sábado, 30 de julho de 2022

O NOME DA ROSA


O Nome da Rosa de Umberto Eco: Análise da Obra

O Nome da Rosa é um livro de 1980 escrito pelo italiano Umberto Eco. Em 1986 foi lançado o filme homônimo dirigido pelo francês Jean-Jacques Annaud.

A narrativa se passa na Itália no período medieval. O cenário é um mosteiro beneditino, onde um frei é chamado para fazer parte de um concílio do clero que investiga crimes de heresia. Entretanto, assassinatos misteriosos começam a ocorrer.

Essa história se tornou um clássico, mesclando romance investigativo com inspiração em Sherlock Holmes, religião, erotismo, violência e um toque de humor em plena Idade Média. A obra alcançou enorme reconhecimento e projetou Umberto Eco como um célebre escritor.

A Chegada dos Franciscanos ao Mosteiro

Quando o monge franciscano Guilherme de Baskerville (Sean Connery) chega a um monastério beneditino no norte da Itália, em 1327, ele não imaginava o que iria viver nos próximos dias.

Acompanha Guilherme o noviço Adso de Melk (Christian Slater), um jovem vindo de uma família da elite que está sob sua tutoria.

O narrador da história é o velho Adso, que relembra os acontecimentos em sua juventude. Aqui já é possível perceber o contraste entre a juventude e a velhice, ao colocar a mesma personagem em dois momentos da vida diferentes.

Os dois chegam a cavalo ao enorme mosteiro e são levados a um aposento em que da janela é possível ver um pequeno cemitério. Guilherme observa um urubu rondando uma cova recém coberta e fica sabendo que um jovem pároco havia falecido há pouco tempo em circunstâncias duvidosas.

A investigação

A partir de então, mestre e aprendiz iniciam uma investigação sobre o caso, que é visto como obra do demônio pelos demais religiosos.

Com o passar do tempo, outras mortes ocorrem e Guilherme e Adso buscam relacioná-las e entender o mistério que ronda a instituição religiosa.

Assim, eles descobrem que a existência de uma biblioteca secreta estava interligada aos acontecimentos mórbidos do lugar. Tal biblioteca guardava livros e escrituras considerados perigosos para a Igreja Católica.


Isso porque tais registros continham ensinamentos e reflexões da antiguidade clássica que colocavam em cheque os dogmas católicos e a fé cristã.

Uma das crenças difundidas pelos poderosos do alto clero era a de que o riso, a diversão e a comédia desvirtuavam a sociedade, tirando o foco da espiritualidade e o temor a Deus. Assim, não era recomendado que os religiosos rissem.

Um dos livros proibidos que se encontrava na biblioteca era uma suposta obra do pensador grego Aristóteles que versava justamente sobre o riso (Comédia).

Guilherme e Adso conseguem, através do pensamento racional e investigativo, chegar até a biblioteca, um local que continha um enorme número de obras. A construção de tal lugar era bastante complexa, o que a transformava em um verdadeiro labirinto.

Os abusos da Igreja e a paixão de Adso

A trama conta também com cenas que denunciam os abusos da Igreja cometidos contra os camponeses. Eles costumavam fazer doações de comida ao povo pobre em troca de exploração sexual.

Em dado momento, Adso depara-se com uma jovem mulher (a única que aparece no enredo), e os dois envolvem-se sexualmente, em uma cena cheia de erotismo e culpa. Adso passa a desenvolver sentimentos amorosos pela camponesa.


A Inquisição

Eis que chega ao monastério um antigo desafeto de Guilherme, Bernardo Gui, um poderoso frei que é um dos braços da Santa Inquisição. Ele vai até lá para apurar denúncias de atos hereges e bruxarias.

Bernardo se coloca então como um obstáculo para que Baskerville e Adso concluam suas investigações, que já estão causando problemas entre a alta cúpula.

Alguns acontecimentos ocorrem envolvendo dois frades e a camponesa por quem Adso é apaixonado. Os três são indiciados como hereges, sendo que a moça é vista como bruxa.

Um tribunal é realizado com a intenção de que eles confessem os assassinatos e sejam posteriormente queimados na fogueira.

No momento em que os réus são colocados na fogueira e a maioria das pessoas acompanhava o desenrolar dos fatos, Guilherme e Adso vão até a biblioteca para resgatar algumas obras.

O desenrolar dos fatos

Lá eles se deparam com Jorge de Burgos, um dos párocos mais idosos do mosteiro, que mesmo cego e decrépito era o verdadeiro "guardião" da biblioteca. Guilherme então se dá conta de que todas as mortes tinham como responsável o velho Jorge.

Em um momento de confusão, inicia-se um grande incêndio na biblioteca, onde Jorge de Burgos acaba morrendo e Adso e seu mestre saem com vida carregando alguns livros.

Por conta do incêndio no mosteiro, as atenções são desviadas do julgamento e das fogueiras, assim, a camponesa consegue escapar.

Adso e Guilherme saem do local e seguem rumos distintos na vida, nunca mais se encontrando. Resta a Adso os óculos de seu mestre e a lembrança da paixão pela camponesa, que ele nunca soube o nome.


Significado de O nome da rosa

Uma das grandes curiosidades acerca da obra está relacionada com a escolha do título. O nome da rosa parece ter sido escolhido a fim de deixar que o próprio leitor desse uma interpretação.

Além disso, a expressão "o nome da rosa" era na época medieval uma maneira simbólica de expressar o enorme poder das palavras.

