OBRA MISSIONÁRIA
A igreja cresceu substancialmente e tornou-se uma
organização internacional, em parte devido à propagação de missionários em todo
o mundo. Em 2013, havia 88 mil missionários mórmons em todos os países e
territórios com presença oficial desta denominação. Em 2000, havia cerca de
11.068.861 adeptos do mormonismo no mundo, de acordo com dados estatísticos
promovidos pela própria igreja, sendo que em 2009 a adesão atingiu 13.824.854
pessoas e mais de 15 milhões em 2013. Rodney Stark, professor de sociologia da
Universidade de Baylor no Texas, estima que daqui a 40 anos um em cada vinte
estadunidense seja mórmon e que existirão aproximadamente 50 milhões de adeptos
da religião no mundo. Ainda segundo Rodney Stark, o mormonismo está muito perto
de ser a segunda religião da história a ter pelo menos uma congregação em cada
país dos planeta, logo depois dos católicos.
POSIÇÕES DA IGREJA
A igreja tornou-se defensora forte e pública da família como
a unidade básica da sociedade e, por vezes, desempenhou papel proeminente em
questões políticas, incluindo a oposição de bases de mísseis MX PeaceKeeper em
Utah e Nevada em 1983, contra jogos especializados, oposição à união estável homo
afetiva e oposição ao aborto e uso de eutanásia. Para além das questões que
considera ser os da moralidade, no entanto, a igreja geralmente mantém uma
posição de neutralidade política.
Poucas mudanças oficiais tem ocorrido com a organização. Uma
mudança significativa foi a ordenação de homens negros ao sacerdócio em 1978. A
igreja afirma que esta mudança se deu por conta de uma revelação de Deus que
declarava tal iniciativa. Helvécio Martins, um executivo do Rio de Janeiro, no
Brasil, foi o primeiro negro a ser ordenado ao sacerdócio, após a publicação da
Declaração Oficial 2. Há variações periódicas somente na estrutura e
organização da igreja, principalmente para acomodar o crescimento da
organização e a crescente presença internacional. Por exemplo, desde 1900, a
igreja instituiu um Programa de Correlação do Sacerdócio para centralizar as
operações da igreja e coloca-las sob uma hierarquia de líderes do sacerdócio.
Durante a Grande Depressão, a igreja também começou a operar um sistema de
proteção social da igreja, e tem realizado numerosos esforços humanitários em
cooperação com outras organizações religiosas.
O termo mórmon, geralmente usado para referir-se aos membros
da igreja, deriva do nome do profeta Mórmon, que é um dos autores e
compiladores das escrituras que formaram o Livro de Mórmon, que é, de acordo
com a igreja, outro testamento de Jesus Cristo. Apesar de os termos mórmon e
mormonismo serem aceitos pela própria igreja, a denominação recomendada para os
fiéis é o termo santos dos últimos dias, ou o acrônimo em português “SUD” e em
inglês “LDS” (later-day saints).
PRESENÇA NO MUNDO
A sede da denominação fica situada no estado de Utah,
fundado pelos pioneiros mórmons, na cidade de Salt Lake City. Está presente em
mais de 172 países, sendo o quarto maior corpo religioso dos Estados Unidos,
onde possui 71 templos construídos. Em alguns estados dos EUA como Arizona,
Idaho, Nevada, Wyoming e Washington, o mormonismo é a segunda maior denominação
religiosa, superado apenas pela Igreja Católica. Dos mais de 15,3 milhões de
adeptos da religião, 6,4 milhões estão nos Estados Unidos, o país com a maior
comunidade mórmon no mundo, seguido por México e Brasil, com 1,34 milhão e 1,28
milhão de adeptos, respectivamente.
Apesar desses três países concentrarem mais da metade da
população de adeptos do mormonismo, o país com maior densidade de mórmons é
Tonga, onde mais de 50% da população são de Santos dos Últimos Dias, segundo
estatísticas da igreja.
