terça-feira, 2 de maio de 2017

AL HAJJ MALIK AL-SHABAZZ - UM MUÇULMANO ESTADUNIDENSE (MALCOLM X)




     Malcolm X nasceu em Omaha, no estado de Nebraska, EUA no dia 19 de maio de 1925. Quando  estava com seis anos seu pai Earl Little, um dedicado trabalhador para a UNIA (Associação para a Melhoria Universal do Negro) foi violentamente assassinado. Após brutal espancamento,
foi jogado na linha do trem com corpo quase partido em dois, ainda não morreu ali, agonizou mais algumas horas. Louise Little, mãe de Malcolm com 34 anos, assumiu o sustento dos seus oito filhos. Ela possuía pele clara e arrumava empregos domésticos. Os empregos duravam até descobrirem que ela era negra. Louise também passou a receber dois cheques, um pensão de viúva, outro da assistência social. Este dinheiro não era suficiente, e com seu desemprego freqüente tornou-se uma família, praticamente, de indigentes. As assistentes sociais do governo atormentavam Louise, com a intenção de encaminhar seus filhos para lares adotivos, como ela se opunha, começaram insinuar, a tramar sua insanidade. Louise passou por intensas pressões que a levou a um colapso nervoso. Ensejo que o Estado aguardava para trancafiá-la em um hospital de doentes mentais. Malcolm já havia sido adotado e, em 1937, viu sua família ser destruída. Os dois irmãos mais velhos, Wilfred e Hilda foram deixados à própria sorte, Philbert foi levado para casa da família em Lansing, Reginald e Wesley foram viver com a família Willians, Yvone e Robert com a família McGuire.

Casal Louise e Earl Little

Universidade das Ruas

     Quando terminou a oitava série, Malcolm foi morar em Boston na casa de sua meia irmã Ella. Fez amizade com Shorty, esticou os cabelos, passou a beber, fumar, cigarros, baseados, jogar cartas, jogo dos números e aprendeu a dançar muito bem. Sua melhor parceira era Laura, uma singela negra que morava com a avó e sonhava forma-se na universidade. Ele a namorou, levou-a aos bailes, numa destas festas, trocou-a por uma mulher branca, uma mulher loura, a namorada negra chamada Sophia. Laura, no futuro próximo, cairia na prostituição. Malcolm confessou: “Umas das vergonhas que tenho carregado é o destino de Laura..., tê-la tratado da maneira como tratei por causa de uma mulher branca foi um golpe forte demais”. 


Spike Lee no papel de Shorty no filme Malcolm X
     Malcolm entre outros empregos, a exemplo de engraxate, trabalhou na ferrovia, depois resolveu se mudar para o Harlem. Alugou um apartamento onde várias das inquilinas eram prostitutas. Sophia ia de Boston para o Harlem visitá-lo. Algum tempo depois, casou-se e manteve-o como amante. No Harlem, Malcolm também morou na casa de Sammy, um amigo cafetão, e entrou para a “vida do crime”, tornou-se traficante. Aproveitou o bilhete que ganhou, quando trabalhou na ferrovia, e foi traficar nos trens. Estava cada dia mais difícil vender nas ruas, a polícia estava “fechando o cerco”, os artistas que conhecia – seus clientes – adoraram a ideia. 

     Naquele tempo, temia três coisas: cadeia, emprego e o exército. Fingiu-se de louco para se livrar do serviço militar. Depois do término das viagens traficando, perdeu a conta dos golpes que deu no Harlem. Não podia mais vender maconha, a polícia já o conhecia.

     Passou a praticar seus primeiros assaltos, e se preparava para esses trabalhos com drogas mais fortes. Era viciado no jogo dos números, quando ganhava, convidava Sophia para passar alguns dias em Nova York. Sua vida marginal levou-o a se meter em tantas encrencas no Harlem que acabou ficando num “beco sem saída”, estava “jurado de morte”. Sammy ligou para seu velho amigo Shorty vir buscá-lo, levá-lo de volta para Boston. Em Boston, foi morar com Shorty em seu apartamento.