Sendo assim, a biblioteca e as obras proibidas pela Igreja teriam total relação com o nome dessa grande obra da literatura.

Análise e curiosidades sobre a obra

A história se passa em um momento crucial da humanidade quando se dá a transição do pensamento medieval para o raciocínio renascentista.

Assim, Guilherme de Baskerville representa o humanismo, o pensamento lógico, as novas ideias, a valorização da ciência e do ser humano. Ao passo que os outros religiosos simbolizam o pensamento atrasado e místico que envolveu toda a Europa durante o período medieval.

Podemos comparar também frei Guilherme com a personagem de Sherlok Holmes, um astuto detetive inglês, criado pelo escritor Sir Arthur Conan Doyle. Aliás, um dos casos de investigação mais conhecidos de Sherlock leva o nome de O Cão dos Baskervilles.

O narrador, o noviço Adso de Melk, serve como um fio condutor, dirigindo o leitor ao entendimento das situações e fazendo também um paralelo com Watson, o fiel escudeiro de Sherlock Holmes.

Já o velho Jorge de Burgos teve como inspiração Jorge Luis Borges, escritor argentino que ficou cego no fim da vida e foi autor de várias obras que se passam em bibliotecas. O monge Jorge de Burgos é descrito por Humberto Eco como “a própria memória da biblioteca”.

O enredo nos conta sobre uma série de assassinatos e como eles ocorreram, entretanto, o principal objetivo da história é nos mostrar os meandros e pensamentos da corporação religiosa na Baixa idade Média em contraste com as novas concepções humanistas que surgiam. Dessa forma, o que temos é uma narrativa que serve como uma crônica da vida clerical.

São tratados ainda muitos temas filosóficos e um que ganha destaque é a discussão sobre o valor da diversão e do riso. Dessa forma, o escritor nos presenteia com uma obra que defende a leveza, o bom humor e a livre expressão de todos os seres humanos.

Adaptação cinematográfica

A adaptação do livro, transformado em filme seis anos depois de sua publicação, deu maior visibilidade à narrativa. Apesar de a história apresentada ser mais resumida, o filme é fiel ao livro e tem o poder de nos transportar também ao passado medieval.

A produção do longa-metragem demorou cinco anos para ser concluída e contou com apenas uma mulher no elenco, a única personagem feminina. As filmagens foram feitas na Itália e Alemanha e o filme teve uma bilheteria de 77 milhões. Em 1987, ganhou o prêmio César de melhor filme estrangeiro e, no ano seguinte, o prêmio Bafta, de melhor ator para Sean Connery.

Ficha técnica

Título

O nome da rosa

Ano de lançamento

1986

Direção e adaptação

Jean-Jacques Annaud, adaptação de livro de Umberto Eco

Gênero

suspense, investigação, drama

Duração

130 minutos

País de origem

França

Elenco

Sean Connery, Christian Slater, Elya Baskin, Valentina Vargas, Michael Lonsdale

 

Quem foi Umberto Eco?

Umberto Eco foi um escritor italiano nascido em 05 de Janeiro de 1932.

Formado em filosofia e literatura pela Universidade de Turim, mais tarde torna-se professor dessa instituição. Dedicou-se intensamente à pesquisa da semiótica, que rendeu o livro intitulado Obra aberta (1962).

Foi um grande estudioso do período medieval e de São Tomas de Aquino, lançando em 1964 o livro Apocalípticos e Integrados.

Em 1980 publica O Nome da Rosa, que o consagra. Outros livros importantes do autor são: O Sinal (1973), Tratado Geral de Semiótica (1975), O Pêndulo de Foucault (1988), O Cemitério de Praga (2010) e O Número Zero (2015). 


Fonte: AIDAR, Laura. Site Cultura Geral. Disponível em: https://www.culturagenial.com/o-nome-da-rosa/. Acesso em 30 de jul. 2022. 



YOUTUBE– filme dublado completo

sexta-feira, 22 de julho de 2022

O MASSACRE DE BABI YAR NA UCRÂNIA SOVIÉTICA PELOS NAZISTAS EM 1941

 

Em setembro de 1941, Babi Yar, ravina existente em Kiev, capital da Ucrânia, foi o local de um dos maiores massacres de judeus em um único lugar, durante a 2ª Guerra Mundial. Em dois dias apenas, 34 mil judeus, homens, mulheres, crianças e velhos, foram mortos a tiros. Babi Yar se tornou símbolo do cruel assassinato de judeus perpetrado pelos Einsatzgruppen[1] e do persistente não reconhecimento da memória judaica.

Em 1961, o poeta russo Yevgeny Yevtushenko[2], em seu poema “Babi Yar”, fez um apelo para que os terríveis acontecimentos não fossem relegados ao esquecimento.

“(...) A erva selvagem murmura sobre Babi Yar. As árvores olham agourentas como os verdugos. 

Aqui tudo grita em silêncio, e, tirando meu boné, sinto-me grisalho, lentamente. E eu, também, tornei-me um berro tonitruante, sem som, pelos muitos milhares aqui enterrados. Eu sou cada velhinho aqui abatido a tiros. Eu sou cada criança aqui abatida a tiros. Nada será esquecido, dentro de mim... ”


Holocausto na Ucrânia

A Operação Barbarossa[3], invasão da antiga União Soviética por Hitler, lançada em 22 de junho de 1941, foi decisiva no Holocausto, pois deu início ao genocídio de judeus. A matança sistemática de judeus no leste da Europa começou no primeiro dia da invasão alemã.

