidos. Pela primeira vez, ele pediu uma revolta armada contra Díaz, eleito ilegalmente, e delineou um programa de reforma. A fase armada da Revolução Mexicana data do seu plano. Revoltas em Morelos sob o comando de Emiliano Zapata e no norte por Pascual Orozco, Pancho Villa e outros e a incapacidade do Exército Federal de suprimi-los forçaram a renúncia de Díaz em 25 de maio de 1911, após a assinatura do Tratado da Ciudad Juárez; Madero era muito popular entre muitos setores, mas não assumiu a presidência. Um presidente interino foi instalado e as eleições foram agendadas pra o outono de 1911. Madero foi eleito presidente em 15 de outubro de 1911 por quase 90% dos votos. Juramentado no cargo em 6 de novembro de 1911, tornou-se um dos mais jovens presidentes eleitos do México, com apenas 38 anos. O governo de Madero logo encontrou oposição tanto de revolucionários mais radicais quanto de conservadores. Ele não avançou rapidamente na reforma agrária, o que era uma demanda importante de muitos de seus apoiadores. Os ex-apoiadores como Emiliano Zapata se declararam em rebelião contra Madero no Plano de Ayala, como Pascual Orozco fez em seu Plano Orozquista. Estes foram desafios significativos para a presidência de Madero. O operariado também ficou desiludido com suas políticas moderadas. Os empresários estrangeiros estavam preocupados com o fato de Madero não ter conseguido manter a estabilidade política que deixaria seus investimentos seguros. A Igreja Católica atacava sua fé no espiritismo, embora Madero a escondesse do público, a imprensa o ridicularizava e o embaixador estadunidense no México considerava-o lunático. Governos estrangeiros preocuparam-se que um México desestabilizado ameaçaria a ordem internacional e os movimentos de sucessão governamental foram observados com diversos interesses a favor e contra, com intervenções por embaixadores de diversos países, inclusive agentes secretos alemães. Em fevereiro de 1913, ocorreu um golpe de estado na capital mexicana, liderado pelo general Victoriano Huerta, secretário de Guerra e Marinha e comandante militar na cidade, apoiado pelo embaixador dos Estados Unidos no México. Madero foi preso e pouco tempo depois assassinado junto com seu vice-presidente José Maria Pino Suárez em 22 de fevereiro de 1913, após a série de eventos conhecidos como Decena Trágica. Na morte, Madero se tornou uma força unificadora de elementos díspares no México, em oposição ao regime de Huerta. No norte, o governador de Coahuila, Venustiano Carranza liderou o que se tornou o Exército Constitucionalista contra Huerta, enquanto Zapata continuou em sua rebelião sob o Plano de Ayala. Uma vez que Huerta foi demitido em julho de 1914, a coalizão de oposição mantida unida pela memória de Madero se dissolveu e o México entrou em uma nova etapa de guerra civil. Quando jovem o pai de Madero assinava a revista Revue Spirite que despertou seu interesse pelo espiritismo. Durante seu período em Paris, Madero fez uma peregrinação ao túmulo de Allan Kardec, o fundador do espiritismo, e tornou-se um defensor apaixonado da crença, logo passando a acreditar que ele próprio era um médium. Ele afirmava: “Não li os livros (de Kardec) – Eu os devorei, pois suas doutrinas eram tão racionais, tão bonitas, tão novas que me seduziram e desde que me considero espírita”. Em seguida a seu curso na escola de administração, Madero viajou para a Universidade da Califórnia, Berkeley, para estudar técnicas agrícolas e melhorar seu inglês. Durante seu tempo lá, ele também foi influenciado pelas ideias teosofistas de Annie Besant que eram proeminentes na Universidade de Stanford próxima de onde estudava. Ideologicamente desde jovem foi inspirado por sua crença e vocação espiritual, que refletiu em sua atividade política. Desde 1900, havia organizado o Centro de Estudos Psicológicos de San Pedro em Coahuila, onde realizou com amigos sessões de comunicação espírita em 1901, além de experimentos elétricos e fotográficos. Foi delegado do Primeiro e do Segundo Congresso Espírita, de 1906 e 1908, na cidade do México. Ele chegou a trocar correspondência com Léon Denis, notificando-lhe que, junto de seu pai, financiou a tradução ao espanhol de seu livro “Depois da Morte” por Ignacio Mariscal, sob a assinatura “Elisa”, publicando 2 mil exemplares. Chegou a escrever em meio à sua atuação política o “Manual Espírita” publicado em 1911 com o pseudônimo Bhima, custeando a distribuição e visando a emancipar moralmente e religiosamente a população. Além de sua personalidade ter atraído apoiadores espíritas, o ocultista Arnold Krumm-Heller tornou-se seu amigo e médico pessoal, fornecendo-lhe livros esotéricos e interferindo em eventos da Revolução Mexicana sua atuação de espionagem, junto de Frank A. Sommerfeld, que também era espião do serviço secreto alemão e apoiava Madero. De 1911 até seu assassinato em 1913, Madero publicou diversos comentários sobre o Bhagavad Gita na revista espírita Helios. As decisões e ações mais importantes da curta vida de Madero, primeiro como fazendeiro, logo como candidato e mais tarde como presidente da República, estiveram precedidas sempre por alguma comunicação espírita. A historiadora Yolia Tortorelo afirma no livro “El Espiritismo Seduce a Madero”: “Francisco Ignácio Madero fortaleceu sua liderança política com argumentos espíritas. Conscientemente disse ser capaz de ajudar outros espíritos menos adiantados a se purificarem e se aperfeiçoarem, mas para consegui-lo, juntos teriam que lutar por uma mudança democrática que seria benéfica para a pátria. Esta demanda de ordem moral, em parte permitiu-lhe ganhar o apoio de cidadãos que aderiram à sua luta política. Por outro lado, ao sentir-se depositário de certa superioridade espiritual, Madero assumiu um profundo sentido de responsabilidade ética que levou a justificar por que ele tomaria as rédeas de um movimento Antirreeleicionista e revolucionário no país, mas também o fez sentir-se capaz de canalizar os defeitos, as paixões, os vícios, a ignorância do povo, das massas, do operário, dos pobres”. Segundo Alejandro Rosas Roble: “O espiritismo de Francisco Ignácio Madeiro não deve – nem deveria – ser visto como uma charlatanice ou uma excentricidade. Foi uma crença que marcou o rumo de todos os atos de sua vida pública e privada. Sua fé na democracia, a defesa da liberdade e seu respeito pela dignidade humana abrevavam igualmente das águas de seu espiritismo”. O pai de Madero a princípio foi relutante em aprovar as atividades políticas de seu filho, endividado em seus próprios negócios e devido às relações que o patriarca conservador da família, Don Evaristo, tinha com o sistema de benefícios do governo de Porfírio Díaz. Somente concedeu-lhe apoio após o pedido de seu filho em carta. A seguir um diálogo missivo entre pai e filho: “Embora você possa ser um espírita convencido, nunca o estudou mais profundamente para descobrir as leis misteriosas que ela nos revela, ou que podemos descobrir através dela. Então é bom que você saiba que entre os espíritos que povoam o espaço existe um grupo que se preocupa intensamente com a evolução da humanidade, por seu progresso, e toda vez que um evento importante em qualquer parte da palavra, um grande número deles encarna para trazer a humanidade adiante, para salvar isso ou as pessoas do jugo da tirania, do fanatismo, e lhes dar liberdade, que é o meio mais poderoso pelo qual as pessoas podem progredir. Agora o México está ameaçado por um grande perigo, pois se deixarmos as coisas como estão, o poder absoluto se perpetuará em nosso país; a corrupção se tornará ainda maior e, em vez de nosso país ser capaz de cumprir os desígnios da providência, servindo de mãe a gerações de homens virtuosos, terá de sucumbir, vítima da fraqueza e corrupção de seus filhos. Essa é a ideia que meu livro demonstra com argumentos irrefutáveis (...) Querido papacito: faça-me o favor de dirigir-se a Deus que está no céu e evoque a ajuda de sua mãe Rafaelita, para que você possa receber iluminação, para compreender a coisa terrível que fará para não me permitir a liberdade de cumprir minha missão que a providência tem me dado... Considere sua decisão com muito cuidado: não importa o que aconteça, eu me lançarei na luta, pois compromissos anteriores a tornam inevitável”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 24/11/2021.