     Quase todos os dias assim que o amigo saia para trabalhar, como saxofonista, Sophia encontrava-se com Malcolm, e ele arrancava-lhe todo o dinheiro. O marido de Sophia havia arrumado emprego de vendedor, e viajava constantemente. Para sair da inatividade Malcolm propôs a Shorty que assaltassem casas. Formaram um grupo com a participação de Rudy, amigo de Shorty, Sophia e sua irmã. Sophia havia apresentado sua irmã para Shorty e os dois passaram a namorar. O primeiro trabalho foi um sucesso, e depois vieram outros e outros. “Todo ladrão espera o dia em que será apanhado”. Chegou o dia inevitável de Malcolm, Shorty e Sophia e sua irmã, somente Rudy conseguiu escapar. As duas mulheres tiveram penas reduzidas, pegaram de um a cinco anos. Malcolm disse: “Apesar de serem ladras eram brancas”. Quanto aos dois negros, seu próprio advogado de defesa confessou: “Vocês não deviam ter se metido com mulheres brancas”. Shorty pegou de oito a dez anos, e Malcolm onze anos.



A Importância da Leitura

     Na prisão por causa de sua atitude rebelde e anti-religiosa, Malcolm ficou conhecido como Satã. Reginald escreveu-lhe uma carta dizendo que descobrira a verdadeira religião do homem preto. Ele pertencia a Nação do Islã, Malcolm respondeu a carta com palavrões. Recebeu outra, escrito: “Não coma carne de porco e pare de fumar que eu lhe mostrarei como sair da prisão”. Estas palavras ficaram em sua cabeça. Reginald sabia como funcionava a mente marginal do irmão, havia passado uma temporada com ele no Harlem. Quando foi visitá-lo Malcolm estava ansioso para saber como não comendo carne de porco livrar-se-ia da prisão. Afinal qual golpe havia tramado, e passou a ouvir Reginald falar sobre Elijah Muhammad. Seu irmão contou que: Alá viera para a América e se apresentou a um homem chamado Elijah – um homem preto – afirmando que o homem branco é o demônio. A mente de Malcolm, involuntariamente, recordou todos os homens brancos que conheceu. Ao ir embora Reginald deixou seu irmão pensando, com seus primeiros pensamentos sérios. Malcolm pensou nos brancos que tinham internado sua mãe, os que tinham matado seu pai, os brancos que haviam destruído sua família, em seu professor branco que assegurou que: “é absurda a idéia um negro pensar em ser advogado”. Apesar de suas notas altas, Malcolm deveria ambicionar ser carpinteiro. Quando Reginald voltou, viu o efeito que suas palavras haviam provocado em seu irmão, e falou mais sobre o demônio que é o homem branco. Seus outros irmãos também passaram a escrever, a falar sobre o honrado Elijah Muhammad. Todos recomendaram seus ensinamentos que classificavam como o verdadeiro conhecimento do homem preto. Malcolm titubeou, no entanto, acabou se convertendo ao islã, tornou-se muçulmano negro. 




Mesquita no Harlem, Nova Iorque, NY, EUA


    Graças aos esforços de Ella, Malcolm conseguiu ser transferido para uma prisão colônia de Nolfork que era de reabilitação profissional, muito melhor do que as outras por onde havia passado, e a biblioteca era um de seus elementos principais. Para responder as cartas, e se corresponder com Elijah Muhammad começou a ler muitos livros, tornou-se um leitor voraz, em seus anos de prisão, leu desde os clássicos aos mais populares. Sobre os filósofos fez o seguinte comentário: “Conheço todos, não respeito nenhum”, disse também: “A prisão depois da universidade é o melhor lugar para uma pessoa ir, se ela estiver motivada, pode mudar sua vida”; “as pessoas não compreendem como toda a vida de um homem pode ser mudada por um único livro”. Além da leitura, copiou um dicionário inteiro para compreender melhor os livros. Em 1952, Malcolm foi libertado e saiu em caravana para visitar o Templo Número Dois, assim eram chamadas as mesquitas. Ele finalmente ia ouvir Elijah Muhammad que ao final de sua fala chamou Malcolm, pediu que ficasse em pé, e diante dos olhares de uns duzentos muçulmanos, contou uma parábola a seu respeito.