As forças nazistas rapidamente ocuparam a Ucrânia, o leste da Polônia, a Letônia, Estônia e Lituânia, a Bielorrússia e o oeste da República Russa. Assim que o exército alemão ocupava alguma área da ex-União Soviética, os Einsatzgruppen (Esquadrões da morte móveis das SS) entravam em ação, fuzilando os judeus. Estima-se que mais de 1,5 milhões foram executados dessa forma. Uma das “tarefas” dos Einsatzgruppen era organizar, entre a população local, indivíduos dispostos a perpetrar ou a participar dos assassinatos em massa de judeus. Na Ucrânia não foi difícil; centenas de milhares colaboraram entusiasticamente com os nazistas. Sem tal participação, teria sido impossível que as matanças atingissem a escala que de fato tiveram.


Antes mesmo de os nazistas irem em frente com a “solução radical do problema judaico através da execução a tiros de todos os judeus”, milhares de ucranianos foram os responsáveis por sangrentos pogroms[4]. Outros milhares tornaram-se guardas nos campos de extermínio. A ajuda da polícia ucraniana permitiu aos nazistas rapidamente identificar e reunir os judeus que, a seguir, eram conduzidos para locais ermos onde, um a um, família após família – homens e mulheres, velhos e crianças – eram brutalmente assassinados a tiros.

Kiev

A cidade de Kiev acabou caindo em mãos alemãs após 45 dias de batalha, em 19 de setembro de 1941. Acredita-se que cerca de 70% dos 225 mil judeus (20 % da população da cidade) que viviam em Kiev conseguiram deixar a cidade a tempo. A maioria dos que ficaram eram os que não tinham condição de fugir: mulheres, crianças, velhos e doentes.

Desde o primeiro dia da ocupação, os judeus perceberam as “faces radiantes” de muitos ucranianos, como recordou mais tarde uma testemunha ocular, Konstantin Miroshnik[5], então com 16 anos. Um dos vizinhos ucranianos dissera a seu avô, “Leib, seu poder judaico chegou ao fim, uma nova ordem começará agora, portanto tenha em mente, você terá contas a acertar...”.

No segundo dia da ocupação, policiais ucranianos apareceram nas ruas portando braçadeiras e anunciando que faziam parte da “Organização de Nacionalistas Ucranianos” (OUN), organização liderada por Stepan Bandera [6].

Por alguns dias os judeus não foram molestados. Em 21 de setembro, após ter sido submetido a humilhações públicas, foi assassinado Shlomo Glozman[7], um dos líderes comunitários de Kiev, junto com nove outros dos mais respeitáveis membros da comunidade.

Durante os primeiros dias da ocupação alemã, duas grandes explosões, aparentemente desencadeadas por engenheiros militares soviéticos, destruíram o prédio onde havia se instalado o quartel-general alemão e parte do centro da cidade. Os alemães usaram esses atos de sabotagem como pretexto para dar início à matança dos judeus de Kiev.

Em 27 e 28 de setembro, os nazistas colocaram cartazes em russo e ucraniano por toda a cidade, convocando os judeus para o “reassentamento”.  “Ordena-se a todos os judeus residentes de Kiev e suas vizinhanças que compareçam à esquina das ruas Melnyk e Dokterivsky, às 8 horas da manhã de 2ª feira, 29 de setembro de 1941, portando documentos, dinheiro, roupas de baixo, etc. Aqueles que não comparecerem serão fuzilados. Aqueles que entrarem nas casas evacuadas por judeus e roubarem pertences destas casas serão fuzilados”. Mais de 30 mil se apresentaram.

Nos dias 29 e 30, véspera de Yom Kipur[8], os judeus foram levados a Babi Yar, uma ravina nos arredores da cidade. Acreditavam que seriam embarcados em trens para um reassentamento. A multidão de homens, mulheres e crianças era grande o bastante para que ninguém se desse conta do que estava para acontecer, a não ser tarde demais. Um dos comandantes do Einsatzkommando chegou a se gabar, dias mais tarde, que, por causa de “nosso talento especial para a organização, os judeus acreditaram, até o momento de serem executados, que estavam realmente sendo enviados para um reassentamento”.

O massacre foi realizado em dois dias, pela unidade C do Einsatzgruppen, apoiada por membros de um batalhão das Waffen-SS. Unidades da polícia ucraniana foram usadas para agrupar e conduzir os judeus até o local de fuzilamento.

Logo após a guerra, um cidadão não judeu, o vigia do velho cemitério judaico próximo a Babi Yar, contou que testemunhara “cenas horríveis de dor e desespero”. Ao relatar os fatídicos acontecimentos contou: “Eu vi policiais ucranianos formarem um corredor e levar os judeus apavorados para a enorme clareira, onde, com bastões, aos gritos e utilizando cães que arrancavam pedaços dos corpos das pessoas, os judeus eram forçados a se despirem totalmente, a formar filas e, então, dirigir-se em colunas de dois para a boca da ravina. Ao escutarem o barulho das metralhadoras que estavam abatendo os judeus do grupo logo à frente, percebiam o que os esperava, mas não tinham mais como escapar. Ao chegar à boca da ravina, encontravam-se na beira do precipício, a 20, 25 metros de altura, e do outro lado havia metralhadoras alemãs disparando. (...). Então os próximos 100 eram trazidos, e tudo se repetia. Os policiais pegaram as crianças pelas pernas e as jogaram vivas dentro do Yar. Naquela noite, os alemães fizeram desmoronar as paredes da ravina e enterraram as pessoas sob uma espessa camada de terra. Mas a terra moveu-se ainda por muito tempo, porque judeus feridos e ainda vivos se moviam, desesperados”.