    [58] Wera Ivanovna Kryzhanovskaia – cujo nome de casada era Wera Ivanovna Semenöva – Nascida em Varsóvia, Polônia em 14 de julho de 1861 e falecida em Tallinn, Estônia em 29 de dezembro de 1924. Foi uma médium psicógrafa russa. Entre 1885 e 1917 psicografou uma centena de romances e contos assinados pelo espírito Rochester, que alguns atribuem ser John Wilmot, 2.º Conde de Rochester. Entre os mais conhecidos em língua portuguesa estão “O Faraó Mernephtah” e “O Chanceler de Ferro”. Além dos romances históricos, em paralelo a médium psicografou obras com temas “ocultistas-cosmológicos” (segundo ela própria). E. Kharitonov em seu ensaio de pesquisa, considerou-a a primeira mulher representante da literatura de ficção científica. Em meio à moda do ocultismo e esoterismo, com as descobertas científicas recentes e as experiências psíquicas de círculos espiritualistas europeus, ela atraiu leitores da alta sociedade da “Era da Prata” russa e a classe média em jornais e na divulgação impressa. Embora tenha iniciado seguindo a linha espiritualista, organizando séances (sessões espíritas) em São Petersburgo, posteriormente ela gravitou pelas doutrinas teosóficas. Sua associação com ideias e círculos tzaristas de direita russa levou-a a permear representações antissemitas em meio a sua obra. Wera descendia de uma antiga família da nobreza da província de Tambov. Nasceu em Varsóvia, na Polônia, onde seu pai o general-major Ivan Antonovich Krizhanovsky – comandava uma brigada de artilharia. A sua mãe vinha de uma família de farmacêuticos. Desde cedo, a jovem recebeu uma boa educação e se interessava por História Antiga e ocultismo. O seu pai faleceu quando Wera tinha apenas dez anos de idade, o que deixou a família em situação difícil. Em 1872 Wera ingressou numa associação beneficente de educação para raparigas nobres de São Petersburgo como bolsista, a Escola Santa Catarina. Entretanto, a saúde frágil da jovem e as dificuldades financeiras impediram-na de concluir o curso. Em 1877 foi dispensada e concluiu a sua educação em casa. Nesse período, o espírito do poeta inglês John Wilmot Rochester (1647 – 1680), aproveitando dos dons mediúnicos da jovem, materializou-se e propôs que ela se dedicasse de corpo e alma a serviço do bem e que escrevesse sob a sua direção. Após esse contato com aquele que se tornou o seu guia espiritual, Wera se curou de tuberculose crônica, uma doença séria à época, sem interferência médica. Aos 18 anos iniciou o trabalho de psicografia. Em 1880, numa viagem à França, participou com sucesso de uma sessão mediúnica. Na ocasião, os seus contemporâneos se surpreenderam com sua produtividade, apesar da saúde débil. Em suas sessões espíritas reuniam-se médiuns famosos europeus à época e ainda o príncipe Nicolau, futuro Nicolau II da Rússia. Numa dessas sessões teria sido predito ao príncipe o acidente de Khodynka (foi um pisoteamento em massa que aconteceu em 18 de maio de 1896 no campo de Khodinka, em Moscou durante as festividades que seguiram à coroação de Nicolau II. A tragédia em si ocorreu 4 dias após a coroação. Canecas e biscoitos foram entregues à multidão como souvenires, mas quando começara rumores de que não haveria o suficiente para todos os presentes, houve uma debandada e ao fim do dia, aproximadamente 1400 pessoas morreram pisoteadas. Naquela noite Nicolau foi a um baile na embaixada francesa. Durante a coroação, as usuais festividades, banquetes e bailes prosseguiram, e a tragédia foi abafada. Anos mais tarde, Nicolau II veria esse incidente como um mau presságio). Em 1886, em Paris, veio a público a sua primeira obra, o romance histórico “Episódio da Vida de Tibério”, psicografado em francês, (assim como as suas primeiras obras) em que a tendência dos temas místicos já podia ser notada. Acredita-se que a médium tenha sido influenciada pela Doutrina Espírita de Allan Kardec, pela Teosofia de Helena Blavastsky e pelo Ocultismo de Papus (pseudônimo de Gérard Anaclet Vicent Encausse – nascido em Corunha, Espanha em 13 de julho de 1865 e falecido em Paris, França em 25 de outubro de 1916 – foi um médico, escritor, ocultista, rosacrucianista, cabalista, maçom e fundador do martinismo moderno, uma corrente maçônica de misticismo judaico-cristão, baseada nos ensinamentos de Louis-Claude de Saint-Martin – 1743 – 1803 que debatia sobre a queda do homem). Nesse período de residência provisória em Paris, Wera psicografou uma série de romances históricos como “O Faraó Mernephtah”, “Abadia dos Beneditinos”, “Romance de uma Rainha”, “O Chanceler de Ferro do Antigo Egito”, “Herculanum”, “O Sinal da Vitória”, “Noite de São Bartolomeu”, entre outros, que chamavam a atenção do público não somente pelos assuntos cativantes, mas pelas tramas emocionantes. Pelo romance “O Chanceler de Ferro do Antigo Egito” a Academia de Ciências da França concedeu-lhe o título de “Oficial da Academia Francesa” e, em 1907, a Academia de Ciências da Rússia concedeu-lhe a “Menção Honrosa pelo romance ‘Os Luminares Tchecos’”. O seu esposo, S.V. Semenov, ocupava um cargo na chancelaria de Sua Majestade e, em 1904, foi nomeado “Kamerguer”, uma espécie de secretário do czar Nicolau II. Semenov era um espírita famoso e presidia o “Círculo de Pesquisas Psíquicas” de São Petersburgo. Após seu retorno à Rússia, em 1890, deu-se início à tradução das suas obras para o russo, assim como foram psicografados novas obras. Com a vitória da Revolução Russa (1917), Semenov foi detido e morto na prisão Kresty e Wera teve que se exilar coma filha – Tamara – na Estônia, onde conheceu privações. Por mais de dois anos, teve de trabalhar na usina madeireira Fores, onde o trabalho físico acima de suas forças afetou sua saúde. Veio a falecer de tuberculose, em 1924, na miséria. Fonte: Wikipédia. Acessado em 24/11/2021

     


    [59] Clery Cunha – Nascido em Leopoldo de Bulhões, estado de Goiás em 22 de junho de 1939. É um ator, radialista, roteirista e cineasta brasileiro. Fonte: Wikipédia. Acessado em 24/11/2021.