     A partir de então, Malcolm passou a colaborar com Templo Número Um, ele participava da “pescaria” que era atrair os jovens, e se saia muito bem, afinal, conhecia a “linguagem dos guetos”. Recrutava nos bares, nos salões de sinuca e esquinas dos guetos, o Templo Número Um, de Detroit, em três meses triplicou o número de fiéis. Malcolm já havia recebido da Nação do Islã o seu “X” que significava seu verdadeiro nome de família africana que Deus lhe revelaria. Para ele o “X” substituía o Little, o pequeno, herança escravocrata; No verão de 1953, Malcolm X foi nomeado ministro assistente do Templo Número Um e passou a freqüentar a casa de Elijah Muhammad, era tratado como filho. Malcolm devido à sua fidelidade, inteligência, oratória, cultura, personalidade, obteve um desempenho extraordinário na Nação do Islã que resultou em uma ascensão meteórica. Em curto intervalo de tempo tornou-se o principal ministro de Muhammad, levando-o a ser transferido para o templo de Nova York – o mais importante. 


     Meio a sua vida agitada, Malcolm passou a reparar em uma moça chamada Betty, o interesse era recíproco, consultou Muhammad e casou em janeiro de 1958. Mal se casou, e Malcolm estava, em toda parte, trabalhando pelo crescimento da Nação do Islã. Em suas polêmicas diárias o que mais o irritava, eram certos líderes negros os quais acusava que: “suas organizações tinham corpo preto com cabeça branca”.




Elogio e Traição


     Malcolm fundou um jornal chamado “Muhammad Fala” que levou revistas mensais a darem reportagens de capa sobre os muçulmanos negros. Não demorou muito para que Malcolm fosse convidado para participar de mesas redondas de rádio, televisão e universidades, entre elas Havard, para defender a Nação do Islã, enfrentando intelectuais negros e brancos. Elijah Muhammad disse para Malcolm: “Quero que você se torne muito conhecido, pois você se tornando conhecido, também me tornará conhecido”. Malcolm tornou-se realmente conhecido, tornou-se uma personalidade estadunidense que muitas vezes chamou a atenção do cenário mundial, mais do que Martin Luther King e o presidente John F. Kennedy. 




     O seu destaque gerou ciúmes no próprio Elijah que não possuía a coragem e perspicácia de Malcolm para discutir, por exemplo, com professores universitários. A intensa exposição e repercussão da figura de Malcolm X contribuíram para alimentar entre os enciumados muçulmanos negros o boato que ele tentaria tomar o controle da Nação do Islã. Duas antigas secretárias de Muhammad entraram com processo de paternidade. Malcolm ao conversar com elas descobriu que enquanto Elijah Muhammad o elogiava pela frente, tentava destruí-lo pelas costas, e aguardava o momento oportuno para afastá-lo. A morte de John Kennedy e a declaração polêmica de Malcolm a respeito foi o ensejo. Ele que tanto se dedicou e com certeza foi uns dos principais (senão o principal responsável) pelo crescimento da Nação do Islã, foi afastado. Malcolm em seu trabalho árduo, praticamente, não adquiriu bens materiais. Bens que poderiam gerar algum conforto à sua família, no caso de sua falta, porém sempre acreditou que se alguma fatalidade lhe ocorresse, os muçulmanos negros cuidariam de sua família. Malcolm ficou sabendo do seu banimento através da imprensa. Sofreu humilhações públicas com manchetes como: “Malcolm silenciado”. Os muçulmanos negros também conspiraram para que ele fosse considerado traidor, a punição para a traição é o ostracismo e a morte. A ironia é que Malcolm sempre foi leal, ele falava em nome de Muhammad, renunciava a própria personalidade em favor de Elijah Muhammad.