Dina Pronicheva[9] foi uma dentre os poucos judeus a escapar com vida. Assim como centenas dos que foram alvejados, não morreu. Mas diferentemente da maioria dos que caíram vivos na vala, ela conseguiu evitar ser sufocada e escapou. Após a guerra, Dina contou os horrores de Babi Yar ao escritor russo Anatoli Kuznetsov[10], que publicou a história, primeiro na Rússia, em 1966, e na Inglaterra em 1970, sob o pseudônimo de A. Anatoli. Dina contou que enquanto estava ainda soterrada ouvia por todo lado e por baixo ela, sons abafados, gemidos, pessoas se sufocando e chorando. A massa de corpos movia-se ligeiramente conforme se acomodava e se espremia, através do movimento dos que ainda viviam. Lembrou como os soldados iam até a borda e iluminavam os corpos com suas lanternas, atirando com seus revólveres sobre os que ainda pareciam vivos.

Ao se referir ao massacre, Elie Wiesel[11] escreveu que “testemunhas oculares disseram que, por meses após as mortes, o solo de Babi Yar continuava a esguichar gêiseres de sangue”. Após dois dias de assassinatos, a unidade do Einsatzkommando mandou para Berlim um relatório sobre a ação: em dois dias, 33.771 judeus haviam sido exterminados em Babi Yar e os “operadores” das metralhadoras haviam sido auxiliados pelos milicianos ucranianos. 

Nos meses seguintes, os nazistas utilizaram Babi Yar como um local de execução para prisioneiros de guerra soviéticos e para “ciganos”. O número de executados talvez jamais seja conhecido.

Destruindo provas

Em março de 1944, a ex-URSS inicia a ofensiva na Bielorrússia. À medida que os exércitos alemães iam batendo em retirada frente ao inexorável avanço russo, eram instruídos a destruir as evidências dos assassinatos em massa.

Um comando especial foi incumbido de ir aos locais dos massacres realizados pelos Einsatzgruppen. Teriam que exumar e queimar cadáveres e ossos e espalhar as cinzas. Na maioria dos locais foram construídas piras maciças. Cada pira podia consumir 3.500 corpos e ardia até dez dias. Mas a quantidade de mortos enterrados na ravina de Babi Yar não permitia esse “modus operandi”. Lembrou posteriormente o comandante da operação: “A terra sobre a imensa cova comum foi removida; os corpos foram cobertos com material inflamável e incendiados. Demorou cerca de dois dias para que a tumba ardesse até o fundo”.

A terrível tarefa foi realizada por mais de 400 judeus e prisioneiros de guerra soviéticos. Eles sabiam que assim que o trabalho se encerrasse todos seriam mortos, sabiam que os nazistas não iriam deixar testemunhas de seus crimes. As mortes já vinham ocorrendo; no primeiro mês, 70 dos prisioneiros foram mortos em execuções realizadas toda a noite pelos guardas, para se divertirem.

Os prisioneiros famintos e doentes trabalhavam com grilhões nos tornozelos, guardados por SS armados com submetralhadoras e acompanhados por cães treinados para matar. Os guardas dirigiam-se aos judeus chamando-os de “Leichen”, cadáveres. Mas, como escreveu o historiador Reuben Ainsztein[12], um dos principais autores ingleses sobre o tema do Holocausto, “naqueles homens seminus impregnados de carne putrefata, cujos corpos estavam comidos por sarna e cobertos com uma camada de lama e fuligem, e nos quais restava tão pouca força física, sobrevivia um espírito que desafiava tudo o que os nazistas tinham feito ou poderiam fazer-lhes.  Nos homens em quem as SS viam apenas cadáveres andantes, maturava uma determinação de que ao menos um deles precisava sobreviver para contar ao mundo o que haviam visto em Babi Yar”.

Eles traçaram planos. Entre os idealizadores, havia um soldado judeu do Exército Vermelho, Vladimir Davydov, que acabou testemunhando em Nuremberg. A escala de represália eliminava fugas individuais. Após a fuga de um soldado não judeu do Exército Vermelho, Fyodor Zavertanny, os alemães fuzilaram 12 dos prisioneiros e o SS encarregado dos guardas, que tinha supervisionado o grupo de Zavertanny.  Uma fuga em massa era a única esperança. Mas os prisioneiros precisariam de um milagre, pois para poder fugir teriam que encontrar uma chave que pudesse abrir o cadeado do bunker onde eram trancafiados a noite. Eles passaram a procurar por quaisquer chaves que tivessem sobrado dentre os milhares de cadáveres apodrecendo e suas roupas em decomposição. Em 20 de setembro, o milagre aconteceu: um dos prisioneiros encontrou uma chave que servia no cadeado.

Nove dias depois, no 3.º aniversário do massacre, 325 judeus e prisioneiros de guerra soviéticos fugiram. Desses, 311 foram fuzilados durante a fuga e apenas 14 alcançaram esconderijos, quatro ficaram por 20 dias em uma chaminé de uma fábrica desativada e dois foram escondidos sob o galinheiro por duas ucranianas, Natalya e Antonina Petrenko.

Em 6 de novembro, cinco semanas após a fuga, os 14 sobreviventes estavam entre os que recepcionaram o vitorioso Exército Vermelho que entrava em Kiev. Todos eles se juntaram às fileiras. Quatro deles, todos judeus, foram posteriormente mortos em ação contra os alemães, e dez sobreviveram à guerra. Dois judeus, Vladimir Davydov e David Budnik, prestariam depoimento, em 1946, no Tribunal de Nuremberg, sobre o massacre de Babi Yar.