    [60] Stephen Edwin King – Nascido em Portland, Maine, EUA em 21 de setembro de 1947. É um escritor estadunidense de terror, ficção sobrenatural, suspense, ficção científica e fantasia. Os seus livros já venderam mais de 400 milhões de cópias, com publicações em mais de 40 países. É o 9.º autor mais traduzido no mundo. Muitas de suas obras foram adaptadas em filmes, minisséries, séries de televisão e quadrinhos. King já publicou 60 romances incluindo 7 sob pseudônimo de Richard Bachman, 12 coletâneas de contos e 6 livros de não ficção. Ele escreveu cerca de 200 contos, a maioria dos quais forma publicados em coleções de livros. Embora seu talento se destaque na literatura terror/horror, escreveu algumas obras de qualidade reconhecida fora desse gênero e cuja popularidade aumentou ao serem levadas ao cinema, como nos filmes “Conta Comigo”, “Um sonho de Liberdade” (contos retirados do livro “Quatro Estações”), “Christine”, “Eclipse Total”, “À Espera de um Milagre”, entre outros. O seu livro “The Dead Zone”, originou a série da FOX como o mesmo nome. O próprio King já escreveu roteiros de episódios para séries, como “Arquivo X”, em que ele escreveu o roteiro do episódio “Feitiço”, da 5.ª temporada. King recebeu diversos prêmios, incluindo Bram Stoker Award, World Fantasy Award e Britsh Fantasy Society. Em 2003, a National Book Foundation lhe concedeu a Medalha por Contribuição de Destaque à Literatura dos EUA. Ele também recebeu prêmios por sua contribuição para a literatura em toda sua obra, como o World Fantasy Award em 2004, e o Mystery Writers of America em 2007. Em 2015, King recebeu a Medalha Nacional das Artes do National Endowmente for the Arts, por suas contribuições para a literatura. Ele é descrito como o “Rei do Terror”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 24/11/2021.



    [61] David Paul Cronenberg – Nascido em Toronto, Canadá em 15 de março de 1943. É um cineasta canadense, ganhou o Urso de Prata, no Festival de Berlim, por “eXistenZ” (1999) e o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes, por “Crash” (1966). Fonte: Wikipédia. Acessado em 24/11/2021. 



    [62] Allison DuBois – Nascida em 24 de janeiro de 1972. É uma autora e suposta médium estadunidense. DuBois afirmou ter usado suas habilidades psíquicas para ajudar os policiais dos Estados Unidos na resolução de crimes, formando a base da série de TV Médium. Seus poderes como médium foram contestados por Gary Schwartz da Universidade do Arizona. Schwartz afirmou que sua pesquisa apoia as habilidades psíquicas de DuBois, enquanto os céticos apontaram falhas tanto nas afirmações se DuBois quanto na pesquisa de Schwartz. Um programa chamado Medium foi baseado nas experiências de Allison e ela é uma consultora do programa. Ela afirma ter visões, tanto do passado quanto do futuro, mas são principalmente os sonhos que supostamente ajudam a polícia a solucionar crimes. Céticos como Paul Kurtz e Ray Hyman dizem que DuBois não tem poderes psíquicos. O cético James Randi diz que pessoas como DuBois dão a aparência de poderes psíquicos por meio de técnicas de leitura fria (é um conjunto de técnicas usadas por mentalista, médiuns e adivinhos. Sem conhecimento prévio, um leitor frio experiente pode obter rapidamente uma grande quantidade de informações analisando a linguagem corporal da pessoa, idade, roupa ou moda, penteado, gênero, orientação sexual, religião, etnia, nível de educação, forma de falar, local de origem, etc. Leituras frias geralmente empregam palpites de alta probabilidade, pegando rapidamente os sinais para saber se seus palpites estão na direção certa ou não, então enfatizando e reforçando conexões fortuitas e avançando rapidamente a partir de palpites perdidos. Os psicólogos acreditam que isso parece funcionar por causa do efeito Forer [também conhecido como efeito Barnum é um fenômeno psicológico comum pelo qual indivíduos atribuem classificações de alta precisão a descrições de sua personalidade que supostamente são adaptadas especificamente a eles, mas que são na verdade vagas e geral o suficiente para ser aplicado a uma ampla gama de pessoas. Este efeito pode fornecer uma explicação parcial para a aceitação generalizada de algumas crenças e práticas paranormais, como astrologia, leitura de sorte, leitura de aura e alguns tipos de testes de personalidade. Essas caracterizações são frequentemente usadas pelos praticantes como uma contratécnica para convencer as vítimas de que são dotadas de um dom paranormal. Como as declarações de avaliação são muito vagas, as pessoas atribuem sua própria interpretação, portanto, a declaração se torna “pessoal” para elas. Além disso, os indivíduos são mais propensos a aceitar avaliações negativas de si mesmos se perceberem que a pessoa que apresenta a avaliação é um profissional de alto status] e devido a vieses de confirmação dentro das pessoas). Por exemplo, DuBois ao fazer sua primeira leitura de Schwartz, disse a ele que seu amigo falecido estava dizendo a ela. “Eu não ando sozinha”, o que Schwartz entendeu ser uma referência ao confinamento de seu amigo em uma cadeira de rodas, DuBois poderia não saber sobre. Randi diz que Schwartz saltou para uma conclusão insuportável, uma vez que a noção de “não andar sozinho” pode significar uma série de coisas, e “certamente não descrevem estar em uma cadeira de rodas”. Randi também afirma que experimentos que supostamente produzem resultados positivos de poderes psíquicos, como os feitos com DuBois, não são conduzidos usando controles científicos adequados. À luz da afirmação de Schwartz de que “alguns de seus experimentos com DuBois foram realizados sob tais condições”, Randi questiona porque o resto deles não foram, e aponta para um relatório demonstrando que alguns dos experimentos de Schwartz não foram realizados de acordo com o protocolo científico padrão. A resposta ponto a ponto de Schwatz às críticas de Randi foi publicada em 2005. Neste mesmo ano, Randi se ofereceu para testar DuBois para o Desafio de Um Milhão de Dólares. De acordo com Randi, DuBois recusou seu convite para o desafio. Em 2011, o JREF (Fundação Educacional James Randi) lançou novamente o desafio de um milhão de dólares para James Van Praagh, Allison DuBois, Sylvia Browne, Carla Baron, John Edward e outros para provar suas habilidades em experimentos controlados, comentando “James Van Praagh e Allison DuBois transformaram a arte do mercenário da ‘leitura fria’ em uma indústria de vários milhões de dólares, atacando medos e arrependimentos mais profundos das famílias”, disse ele em um comunicado anunciando o desafio. “Eles deveriam ficar constrangidos com as atuações transparentes”. O ex-criador de perfil do FBI, especialista em ciência comportamental e analista da MSNBC (canal de televisão a cabo com base em notícias estadunidenses com sede na cidade de New York), Clint Van Zandt desafia declarações sobre médiuns ajudando na aplicação da lei, argumentando: “Se os médiuns fossem realmente bem-sucedidos e seus resultados não fossem simplesmente consequência de trapaça (na pior das hipóteses) ou boas habilidades de entrevista (na melhor das hipóteses), então porque as agências de aplicação da lei não têm esquadrões de detetives psíquicos, uma unidade de Arquivo X real ou outras maneiras de integrar essas capacidades investigativas paranormais?”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 24/11/2021.