Viagem à Meca



     Patrocinado por Ella, Malcolm viajou para Meca com o objetivo de conhecer melhor o islã. Agora admitia que Elijah Muhammad havia deturpado esta religião nos Estados Unidos. Ao voltar de sua viagem, estava para iniciar uma nova fase em sua vida. Ele que teve tantas reviravoltas em sua agitada história. Em uma entrevista coletiva, perguntaram-lhe: “Você ainda acredita que os brancos são demônios?” E ele respondeu: “Os brancos são seres humanos na medida que isto for confirmado em suas atitudes em relação aos negros”.

     Movido por suas novas idéias, Malcolm fundou a Organização da Unidade Afro-Americana: Grupo não religioso e não sectário – criado para unir os afro-americanos –, contudo, em 21 de fevereiro de 1965, na sede de sua organização, Malcolm recebeu 16 tiros calibre 38 e 45, a maioria deles atingiu o coração. Malcolm foi assassinado – com apenas 39 anos – em frente de sua esposa Betty, que estava grávida, e de suas quatro filhas. Escreveu MS Handler: “Balas fatais acabaram com a carreira de Malcolm X antes que ele tivesse tempo para desenvolver suas novas idéias”.




Debate em programa de TV

  Durante um programa de grande audiência de uma rede de TV Estadunidense, Malcolm X foi questionado pelo professor universitário afro-americano Dr.Payson.

Dr.Payson: - Por que ensina a supremacia negra ? Por que ensina o ódio ?

Malcolm X: - Um branco pergunta ao negro porque o odeio, é como o estuprador perguntar à violada: “Você me odeia?”. O Branco não está em posição moral para acusar o negro de nada.

Dr.Payson: - Mas é um negro que te faz a pergunta.

Malcolm X: - Quem chamaria você de negro com diploma de formação superior ? E o que os brancos te chamam. É preciso entender o raciocínio, e para isso, é necessário saber que, historicamente, havia duas espécies de escravos: o negro da casa e o do campo. O negro da casa vivia junto do senhor, na senzala ou no sótão da casa grande. Vestia-se, comia bem e amava o senhor. Amava mais o senhor que o senhor o amava a ele. Se o senhor dizia: “Temos uma bela casa”. Ele respondia: “Pois temos”. Se a casa pegasse fogo, o negro da casa corria para apagar o fogo. Se o senhor adoecesse, dizia “estamos doentes”. Se um escravo do campo lhe dissesse: “ vamos fugir desse senhor”, ele respondia: “existe uma coisa melhor do que o que temos aqui?”. “Não saio daqui.” O chamávamos de negro da casa. É o que lhe chamamos agora, porque ainda há muitos pretos de casa.


Importância histórica de Malcolm X


   Malcolm X conduziu uma parte do movimento negro nas década de 50 e 60 à três pontos fundamentais: 1) O islamismo, 2) a violência como método para auto-defesa e 3) o socialismo. Apesar da religião ter sido a porta de entrada para Malcolm X perceber todos os problemas sociais enfrentados pelos negros, pouco a pouco, ele percebeu a questão do negro não era uma questão apenas de carácter teológico, mas sim, uma questão política, econômica e civil. Foi a partir daí que os meios de comunicação exploraram suas declarações mais ácidas. Malcolm percebeu que a violência não era uma forma de barbárie, mas um meio legítimo de conquistas, pois todas as mudanças históricas se deram de maneira violenta. A violência proposta era, portanto, uma metodologia de transformação e não uma barbárie gratuita. O socialismo de Malcolm foi consequência da evolução de seu pensamento, após ser traído por membros da Mesquita Templo Número Dois, gradativamente ele percebeu que a questão do negro passava pela estrutura do capitalismo. 



