sexta-feira, 19 de maio de 2017

LADY GAGA E A REVOLUÇÃO FRANCESA

Cabeças Guilhotinadas na Revolução Francesa

          A Europa foi abalada em 1789 pela chamada Revolução Francesa. Foi através dela que a Burguesia em 10 anos acabou se consolidando no poder na França. Graças a Napoleão Bonaparte o vírus da Revolução Burguesa na França se espalhou por quase toda a Europa. Os vestígios do feudalismo que ainda persistiam na Europa Ocidental foram dizimados pela grande Revolução. A figura divina do Rei, do Absolutismo Monárquico, do Leviatã, sofreu um abalo sobre o cadafalso das guilhotinas. O designado por Deus para governar a França teve sua cabeça arrancada pelo povo insurreto.
                  Abaixo, para fins didáticos, colocamos um quadro que apresenta o processo revolucionário e após ele uma homenagem em vídeo para a Revolução, cuja na qual, é possível seguir alguns momentos do quadro:


PERÍODO


ACONTECIMENTOS

1.     França pré-revolucionária antes de 1789
·          Regime Político: o Absolutismo Monarquico
·          possuía 25 milhões de habitantes onde mais de 20 milhões viviam na área rural;
·          sociedade estamental com resquícios da Idade Média
·          1.º Estado – Clero – bispos e abades – 120 mil pessoas;
·          2.º Estado – Nobreza – condes, marqueses, barões – 350 mil pessoas;
·          3.º Estado – Burguesia – sans-culottes (artesão, aprendizes e proletários) e camponeses;
·          Sobre a massa da população que pesava os impostos para manter os gastos do Estado;

2.     Crise Econômica
·          Safra agrícola ruim
·          alta geral do preços, principalmente do cereais
·          a grande fome
·          queda na arrecadação de impostos

3.     A convocação dos Estados Gerais 1788

·          Reforma fiscal
·          Voto por estado
·          Terceiro estado continuaria pagando os impostos
·          Assembléia Reunida a partir de 5 de maio de 1789

4.     Assembléia Nacional Constituinte
·          A liderança burguesa do Terceiro Estado não aceita a votação por estado
·          Retirou-se da reunião e proclamou em julho o nome de Assembléia Nacional Constituinte
·          Luís XVI aceitou a monarquia constitucional
·          descontentamento popular com a escassez de alimentos
·          Em 14 de julho de 1789 os parisienses tomam a Bastilha

5.     Monarquia Constitucional
·          Em agosto a Assembléia Constituinte aboliu o dizimo eclesiástico e todas as obrigações feudais
·          Aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
·          1791 – aprova a nova Constituição da França

6.     Convenção Nacional República Francesa
·          Os sans-culottes defendem o sufrágio universal masculino
·          Fuga do Rei – detenção em Varennes
·          1792 – França declara guerra a Áustria e a Prússia
·          Prisão do rei por traição
·          Dissolução da Assembléia Legislativa e formação da Convenção Nacional
·          Formação do Exército popular
·          Derrota dos invasores austro-prussianos
·          Proclamação da republica
·          Luís XVI é guilhotinado
·          Forma-se a primeira coligação para derrotar a França

7.     Comitê de Salvação Publica
·          Em abril de 1793 a Convenção cria o Comitê de Salvação Publica
·          O comitê conseguiu reorganizar o Exercito e derrotar a coligação estrangeira
·          Liderança de Robespierre
·          É instalado o Terror (300 mil pessoas presas e 17 mil executadas na guilhotina)
·          Instalou o sufrágio universal;
·          confiscou as terras da nobreza emigrada e a distribuiu aos camponeses (reforma agrária);
·          aboliu a escravidão nas colônias francesas

8.     Reação Termidoriana e a formação do Diretório
·          a burguesia se assustou com o processo revolucionário (terror)
·          9 do termidor (27 de julho de 1794) os girondinos articula um golpe que expulsam os jacobinos da Convenção
·          Execução de Robespierre
·          Dissolução dos clubes políticos
·          Em maio de 1795 elege-se o Diretório
·          É aprovado nova constituição que reestabelece o voto censitário
·          Golpe do 18 Brumário – Diretório foi extinto e iniciou-se o Consulado

9.     Era Napoleônica


·          Em 10 de novembro de 1799 o poder foi entregue a um jovem general chamado Napoleão Bonaparte



LADY GAGA E A REVOLUÇÃO FRANCESA

quinta-feira, 18 de maio de 2017

ILLUMINATIS: VERDADE OU MITO?