    [63] Jean-Baptiste Roustaing – Nascido em Bègles, França em 15 de outubro de 1805 e falecido em Bordeaux, França em 2 de janeiro de 1879. Foi advogado, jurisconsulto, bastonário da Ordem dos Advogados de Bordeaux e autor de diversos trabalhos jurídicos. Espírita francês, foi coordenador da obra “Les Quatre Évangeles – Spiritisme Chrétien ou Révélation de la Révélation”, obra psicografada pela médium belga Émille Collignon. Roustaing esteve afastado da advocacia por motivo de doença, de 1858 a 1861. Neste período travou contato com o fenômeno das mesas girantes e das comunicações com espíritos, estudados à época por Allan Kardec, que publicou “O Livro dos Espíritos, em 1857 e “O Livro dos Médiuns, em 1861, Roustaing também mostrou ceticismo, antes de estudar o assunto profundamente. “Minha primeira impressão foi a de incredulidade devida à ignorância, mas eu bem sabia que uma impressão não é uma opinião e não pode servir de base ao julgamento: que, para isso, é necessário, antes de tudo, nos coloquemos em situação de falar com pleno conhecimento de causa. (...) Saia e sei ainda ser ato de insensatez aprovar ou repudiar, afirmar ou negar o que se não conhece em absoluto, ou o que se não conhece bastante, o que se não examinou suficientemente e aprofundou sob duplo ponto de vista teórico e experimental, na medida das faculdades próprias, sem prevenções, sem ideias preconcebidas (“in: “Os Quatros Evangelhos – 5.ª edição, volume I – Rio de Janeiro FEB, 1971, p.58). Ainda escreveu: “Com a minha vida inteira irresistivelmente presa à pesquisa da verdade, na ordem física, moral e intelectual, deliberei informar-me cientificamente, primeiro pelo estudo e pelo exame, depois pela observação e pela experimentação, do que haveria de possível, de verdade ou de falso nessa comunicação do mundo espiritual com o mundo corpóreo, nessa doutrina e ciências espíritas.” Op. cit. p.59. Assim, leu primeiramente “O Livro dos Espíritos”, aceitando-o na íntegra como revelação lógica e racional. Depois, “O Livro dos Médiuns”, aceitando-o igualmente. Após estudar e examinar essas obras, debruçou sobre a História, desde sua origem até os dias contemporâneos, buscando os registros oficiais sobre as comunicações entre o mundo espiritual e o mundo corporal. Consultou os livros de filosofia profana e religiosa, desde os antigos, ao século XVIII. Também pesquisou os textos dos prosadores e poetas, objetivando analisar as crenças e costumes dos tempos, com relação a imortalidade e comunicações com os espíritos. Perlustrou o Antigo e o Novo Testamento, como nunca fizera outrora. Ao final reconheceu que: “(...) ser um fato a comunicação do mundo espiritual com o mundo corporal, comunicação que na ordem divina, providencial, é instrumento de que se serve Deus para enviar aos homens a luz e a verdade adequadas ao tempo e às necessidades de cada época, na medida do que a humanidade, conforme o meio em que se acha colocada, poder suportar e compreender, como condição e elemento do seu progresso” (op. cit. pp.59 – 61). Sobre “O Livro dos Espíritos, escreveu: “(...) uma moral pura, uma doutrina racional, de harmonia com o espírito e progresso dos tempos modernos, consoladora para a razão humana; a explicação lógica e transcendente da lei divina ou natural, das leis de adoração, de trabalho, de reprodução, de destruição de sociedade, de progresso, de igualdade, de liberdade, de justiça, de amor e caridade do aperfeiçoamento moral, dos sofrimentos e gozos futuros.” (op. cit. p.58). No sentido de conhecer os fenômenos, aproximou-se do grupo familiar de Émile A. Sabò, em junho de 1861, onde, seis meses mais tarde, iria conhecer o casal Émilie e Charles Collignon. Émilie Collignon seria a médium que viria a psicografar a obra “Os Quatros Evangelhos ou Revelação da Revelação”. Findo o período de estudos, análises e reconhecimentos, constatou que já havia, em algumas famílias da cidade de Bordeaux, médiuns com as quais pode se relacionar. Assim, deu início a uma segunda fase, agora experimental, cujos trabalhos de experimentação e observação foram diários. Após este período, concluiu Rostaing: “Ao cabo dessa obra de experimentação e de observação no terreno das manifestações inteligentes, às quais se vieram juntar-se as manifestações físicas no terreno material, achei-me convencido de que a comunicação do mundo espiritual com o mundo corporal é uma das leis da natureza” (op. cit., p. 63). Deste período, Roustaing registrou, em carta à Kardec: “Depois de ter estudado e compreendido, eu conhecia o mundo invisível como conhece Paris quem a estudou sobre o mapa. Pela experiência, trabalho e observação continuada, conheci o mundo invisível e seus habitantes como quem a percorreu, mas se ter ainda penetrado em todos os recantos desta vasta capital. Não obstante, desde o começo do mês de abril, graças ao conhecimento que me proporcionaste, do excelente Sr. Sabò e de sua família patriarcal, todos bons e ele ou em minha casa e na presença e como o concurso de adeptos de nossa cidade, que estão convictos da verdade do espiritismo, embora nem todos sejam ainda, de fato, praticantes espíritas.” (Carta de Roustaing a Kardec. Revista Espírita, junho de 1861). Ainda em dezembro de 1861, quando do segundo encontro com Collignon, Roustaing recebem uma mensagem psicografa pela médium. Semelhante ao que ocorrera com Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec), quando findou seus estudos e análises sobre as comunicações e fenômenos espirituais, Roustaing era concitado pela espiritualidade a sua tarefa missionária. Assim, de imediato, Jean-Baptiste Roustaing dá início a sua missão de coordenador, de todo o material que seria psicografado sobre os Evangelhos, os Dez Mandamentos e Jesus, através da mediunidade de Émile Collignon. Em maio de 1865, já com todo o material preparado, recebe instrução dos espíritos que o assistiam, para a publicação da obra. O trabalho recebe o título sugerido pelos espíritos: “Os Quatro Evangelhos – Espiritismo Cristão. Sendo que Roustaing adiciona, sem consultar os espíritos, o subtítulo: “ou Revelação da Revelação”. Expressão encontrada no bojo do trabalho. (Op. cit. pp. 64 e 65). A elaboração da obra estendeu-se de dezembro de 1861 a maio de 1865 (3 anos e 5 meses). O lançamento foi nos dias 5 de abril (2 volumes) e 5 de maio (último volume) de 1866, conforme anúncios feitos por Bez em L’Union Spirite Bordelaise. Ignora-se quantos exemplares foram então impressos. Após a desencarnação de Kardec e Roustaing, ambos deram presença em reunião espírita. O acontecimento foi registrado à página 563 da Revue Spirite de dezembro de 1883. “... seu espírito (madame Boudet) o do mestre (Allan Kardec), os de todos os mortos amados, todos esses da primeira hora, Jobard, Samson, Costeau, Hobach, Sonudra Didier, D’Ambel, Morin, Jean-Baptiste Roustaing, Coutenceau, Collard, Benardeau, príncipe de Wittgenstein, Rossignol, Guilbert, Mademoiselle Lieutande, M.M.Larré, Barroux, Monyvoison e centenas de outros assistiam em espírito a esta sessão. Alguns autores defendem a tese de que seguidores de Kardec e Roustaing foram fundamentais na formação da Federação Espírita Brasileira e em como o espiritismo se estruturou no Brasil. Por outro lado, os adversários de Roustaing afirmam que a obra de Allan Kardec foi deturpada pelos chamados rustenistas. A instituição, porém, não apresenta nem defende o espiritismo em suas bases doutrinárias, ao publicar obras que jamais passaram por qualquer critério, a maneira orientada pelos próprios espíritos da codificação. Este embate de pureza doutrinária é antigo e existe desde a fundação da FEB e, em 2003, tomou vias judiciais com o jornalista e escritor Kardecista/rutenista Luciano dos Anjos entrando na justiça contra a reforma estatutária da instituição. Setores anti-Roustaing, do movimento espírita brasileiro tentam há anos abolir a bibliografia do coordenador de “Os Quatro Evangelhos” da entidade. Os defensores do binômia Kardec-Roustaing defendem que o estudo das obras dos dois missionários se trata de cláusula pétrea do estatuto da FEB, porque desde a fundação da instituição, “O Livro dos Espíritos” e “Os Quatro Evangelhos” foram sempre estudados em conjunto. Os adversários de Roustaing consideram que a pureza da Doutrina Espírita foi comprometida, porque a obra coordenada por ele não foi aferida pelo critério da universalidade do ensino, metodologia defendida por Kardec, e porque defende teses contrárias a certos princípios basilares da Doutrina Espírita, como o da não-retrogradação do espírito e a metempsicose, já que, segundo consta das obras de Roustaing, um espírito poderia reencarnar na forma de um “criptógamo carnudo” (termo original presente na obra “Os Quatro Evangelhos”, volume 1, p. 313), animal assemelhado a uma lesma, como forma de punição por erros passados. Portanto, a obra de Roustaing não teria nenhum valor, além da opinião pessoal dos espíritos que a ditaram. Em contrapartida, adeptos do binômio Kardec-Roustaing argumentam que somente a maioria nunca foi critério de verdade. Caso a metodologia de verificação, proposta por Kardec, fosse a única para aferir a universalidade do ensino, “O Livro dos Espíritos” estaria comprometido quanto ao ensinamento da reencarnação, haja vista, a grande maioria das manifestações (psicografia e psicofonia) dos espíritos da Inglaterra, Escócia, Irlanda, Canadá e Estados Unidos negam a reencarnação. Por causa disto e de outras situações similares com relação ao “O Livro dos Espíritos”, Kardec considerou que a aplicação da razão e da lógica fossem critérios para aceitar ou rejeitar uma verdade transmitida por manifestações de espíritos. Allan Kardec já expusera essa ressalva, na Revista Espírita de maio de 1866, p. 138 da tradução portuguesa, quando aludiu à marcha progressiva do espiritismo. “Aceitando todas as ideias novas fundadas na razão e na lógica, desenvolvendo-as e fazendo surgirem outras desconhecidas, seu futuro está assegurado”. Na Revista Espírita de agosto de 1867, também da tradução portuguesa, p. 234, Kardec reforça – “É a universalidade do ensino, aliás sancionado pela lógica, que fez e que completará a doutrina espírita”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 25/11/2021.