Desta nova forma de pensar surgiu a Organização da Unidade Afro-Americana, um grupo não religioso e não sectário, focada nos problemas sociais das minorias sociais na sociedade capitalista americana. A sua opção pela violência e pelo socialismo foi de vital importância para os rumos que os movimentos negros tomaram ao fim da década de 60, tal como os "Panteras Negras", também partidários da violência enquanto método e do socialismo enquanto ideologia política.





“They called me the angriest Negro in America.” — Malcolm X

“Eles me chamaram de o negro mais zangado da América.” - Malcolm X


Filme Malcolm X (Dublado em Português)

Disponível em: https://youtu.be/E4bMtGxZT80. Acesso em 28 de dez. 2021.



O líder afro-americano Malcolm X tem o pai assassinado pela Klu Klux Klan e sua mãe internada por insanidade. Preso aos 20 anos de idade, Malcolm se converte ao islamismo e passa a pregar seus ideais.
Data de lançamento18 de novembro de 1992 (EUA)
Bilheteria73 milhões USD

  1. Foto de Spike Lee

    SPIKE LEEDIRETOR(A), ELENCO, ROTEIRO, E PRODUTOR(A)

  2. Foto de Arnold Perl

    ARNOLD PERLROTEIRO

  3. Foto de Alex Haley

    ALEX HALEYESCRITOR

  4. Foto de Denzel Washington

    DENZEL WASHINGTONELENCO

  5. Foto de Angela Bassett

    ANGELA BASSETTELENCO

  6. Foto de Al Freeman, Jr.

    AL FREEMAN, JR.ELENCO

  7. Foto de Albert Hall

    ALBERT HALLELENCO

  8. Foto de Delroy Lindo

    DELROY LINDOELENCO

  9. Foto de Lizbeth MacKay

    LIZBETH MACKAYELENCO

  10. Foto de Christopher Plummer

    CHRISTOPHER PLUMMERELENCO

  11. Foto de Lonette McKee

    LONETTE MCKEEELENCO

  12. Foto de Al Sharpton

    AL SHARPTONELENCO

  13. Foto de Theresa Randle

    THERESA RANDLEELENCO

  14. Foto de Karen Allen

    KAREN ALLENELENCO

  15. Foto de Roger Guenveur Smith

    ROGER GUENVEUR SMITHELENCO

  16. Foto de Ashanti

    ASHANTIELENCO

  17. Foto de Ernest R. Dickerson

    ERNEST R. DICKERSONCINEMATOGRAFIA

  18. Foto de Terence Blanchard

    TERENCE BLANCHARDMÚSICA

  19. Foto de Wynn Thomas

    WYNN THOMASDESIGN DE PRODUÇÃO

  20. Foto de Marvin Worth

    MARVIN WORTHPRODUTOR(A)

  21. Foto de Barry Alexander Brown

    BARRY ALEXANDER BROWNEDIÇÃO

segunda-feira, 1 de maio de 2017

É PROIBIDO PROIBIR - MAIO DE 1968

Maio de 68


             

  
  Período marcado pela movimentação estudantil ocorrida em Paris, na França, em 1968, que termina em confrontos entre jovens e policiais durante o mês de maio. Iniciada por estudantes, conta com a adesão de trabalhadores e espalha-se, posteriormente, para outros países.




            Em 1968, descontentes com a disciplina rígida, os currículos escolares e a estrutura acadêmica conservadora, estudantes de Paris organizam protestos que levam à ocupação da Universidade de Nanterre (oeste de Paris), em 23 de março.

Charles de Gaulle

          Eles contestam também a situação social e política do país e o governo do general Charles de Gaulle, em virtude do desgaste provocado pela guerra de independência da Argélia. Entre os slogans criados estão "É proibido proibir" "O poder está nas ruas" e "A imaginação no poder".


            A decisão da reitoria de fechar a faculdade, em 3 de maio, faz a Sorbonne abrir suas portas para os alunos de Nanterre. Influenciados pelos estudantes, operários de Paris realizam protestos, ocupando fábricas e organizando passeatas e greves. 