          É muito comum, entre meus alunos, principalmente quando leciono sobre iluminismo, a afirmação (note que eu falei em afirmação e não pergunta) sobre a existência dos "Illuminatis", logo acredito que um artigo sobre esse assunto sirva para enriquecer o debate e desmitificar algumas sensações do momento. No final dou minha opinião sobre se acredito que os Iluminatis são mito ou realidade.



O que há de real por trás do mito dos Illuminati?

Jaime González
Da BBC Mundo em Los Angeles

Com a entrada do novo século e a popularização da internet, uma teoria ganhou muita popularidade: a suposta existência da Ordem dos Illuminati, cuja origem remonta a uma sociedade secreta de mesmo nome criada na Alemanha no fim do século XVIII e que estaria integrada aos poderes políticos e econômicos, cujo objetivo final seria estabelecer uma nova ordem mundial através de um governo global.
Em fóruns de discussão na web é comum ver internautas citarem os Illuminati para explicar muitos dos problemas atuais do planeta.
Políticos como George W. Bush ou Barack Obama, ou magnatas como George Soros, foram acusados de fazer parte desta organização. Até o papa Francisco e a rainha Elizabeth 2ª já foram apontados como membros da ordem.
Outros acreditam ser possível ver a simbologia ligada aos Illuminati em vídeos de artistas como Beyoncé, Jay-Z, Lady Gaga e Katy Perry: pentagramas, pirâmides e o famoso "olho que tudo vê" que aparece nas cédulas de dólar.
Mas, de onde veio este mito dos Illuminati e por que ainda existem pessoas que acreditam na existência de um grupo que desapareceu há mais de dois séculos?

A ordem real

A Ordem dos Illuminati foi fundada em 1776 na Baviera, Alemanha, pelo jurista Adam Weishaupt.

O objetivo desta sociedade secreta inspirada nos ideais do iluminismo e na estrutura da maçonaria, era acabar com o obscurantismo e com a forte influência que, na época, a igreja exercia sobre a esfera política.
Depois que o príncipe Karl Theodor chegou ao poder, a Ordem dos Iluminati, assim como outras sociedades secretas, foi declarada ilegal e dissolvida, em 1785.Mas, alguns acreditam que ela continua operando na clandestinidade.
Autores como o francês Agustín Barruel (1741-1820), a britânica Nesta Helen Webster (1876-1960) ou o canadense William Guy Carr (1895-1959) vincularam a ordem com eventos como a Revolução Francesa de 1789, as Revoluções em vários países europeus de 1848, a Primeira Guerra Mundial ou a Revolução Bolchevique, de 1917.
Há até quem diga que os fundadores dos Estados Unidos eram membros da ordem e que o Federal Reserve, o banco central americano, foi criado para ajudar a cumprir os objetivos de dominação global da organização. Nas últimas décadas, apareceram referências aos Illuminati em obras como a trilogia satírica de ficção científica The Illuminatus (1975), de Robert Shea e Robert Anton Wilson, ou Anjos e Demônios (2000), de Dan Brown, assim como nas letras de alguns artistas da cena hip hop.
Tudo isso fez com que os Illuminati se transformassem em protagonistas de várias teorias conspiratórias que se alastraram pela internet, onde é possível encontrar milhares de páginas dedicadas à ordem.

'Loucura'

"É uma loucura que hoje em dia existam pessoas que acreditem na existências dos Illuminati", disse o escritor e historiador americano Mitch Horowitz.


"Os cidadãos têm preocupações legítimas sobre como funcionam os poderes políticos e econômicos, mas, em vez de canalizar estas preocupações de forma eficaz para que haja mais transparência, alguns preferem acreditar em histórias de fantasia sobre uma organização que deixou de existir há mais de 200 anos", disse ele à BBC Mundo.

De acordo com Horowitz, "há escritores e jornalistas que contribuem com a paranoia em torno dos Illuminati e as pessoas se deixam convencer porque é interessante pensar que existe um grupo secreto que domina o mundo".
"Se estudarem o que realmente eram os Illuminati, perceberiam que se tratava de uma organização política cujos ideais estavam baseados em uma sociedade mais justa e que gostavam da iconografia relacionada com o mundo do oculto", afirmou.
Para Horowitz, devido ao mistério que tem para o público, muitos artistas gostam de usar um pouco desta iconografia em seus clipes."Os músicos entendem a atração e usam símbolos como o pentagrama, o obelisco ou o olho que tudo vê, mas isto não os converte em membros de uma sociedade secreta."