    [64] Agênere (derivado do grego, onde a = privado, e géiné, géinomai = gerar: significando o eu não foi gerado), segundo o espiritismo, seria um espírito momentaneamente materializado, assumindo as formas de uma pessoa encarnada, ao ponto de produzir uma ilusão completa. O assunto é abordado por Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”. Na Revista Espírita de 1859, o codificador do espiritismo Kardec cita em seu artigo “Os Agêneres” as técnicas e aspectos teóricos relativos a esse tema. Ao relatá-los, numa junção de diversos fatos, dentre eles o pedido ao espírito de São Luís em esclarecer-lhes diferentes pontos sobre o assunto respondendo a algumas perguntas, em sessão na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, foi obtido o seguinte: “(...) 3. Que ocorreria se fosse apresentado a uma pessoa desconhecida? R.: Seria tomado por uma criança comum. Mas vos direi uma coisa, é que existe, algumas vezes, na Terra, Espíritos que revestem essa aparência, e que são tomados por homens. 4. Esses seres pertencem aos espíritos inferiores ou [espíritos] superiores? R.: Podem pertencer aos dois; esses fatos raros. Deles tendes exemplos na Bíblia. (...) 6. Têm eles paixões? R.: Sim, como espíritos, têm as paixões de espíritos segundo a sua inferioridade. Se tomam um corpo aparente, algumas vezes, é para gozarem as paixões humanas, se são elevados, é para um fim útil. (...) 8. Se um semelhante ser a nós se apresentasse, haveria um meio para reconhece-lo? R.: Não, apenas pela sua desaparição, que se faz de modo inesperado. E o mesmo fato do transporte de móveis de um térreo ao sótão, fato que já lestes. 9. Qual a finalidade que pode levar certos espíritos a tomarem esse estado corporal; é antes para o mal que para o bem? R.: Frequentemente para o mal; os bons espíritos dispõem da inspiração; agem sobre a alma e pelo coração. Vós o sabeis, as manifestações físicas são produzidas por espíritos inferiores, e estas são desse número. Entretanto, como já disse, os bons espíritos também podem tomar essa aparência corpórea com um fim útil, falei de modo geral. 10. Nesse estado, podem tornar-se visíveis ou invisíveis à vontade? Sim, uma vez que poderão desaparecer quando o quiserem. (...) 14. Tendo-se um semelhante ser em casa, seria um bem ou um mal? R.: Seria antes um mal; de resto, não se podem adquirir muitos conhecimentos com esses seres. Não podemos dizer-vos muito, esses fatos são excessivamente raros e não têm, jamais, um caráter de permanência. Suas desaparições corpóreas instantâneas, como as de Bayonne [trata-se do caso do “Duende de Bayonne – sul da França – trata-se da aparição de um menino desencarnado para sua família nesta localidade. Sendo um espírito agênere ele materializou-se na forma humana, sendo tangível e perceptível pelos olhos humanos, se passando, assim, por um encarnado, porém é uma aparição normalmente ocorrida em sessões mediúnicas ou onde o ambiente é preparado física e espiritualmente nos dois planos, o fenômeno agênere pode ocorrer em qualquer lugar, onde o espírito usa seu períspirito e de e o ectoplasma é retirado de pelo menos um ou dois médiuns, que geralmente não possuem a percepção de tal fato, sendo facilmente confundidos com humanos comuns, pela forma como podemos tocá-los e senti-los], o são muito menos. Mais recentemente no livro “A Marca da Besta” de Robson Pinheiros, há o relato de uma subtração do duplo etérico por forças do mal no planeta Terra, com o objetivo de criar um “irmão gêmeo” com todas as lembranças e conhecimentos, com um corpo semimaterializado, palpável e perceptível aos seres humanos vivos, com o objetivo de assumir a vida, as funções e as sensações de um ser humano encarnados. Estas materializações só são sustentáveis se o corpo humano original for mantido vivo, em condições vegetativas. Para os kardecistas, Jesus foi agênere após sua morte, bem como o anjo Rafael. 

    [65] Luís José de Matos Chaves Lavrador – Nascido em Chaves, Portugal em 3 de janeiro de 1860 e falecido no Rio de Janeiro em 15 de janeiro de 1926. Foi o fundador do Racionalismo Cristão. Radicou-se no Brasil com a família quando tinha 14 anos de idade. Dotado de grande inteligência e de invulgar espírito empreendedor, já aos 23 anos tornava-se próspero homem de negócios, como grande comerciante de café na praça de Santos, não parando aí sua incursão pela atividade empresarial, ao fundar, entre várias companhias, uma estrada de ferro e uma de natureza financeira – o Banco de Santos. Frequentou o espiritismo kardecista, e teve a intuição de reformá-lo, pois julgava ser demasiadamente religioso e pouco científico ou racional. Junto com Luiz Alves Thomaz (ver nota 66), foi fundador da filosofia espiritualista Racionalismo Cristão no ano de 1910. Inaugurando no Rio, em 1912, a sua sede, o Centro Espírita Redentor, onde hoje são explanados os princípios da doutrina. Quatro anos depois, em 19 de dezembro de 1916, fundou o jornal “A Razão”, de circulação nacional. Colaborou, dos cinquenta aos sessenta e seis anos de sua vida, para estudos na área da ciência espírita, vindo a escrever grandes obras literárias. Veio a falecer na cidade do Rio de Janeiro em 15 de janeiro de 1926. Fonte: Wikipédia. Acessado em 25/11/2021.