Atitude soviética

Na Kiev libertada, judeus sobreviventes e familiares dos judeus massacrados foram até a ravina, no local da execução. Lembra uma testemunha: “Descemos até o fundo. Ficamos parados, chorando. Juntamos os ossos queimados de braços, pernas”. Após o Exército Vermelho retomar o controle de Kiev, Babi Yar foi transformado num local de internamento de prisioneiros alemães e operou até 1946, quando foi totalmente demolido.

Nos anos seguintes ao término da 2ª Guerra, os judeus que retornaram a Kiev, assim como os demais na antiga União Soviética, quiseram erguer um memorial em homenagem aos judeus assassinados em Babi Yar, mas essas tentativas foram sistematicamente rechaçadas pelas autoridades soviéticas.

Desde a retomada da cidade, o governo desestimulou qualquer ênfase ao massacre de Babi Yar como sendo uma barbárie direcionada apenas aos judeus – queriam que a tragédia fosse lembrada como um crime cometido contra a população de Kiev e o povo soviético todo.

A primeira versão do texto sobre o terrível massacre ocorrido em Kiev mencionava os judeus. “Os bandidos hitleristas cometeram assassinato em massa da população judaica. Eles o anunciaram em 29 de setembro de 1941, dizendo que todos os judeus deveriam estar na esquina das ruas Melnikov e Dokterev portando seus documentos, dinheiros e valores. Os carniceiros os conduziram a pé para Babi Yar, apossaram-se de seus pertences e lá os abateram a tiros”. Mas ao ser oficialmente publicado, os judeus não eram mais mencionados: “Os bandidos hitleristas trouxeram milhares de civis à esquina das ruas Melnikov e Dokterev”.

Diversas tentativas de se erguer um memorial judaico no local dos massacres foram adiadas. Em outubro de 1959, o escritor Viktor Nekrasov[13] publicou um artigo protestando contra a intenção de erguer um parque com um estádio de futebol em Babi Yar e construir uma represa na outra ponta da ravina. Nos anos após o término da guerra, Babi Yar enchera-se de entulho, lama e água, formando, na descrição de uma testemunha, “um lago profundo imóvel... De longe, parecia esverdeado, como se as lágrimas das pessoas que lá tinham sido mortas houvessem brotado do solo”.

As autoridades municipais de Kiev concordaram, a princípio, em erguer um monumento, mas insistiam em que fosse dedicado aos cidadãos soviéticos, sem mencionar o fato de serem judeus. No final, até mesmo essa decisão não foi levada adiante e as obras da represa foram iniciadas.

Uma noite, em 1961, a represa construída pela prefeitura ruiu e torrentes de água, argila líquida e lama, misturadas com restos de ossos humanos, jorraram nas ruas de Kiev abaixo.  A enxurrada provocou vários incêndios, destruiu uma garagem e, ao atingir a estação de bondes, virou os bondes, enterrando vivos todos os que estavam na estação e a bordo dos bondes. Nessa noite, enquanto os soldados estavam ocupados escavando em busca dos mortos e procurando sobreviventes na lama, uma segunda onda de argila líquida irrompeu de Yar, causando mais estrago e morte. Nos dois desastres, 24 pessoas foram mortas. Alguns dias depois, quando um bonde passou pelo local do desastre, uma velha ucraniana começou repentinamente a gritar: “Foram os judeus que fizeram isso. Estão se vingando de nós”.

À medida que as décadas passaram, muitos sobreviventes e os parentes dos sobreviventes procuraram retornar aos cenários de seu próprio sofrimento ou de sua família. Para os judeus da antiga União Soviética, Babi Yar, assim como outros locais de assassinato em massa de judeus, tornaram-se lugares de peregrinação solene. Visitar locais como Babi Yar, em Kiev, Rumbuli, perto de Riga, Ponar, fora de Vilnius, ou a cova da Rua Ratomskaya, em Minsk, tornou-se um meio de renovar e afirmar seu sentido de identidade judaica.

Em setembro de 1966, decorridos 25 anos do massacre, Babi Yar se tornou ponto de encontro para os ativistas judeus. Nos anos seguintes, os ativistas de várias partes do país vinham participar do evento em memória dos judeus assassinados, atendendo às convocações, a despeito do empenho das autoridades em evitar qualquer manifestação. Em 1971, no mínimo 1.000 pessoas participaram da cerimônia de recordação.

O interesse em Babi Yar atingiu seu ponto alto em 1961, no 20.º aniversário do massacre, quando o poeta russo Yevgeny Yevtushenko publicou seu poema “Babi Yar” na Literaturnaia Gazeta. O poema se identificava com o sofrimento judeu, particularmente com as vítimas judias do nazismo, insistindo que enquanto existisse antissemitismo na ex-URSS sua sociedade não poderia ser genuinamente internacionalista. O trabalho evocou um amplo protesto, inclusive uma censura do Premier Nikita Khrushchev[14].  A intelligentsia liberal, no entanto, recebeu-o com aplausos, e o compositor Dimitri Shostakovich[15] musicou-o em sua 13.ª Sinfonia, que logo foi banida pelas autoridades.