'Sociedades interconectadas'

Entre os que acreditam na existência dos Illuminati está o escritor americano Mark Dice, autor de um livro sobre a suposta ordem.
"Com certeza os Illuminati estão cercados de fantasias, mas quando se separa a realidade da ficção, acredito que há provas que demonstram que é um grupo real que continua existindo hoje em dia", disse o escritor à BBC Mundo.
Dice disse que, depois da dissolução em 1785, "os Illuminati continuaram operando através de várias sociedades secretas interconectadas como o Grupo de Bilderberg (conferência anual privada que reúne cerca de cem líderes políticos dos EUA e Europa) ou o Conselho de Relações Exteriores (centro de estudos baseado nos Estados Unidos)".
"Estas organizações compartilham os objetivos dos Illuminati, seus métodos de funcionamento, seus símbolos e terminologia", afirmou.
Segundo Dice eles não precisam usar o nome Illuminati pois "eles sabem quem são e o que estão fazendo".
"Nos últimos anos, o Grupo de Bilderberg foi exposto, já que com a internet não é fácil ser um grupo secreto."
Para Dice, os meios de comunicação podem ser culpados por este segredo ter ficado tanto tempo escondido.
"Como não é de interesse público que a cada ano cem das pessoas mais poderosas do planeta se reúnam em um hotel, cercados de guardas armados, para conversar sem microfones sobre como querem influir no futuro do planeta?"
O escritor garante que os Illuminati querem "criar um governo global de inspiração socialista" e "usam artistas de fama global para promover sua causa".

Culpa da internet?

Jesse Walker, autor do livro The United States of Paranoia ("Os Estados Unidos da Paranoia", em tradução livre), afirma que a "internet foi fundamental para potencializar e propagar o fenômeno dos Illuminati".
"Hoje são vinculados com todo tipo de teorias, tanto por grupos de extrema-direita como de extrema-esquerda, que os usam segundo a própria conveniência", explicou Walker em entrevista à BBC Mundo.
O escritor disse ainda que, nos últimos anos, alguns artistas como o rapper Jay-Z incluíram pequenas referências aos Illuminati em suas aparições públicas para se divertir, alimentando ainda mais as teorias de conspiração que vinculam a ordem também à indústria do entretenimento.
"Teorias de conspiração são uma parte intrínseca da psique humana. Somos criaturas que buscam padrões para dar um sentido ao mundo que nos cerca. Se há lacunas em uma história, temos que buscar explicações."
Walker lembra que há "motivos reais para medo ou ansiedade, já que, algumas vezes, algumas teorias conspiratórias se mostram certas, como no caso do escândalo das escutas da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA), ou quando é revelado que algum político está recebendo subornos".
"Mas quando se combina o medo com a busca de padrões, surgem teorias como a dos Illuminati".
Mas, para o escritor, o problema é que "muitos não têm conhecimento suficiente para diferenciar o que é real do que não é".

Fonte: Site BBC Brasil

Eu acredito sem medo de errar que os Iluminatis são um mito nos dias atuais que embalam as crenças daqueles que querem ver um mundo obscuro e cheio de mistificações, muito perdoável para a imaginação das crianças, porém beirando ao ridículo para os adultos que se embalam no mesmo tipo de sonho!





quarta-feira, 17 de maio de 2017

COMO ERA CONSTITUÍDA A IGREJA CATÓLICA NA IDADE MÉDIA

A Igreja na Idade Média



            Em meio à desorganização administrativa, econômica e social produzida pelas “invasões” ou migrações germânicas e ao esfacelamento do Império Romano, praticamente apenas a Igreja Católica, com sede em Roma, conseguiu manter-se como instituição. Vemos os Vândalos na África, os Visigodos na Hispania, os Francos na Gália, os Anglos e Saxões nas Ilhas Britânicas, os bárbaros (Germânicos) na Itália. Consolidando sua estrutura religiosa, a Igreja foi difundindo o cristianismo entre os povos “bárbaros”, enquanto preservava muitos elementos da cultura greco-romana. Valendo-se de sua crescente influência religiosa, a igreja passou a exercer importante papel em diversos setores da vida medieval, servindo como instrumento de unificação, diante da “fragmentação política” (processo de atomização do poder – poder local forte) da sociedade feudal.


