sexta-feira, 1 de junho de 2018

HINDUÍSMO(4)




 HISTÓRIA E GEOGRAFIA HINDU




HISTÓRIA DO HINDUÍSMO
 A mais antiga evidência de uma religião pré-história na Índia data do fim do Neolítico, no período harapano inicial (5.500 a.C.). As crenças e práticas do período pré-clássico (1500 – 500 a.C.) são chamadas coletivamente de “religião histórica védica”. O hinduísmo moderno cresceu a partir dos Vedas, dos quais o mais antigo é o Rig Veda, que data de 1700-1100 a.C. Os Vedas centralizam o culto em divindades como Indra, Varuna e Agni, e no ritual do soma. Sacrifícios de fogo eram realizados, chamados de yagna ou yajnã, e entoavam mantras védicos, porém não construíam templos nem ícones. As tradições védicas mais antigas mostram fortes semelhanças com o zoroastrismo e outras religiões indo-europeias.
Monte Kailash no Tibet considerada a Morada de Shiva
 Os principais épicos em sânscrito, o Ramáiana e o Maabárata, foram compilados durante um período extenso que abrangeu os últimos séculos antes de Cristo, e os primeiros da Era Comum, e contêm histórias mitológicas sobre governantes e as guerras da antiga Índia, intercaladas com tratados religiosos e filosóficos. Os Puranas posteriores recontam histórias sobre os devas e devis, suas interações com os humanos e suas batalhas contra os demônios (rakshasas).



ORIGENS HISTÓRICAS E ASPECTOS SOCIAIS
Pouco é conhecido sobre a origem do hinduísmo, já que a sua existência antecede os registros históricos. É dito que o hinduísmo deriva das crenças dos arianos que residiam nos continentes sub-indianos (nobres seguidores dos Vedas), dravidianos e harapanos. Alguns dizem que o hinduísmo nasceu com o budismo e com o jainismo, mas Heinrich Zimmer e outros indólogos afirmam que o jainismo é muito anterior ao hinduísmo, e que o budismo deriva deste e do Sankhya que em consequência afetaram o desenvolvimento de sua religião mãe. Diversas são as ideias sobre as origens dos Vedas e a compreensão se os arianos eram ou não nativos ou estrangeiro na Índia. A existência do hinduísmo data de 6000 a 4000 anos a.C.
Historicamente a palavra hindu antecede o hinduísmo como religião, o termo é de origem persa e primeiramente referia-se ao povo que residia no outro lado (do ponto de vista persa) do Sindhu ou rio Indo. Foi utilizado para expressar não somente a etnia mas a religião védica desde o século XV e XVI por personalidades como Guru Nanak (fundador do siquismo). Durante o Império Britânico, a utilização do termo tornou-se comum, e posteriormente, a religião dos hindus védicos foi denominada “hinduísmo”. Na verdade, foi meramente uma nova vestimenta para a cultura que vinha prosperando desde a mais remota Antiguidade.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA ATUAL
A Índia, a Mauricia e o Nepal, assim com a ilha Indonésia de Bali têm como religião predominante o hinduísmo; importante minorias hindus existem em Bangladesh (11 milhões). Myanmar (7,1 milhões), Paquistão (4,3 milhões), Sri Lanka (2,5 milhões), Estados Unidos (2,5 milhões), Reino Unido (1.5 milhões), África do Sul (1,2 milhões), Malásia (1,1 milhão), Canadá (1milhão), Ilhas Fiji (500 mil) Trinidad e Tobago (500 mil) Guiana (400 mil), Países Baixos (400 mil), Singapura (300 mil) e Suriname (200 mil).

HINDUÍSMO NO BRASIL

O hinduísmo no Brasil é pouco comum e é encontrado em pequenas cidades.  No senso de 2010 aproximadamente 6 mil pessoas responderam professar o hinduísmo.
Os municípios brasileiros com maior percentual de hindus no Brasil foram: Nazário (GO) – 0,48%, Palmeiras (BA) – 0,46%, Itapina (DS) – 0,14%, Lindolfo Collor (RS) – 0,14%, Bocaina de Minas (MG) – 0,13%, São Lourenço da Serra (SP) – 0,11%, Xambrê (PR) – 0,10%, Itanagra (BA) – 0,06%, Porto Calvo (AL) – 0,06% e Tiradentes (MG), 0,06%.

HINDUÍSMO (3)