Somente em 1976, ergueu-se um monumento, mesmo assim, sem fazer qualquer menção específica às vítimas judias, referindo-se apenas “aos cidadãos de Kiev e prisioneiros de guerra”. Apenas após o advento da Perestroika, a política soviética mudou. No final da década de 1980, colocou-se uma placa em iídiche, sem, no entanto, haver menção especial aos judeus. Em 1988, o aniversário da aktion de setembro de 1941 foi relembrado em grande escala em uma manifestação em Moscou e outra em Babi Yar.

Em setembro de 1991, grupos ucranianos e judaicos, patrocinados pelo governo da Ucrânia, organizaram em Kiev um evento de grande porte em memória dos judeus assassinados em Babi Yar. Nas principais ruas foram colocadas fotos dos judeus mortos, houve vários dias de conferências, encontros, exposições, concertos e discursos, além da publicação de um livro-memorial. No dia 29 foi inaugurado um monumento em feitio de menorá[16].

Em junho de 2013, o Fórum Mundial de Judeus de Língua Russa anunciou que um novo complexo memorial será erguido no local do massacre de Babi Yar. Além de um centro judaico e de uma sinagoga, haverá uma exposição de material histórico com roupas e pertences dos judeus assassinados, documentos dos arquivos nazistas e entrevistas com sobreviventes.

 

Fonte:

Gilbert, Martin “Holocausto, História dos Judeus da Europa na Segunda Guerra Mundial”, Editora Hucitec.

Revista Morasha. Edição 85, setembro de 2014. Disponível em: http://www.morasha.com.br/holocausto/o-massacre-de-babi-yar.html. Acesso em 10 de jun 2022.




[2] Ievguêni Ievtuchenko (nascimento 18 de julho de 1932 em Nizhneudinsk, Rússia e faleceu em 1.º de Abril de 2017 no Hillcrest Medical Center. Tulsa, Oklahoma, EUA). Escreveu, entre outros, os poemas Stantsjia, Zima e Mamãe e a Bomba Atômica, em que expressa suas convicções pacifistas. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Yevgeny_Yevtushenko. Acesso em 20 de jun. 2022. 


[3] Operação Barbarossa (em alemão Unternehmen Barbarossa) foi o nome código para a invasão da União Soviética pelas Potências do Eixo. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_Barbarossa. Acesso em 20 de jul. 2022. A Operação Barbarossa foi uma ação militar da Alemanha Nazista que organizou e realizou a invasão da URSS, a partir das 3h15min da manhã do dia 22 de junho de 1941. A operação mobilizou 3,6 milhões de soldados alemães, auxiliados por 3.600 tanques e 2.700 aviões foi considerada concluída em 5 de dezembro de 1941.  Fonte: Uol. Brasil Escola. Disponível em: Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-operacao-barbarossa.htm. Acesso em: 20 de jul.2022.


[4] Pogrom é uma palavra russa que significa “destruição maciça ou destruir violentamente”. Historicamente, o termo designa os violentos ataques da população não judia contra os judeus na área do Império Russo. Na Alemanha Nazista, a violência pública contra os judeus foi tolerada e até mesmo encorajada, pois os líderes nazistas avaliaram que ela “prepararia” a população para as severas medidas antissemitas a serem tomadas. Os ataques consistiam em incêndios de sinagogas, destruição de casas e estabelecimentos comerciais pertencentes a israelitas e agressões físicas. Entre 9 e 10 de novembro de 1938, eclodiu uma campanha violenta nas ruas, orquestrada por todo o território Alemão, conhecida como a “Noite dos Cristais” (Kristallnacht), a qual foi seguida por uma série de leis antissemitas. As Einsatzgruppen (Unidades Móveis de Extermínio) receberam ordens para tolerar e até mesmo incitar as populações do território soviético conquistado a iniciarem pogroms. Os pogroms não cessaram com o final da Segunda Guerra Mundial, em 4 de julho de 1946, em Kielce, na Polônia, moradores locais iniciaram um pogrom contra os judeus sobreviventes que retornavam à cidade para viver em suas antigas residências – ocupadas ilegalmente por outras pessoas. Multidões atacaram os judeus após ouvirem falsos rumores que estes haviam sequestrado uma criança cristã e que pretendiam matar em um ritual religioso, a páscoa judaica. Os agitadores mataram pelo menos 42 judeus e feriram aproximadamente 50. O medo dos violentos pogroms foi a motivação que levou uma grande maioria de judeus sobreviventes do Holocausto a sair da Europa no período pós-guerra. Fonte: United State Holocaust Memorial Museum. Enciclopédia do Holocausto. Disponível em: https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/pogroms-abridged-article. Acesso em 20 de julho de 2022. 

[5] Konstantin Miroshnik emigrou da União Soviética e se estabeleceu em Israel. Em 1980 foi contratado pelo Instituto YIVO (Institute of Jewish Research) para coletar fotografias da vida judaica na Rússia e na URSS. Fonte: Guide to the YIVO Archives. Disponível em: http://www.yivoarchives.org/index.php?p=collections/controlcard&id=33558. Acesso em 20 de jul. 2022. 


[6] Stepan Andriyovych Bandera (Nascido em 1.º de janeiro de 1909 em Staryi, Uhryniy, Ucrânia e falecido em 15 de outubro de 1959 em Munique na Alemanha). Foi um político ultranacionalista ucraniano, líder da Organização de Nacionalistas Ucranianos (OUN) e do seu braço armado, o Exército Insurreto Ucrâniano. Bandera permanece uma figura altamente controversa, apoiador do regime nazista quando este invadiu a Ucrânia. Fonte: Wikipédia. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Stepan_Bandera. Acesso em 20 de julho de 2022. Ver também: Blog do Maffei: https://radiomaffei.blogspot.com/2022/07/stepan-bandera-colaboracionista-nazista.html. Acesso em 21 de jul. 2022. 