            OBSERVAÇÃO: O termo católico (adjetivo grego que significa “Universal”) é usado a partir do Concílio de Trento (1545 - 1563) para designar a Igreja Romana em oposição às Igrejas da Reforma. Antes, o termo utilizado era Cristandade.

Periodização

            Idade Média (Medium Aevum ou Middle Age) É o termo usado para o período situado entre a Antiguidade e a Idade Moderna. Conceito estipulado no período do Renascimento Cultural (século XVI) voltado somente para a região da Europa Ocidental, ou seja, não há Idade Média na África, Japão, China... Cada um desses locais possuem denominações próprias para esse período.

            Tem como marco inicial o ano de 476 d.C (com o fim do Império Romano no Ocidente – tomada de Roma, pelo imperador germânico Odoacro) e tem seu término no ano de 1453 d.C (com o fim do Império Romano no Oriente - Tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos). Suas características, entretanto, nunca foram às mesmas no tempo ou no espaço, pois não havia unidade nesse período. É preciso dizer o contexto específico.

            O período está dividido em: Alta Idade Média (séc. V - XI), Idade Média Central (séc. XI - XIII) e Baixa Idade Média (séc. XIV e XV). Há até hoje um forte preconceito sobre este período, tomado como “Idade das Trevas”, “Escuridão”, de “Pestes e Guerras”, não havia “cidades, nem comércio”, dentre outros adjetivos. Contudo, deve ser levado em consideração que num período de mil anos, não houve apenas pestes, guerras... Temos que ter um olhar consciente: Nesse período houve a criação das Universidades, da letra minúscula, do parlamento, Hospitais, Tribunal com Júri, aperfeiçoamento da Matemática, geografia, escrita, etc.

Entendendo o Surgimento da Cristandade

            Entende-se Cristandade por um sistema de relações da Igreja e do Estado (ou qualquer outra forma de poder político) numa determinada sociedade e cultura. Ela perdura até praticamente a Revolução Francesa (1789), com várias modalidades dentro desse processo através dos séculos. Na história do cristianismo, o sistema iniciou-se por ocasião da Pax Ecclesiae em 313 (paz concedida pelo imperador Constantino à Grande Igreja), com o Edito de Milão (ele põe fim às perseguições) e deu origem à primeira modalidade de Cristandade dita “constantiniana”; a qual se apresenta como um sistema único de poder e legitimação da Igreja e do Império tardo-romano.

            As características gerais desta modalidade “constantiniana” são, entre outras, o cristianismo apresentar-se como uma religião de Estado, obrigatória, portanto para todos os súditos; a relação particular da Igreja e do Estado dar-se num regime de união; a religião cristã tender a manifestar-se como uma religião de unanimidade, multifuncional e polivalente; o código religioso cristão, considerado como o único oficial, ser, todavia diferentemente apropriado pelos vários grupos sociais, pelos letrados e iletrados, pelo clero e leigos. A figura ao lado é o “Monograma de Cristo”, da época de Constantino. Ele é formado por duas letras entrelaçadas, as letras gregas "chi" (X) e "rô" (P). Essas letras são as iniciais de "Christós", em grego: CRISTOS.

Os Padres da Igreja

            Os tempos de ouro da Patrística foram os séculos IV e V, embora possa se entender que se estenda até o século VII a chamada "idade dos Padres". Os principais Pais do Oriente foram: Eusébio de Cesaréia, Santo Atanásio, Basílio de Cesaréia, Gregório de Nisa, Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo e São Cirilo de Alexandria. Os principais Padres do Ocidente são: Santo Agostinho, autor das "Confissões", obra prima da literatura universal e Santo Ambrósio; Eusébio Jerônimo, dálmata, conhecido como São Jerônimo que traduziu a Bíblia diretamente do hebraico, aramaico e grego para o latim. Esta versão é a célebre Vulgata, cuja autenticidade foi declara pelo Concílio de Trento. Outros pais que se destacaram foram São Leão Magno e Gregório Magno, este um romano com vistas para a Idade Média, as suas obras "os Morais e os Diálogos" serão lidas pelos intelectuais da Idade Média, e o canto "gregoriano" permanece vivo até os dias de hoje. Santo Isidoro de Sevilha, falecido em 636, é considerado o último dos grandes padres ocidentais.