           No Quartier Latin, bairro dos intelectuais em Paris, há barricadas. Em 6 de maio ocorre o confronto entre 13 mil jovens e a polícia. Os policiais lançam bombas de gás lacrimogêneo, respondidas com pedras pelos jovens. Entre os líderes estudantis destacam-se Daniel Cohn-Bendit e Tiennot Grumbach. Nos dias seguintes, continuam as manifestações e cerca de 150 carros são danificados ou incendiados. Em princípio, o governo francês fica paralisado. Mas a situação é controlada no final de maio, com violenta repressão. No total são mais de 1,5 mil feridos. O governo de De Gaulle, abalado, sustenta-se no poder somente até abril de 1969.

Daniel Cohn-Bendit

            Os acontecimentos em Paris fazem parte de um movimento maior de contestação que ocorre em vários países do Ocidente, como Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda (Países Baixos), Suíça, Dinamarca, Espanha, Reino Unido, Polônia, México, Argentina e Chile. Jovens e trabalhadores protestam contra a situação do pós-guerra, as guerras e as ocupações imperialistas. Nos Estados Unidos, por exemplo, os jovens contestam a Guerra do Vietnã e fazem manifestações do movimento hippie. Nas críticas, de modo geral, existe uma mistura de radicalismo político e irreverência, que acusa tanto o capitalismo como o socialismo.
Jean-Paul Sartre

No Brasil há manifestações estudantis contra o Regime Militar de 1964 e a reforma universitária proposta pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), em 1967, que adota o modelo norte-americano de educação.




domingo, 30 de abril de 2017

UM DIA DE LUTA E NÃO UM FERIADO!

HISTÓRIA DO 1.º DE MAIO

A luta pela redução da jornada de trabalho


 A LUTA PELAS 8 HORAS



            Esta era a principal reivindicação da classe trabalhadora. No século passado, as condições de trabalho nos Estados Unidos não eram diferentes do restante do mundo. Jornadas estafantes, com mais de 14 horas, de segunda a sábado. A brutal exploração valia para homens, mulheres e crianças.

            No 1.º de maio de 1886, cerca de 400 mil trabalhadores começam a abandonar as fábricas, na luta pela conquista da jornada das 8 horas, Em Chicago, centro do capitalismo americano, o dia começa silencioso e nervoso. Alguns dias antes, o jornal “Chicago Times”, representante da burguesia local, publicava o seguinte:
            “A prisão e o trabalho forçado São a única solução possível para a questão social. É necessário que esses meios sejam mais usados.”
            “O único jeito de curar os trabalhadores do orgulho é reduzi-los a máquinas humanas, e o melhor alimento que os grevistas podem ter é o chumbo.”


            Os trabalhadores não se intimidaram. Uma passeata de milhares de operários, com suas famílias, surge numa das principais avenidas da cidade. Era um sábado,  1.º de maio. Na segunda- feira, a greve continua.


            No dia 3, os grevistas dirigiram-se à fábrica MacCormick, única que não estava parada, pois havia demitido cerca de 1.200 trabalhadores e substituído por fura-greves. Quando a passeata lá chegou, a polícia disparou, apesar das mulheres e crianças, provocando seis mortos, 50 feridos e centenas de presos.


            Ainda mais indignados, os trabalhadores convocaram um protesto para o dia 5 de maio, na Praça Haymarket. Perto de 15 mil pessoas assistiam ao ato, de forma pacífica quando cerca de 180 policiais armados avançaram sobre os manifestantes, espancando-os, inclusive as crianças. Nesse momento, sem que se soubesse de onde, explodiu uma bomba no meio dos policiais, provocando a morte de oito deles. Chegam mais reforços, atirando, numa brutal e sangrenta repressão. Morreram cerca de oitenta trabalhadores e centenas foram feridos (nunca se contaram com exatidão os trabalhadores mortos porque foram enterrados às escondidas).
            “Centenas de pessoas de todas as idades caem. O sangue ensopa as pedras das ruas. Os gritos dos feridos cobrem o suspiro dos moribundos. Em poucos minutos, tudo termina.”