[7] Shlomo Glozman (nascido aproximadamente em 1911 e falecido em 21 de setembro de 1941). Lider da Comunidade Judaica de Kiev. Os nazistas colocaram-no com outros judeus em um velho caminhão e os forçaram a vestirem-se os paramentos de oração e o levaram até a cidade e os traziam a noite. Repetiram esse procedimento vários dias seguidos, ucranianos não judeus riam nas ruas referindo-se a carruagem da desgraça. No dia 21 de setembro de 1941 Glozman saiu de casa para visitar o filho, ao cruzar Kiev, um militar da SS bêbado o atacou e o espancou até a morte. Fonte: Site Geni. A MyHeritage Company. Disponível em: https://www.geni.com/people/Shlomo-Glozman/6000000016235218316. Acesso em 20 de jul. 2022. 


[8] O Yom Kipur (Dia da Expiação segundo a Torá) é uma das datas mais importantes do judaísmo, celebrada uma vez por ano. No calendário judaico começa no crepúsculo que inicia o décimo dia do mês hebreu de Tishrei, continuando até ao seguinte pôr do sol. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Yom_Kipur. Acesso em 20 de jul. 2022. O Yom Kipur tem origem no pecado bíblico relacionado com o bezerro de ouro e foi cometido pelas tribos hebraicas durante o Êxodo. Após esse pecado Moisés orou e ao décimo dia do mês hebraico de Tishrei, Deus perdoou os judeus. Fonte: Calendarr. Disponível em: https://www.calendarr.com. Acesso em 20 de jul. 2022. 


[9] Dina (Vera) Mironovna Pronicheva (nascida em 7 de janeiro de 1911 em Chernihiv, Chernihivska Ucrânia e falecida em 1977 em Kiev, Ucrânia) Foi uma sobrevivente ao massacre de Babi Yar em 29 de setembro de 1941 em Kiev, Ucrânia. Filha de Miron Aleksandrovich Mstislavskij e Anna Efimovna Mstislavskaia teve dois irmãos e uma irmã. A família morou em Kiev onde estudaram numa escola pública. Casada com um russo não judeu, ela trabalhou para o Kiev Puppt Theatre até 1941. Em 29 de setembro de 1941, todos os judeus de Kiev são conduzidos em grupos a uma ravina localizada perto da cidade, onde devem se despir. Quando finalmente é colocada na fila para ser fuzilada, pouco antes de sua vez, ela se atira na ravina e finge estar morta até que os alemães vão embora. Após a retirada dos soldados ela se retira da cova dos cadáveres e foge, porém é denunciada e apanhada, mas novamente consegue fugir e passa o resto da guerra sob diferentes identidades não judias. Em março de 1944, após a libertação de Kiev, ela encontra seus filhos que foram colocados em um orfanato por vizinhos durante sua prisão. Em 24 de janeiro de 1945, ela testemunhou sobre o massacre de Babi Yar durante o julgamento de 15 membros da polícia alemã por crimes de guerra. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Dina_Pronicheva. Acesso em 21 de jul. 2022.


[10]  Anatoly Vasilievich Kuznetsov (nascido em 18 de agosto de 1929 em Kiev, Ucrânia e falecido em 13 de junho de 1979 em Londres, Reino Unido). Foi um escritor soviético de língua russa que descreveu suas experiências na ocupação alemã de Kiev durante a Segunda Guerra Mundial em seu romance internacionalmente aclamado Babi Yar, um documento na forma de um romance. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Anatoly_Kuznetsov. Acesso em 21 de jul. 2022. 


[11] Elias “Elie” Wisel (nascido em 30 de setembro de 1928 em Sighetu Marmatiei [Sighet, Transilvânia], Romênia e falecido em 2 de julho de 2016 em Manhattan, Nova Iorque, EUA). Foi um escritor judeu, sobreviveu aos campos de concentração nazistas de Auschwitz e Buchenwald na adolescência e tornou-se um romancista e ativista dos direitos humanos aclamado internacionalmente. Em 1986 recebeu o Prêmio Nobel da Paz, pelo conjunto de sua obra de 57 livros, dedicada a resgatar a memória do Holocausto e a defender outros grupos vítimas das perseguições. Seu livro de memórias A Noite, publicado na França em 1958 e tornou-se um clássico da literatura do Holocausto. Foi o Presidente Fundador do Museu Memorial do Holocausto nos Estados Unidos e foi amplamente considerado como a voz dos sobreviventes do Holocausto, iniciando também uma fundação que leva seu nome. Após sua morte em 2 de julho de 2016, o presidente Barack Obama afirmou: “Ele levantou a voz, não apenas contra o antissemitismo, mas contra o ódio, o fanatismo e a intolerância em todas as suas formas. Implorou a cada um de nós, como nações e como seres humanos, que fizéssemos o mesmo, que nos víssemos uns nos outros e tomássemos real a promessa de ‘nunca mais’.” Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Elie_Wiesel. Acesso em 21 de jul. 2022 e Word Jewish Congress/UNESCO. Disponível em: https://aboutholocaust.org/pt/facts/quem-foi-elie-wiesel. Acesso em 21 de jul. 2022. 