A Cristandade Medieval

            A Cristandade medieval ocidental é, em certa medida, a continuadora da Cristandade antiga, a do “Império Cristão” dos séculos IV e V. No contexto medieval, acentuaram-se muito mais a situação de unanimidade e conformismo, obtida por um consenso social homogeneizador e normatizador, consenso este favorecido pela constituição progressiva de uma vasta rede paroquial e clerical. As instituições todas tendiam, pois, a apresentar um caráter sacral e oficialmente cristão. Sabemos que nela predominou, em geral, a tutela do clero. Não, todavia durante os séculos IX e X, quando a tutela dos leigos sobre as instituições eclesiais a levou à sua feudalização, o que provocou a partir do século XI, o grito dos reformadores, sobretudo eclesiásticos: libertas Ecclesiae. Ocorreu então a reforma “gregoriana”, no século XI, que operou a síntese de uma reforma na da Igreja, de uma reforma “na cabeça e nos membros”.

Fatos Históricos Importantes ocorridos no Período da Idade Média

A Distinção Gelasiana (494)

            O Bispo de Roma, o Papa Gelásio I (492-496) efetuou a distinção entre o poder temporal dos imperadores e o espiritual dos papas, considerando superior o poder destes últimos. Envia um documento ao imperador do Oriente (Anastácio). Definiu a teoria dos dois poderes: o poder temporal (poder do imperador) e o poder espiritual (poder dos bispos). Os bispos, de acordo com essa teoria, seriam superiores ao poder temporal. Estabelecido ainda que a figura do papa não poderia ser julgada por ninguém. Dizia que o papel do Pontífice era antes ouvir do que julgar.

As Heresias

            Define-se como negação ou dúvida pertinaz de uma verdade que se deve crer com fé divina e católica, por quem recebeu o batismo. Ao longo da história da Igreja vemos: O Gnosticismo (séc. II); Maniqueísmo (séc. III); Arianismo (séc. IV); Pelagianismo (séc. V); Iconoclastas (séc. VIII); Cátara e valdense (séc. XII-XIII); Protestantismo e Anglicanismo (séc. XVI); Jansenismo (séc. XVII); Modernismo (séc. XIX). O relativismo doutrinal e moral são tidos como a grande heresia atual. O rigor da Igreja no combate às heresias e cismas variou ao longo dos tempos, com períodos de grande repressão, sobretudo quando tais desvios eram cominados com penas graves pelo poder político.

Os Mosteiros

            Vemos com São Bento de Nursia (529), uma retomada e revigoramento dos mosteiros. Os ermitões (Ermo – significa deserto) atuavam sozinhos e passam a se organizar em pequenos grupos. São Bento traça uma regra, dando uma forma à vida monástica, a qual passa a ser copiada em outros mosteiros. O dia do monge é dividido em sete momentos de oração, mais o trabalho manual (penitência), produz seu alimento. “Ora et Labora”. Não é necessário buscar mosteiros distantes, mas se santificar com aqueles que convive. Deu forma ao monasticismo medieval. Ao longo da Idade Média vemos que os mosteiros preservam as escrituras sagradas, tornam-se refúgio, guardam as obras de arte e cultura...

Fragmentação do Império Romano no Ocidente

            Com as migrações germânicas e a queda do Império Romano no ocidente (476) os bispos começam a buscar a unificação. Apelam para a elite romana “Romanitas”, que passam a defender os valores cristãos. Os reis bárbaros vão se convertendo ao longo dos anos. Vemos a ação do papa Gregório I, o Magno (590-604) assinala que “todo o poder foi dado ao alto aos meus senhores para ajudar os homens a fazer o bem”. Assim os bispos e o Imperador e os reis têm a função de ajudar o bem e punir o mal. Primeiro papa monge, intitulava-se Servidor dos Servidores de Deus. Aproveitou-se da falência imperial na Itália para assumir o poder temporal. Desligou-se da influência bizantina e aproximou-se dos germânicos. Visigodos, suábios e lombardos se converteram. Agostinho foi à Inglaterra e converteu os anglo-saxões. Os escritos de Gregório Magno instruíram o clero e fortaleceram a religiosidade dos fiéis. Sua Regra Pastoral serviu de manual para os padres em toda a Idade Média.