O JULGAMENTO
            O terror policial se espalha. Foram presos os líderes August Spies, Adolf Fischer, Louis Lingg, Albert Parsons, George Engel, Michael Schwab, Oscar Neebe e Samuel Fielden.
            Spies, Parsons e Fielden tinham sido oradores no ato de protesto. Eles são responsabilizados pelos acontecimentos e levados a um julgamento de cartas marcadas. Disse um dos jurados: “que sejam enforcados. São homens demais desenvolvidos, demais inteligentes, demais perigosos para os nossos privilégios.”


            Em 9 de outubro de 1886, a sentença é lida: Parsons, Engel, Fischer, Lingg e Spies são condenados à morte. Fielden e Schwab, à prisão perpétua e Neebe, a 15 anos. No dia 11 de novembro de 1887,  quatro são enforcados enquanto a tropa procurava conter a multidão nas ruas. Na antevéspera, Lingg suicidou- se, numa última tentativa de salvar a vida dos companheiros. Seis anos depois, o governador de Illinois, onde fica Chicago, anula a sentença. Liberta os três sobreviventes, acusando de infâmia o juiz, os jurados e as falsas testemunhas.

Os Mártires de Chicago

August Spies
Nasceu na Alemanha, chegou aos EUA em 1872. Tipógrafo.

Luís Lingg
Nasceu na Alemanha. Carpinteiro

George Engel
Nasceu na Alemanha. Tipógrafo. Foi para os EUA em 1873

Oscar Neebe
Nasceu nos EUA, de pais alemães. Trabalhou em diferentes ofícios. Sua companheira morreu ao saber da condenação.

Adolf Ficher
Nasceu na Alemanha, foi para os EUA aos 10 anos. Tipógrafo, fundou um jornal operário.

Albert Parsons
Nasceu nos EUA e foi editor do jornal El Espectador.

Michael Schwab
Nasceu na Alemanha, encadernador. Emigrou para os EUA em 1879.

Samuel Fielden
Nasceu na Inglaterra. Trabalhou em vários ofícios diferentes.
Os Mártires de Chicago

August Spies
Nasceu na Alemanha, chegou aos EUA em 1872. Tipógrafo.

Luís Lingg
Nasceu na Alemanha. Carpinteiro

George Engel
Nasceu na Alemanha. Tipógrafo. Foi para os EUA em 1873

Oscar Neebe
Nasceu nos EUA, de pais alemães. Trabalhou em diferentes ofícios. Sua companheira morreu ao saber da condenação.

Adolf Ficher
Nasceu na Alemanha, foi para os EUA aos 10 anos. Tipógrafo, fundou um jornal operário.

Albert Parsons
Nasceu nos EUA e foi editor do jornal El Espectador.

Michael Schwab
Nasceu na Alemanha, encadernador. Emigrou para os EUA em 1879.

Samuel Fielden
Nasceu na Inglaterra. Trabalhou em vários ofícios diferentes.





(fontes: Revista Inquietação/Portugal e texto baseado no livro 1.º de Maio – Cem anos de luta, de José Luiz Del Roi, organizado pelo Centro de Memória sindical)  por sua vez retiramos este texto da FOLHA METALÚRGICA, n.º 190 de 10/04/2000 – SALTO/SP.


sexta-feira, 21 de abril de 2017

UMA AULA DE FEUDALISMO PARA A TURMINHA DO SÉTIMO ANO DA ESCOLA FLÁVIO EM SOROCABA



O link abaixo nos remete à uma aula de História do professor Maffei (mantenedor deste blog) na Escola Municipal Flávio de Souza Nogueira de Sorocaba - SP. 
Se quiser matar as saudades do seu tempo escolar vale a pena assistir:



https://www.facebook.com/ClaudioMaffeiPortoFeliz/posts/764215653756117?notif_t=like&notif_id=1492796444951723


Para os amigos estrangeiros que acessam esta página poderão conhecer um pouco das práticas pedagógicas no Brasil. Lembrando que as escolas municipais de Sorocaba estão um pouco acima da média das escolas brasileiras no quesito infra-estrutura e número de alunos em sala de aula.