A Ásia é o continente com o maior número de países onde a
igreja não tem representação. Países do Oriente Médio, Norte da África e do
leste asiático estão entre os de maior dificuldade encontrada pela igreja para
iniciar suas operações de proselitismo religioso. Quase todos os países da
Europa possuem representantes da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, com exceção de Kosovo, Montenegro e Bósnia e Herzegovina. No continente
americano, em contrapartida, Cuba é o único país onde a igreja não está
presente.
Em 2010, os Santos dos Últimos Dias obtiveram autorização do
governo comunista chinês para iniciar suas atividades religiosas no país. Sendo
assim, a República Popular da China foi o primeiro país de regime socialista a
autorizar a presença da igreja Mórmon em seu território. As negociações para
que a igreja obtivesse autorização legal para suas atividades no país duraram
cerca de trinta anos. Tal fato fez a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias a segunda entidade cristã a receber autorização para atuar no
país, logo após a Igreja Católica.
O MORMONISMO NO BRASIL
Antes do início oficial da Igreja Mórmon no Brasil, a igreja
e o Brasil se conheceram por meio do então imperador do Brasil, Dom Pedro II.
Durante a visita do imperador aos Estados Unidos em 1876, ao viajar de Nova
York a São Francisco pela primeira ferrovia transcontinental dos EUA, aceitou o
convite de Brigham Young, governador do estado de Utah e mórmon, para descer do
trem em Ogden, Utah e visitou Salt Lake City no dia 22 de abril de 1876. O
imperador visitou a Praça do Templo, o Tabernáculo, fez perguntas sobre a fé e
também visitou o Savage Art Gallery onde comprou fotos de Utah. Depois de sua
visita, ele declarou: “Os mórmons realizaram um árduo labor, preparado esta
terra para as culturas, impelidos (...) pelo entusiasmo religioso.
O início da Igreja de Jesus Cristo dos Santos do Últimos
Dias no Brasil deu-se antes da Segunda Guerra Mundial. Uma família de alemães
estabeleceu-se em Ipomeia – SC, em 1923. Como no Brasil ainda não havia sido
estabelecida a Igreja Mórmon, a família escreveu para a Primeira Presidência
solicitando que lhe enviassem materiais de apoio, além de missionários. Na
época, a Missão Mórmon mais próxima situava-se em Buenos Aires, na Argentina.
Em 1926, Reynold Stoolf, então presidente da Missão Sul-Americana, visitou o
Brasil pela primeira vez. Os élderes (apóstolos) Schindler e Heinz foram os
primeiros missionários mórmons a chegarem no Brasil, em 17 de setembro de 1928.
Como eles não falavam português, o trabalho de proselitismo junto as famílias
de imigrantes era feito na língua alemã. Com a Segunda Guerra Mundial,
entretanto, os missionários deixaram o Brasil, e somente os membros da igreja
levaram avante o trabalho missionário. A família Sell, que também vivia em
Santa Catarina, foi a primeira família brasileira a se converter ao mormonismo.
Em 1933, foi organizada a Sociedade de Socorro no Brasil,
ainda em Santa Catarina. Na ocasião, estavam presentes 24 mulheres. A primeira
missão brasileira foi criada dois anos depois em São Paulo, tendo Rulon S.
Howells como presidente. O idioma falado pelos missionários era ainda o alemão.
O total de fiéis da igreja no Brasil era de apenas 143 pessoas. Em 1939, com a
proibição do governo brasileiro do uso do idioma alemão em público, a igreja
passa a usar o idioma português. Com isso, o Livro de Mórmon foi traduzido para
a língua portuguesa.
Em 1941, a igreja iniciou a retirada dos missionários
americanos, devido a Segunda Guerra Mundial, sendo que eles só retornaram ao
país em número considerável em 1946. Ainda em razão da Segunda Guerra Mundial,
muitos ramos (congregações) foram fechados no país. A expansão da igreja
reiniciou-se logo após o término da Segunda Guerra, quando tornou a enviar
missionários ao país. Em 1 de janeiro de 1948, foi publicada A Gaivota,
primeira revista oficial da igreja no Brasil e que, posteriormente, teve seu
nome alterado para A Liahona. Em 1951, a igreja comprou um prédio localizado na
rua Itapeva, em São Paulo, para a sede da Missão Brasileira.
David O. McKay, presidente da igreja nas décadas de 1950,
1960 e 1970, visitou o Rio de Janeiro e São Paulo em 1958. Na ocasião, ele
realizou uma conferência e criou novos ramos no Brasil, sendo os principais nas
cidades de Manaus e Campinas. No ano seguinte, Harold B. Lee, também visitou o
Brasil e criou a Missão Brasileira do Sul, em 30 de setembro de 1959, com sede
em Curitiba (em 1968 houve a transferência da sede para Porto Alegre),
abrangendo os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que
possuíam 11 ramos e 1.400 membros nessa missão. Em 22 de outubro de 1959 foram
organizados os distritos de Porto Alegre (mais de 260 membros), Joinville (mais
de 200 membros) e Curitiba (mais 550 membros). Dois anos depois, em 1961, Ezra
Taft Benson desembarcou em Brasília em caráter oficial e participou de uma
conferência com Juscelino Kubitschek, presidente brasileiro da época. Em
dezembro de 1962 a igreja contava com 6.747 membros, 43 ramos e 9 edifícios
próprios. A terceira missão no país foi criada em 7 de julho de 1968, com o
nome de Missão Brasileira do Norte, sediada em Recife. A Missão Brasileira do
Norte abrangia Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, Manaus, Juiz de Fora,
Recife e Rio de Janeiro.
A construção dos templos do Recife e Porto Alegre foram
anunciados em 1996, por Gordon B. Hinckley. A construção dos dois templos foi
concluída em 2000. O templo de Recife foi inaugurado em 15 de dezembro do mesmo
ano, e o de Porto Alegre recebeu sua dedicação dois dias depois, em 17 de
dezembro. Nos anos seguintes, outros templos mórmons foram anunciados ou
dedicados no Brasil. Em 22 de fevereiro de 2004, o Templo de São Paulo foi
rededicado por Gordon B Hinckley anunciou a construção do Templo de Manaus, o
primeiro templo da região norte, que seria então dedicado em 10 de junho de
2012.
No dia 1 de junho de 2008, o Templo de Curitiba também foi
dedicado, por Thomas S. Monson, sendo o quinto templo no Brasil e 126.º no
mundo, além de ser o primeiro templo dedicado por Thomas S. Monson desde que
este assumiu a presidência da igreja, em fevereiro de 2008. Em 3 de outubro de
2009, a igreja anunciou a construção do sétimo templo mórmon no país, em
Fortaleza, fazendo do Brasil o quarto do mundo em número de templos, superado
por Estados Unidos, com 71 templos mórmons e pelo México e Canadá, com doze e
oito templos respectivamente. Recentemente, a igreja anunciou a construção do
oitavo e do nono templos brasileiro, na cidade do Rio de Janeiro e Belém.
Enquanto que as últimas estatísticas divulgadas pela igreja apontam que o total
de membros no Brasil já supera a marca dos 1,32 milhão de pessoas, organizadas
em quase 2 mil congregações espalhadas por todo o país. O trabalho missionário é
desenvolvido em 34 missões. Há também 325 Centros de História da Família,
dedicados essencialmente a pesquisas genealógicas. Esses centros são abertos a
todos os interessados, inclusive pessoas não congregadas à igreja. Como
comemoração dos oitenta anos da presença da igreja no Brasil, foi realizada uma
sessão especial promovida pelo Senado Federal do Brasil.
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