    [66] Luís Alves Tomás – Nascido em Castanheira de Pêra, Portugal em 4 de agosto de 1871 e falecido em Santos, SP, em 8 de dezembro de 1931). Era um comerciante português emigrado no Brasil, um dos fundadores do Racionalismo Cristão, uma dissidência do espiritismo. Natural da freguesia de Moita, concelho de Castanheira de Pêra, distrito de Leiria, na província da Beira Litoral em Portugal. Em 28 de maio de 1887, ainda com 15 anos, Luís Alves Tomás desembarcava em Santos, onde morreria a 8 de dezembro de 1931, com 60 anos, vivendo no Brasil, portanto, 45 anos. Dotado de uma personalidade e de um poder de assimilação invulgares, muitíssimo trabalhador e econômico, sem porém cair na mesquinhez, Luís Tomás facilmente captou a simpatia e o respeito de quantos com ele conviviam. Comerciante aos 17 anos, graças à ajuda de um irmão que de Lisboa lhe reterá, de improviso, grande quantidade de mercadorias, Luís Tomás lá foi vencendo a falta de experiência com a perspicácia e a inteligência natas, aliadas a inquebrável força de vontade. Com outro irmão que já aqui se encontrava quando de sua vinda, formou uma sociedade – Thomaz, Irmãos & Cia. – que seria desfeita, de comum acordo, vinte anos depois, em 1908, cabendo a cada um dos irmãos avultada fortuna. Luís Tomás morreu no dia 8 de dezembro de 1931, no Hospital da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência, da cidade de Santos, onde fora internado em 25 de novembro, sendo sepultado no Cemitério de Paquetá. Uma de suas grandes contribuições foram os estudos no campo da espiritualidade, junto com Luís de Matos, que desenvolveram em 1910 uma filosofia científico-espiritualista chamada Racionalismo Cristão. Fonte: Wikipédia. Acessado em 25/11/2021.



    [67] Ramatis – é o nome atribuído pelo escritor Hercílio Maes (ver nota 68) a uma entidade espiritual que o orientaria na escrita de seus livros. Apareceu pela primeira vez em 1955 no livro “A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores”. Outros autores também atribuíram a essa entidade a inspiração dos seus livros, como América Paoliello Marques, Maria Margarida Liguori, Norberto Peixoto, Wagner Borges e Márcio Godinho. Outros nomes também são atribuídos a essa entidade, como Ramatis, Rama-tys e Swami Sri Rama-tys. O Ramatisismo, também chamado de ramatisianismo, é uma vertente do espiritismo que alega seguir os ensinamentos de Ramatis. Seus adeptos são chamados ramatisistas. Eles acreditam que Jesus era na verdade, um anjo capaz de incorporar um espírito chamado Cristo Planetário. Os ramatisistas são vegetarianos e tem ligações com o gnosticismo e esoterismo, aproximando-se da umbanda e, em certos aspectos do hinduísmo. Para seus seguidores, Ramatis coordena a “Fraternidade da Cruz e do Triângulo”, uma “equipe” de espíritos oriundos do Cristianismo e das tradições religiosas do oriente. A criação de tal fraternidade teria se dado no espaço sideral com a união de duas fraternidades de espíritos: a “Fraternidade da Cruz”, que atuaria no ocidente, e a “Fraternidade do Triângulo”, que atuaria no Oriente. O Ramatisismo é rejeitado por parte do movimento espírita brasileiro, em particular pela Federação Espírita Brasileira. Sobre isso, são emblemáticos os escritos de Herculano Pires (ver nota 24) que em sua coluna no Diário de São Paulo, classificava Ramatis como “espírito mistificador” e um dos “falsos profetas da erraticidade”. Além disso, as Federações Espíritas Paranaense e Paulista se negam a publicar e sequer endossar os posicionamentos ramatisianistas. Fonte: Wikipédia. Acessado em 25/11/2021.



    [68] Hercílio Maes (1913 – 1993), contador e advogado nasceu em Curitiba, Paraná. Foi o primeiro escritor a atribuir seus livros ao espírito de Ramatis. Antes de se tornar espírita, foi teosofista, maçom e rosacruz. Durante grande parte da vida realizou trabalho voluntário como médium receitista na área da radiestesia (é um tipo de adivinhação empregada para tentar encontrar objetos, seres vivos ou elementos da natureza, como água, minérios, pedras preciosas e outros, sem o uso de equipamentos científicos. Geralmente envolve o uso de bastões, galhos em Y ou pêndulos. A radiestesia é uma pseudociência (ver nota 17). Seus defensores alegam possuir a capacidade de captar radiações e energias emitidas pelos objetos e materiais buscados, mas não existe evidência de que exista tal radiação ou que os métodos usados em radiestesia sejam capazes de detectar qualquer coisa, ou de encontrar água com probabilidade maior que ao acaso. Escrevendo obras de autoria atribuída ao espírito de Ramatis, Maes defendeu a Doutrina Espírita e as obras de Allan Kardec, no entanto não deixou de refletir sobre outras correntes espiritualistas como a teosofia, o rosacrucianismo e a umbanda, pois a linha adotada pelo médium curitibano vislumbra nas obras básicas de Allan Kardec apenas o repositório de ensinamentos para o homem alcançar a espiritualidade, que devem ser aprofundados através do estudo de outras correntes espiritualistas, de acordo com a mentalidade e as necessidades de cada época. Esse movimento mais tarde, foi chamado de espiritualismo universalista. As obras psicografadas por Hercílio Maes, sob orientação de Ramatis almejam sensibilizar a sociedade para os malefícios do alcoolismo, do tabagismo e da intolerância religiosa. Defendendo o vegetarianismo, o ecumenismo, a homeopatia e o autodescobrimento. Enxergam a umbanda como amálgama do Evangelho de Jesus, da Codificação Kardequiana e de tradições brasileiras de origem africana e indígena. Atualmente publicadas pela Editora do Conhecimento, foram antes editadas pela Livraria Freitas Bastos. Maes também psicografou obras atribuídas ao espírito de Atanagildo, como também contribuiu para incentivar o amigo filantropo e orador espírita, no Rio de Janeiro, Antônio Plínio da Silva Alvim avançar no projeto de uma instituição no bairro da Tijuca, com os ensinamentos de Ramatis, obras que influenciaram gerações, com grupos no Brasil e no mundo. Fonte: Wikipédia. Acessado em 25/11/2021.