- As Cruzadas

            Atendendo ao apelo do papa Urbano II, em 1095, foram organizadas na Europa expedições militares conhecidas como cruzadas (esses missionários assim se chamavam pela cruz de pano que levavam na veste), cujo objetivo oficial era conquistar os lugares sagrados do cristianismo (Jerusalém, por exemplo) que estavam em poder dos muçulmanos e turcos. Entretanto, além da questão religiosa, outras causas motivaram as cruzadas: a mentalidade guerreira da nobreza feudal, canalizada pela Igreja contra inimigos externos do cristianismo (os muçulmanos); e o interesse econômico de dominar importantes cidades comerciais do Oriente. Os cristãos eram estimulados pelas indulgências que lhes prometiam o perdão dos pecados e a posse do céu. De 1095 a 1270, a cristandade européia organizou oito cruzadas, tendo como bandeira promover guerra santa contra os infiéis. Era a guerra santa, justa, pois eles estavam difamando o santo sepulcro, a terra santa. Foram, ao todo, oito grandes incursões. Vemos a Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096), Primeira Cruzada (1096-1099), Segunda Cruzada (1147-1149), Terceira Cruzada (1189-1192), Quarta Cruzada (1202-1204), Cruzada Albigense, Quinta Cruzada (1217-1221), Sexta Cruzada (1228-1229), Sétima Cruzada (1248-1250), em março de 1270, o rei Luís IX, São Luís, decide organizar uma nova cruzada - Oitava Cruzada (1270), a qual fracassa e ele morre em combate.

Querela das Investiduras

            A Questão das Investiduras refere-se ao problema de a quem caberia o direito de nomear sacerdotes para os cargos eclesiásticos, ao papa ou ao imperador. No século X, o imperador Oto I, do Sacro Império Romano Germânico, iniciou um processo de intervenção política nos assuntos da Igreja a fim de fortalecer seus poderes. Fundou bispados e abadias; nomeou seus titulares (abades leigos) e, em troca da proteção que concedia ao Estado da Igreja, passou a exercer total controle sobre as ações do papa. Durante esse período, a Igreja foi contaminada por um clima crescente de corrupção, afastando-se de sua missão religiosa e, com isso, perdendo sua autoridade espiritual. As investiduras (nomeações) feitas pelo imperador só visavam os interesses locais. Os bispos e os padres nomeados colocavam o compromisso assumindo com o soberano acima da fidelidade ao papa. No século XI surgiu um movimento reformista, visando recuperar a autoridade moral da Igreja, liderado pela Ordem Religiosa de do mosteiro de Cluny (França). Esses ideais foram ganhando força dentro da Igreja, culminando com a eleição, em 1073, do papa Gregório VII, antigo monge daquela ordem reformista.

A Reforma Gregoriana (Século XI)

            Os papas escolhidos passam a ser de origem germânica (monges), logo os papas romanos saem de cena, pois os primeiros não teriam parte com a política local. Com isso as reformas têm inicio com esses papas de origem monástica, com amplas mudanças de cima para baixo, hierarquizada, uma reforma das instituições. Hildebrando, reformador ligado ao movimento de Cluny, tinha acesso ao papa e, sob sua influência, Nicolau II criou em 1059 o Colégio dos Cardeais, com finalidade de eleger o papa, limitado o cesaropapismo. Primeiro, há uma reforma do clero, contra os abusos existentes, das instituições (reforma da Igreja). Também havia a necessidade da mudança dos corações, dos pensamentos (reforma na Igreja). A reforma viria do papado, passaria pelos bispos, presbíteros e monges até chegar aos leigos. Esse espírito de reforma foi lento e progressivo, aos poucos, vemos os abusos sendo retirados. Em 1073, Hildebrando foi eleito papa, com o nome de Gregório VII. Instituiu totalmente o celibato dos sacerdotes, em 1074, e proibiu que o imperador investisse sacerdotes em cargos eclesiásticos, em 1075. O Imperador alemão Henrique IV reagiu dando o papa como deposto. Desenvolveu-se, então, um conflito aberto entre o poder temporal do imperador e o poder espiritual do papa. O papa considerou o imperador igualmente deposto, excomungando-o, e proibindo os vassalos de lhe prestar serviço, sob pena de excomunhão. Há uma interdição (sem batismos, sem eucaristia, sem extrema unção). Henrique foi ao Castelo de Canossa em 1077 e pediu perdão ao papa, que o concedeu. Esse conflito foi resolvido somente em 1122, pela Concordata de Worms, assinada pelo papa Calixto III e pelo imperador Henrique V. Adotou-se uma solução de meio termo: caberia ao papa a investidura espiritual dos bispos (representada pelo báculo), isto é, antes de assumir a posse da terra de um bispado, o bispo deveria jurar fidelidade ao imperador.