Trabalho do aluno João Vitor Cardoso - 7 ano A

quinta-feira, 20 de abril de 2017

UMA SINOPSE SOBRE A HISTÓRIA DA HOLANDA


No primeiro século a.C., a área da atual Holanda era ocupada por tribos celtas e germânicas, que incluíam os frisões. A maior parte da região foi conquistada por Júlio César, nessa época, quando os romanos buscavam controlar a foz dos rios que deságuam no Mar do Norte.



Sob o domínio romano, o comércio na região prosperou. Templos, estradas e outras construções romanas foram edificadas. Por volta de 300 d.C., o domínio romano começou a enfraquecer. Os frisões permaneceram no norte. Os saxões ocuparam a região leste. Os francos tomaram o sul e o oeste. No início do século 5, a ocupação romana dos Países Baixos já havia terminado.



Por volta de 800, os Países Baixos eram parte do reino de Carlos Magno e seus habitantes foram convertidos ao cristianismo. Em 925, eram parte do Sacro Império Romano. Nos anos seguintes, o feudalismo e a fé cristã dominaram as relações europeias. O comércio expandiu-se, as cidades desenvolveram-se e a região passou por muitas disputas políticas e sucessórias, caindo sob o controle dos duques de Borgonha.
Em 1524, a Frísia submeteu-se a Carlos V, imperador do Sacro Império Romano, que veio a dominar a Holanda, Flandres e Brabante. Carlos V descendia do ramo espanhol da poderosa Casa dos Habsburgos e também era rei da Espanha, como Carlos I. Em 1555, Carlos V abdicou aos tronos da Espanha e dos Países Baixos em favor de seu filho espanhol Felipe II.



Descontentes com o regime opressor de Felipe II, os nobres holandeses rebelaram-se e iniciaram uma guerra de separação da Espanha, em 1568. Na segunda metade do século 16, a Espanha tomou o lugar de Portugal como a nação mais poderosa do mundo, mas seus interesses maiores estavam em seus domínios na América.



Em 1579, foi proclamada a República Unida da Holanda, mas os conflitos entre holandeses e espanhóis continuaram até 1648. As invasões holandesas no Brasil eram parte desses conflitos, devido a União Ibérica (1580-1640). No início do século 17, os holandeses conquistaram as Molucas, onde estabeleceram a sede da Companhia Holandesa das Índias Orientais.



Em 1624, após vários ataques, os holandeses conquistaram Salvador, a capital do Brasil, mas foram expulsos no ano seguinte. A Cidade da Bahia recebeu, então, um grande reforço defensivo, mas os holandeses conseguiram se estabelecer em Pernambuco.
Durante o século 17, os holandeses tornaram-se uma potência marítima e comercial, com assentamentos e colônias ao redor do mundo.
Em 1661, Portugal e Holanda negociaram um tratado, na cidade de Haia, buscando pôr um fim às invasões holandesas em territórios portugueses. Entre outras concessões, Portugal concordou em devolver as peças de artilharia holandesa que haviam ficado no Brasil.
Em 1795, a França invadiu a Holanda que ficou ocupada por 20 anos. Em 1815, formou-se o Reino dos Países Baixos. Em 1830, a Bélgica separou-se e formou um reino próprio.
A Holanda manteve-se neutra na Primeira Guerra Mundial, mas sofreu invasão e ocupação pela Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

Ao longo do século 20, a maioria das colônias holandesas adquiram independência. Em 2010, o Reino da Holanda passou a ser constituído por quatro países: Holanda, Aruba, St. Maarten e Curaçao.


Veja também:

ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: DOIS MUNDOS, UM MESMO FASCÍNIO PELO PASSADO

Quando falamos em escavar o solo em busca de vestígios do passado, muitas pessoas imediatamente pensam em fósseis de dinossauros e utensílio...

Não deixem de visitar, Blog do Maffei recomenda: