ERATÓSTENES DE CIRENE
Nascido em Cirene em 276 a.C. e morreu em Alexandria em 194
a.C. Foi um matemático, gramático, poeta, geógrafo, bibliotecário e astrônomo
da Grécia Antiga, conhecido por calcular a circunferência da Terra. Nasceu em
Cirene, na África, e morreu em Alexandria. Estudou em Cirene, em Atenas e em
Alexandria. Os contemporâneos chamavam de “Beta” porque o consideravam o
segundo melhor do mundo em vários aspectos.
A VIDA DE ERATÓSTENES
Farol de Alexandria uma das maravilhas da antiguidade |
Aristófanes de Bizâncio |
Diz-se que ele foi chamado “pentatleta” ou “plataformas”, por estar
sempre em segundo lugar em várias áreas do conhecimento. Segundo o Suda [1] é
dito que ele nasceu no período da 126ª Olimpíada e faleceu com a idade de 82
anos. Um dos seus discípulos foi Aristófanes de Bizâncio.
OBRAS
Eratóstenes escreveu obras filosóficas, poemas, histórias,
muitos diálogos e trabalhos sobre gramática. Entre suas obras, merecem destaque
Astronomia ou Catasterismos; Sobre as Seitas Filosóficas; Sobre o Libertar-se
da Dor. Um de seus poemas chamava-se Hermes.
Téon de Esmirna |
Eratóstenes trabalhou também com números primos e é lembrado
por seu Crivo de Eratóstenes, que é ainda uma importante ferramenta na teoria
dos números. O crivo é citado na obra Introdução à Aritmética de Nicomedes.
Estrabão |
Ele também escreveu um livro chamado Sobre os Significados
que, apesar de perdido, é mencionado por Papo de Alexandria como sendo um
importante livro de geometria. Eratóstenes ainda escreveu um livro denominado
Sobre a Medição da Terra, também perdido, em que de maneira surpreendente
procedeu com a exata medição da circunferência da Terra. Alguns detalhes desta
medição estão nos trabalhos de Cleomenes, Téon de Esmirna e Estrabão.
GEOGRAFIA
Eratóstenes é tido também como o fundador da disciplina
geografia. Ele publicou uma obra chamada Geográfica, na qual estabelece um
vocabulário próprio (tais como as palavras geografia e geógrafo) para a
disciplina antes tida como apenas técnica. Nessa obra Eratóstenes afirma que
Homero teria sido o primeiro geógrafo, em razão deste último ter feito
descrições topológicas e climáticas de determinados locais e regiões na
antiguidade. Eratóstenes associa Anaximandro com a origem da Cartografia,
apesar de a técnica ter sido originada em Mileto, no século VI a.C. Na
Geográfica, que tinha três volumes e que conta hoje com apenas 155 fragmentos,
mencionados eminentemente por Estrabão e Plínio, o velho, o autor utiliza de
descrições de viagens e expedições feitas por compatriotas, a maior parte
desses viveu na época de Alexandre, o Grande, para formular o que seria um mapa
do mundo existente na época.
A MEDIDA DA CIRCUNFERÊNCIA
DA TERRA
Em sua época, as datas dos solstícios e equinócios eram
levemente diferentes das atuais, devido à precessão dos equinócios. Mas
Eratóstenes conhecia as datas em que estes eventos ocorriam. Eratóstenes foi
diretor da Biblioteca de Alexandria, e num dos manuscritos dessa instituição tomou
conhecimento de que no solstício de verão na cidade de Siena (atual Assuã), ao
meio dia, o sol ficava exatamente no zênite [2], de modo que podia ser
observado no fundo de um poço. Porém, em Alexandria, na mesma data e mesma hora
isso não era possível, pois o Sol não fica suficientemente perto do Zênite.
Biblioteca de Alexandria no Egito dos Ptolomeus |
Então percebeu que se ele pudesse determinar esse ângulo e
soubesse a distância entre as cidades, poderia determinar o tamanho da Terra.
Contratou um itinerante para medir a distância das cidades em passos, que era
comum na época. Eram pessoas treinadas para caminhar com passadas muito
regulares. Assim constatou que a distância era de 5.040 estádios. Fixou uma
vareta perpendicular ao solo, em Alexandria, mediu o comprimento da sombra em
proporção ao comprimento da vareta e, com isso, encontrou o ângulo de 7,2° ou
1/50 da circunferência. Portanto o perímetro total da circunferência terrestre
deveria ser 5.040 X 50 = 252.000 estádios.