TEXTOS SAGRADOS


 SHRUTI
Shruti significa “aquilo que é ouvido” e refere-se primordialmente aos Vedas que compõem o mais antigo registro das escrituras hindus. Enquanto muitos hindus veneram os Vedas como verdades eternas reveladas aos antigos sábios (Rsis), alguns devotos não associam a criação deles com qualquer divindade ou pessoa, acreditando serem leis do mundo espiritual, que existiriam mesmo se não tivessem sido reveladas aos sábios. Os hindus acreditam que, como as verdades espirituais dos Vedas são eternas, eles estão sendo expressos continuamente de diferentes maneiras.
VEDAS são os textos mais antigos do hinduísmo, e também influenciaram o budismo, o jainismo e o siquismo. Os Vedas contêm hinos, encantamentos e rituais da Índia antiga. Juntamente com o Livro dos Mortos, com o Enuma Elish, I Ching e o Avesta, estes entre os mais antigos textos religiosos existentes. Além de seu valor espiritual, eles também oferecem uma visão única da vida cotidiana na Índia antiga. Enquanto a maioria dos hindus provavelmente nunca lera os Vedas, a reverência por mais uma noção abstrata de conhecimento (Veda em hindu significa “conhecimento” em sânscrito) está profundamente impregnada no coração daqueles que seguem o Veda Dharma.
Existem quatro Vedas (ver no blog do maffei o Hinduísmo 1) O Rig Veda, o Sama Veda, o Yajur Veda e o Atharya Veda. O Rig Veda é o primeiro e mais importante deles, cada Veda se divide em quatro partes: a primeira, o Veda propriamente dito, é o Samhitã que contém mantras sagrados. As outras três partes formam um conjunto em três camadas de comentários, costumeiramente em prosa, tidos como feitos numa data um pouco posterior ao Samhitã, são os Brãhamana, Ãranyakas e os Upanixades. As primeiras duas partes foram chamadas posteriormente de Karmakãnda (parte ritualística), enquanto as últimas duas formam a Jñãnakãnda (parte do conhecimento). Embora os Vedas tenham como foco os rituais, os Upanixades se concentram numa abordagem espiritual e em ensinamentos filosóficos, discutindo Brâman e a reencarnação.
UPANIXADES são denominados Vedanta porque eles contém uma exposição da essência espiritual dos Vedas. Entretanto é importante observar que Upanixades são textos e Vedabta é uma filosofia. A palavra Upanishad significa “sentar-se próximo ou perto”, pois os estudantes costumavam sentar-se no solo, próximos a seus mestres. Os Upanixades organizaram mais precisamente a doutrina védica de auto-realização, ioga e meditação, karma e reencarnação, que eram veladas no simbolismo da antiga religião de mistérios. Os mais antigos Upanixades são geralmente associados a um Veda em particular, através da exposição de uma brâmane ou Aranyaka enquanto os mais recentes não.
Formando o coração da Vedanta (final dos Vedas), eles contêm a técnica de adoração aos deuses védicos e capturam a essência do Rig Veda: “A Verdade é Uma”. Eles colocam a filosofia hindu separada e acolhendo uma única e transcendente força imanente e inata na alma de cada ser humano, identificando o microcosmo e o macrocosmo como uno. O hinduísmo primitivo é fundamentado nos quatro Vedas, o hinduísmo clássico, a ioga e Vedanta e correntes tântricas do Bhakti foram modelados com base nos Upanaxides.

 SMRITIS
Os textos hindus além dos shrutis são chamados coletivamente de Smiritis (memória). Os mais célebres dentre os smritis são os poemas épicos que consistem do Maabárata e do Ramaíana. O Bagavadguitá, parte integral do Maabárata e um dos mais populares textos sacros do hinduísmo, contém ensinamento filosóficos de Krshna, uma encarnação de Vishnu narradas ao príncipe Arjuna às vésperas de uma grande guerra. O Bhagavad Gitã, narrado por Krishna é descrito como a essência dos Vedas. O Gitã, no entanto, por vezes também chamado Gitopanishad, costuma ser categorizado com maior frequência entre os Shrutis, por ter um conteúdo de natureza upanixádica. Os Smritis também incluem os Puranas, que ilustram ideias Hindus através de narrativas vividas. Também existem textos de natureza sectária como o Devi Mahatmya, os Tantras, os Yogas Sutras, Tirumantiram, Shiva Sutras e Agamas. Um texto mais controverso, o Manusmriti é o livro de leis que epitomiza (relativo a epitome, resumo de uma obra, tratados) os códigos sociais do sistema de castas.

PURANAS – Os Puranas são considerados da classe smriti e são ensinamentos não escritos passados oralmente de uma geração a outra. Eles são distintos dos shrutis ou ensinamentos escritos tradicionais. Existem um total de 18 puranas maiores, todos escritos em forma de versos. Acredita-se que estes textos foram escritos muito anteriormente ao Ramayana e ao Mahabarata. Acredita-se que o mais antigo purana provém de cerca de 300 a.C., e os mais recentes de 1300 – 1400. Apesar de terem sido compostos em diferentes períodos, todos os puranas parecem ter sidos revisados. Tal pode ser notado quando se observa que todos eles comenta que o número de puranas é 18. Os puranas variam muito: o Skanda Purana é o mais longo com 81.000 versos, enquanto o Brahma Purana e o Vamana Purana são os mais curtos com 10.000 versos cada. O número total de versos em todos os 18 Puranas é 400.000.

RAMAYANA E MAHABARATA
O Ramayana e o Mahabarata são os livros épicos nacionais da Índia. São provavelmente os poemas mais longos escritos em todo o mundo. A obra conta a história de um príncipe Rama de Ayodhya, cuja esposa Sita é abduzida pelo demônio Rayana rei de Lanka.
 O Mahabarata é atribuído ao sábio Vyasa, e foi escrito no período entre 540 e 300 a.C. A obra que conta a lenda dos báratas, uma das tribos arianas, discute o tri-varga ou as três metas da vida humana: Kama ou desfrute sensorial, artha ou desenvolvimento econômico e darma a religiosidade mundana que se resume em códigos de conduta moral e ritual.
O Ramayana é atribuído ao poeta Valmiki e foi escrito no século I, apesar de ser baseado em tradições orais que datam de seis ou sete séculos antes de Cristo.



BHAGAVAD GITA
A Bhagavad Gita é considerado parte do Maabárata (escrito em 400 a 300 a.C.), é um texto central do hinduísmo, um diálogo filosófico entre o deus Krishna e o guerreiro Arjuna. Este é um dos mais populares e acessíveis textos do hinduísmo, e é de essencial importância para a religião. O Gita, discute altruísmo, dever, devoção, meditação, integrando diferentes partes da filosofia hindu.



AS LEIS DE MANU
Manu é o homem lendário, o “Adão” dos hindus. As leis de Manu, ou Manusmriti são uma coleção de textos atribuídos a ele.

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