[12] Reuben Ainsztein (Rubin Ainsztein – nascido em 1917 em Vilnius, Império Russo e falecido em 6 de dezembro de 1981 em Little Hadham Hertfordshire, Inglaterra) foi um jornalista e publicitário polonês-britânico. Reuben Ainsztein cresceu como filho de Zelman e Hannah Ainsztein em Wilna, metrópole judaica mais importante na área polaco-lituana na época. Devido a discriminação por causa de sua origem judaica na Polônia foi para a Bélgica e em 1936  obteve um diploma de médico em Bruxelas. Após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, ele decidiu ir para a Grã-Bretanha para combater as tropas alemãs como soldado. No entanto, este projeto falhou inicialmente porque a Wehrmacht ocupou a Bélgica no decorrer da campanha ocidental dos alemães. Ainsztein fugiu dos nazistas através da França e da Espanha, onde ficou internado por 14 meses antes de finalmente chegar às Ilhas Britânicas via Gibraltar. Superou as preocupações iniciais das autoridades militares britânicas, ele se alistou na Reserva de Voluntários da Royal Air Force em 1940 e foi recrutado para a inteligência militar e participou de vinte ataques aéreos entre setembro de 1944 e janeiro de 1945 como artilheiro. Após o fim da guerra ele soube que sua irmã havia sido assassinada pelos alemães perto de Kaiserwald e que seus pais haviam morrido. Em 8 de fevereiro de 1949, foi naturalizado cidadão britânico. Nos anos seguintes Ainsztein, que falava onze idiomas, incluindo iídiche, polonês, russo e hebraico, fez carreira como jornalista. Ele trabalhou para a Reuters, BBC e The Sunday Times, tendo contribuições também no The Times, New Statesman, Jewish Quarterly entre outras publicações. Reuben Ainsztein defendeu-se contra banalizações e distorções do Holocausto, bem como contra a tese da falta de resistência judaica ao genocídio. Desta defesa surgiram dois estudos historiográficos; o primeiro tratou da resistência judaica na Europa Oriental ocupada e o segundo tratou da revolta do gueto de Varsóvia. Em 1958, desencadeou um debate na Grã-Bretanha sobre o nível de antissemitismo no Exército Polonês. Em 2002, suas notas autobiográficas, escritas nas décadas de 1940 e/ou 1950, foram publicadas postumamente, descrevendo em particular sua fuga dos nacional-socialistas. Suas principais obras foram: Resistência judaica na Europa Oriental ocupada pelos nazistas. Com um levantamento histórico do judeu como lutador e soldado na Diáspora. Elek, London New 1974; A revolta do gueto de Varsóvia, Biblioteca do Holocausto, Nova York 1979 e; Em terras que não são minhas. Uma jornada de guerra, Random House, Nova York 2002 Fonte: Wiki. Disponível em: https://second.wiki/wiki/reuben_ainsztein. Acesso em: 21 de jul. 2022. 


[13] Viktor Platonovich Nekrasov (nascido em 17 de junho de 1911 em Kiev, Ucrânia e falecido em 3 de setembro de 1987 em Gentilly, França). Foi um escritor, jornalista e editor russo. Depois de se formar no Kyiv Construction Institute (1936) e no estúdio de atores Kyiv Russian Drama Theatre (1937), trabalhou como ator e cenógrafo em Kiev. Ele escreveu um dos melhores romances de língua russa sobre a guerra, Vokopakh Stanlingrada (Nas Trincheiras de Stanlingrado, 1946), pelo qual recebeu o Prêmio Stalin de 1947 e foi eleito membro do Presidium da União dos Escritores da Ucrânia. Seu romance Vrodrom Gorode (In The Home Town – Na Cidade Natal, 1954) e várias histórias sobre a guerra e suas consequências sociais foram algumas das primeiras obras do degelo pós-Stalin. Seu romance anti-stalinista Kira Georgievna (1961) e uma coleção de ensaios sobre sua visita à Europa Ocidental e aos Estados Unidos, Po Obe Storony Okeana (Em Ambos os Lados do Oceano, 1962), foram condenados pelas autoridades soviéticas, incluindo Nikita Khruschev. No final dos anos 1960 e início de 1970, ele se manifestou contra a perseguição de dissidentes russos e ucranianos (por exemplo, Aleksandr Solzhenitsyn e Viacheslav Chornovil). Em 1973 foi expulso do Partido Comunista da União Soviética. Ele recebeu permissão para emigrar para a França em 1974, onde trabalhou como editor associado do jornal de emigrantes – dissidentes Kontinent. Em 1993 – 1994, os arquivos pessoais de Nekrasov foram transferidos de Paris para Kiev. Fonte:  Canadian Institute of Ukrainian Studies. Internet Encyclopedia of Ukraine. Disponível em: http://www.encyclopediaofukraine.com/display.asp?linkpath=pages%5CN%5CE%5CNekrasovViktor.htm Acesso em 21 de jul. 2022. 


[15] Dmítri Dmítrievitch Shostakóvitch (nascido em 25 de setembro de 1906 em São Petersburgo, Rússia e falecido em 9 de agosto de 1975 em Moscou, Rússia). Foi um compositor russo e um dos mais célebres compositores do século XX. Shostakóvitch ganhou fama na União Soviética graças ao mecenato de Mikhail Tukhachevsky, chefe de pessoal de Leon Trotsky, tendo mais tarde uma complexa e difícil relação com a burocracia stalinista. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dmitri_Shostakovitch. Acesso em 22 de jul. 2022. 


[16] A Menorá é um candelabro com sete braços representando os sete dias da criação do mundo pelos judeus.

 

 

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