    [69] Waldo Vieira – Nascido em Monte Carmelo, Minas Gerais em 12 de abril de 1932 e falecido em Foz do Iguaçu no estado do Paraná em 2 de julho de 2015. Foi um médico cirurgião plástico e cosmético, dentista, médium, lexicógrafo, autor brasileiro de várias obras, e o primeiro conscienciólogo devido a ser o propositor da Conscienciologia e Projeciologia. Na infância Vieira supostamente começa a ter suas primeiras manifestações mediúnicas, tornando-se adepto do espiritismo, afirmando ter sua primeira projeção consciente quando tinha nove anos de idade. Na juventude se radica em Uberaba – MG, onde se gradua em medicina e odontologia. Posteriormente tornar-se-ia também médico pós-graduado em plástica e cosmética (ambos em Tóquio, Japão). Quando ainda estudante (1955) conhece pessoalmente o médium Chico Xavier e juntos desenvolvem nos anos 1950 – 1960 trabalho mediúnico em conjunto no centro espírita “Comunhão Espírita Cristã”, que fundaram em Uberaba. Tal parceria resulta na publicação de diversos livros e estudos espíritas, mais notadamente em livros psicografados da Série André Luiz. Juntos também exerceram função de médium em sessões de psicografia de cartas e trabalho voluntário de distribuição de mantimentos a multidões de pessoas carente. Entre 1964 e 1968, o renomado quadrinista Messias Mello adaptou seis contos psicografados por Vieira e Xavier. As HQs foram republicadas em álbum em 2011 pela editora Marca de Fantasia. Em 1965, Viera e Xavier viajaram para Washington, Estados Unidos, a fim de divulgar o espiritismo no exterior. Com a ajuda de Salim Salomão Haddad, presidente do Christian Spirit Center, e sua esposa Phillis estudaram inglês e lançaram o livro “Ideal Espírita”, com o nome de “The World of the Spirits”. Como médium espírita, psicografa sozinho os seguintes livros: “Conduta Espírita” de André Luiz (FEB, 1960), “Bem-Aventurados os Simples”, de Valerium (FEB, 1962), “Cristo Espera por Ti”, Honoré de Balzac (IDE, 1965), “De Coração para Coração”, de Maria Celeste (FEB, 1962), “Seareiros de Volta”, de diversos espíritos (FEB, 1966), Sonetos da Vida e de Luz”, também de diversos espíritos (IDE, 1966), “Sol nas Almas”, de André Luiz (CEC, 1964) e “Técnica de Viver”, de Kelvin van Dine (CEC, 1967). Em 1966 Vieira se muda para o município do Rio de Janeiro, desligando-se do centro “Comunhão Espírita Cristã”. Ao mesmo tempo torna-se dissidente do espiritismo e decide se dedicar à pesquisa da experiência fora-do-corpo (ou projeção da consciência), membro de duas das mais importantes organizações de pesquisa parapsicológica do mundo, a estadunidense ASPR (American Society for Psychical Research) e a britânica SPR (Society for Psychical Research). Assim que deixa o espiritismo, Vieira viaja com duas amigas pelos EUA, Europa e Ásia pesquisando técnicas estéticas para a vaidade feminina. Em 1979 lança o livro “Projeções da Consciência: Diário de Experiências Fora do Corpo Humano”, atraindo a atenção dos interessados na Projeciologia, para em 1981 cofundar o “Centro da Consciência Contínua”, dedicado a pesquisa das experiências fora-do-corpo e estados alterados de consciência (EAC ou ENOC – estados não ordinários de consciência – são estados de consciência diferentes do estado normal de vigília. O termo foi cunhado por Arnald M. Ludwig em 1966 e popularizado por Charles Tart em 1969, para descrever mudanças quase sempre temporárias nos estados de consciência dos indivíduos. Não deve ser confundido com níveis alterados de consciência. (Os estados alterados de consciência é um conceito desenvolvido com base em estudos interdisciplinares, envolvendo pesquisas dentro da antropologia, psicologia, neurociência, arqueologia cognitiva, entre outras áreas. Exemplos de estados alterados de consciência são visões de padrões geométricos como espirais, vórtices, ziguezagues, linhas onduladas, pontos luminosos, entre outras formas muito presentes na arte rupestre, na arte indígena e no trabalho de artistas visionários atuais, supondo que elas sejam características inatas do ser humano. Estudos de Michael Wilkelman e Graham Hancock indicam que certas experiências sobrenaturais são naturais para os seres humanos como o contato com seres divinos em diversas religiões. Elas fazem parte do funcionamento normal do cérebro humano, apenas variando conforme as tendências pessoais e culturais dos indivíduos. David Lewis-Williams, em seus livros “The Mind in the Cave” e “The Neolithic Mind” foi escrito em parceria com David Pearce, relata uma série de pesquisas laboratoriais como o uso de psicoativos e de práticas meditativas, religiosas e xamânicas, sendo que os resultados despertam os cientistas para o conceito de estados alterados de consciência). Em 1986 lança o tratado “Projeciologia: Panorama das Experiências da Consciência Fora do Corpo Humano” com a primeira edição de 5000 exemplares, distribuída gratuitamente entre pesquisadores e bibliotecas do país e do exterior. O tratado consiste em uma exaustiva pesquisa (1900 referência bibliográficas de 37 países) que chancela o estudo sério e científico sobre o assunto. Tal tratado fundamenta também os estudos da Projeciologia e Conscienciologia e é considerado hoje a principal obra brasileira sobre projeções da consciência. Ao longo dos anos Vieira também montou uma considerável biblioteca sobre a projeção da consciência e relacionados, incluindo milhares de referências populares e científicas na temática. Em 1988 Vieira cofunda o Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC – IIP até 1994) no Rio de Janeiro. Uma organização sem fins lucrativos voltada ao ensino e pesquisa da consciência em abordagem integral da personalidade. Ele também presidiu a instituição entre 1988 e 1999, sendo que no final deste período o IIPC foi reconhecido como instituição de utilidade pública federal (UPF). Em 1994 Vieira publica mais um tratado chamado “700 Experimentos de Conscienciologia”. Através deste a Conscienciologia pôde ser descrita de maneira mais detalhada. Em 2001 Vieira foi incluído na publicação inglesa “Who’s Who in the 21 st Century, editada pelo Internacional Biographical Centre. Waldo Vieira também é conhecido como um dos maiores colecionadores de história em quadrinhos do país e doou sua coleção pessoal para o Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (CEAEC). Waldo Vieira passou a residir no CEAEC, localizado no bairro Cognópolis (também apelidado de Cidade do Conhecimento ou Bairro do Saber) em Foz do Iguaçu. Entre outras atividades, se dedicava à produção da “Enciclopédia da Conscienciologia” e dicionários relacionados ao tema. Waldo Vieira sofreu um AVC em 25 de junho de 2015, vindo a falecer em 2 de julho de 2015, aos 83 anos, no hospital Ministro Costa Cavalcanti em Foz do Iguaçu. Fonte: Wikipédia. Acessado em 26/11/2021.



    [70]Joseph Martin McCabe – nascido em Macclesfield, Cheshire em 12 de novembro de 1867 e falecido em Londres em 10 de janeiro de 1955. Foi um escritor inglês e ex-padre que se tornou um defensor do livre-pensamento. Inicialmente, McCabe descrevia-se como agnóstico, mas mais tarde ele preferiu intitular-se ateu. Recebeu seu nome em homenagem a São José, pois estava destinado por seus pais a seguir a carreira religiosa (ironicamente seu sobrenome significa “filho do abade”). Entrou para o seminário da ordem dos franciscanos em 1883, aos 16 anos, e logo sua inteligência sobrepujou a de seus professores, os quais, segundo relatou, começaram a teme-lo e não queriam ensinar-lhe nada. Em 1890 foi ordenado sacerdote com o nome de Padre Antony. Estudou filosofia e história eclesiástica na Universidade Louvain (Bélgica), mas o regulamento de sua ordem impediu-lhe de diplomar-se. Designado professor de filosofia escolástica, em 1895 ele tornou-se reitor do Buckingham College. Desiludido com o exercício do sacerdócio, na manhã de natal de 1895 ele declarou-se “doutrinariamente falido”. Após 13 anos de vida religiosa, em 19 de fevereiro de 1896, ele abandonou a Igreja para sempre. Pouco depois de abandonar o sacerdócio, McCabe começou a escrever. Primeiro, um panfleto sobre a perda da fé, em “From Rome to Rationalism” publicado em 1897, cujo conteúdo foi mais tarde ampliado no livro “Twelve Years in Monastery”. McCabe tornou-se um autor prolífico, tendo escrito mais de 250 livros ao longo de sua vida sobre temas tão diversos quanto ciência, religião, história e cultura. Muitos de seus livros foram publicados pela E. Haldeman-Julius Publications em séries conhecidas como “Blue Books”. Ele foi um dos membros-fundadores da Britain’s Rationalist Press Association, secretário da Leicester Secular Society, entre 1898 – 1899, e até seus 80 anos de idade, um palestrante dos mais respeitados, tendo feito entre três a quatro mil conferências nos EUA, Austrália e Grã-Bretanha. Um anos antes de sua morte, filiou-se à National Secular Society. McCabe pediu que em sua lápide fosse colocada a frase: “foi rebelde até o fim”. Fonte: Wikipédia. Acessado em 26/11/2021.