Hospitalários (Ordem dos)

            O ideal cavalheiresco da Idade Média levou à criação de várias instituições de apoio aos doentes internados, ordem leiga de caráter assistencialista (1113), hospital para os peregrinos que vinham feridos e cansados.

Os Templários

            Ordem fundada em França (1119) para lutar contra os infiéis. O nome veio-lhes da casa que tiveram em Jerusalém sobre as ruínas de uma mesquita (cavaleiros da Ordem doTemplo). Fazem votos dados pelo patriarca de Jerusalém. Em 1129, vê-se a implantação militar. Prestaram notáveis serviços na Terra Santa e no Sul da Europa, chegando a ter 5 províncias e 4000 membros. É oficializada em 1199. As benesses recebidas de reis e papas deram-lhes grande poder financeiro, o que levou Filipe o Belo, rei de França, a acusá-los, com a conivência da Inquisição, de crimes graves, obrigando o Papa (Clemente V) a suprimi-los. Muitos foram mortos. Os seus bens, em França, foram confiscados pelo rei; em Portugal, passaram para a Ordem de Cristo, fundada por D. Dinis.

- O Cisma do Ocidente (1378-1417)

            Resultante da coexistência de papas e antipapas foi fruto de rivalidades dentro e fora da Igreja. Não há um “cisma” de fato, pois o que se dividiu é a obediência a dois papas e não à obediência eclesial.

            Após a morte do papa Gregório XI, há um conclave com 16 cardeais e depois de muitas dificuldades elegem um italiano, Urbano VI. Ele era intransigente, rude, indelicado e os cardeais assinalam que querem rever a decisão e pedem a sua renúncia. Ele rejeita. Grande parte dos cardeais vão para Nápoles e realizam novo Conclave, elegendo Clemente VII. A Igreja passa a ter “dois papas”. Eles ficam em Avinhão (França). A obediência fica dividida, ambos governando. Estados que apoiavam Urbano VI (Escandinávia, Flandres, Inglaterra, o Imperador e a maioria dos príncipes) usam a força para destituir Clemente VII (apoiado pelos parentes do rei da França Carlos V, Escócia, Castela), como uma cruzada. Essa seria a “Via Facti”. Os reis, os prelados, os párocos, as ordens religiosas tomam partido e ajudam nessa adesão de obediências. Em 1394, morre Clemente VII e é eleito Bento XIII. Também morre Urbano VI e é eleito Gregório XII. Continuam dois papas a governar. Em 1409, os dois grupos buscam uma via conciliar para resolver a situação, com o Concílio de Pisa, destituem os dois papas e elegem Alexandre V (com a maior parte das Ordens Religiosas decididas a fazer uma inteira reforma na Igreja). Os dois papas não aceitam e a igreja passa a ser governada por 3 papas. Alexandre V morre e é eleito João XXIII (nome depois cancelado e renascido somente no século XX - e já no ano seguinte tomou posse da catedra romana). Apenas em 1417, vemos uma solução: João XXIII se demite, Gregório XII abdica e Bento XIII é deposto e se isola na Catalunha, sem apoio. Martinho V (1417-1431) é eleito e traz a unicidade novamente. Retorna para Roma. Em 1439, ainda teríamos o antipapa Félix V, contudo, não avança tal fato.

A Inquisição

            Tribunal eclesiástico para averiguar e julgar os acusados de heresia. A sua instituição jurídica data de 1232 (Inquisição Medieval); pelo papa Gregório IX, para disciplinar as freqüentes práticas persecutórias da parte do povo e dos príncipes, muitas vezes sob a forma de linchamentos. A desmoralização pública era a maior pena para os hereges condenados pelos inquisidores (bispos).

            No séc. XI apareceu uma heresia fanática e revolucionária, como não houvera até então: o Catarismo (do grego katharós, puro) ou o movimento dos Albigenses (de Albi, cidade da França meridional, onde os hereges tinham seu foco principal). Em geral, a Inquisição quando condenava um herege entregava-o ao braço secular, para lhe aplicar o castigo previsto nas respectivas leis e costumes, incluindo a morte na fogueira. A Igreja aplicava a condenação espiritual, “no outro mundo”. O seu funcionamento dependia muito dos inquisidores, que eram normalmente dominicanos, alguns deles elevados às honras dos altares (como S. Pedro de Verona, morto às mãos dos Cátaros). Devem reconhecer-se, além da crueza própria dos costumes de então, verdadeiros abusos e injustiças (como a condenação dos Templários e de Sta. Joana de Arc). Ficou também célebre a condenação (sem execução) de Galileu.