Neste cálculo, Eratóstenes assumiu implicitamente que Siena
e Alexandria estariam no mesmo meridiano, porém há uma diferença em torno de
2,98° de longitude entre as cidades, o que produz uma pequena diferença de
0,135% que não é relevante em comparação a outras fontes de erros.
O detalhe mais importante é que na época de Eratóstenes
havia muitas unidades com o mesmo nome (stadium) e diferentes comprimentos,
variando desde 156 metros até 210 m. Devido a essa inexistência de
padronização, diferentes fontes apontam diferentes valores para o resultados
que teria sido encontrado por Eratóstenes. Em 1972, Lev Vasilevich Firsov
analisou 81 trabalhos de medidas realizados por Eratóstenes e Estrabão, para
calcular inversamente quanto deveria ser o stadium utilizado por eles, e chegou
ao valor de 157,7 metros. Com isso tornou-se possível saber que a
circunferência da Terra medida por Eratóstenes, convertida no sistema métrico
moderno, correspondia a cerca de 39.700 Km, muito semelhante ao valor correto
(40.008 Km).
POSSIDÔNIO
Nasceu em 135 a.C., numa família grega em Apameia, uma
cidade romana sobre o rio Orontes, a norte da Síria. Estudou em Atenas com
Panécio de Rodes, naquele tempo, a cabeça da escola estoica. Possidônio fez
longas viagens, como por exemplo, ao Egito e à Península Ibérica.
Por volta de 97 a.C., assentou-se em Rodes, centro
intelectual grego da época, onde participou da vida pública e foi embaixador em
Roma (87 – 86 a.C.). Esse mesmo ano chegaria a fundar a sua escola. Lá foi
ouvir Cícero em 78 a.C. e Pompeu visitou-o duas vezes.
As suas conexões com a classe dirigente romana serviram para
as suas explorações geográficas. Visitou e descreveu o mundo bárbaro, em
especial os Celtas.
As suas obras perderam-se, e somente muito recentemente,
mediante a análise crítica da literatura produzida sob sua influência,
conseguiu-se ter alguma ideia (embora não totalmente clara) da grandeza de
Possidônio.
Historiador e geógrafo, racionalista e místico, reuniu
diversas correntes filosóficas dentro da estrutura de um monismo estoico, e
tratou de apoiar as suas teorias com o seu grande saber empírico. Reconhecido
como “o espírito mais universal que houve na Grécia desde a Época de
Aristóteles.
MEDIÇÃO DAS DIMENSÕES DA
TERRA
Por volta de 100 a.C., Possidônio observou que a estrela
Canopus tinha uma altura de 7°30’ em Alexandria enquanto em Rodes apenas era
divisada no horizonte. Estimou a distância entre ambas as cidades em 5.000
estádios e obteve a medida da circunferência terrestre (aproximadamente 44.000
quilômetros).
FILOSOFIA
Possidônio retomou as teorias dos estoicos e combinou-as com
elementos platônicos e aristotélicos. Dos primeiros recolheu a ideia de um
cosmo vivo e do segundo a existência de uma alma, com emoções que podem ser
positivas. Foi o criador do estoicismo ou estoa média, do qual foi seu maior
expoente. Possidônio morreu por volta de 51 a.C.
GLOSSÁRIO
[1] SUDA – No século X, em
Constantinopla, aparece uma obra coletiva de grande interesse da Antiguidade
Grega. Trata-se de uma compilação de obras e personagens classificadas de forma
inovadora por ordem alfabética que se apresenta, portanto, como a primeira
enciclopédia: a Suda. Apesar de várias imprecisões e erros, a Suda contém
informações inestimáveis, uma vez que os seus autores tiveram acesso a numerosas
fontes agora perdidas
[2] ZÊNITE – Em astronomia,
é o termo técnico (também usado em trigonometria) que designa o ponto
(imaginário) interceptado por um eixo vertical (imaginário) traçado a partir da
cabeça de um observador (localizado sobre a superfície terrestre) e que se
prolonga até a esfera celeste. O ponto (sobre a esfera terrestre) traçado por
um eixo vertical de sentido oposto recebe o nome de nadir. Em trigonometria,
para fins de navegação astronômica, é um dos três pontos referenciais que
formam um triângulo de posição e onde se encontra o observador. O zênite também
é a linha imaginária que parte do observador e sempre aponta para o ponto mais
elevado da abóbada celeste.