quinta-feira, 21 de junho de 2018

TAOISMO (1)



         O Taoismo, também chamado Daoismo e Tauismo, é uma tradição filosófica e religiosa originária do Leste Asiático que enfatiza a vida em harmonia com o Tao. O termo chinês “tao” significa “caminho”, “vida”, ou “princípio”, e também pode ser encontrado em outras filosofias e religiões chinesas. No taoismo, especificamente, o termo designa a fonte, a dinâmica e a força motriz por trás de tudo que existe.

         É, basicamente, indefinível: “O Tao do qual se pode discorrer não é o eterno Tao.” A principal obra do taoismo é o Tao Te Ching, um livro conciso e ambíguo que contém os ensinamentos atribuídos a Lao Zi ou Lao Tzu. Justamente com os escritos de Zhuangzi, estes textos formam os alicerces filosóficos dessa religião. Esse taoismo filosófico, individualista por natureza, não foi institucionalizado.

         Ao longo do tempo, no entanto, foram sendo criadas formas institucionalizadas de taoismo de diferentes escolas que, frequentemente, misturam crenças e práticas que antecediam até mesmo os textos-chave do taoismo, como por exemplo, as teorias da Escola dos Naturalista, que sintetizaram conceitos como o do yin-yang e o dos cinco elementos. As escolas taoistas tradicionalmente reverenciam Lao Zi e os “imortais” ou “ancestrais e possuem diversos rituais de adivinhação e exorcismo, além de práticas que visam a atingir o êxtase e obter maior longevidade ou mesmo a imortalidade.

         As tradições e éticas taoistas variam de acordo com a escola, porém, no geral, enfatizam a serenidade, a não ação (wu-wei), o vazio, a moderação dos desejos, a simplicidade, a espontaneidade, a contemplação da natureza e os Três Tesouros: compaixão, moderação e humildade.


         O taoismo teve uma influência profunda na cultura chinesa no decorrer dos séculos. Os clérigos do taoismo institucionalizado ( dàoshi), geralmente, tomam cuidado para deixar clara a distinção entre suas tradições rituais e os costumes e práticas encontrados na religião popular chinesa, uma vez que estas distinções podem ser facilmente pouco perceptíveis. A alquimia chinesa (especialmente neidan), a astrologia chinesa, o zen-budismo, diversas artes marciais, a medicina tradicional chinesa, o feng-shui e diversos estilos de qigong têm suas histórias entrelaçadas com a do taoismo. Além da China em si, o taoismo teve grande influência nas sociedades do leste da Ásia.


         Após Lao Zi e Zhuangzi, a literatura do taoismo cresceu com regularidade e passou a ser compilada na forma de um cânone, o Daozang, que por vezes, era publicado a mando do Imperador da China. Ao longo da história chinesa, o taoismo foi, por diversas vezes, decretado a religião do Estado. Após o século XVII, no entanto, ele perdeu muito de sua popularidade. Tal como todas as outras atividades religiosas, o taoismo foi reprimido nas primeiras décadas da República Popular da China e até mesmo perseguido durante a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung, continou, no entanto, a ser praticado livremente em Taiwan. Hoje em dia, é uma das cinco religiões reconhecidas pela República Popular da China e, embora não costume ser compreendida com facilidade longe de suas raízes asiáticas, tem seguidores em diversas sociedades ao redor do mundo.



CATEGORIZAÇÃO
         Há um debate sobre como, e se, o taoismo deve ser classificado. Lívia Kohn dividiu-o em três categorias:
·       道家 – Taoismo filosófico (dàojiā; Tao-chia) – A escola filosófica baseadas nos textos Dao De Jing e Zhuangzi;


·       道教 – Taoismo religioso (dàojiào; tao-chiao) – Uma família de movimentos religiosos organizados da China, oriundos do movimento Mestres Celestiais durante o final da Dinastia Han e, mais tarde, incluindo as seitas ortodoxas (Zhengyi) e a “Realidade Completa” (Quanzhen), que reivindicam linhagens descendentes de Laozi ou Daoling Zhang no final da dinastia Han;


·       Taoismo Tradicional – A religião tradicional chinesa. Manifestações da tradição religiosa chinesa, de caráter popular, integram elementos do taoismo religioso, do confucionismo e do budismo.



         Esta distinção é complicada pela dificuldades hermenêuticas (interpretações) na categorização das escolas taoistas, seitas e movimentos. Alguns estudiosos acreditam que não há distinção entre daojia e daojiao. De acordo com Kirkland,  “a maioria dos estudiosos que tem estudado o taoismo a sério, tanto na Ásia quanto no Ocidente, finalmente abandonou a dicotomia simplista de tao-chia (taoismo filosófico) e tao-chiao (taoismo religioso).”


         Hansen afirma que a identificação de “taoismo”, como tal, ocorreu pela primeira vez no início da Dinastia Han, quando dao-jia foi identificado como uma única escola. Os escritos de Laozi e Zhuangzi foram unidos sob esta tradição única durante a Dinastia Han, mas, notavelmente, não antes desta. É improvável que Zhuangzi fosse familiarizado com o texto Daodejing (Tao-te-Ching). Além disso, Graham afirma que Zhuangzi não teria se identificado como um taoista, uma classificação que não surgiu até bem depois de sua morte.

         O taoismo não cai estritamente sob uma definição de uma religião organizada, como as tradições abraâmicas, nem pode puramente ser estudado como uma variante da religião tradicional chinesa, tanto que a religião tradicional está fora dos princípios e ensinamentos nucleares do taoismo. Já Robinet afirma que o taoismo pode ser melhor entendido como um modo de vida do que como uma religião, e que seus adeptos não se aproximam ou veem o taoismo da mesma maneira não taoista com que os historiadores o têm feito. Henri Maspero observou que muitos trabalhos acadêmicos enquadram o taoismo como uma escola de pensamento focado na busca pela imortalidade.



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