            Nos séculos. XV e XVI, a Inquisição foi reorganizada para enfrentar a heresia protestante, em geral, a pedido dos príncipes católicos. Em Espanha foi autorizada em 1478, em moldes que a fazia depender muito do poder civil. Em Portugal teve acuação moderada desde o séc. XIV, mas só se tornou particularmente rigorosa com D. Manuel I e D. João III, pelas medidas discriminatórias contra judeus e cristãos-novos.

            A Inquisição é inconcebível para a atual mentalidade, mas a sua correta apreciação deve ter em conta os tempos em que vigorou, em que a heresia era sentida como perigo grave para a unidade da Igreja e do Estado, e em que as penas aplicadas eram comuns no direito corrente dos povos. A Igreja aplicava as penas espirituais (na outra vida), tais como a excomunhão. Os condenados pela inquisição eram entregues às autoridades administrativas do Estado, que se encarregavam da execução das sentenças seculares. As penas aplicadas a cada caso iam desde a confiscação de bens até a morte em fogueiras.

            A intervenção do poder secular exerceu profunda influência no desenvolvimento da inquisição. As autoridades civis anteciparam-se na aplicação da forma física e da pena de morte aos hereges; instigaram a autoridade eclesiástica para que agisse energicamente; provocaram certos abusos motivados pela cobiça de vantagens políticas ou materiais.

            OBS.: De resto, o poder espiritual e o temporal na Idade Média estavam, ao menos em tese, tão unidos entre si, que lhes parecia normal recorrer um ao outro em tudo que dissesse respeito ao bem comum. Quanto a Inquisição Romana instituída no séc. XVI era herdeira das leis e da mentalidade da lnquisição medieval.

            “Em nossos tempos, o Papa João Paulo II pediu perdão repetidamente por falhas dos filhos da Igreja. É de notar que não mencionou ‘falhas da igreja’, mas ‘falhas dos filhos da Igreja’. Implicitamente retomou a distinção entre pessoa e pessoal da Igreja: pessoa seria a Igreja Esposa de Cristo, que o Senhor vivifica e à qual garante a fidelidade ao Evangelho; pessoal seriam os fiéis, que nem sempre obedece às normas da Santa Mãe Igreja. O pecado está na Igreja, mas não é da Igreja; é resquício da velha criatura dentro da novidade da criatura oriunda do Batismo e da inserção em Cristo.” (in: BETTENCOURT, E. in: Na História da Igreja luzes e sombras)


(Juberto Santos)

POR QUE A HOLANDA TAMBÉM É CHAMADA DE PAÍSES BAIXOS?


Porque mais de um quarto do país está abaixo do nível do mar. E por que não seria então País Baixo, no singular? É que a Holanda é dividida em 12 províncias, que seriam os tais países, no plural. Duas dessas províncias – chamadas de Holanda do Norte e do Sul – acabaram virando sinônimo de toda a região em alguns idiomas, como o português e o espanhol.



“Isso aconteceu porque essas duas províncias dominaram por muito tempo a história do país. Lá ficam os grandes portos e os navios que viajavam para o exterior carregavam consigo o nome da região”, diz o holandês Martinus Feliz Mertens, assessor da Embaixada dos Países Baixos no Brasil. Mais curioso que a confusão a respeito dessas terminologias é a luta dos holandeses contra a ingrata geografia do país. Até o século 14, parte do que é hoje a Holanda estava submersa.


A introdução dos moinhos de vento, símbolo do país, trouxe a tecnologia necessária para drenar enormes áreas alagadas – as grandes pás captavam a energia do vento e com ela acionavam bombas de sucção. Isso, aliado à construção de diques, permitiu o aumento do território habitável. Em janeiro de 1953, os diques que protegiam o sudoeste dos Países Baixos se romperam após uma violenta tempestade, combinada com marés altas. Cerca de 150 mil hectares de terra foram inundados e 1 800 pessoas morreram. O país então desenvolveu o Plano Delta, que reforçou e aumentou diques, além de construir barragens para proteger a Holanda da baixa altitude em relação ao mar.

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