    [71] Arthur Ignatius Conan Doyle – Nascido em Edimburgo, Escócia em 22 de maio de 1859 e falecido em Crowborough, em 7 de julho de 1930. Foi um escritor e médico escocês, mundialmente famoso por suas 60 histórias sobre o detetive Sherlock Holmes, consideradas uma grande inovação no campo da literatura criminal. Foi um renomado e prolífico escritor cujos trabalhos incluem histórias de ficção científica, novelas históricas, peças e romances, poesias e obras de não-ficção. Arthur Conan Doyle viveu e escreveu parte de suas obras em Southsea, um bairro elegante de Portsmouth, Inglaterra. Ele travou seu primeiro contato com o espiritismo em 1887, iniciando neste mesmo ano, junto com seu amigo Ball, arquiteto de Portsmouth, sessões mediúnicas que o fizeram rever seus conceitos. Após as mortes de sua esposa Louisa (1906), do seu filho Kingsley, do seu irmão Innes, de seus dois cunhados, e de seus dois netos, logo após a Primeira Guerra Mundial, Conan Doyle mergulhou em profundo estado de depressão. Kingsley Doyle faleceu em 28 de outubro de 1918 de uma pneumonia que contraiu durante a convalescença, após ter sido seriamente ferido durante a batalha do Somme em 1916. O General Brigadeiro Innes Doyle faleceu em fevereiro de 1919, também de pneumonia. Doyle encontrou consolação apoiando-se no espiritualismo e esse envolvimento levou-o a escrever sobre o assunto, tornando-se um de seus maiores divulgadores e defensores. No auge da fama, em 1918, enfrenta todos os céticos e publica “A Nova Revelação”, obra em que manifesta a sua convicção na explicação espírita para as manifestações paranormais estudadas durante o século XIX, e inicia uma série de outras, em meio a palestras sobre o tema. Em “A Chegada das Fadas” (1921) reproduziu na obra teorias sobre a natureza e a existência das Fadas de Conttingley (série de cinco fotografias tiradas por Elsie Wright e Frances Griffiths, duas jovens primas que viviam em Cottingley, perto de Bradford, na Inglaterra, à época da Primeira Guerra Mundial. Em 1917, quando as duas primeiras fotos foram tiradas, Elsie tinha 16 anos e Francis tinha 9. As fotos chamaram a atenção do escritor Sir Arthur Conan Doyle, que as usou para ilustrar um artigo sobre fadas que ele havia sido contratado para escrever para a edição de Natal de 1920 da revista “The Strand Magazine”. Conan Doyle, como um espiritualista, estava entusiasmado coma as fotografias, e as interpretou como uma evidência clara e visível de fenômenos psíquicos. A reação do público foi mista, alguns aceitaram as imagens como autênticas, mas outros acreditavam que tinham sido falsificadas. O interesse pelas Fadas de Cottingley diminuiu gradualmente após 1921. As duas meninas se casaram e viveram no exterior por um tempo depois de crescerem, mas as fotografias continuaram a deter a imaginação do público; em 1966, um repórter do jornal Daily Express rastreou Elsie, que até então tinha voltado ao Reino Unido. Elsie deixou em aberto a possibilidade de que ela acreditava que tinha fotografado seus pensamentos, e a mídia, mais uma vez ficou interessada na história. No início de 1980, Elsie e Frances admitiram que as fotos foram forjadas, usando recortes de papelão de fadas retiradas de um popular livro para crianças da época, mas Frances afirmou que a quinta e última fotografia era real. As fotografias e duas câmaras usadas estão em exposição no National Media Museum em Bradford) e espíritos. Posteriormente em “The History of Spiritualism” (1926) de natureza histórica, aborda a história do movimento espiritualista anglo-saxônico (desenvolvido nos países de língua inglesa) e do espiritismo. Além desses movimentos Conan Doyle enfatizou sobre os movimentos espiritualistas alemão e italiano, com destaque para os fenômenos físicos e as materializações espirituais produzidas por Eusápia Paladino e Mina “Margery” Crandon. O assunto foi retomado em “The Land of Mist” (1926), de natureza ficcional, com o personagem “Professor Challenger”. Os seus trabalhos sobre o tema foi um dos motivos pelos quais a sua compilação de pequenas histórias, “As Aventuras de Sherlock Holmes”, foi proibida na União Soviética em 1929 por suposto ocultismo. A proibição foi retirada mais tarde. O ator russo Yasily Livanov receberia uma Ordem do Império Britânico por sua interpretação de Sherlock Holmes. Por algum tempo, Conan Doyle foi um amigo do mágico Harry Houdini, que se tornaria um grande oponente do movimento do moderno espiritualista na década de 1920, após a morte de sua mãe. Embora Houdini insistisse que os médiuns da época faziam truques de ilusionismo (e buscava expor tais médiuns como fraudes), Conan Doyle já estava convencido de que o próprio Houdini possuía mediunidade ativa, um ponto de vista expresso em “O Limite do Desconhecido”. Aparentemente, Houdini não foi capaz de convencer Conan Doyle de que seus feitos eram simples ilusões, levando a uma amarga e pública quebra de relações entre os dois. A sua convicção foi além: para receber o título de Par (Peer) do Reino Britânico, foi-lhe imposta a condição de renunciar às suas crenças. Confrontando a todos, e ao sectarismo vigente, permaneceu fiel à fé que abraçara, e que acompanhou até aos seus últimos dias. Foi presidente honorário da International Spiritualist Federation (1925 – 1930), presidente da Aliança Espírita de Londres e presidente do Colégio Britânico de Ciência Espírita. Richard Milner, historiador estadunidense de ciências, apresentou um caso no qual Conan Doyle pode ter sido responsável pelo boato do homem de Piltdown de 1912, criando um fóssil hominídeo falso que enganou o mundo científico por mais de 40 anos. Milner disse que o motivo de Conan Doyle era de se vingar do estabelecimento científico pôr desbancar uma de suas físicas favoritas, dizendo ainda que “O Mundo Perdido” continha várias pistas criptografadas que tratavam de seu envolvimento com o boato. O livro de 1974 escrito por Samuel Rosenberg, “Naked is the Best Disguise”, se propõe explicar como Conan Doyle deixou no meio dos seus escritos pistas abertas que se relatam a aspectos ocultos de sua mentalidade.” Fonte: Wikipédia. Acessado em 26/11/2021.



    [72] Paulo da  Silva Neto Sobrinho - Nascido em Guanhães, Minas Gerais. Bacharel em Ciências Contábeis e em Administração de Empresas pela Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-BH). Aposentou-se como Fiscal de Tributos pela Secretaria da Fazenda - MG. Adepto do espiritismo desde julho de 1987; atualmente frequenta o Movimento Espírita em Belo Horizonte - MG. É articulista de alguns periódicos espíritas, entre eles, pode-se citar, a revista Espiritismo & Ciência, com vários artigos publicados. Na Web, participa de vários sites espíritas publicando alguns textos, entre eles: Apologia Espírita, Era do Espírito, O Consolador, Panorama Espírita e Portal do Espírito. Site Paulo Neto. http://www.paulosnetos.net/home/11-principal/1-caro-internauta. Acessado em 27/11/2012.




     



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