sexta-feira, 1 de junho de 2018

O HINDUÍSMO (2)


                                                 DEFINIÇÃO DE HINDUÍSMO


A característica da tolerância compreensivas às diferenças de credo e a abertura dogmática do hinduísmo o torna difícil de ser definido como uma religião de acordo com o conceito ocidental tradicional.
Embora o hinduísmo seja um conceito prático claro para a maior parte dos seus seguidores muitos manifestam algum tipo de problema ao tentar chegar a uma definição do termo, principalmente devido à ampla gama de tradições e ideias incorporadas ou cobertas por ele.
Descrito como uma religião, o hinduísmo costuma ser definido com mais frequência como uma “tradição religiosa”. É descrito como a mais antiga das religiões mundiais, e mais diversa em tradições religiosas.
 A maior parte das tradições hindus reverenciam um corpo de literatura sagrada ou religiosa, os VEDAS, existindo exceções, onde algumas tradições religiosas acreditam que certos rituais específicos sejam essenciais para a salvação, mas diversos pontos de vista sobre o assunto podem coexistir. Algumas filosofias hindus postulam uma ontologia teística da criação, sustento e destruição do universo, enquanto outros hindus são ateus.
O hinduísmo por vezes é caracterizado pela crença na reencarnação (samsara), determinada pela lei do Karma, e que a salvação é a liberdade deste ciclo de sucessivos nascimentos e mortes; outras religiões da região, no entanto, como o budismo e o jainismo também acreditam nisto, mesmo estando fora do escopo do hinduísmo.
 O hinduísmo é visto como a mais complexa de todas as religiões históricas vivas do mundo, porém a despeito desta complexidade é não apenas numericamente a maior delas, como também a mais antiga tradição em existência na Terra, com raízes que se estendem até a pré-História.
Uma definição do hinduísmo dada pelo primeiro vice-presidente da Índia, o teólogo Sarvepalli Radhakshnan diz que “não é apenas uma fé”, mas que, por estar ele próprio relacionado à união da razão e intuição, não pode ser definido, apenas experimentado.
 De maneira similar, alguns acadêmicos sugerem que o hinduísmo pode ser visto como uma categoria com seus limites pouco definidos, e não uma entidade rígida e bem definida.
Algumas formas de expressão religiosa são centrais ao hinduísmo, enquanto outras não são tão centrais, porém ainda enquadram-se dentro da categoria, com base nisto desenvolveram-se algumas teorias acerca da definição do hinduísmo, como a “teoria dos protótipos”.
A teoria dos protótipos nasceu na antropologia e na psicologia cognitivista, e constitui um desenvolvimento teórico dentro do paradigma da linguística cognitiva, tendo assim estendida à análise léxica e semântica. A teoria dos protótipos teve como precursores Georges Kleiber e George Lakoff, apresentou-se como o modelo de explicação do fenômeno da categorização, conceito essencial para as ciências cognitivas, partindo do princípio fundamental de que não é possível encontrar um conjunto de traços semânticos comuns a todos os membros de uma categoria. A categorização da realidade envolvente não se faz por exclusão dos semas que separam os membros de uma categoria, mas sim pelo reconhecimento dos semas que podem aproximá-los, isto é, aquilo que Wittgenstein designou por “semelhanças de família” e que foi integrado no modelo cognitivista. As categorias apresentam muitas vezes limites difusos. Desta forma, existem categorias com exemplares mais representativos, ou seja, mais prototípicos, do que outros, os quais se dispõem pelas margens do protótipo, os membros periféricos do protótipo. Assim, por exemplo, quando se faz um inquérito a respeito dos exemplares que cada indivíduo considera fazerem parte da categoria fruto, obtemos resultados ligeiramente diferentes segundo cada pessoa, mas o centro do protótipo para fruto contém certamente exemplares como laranja, maçã, abacaxi, ameixa, uva, enquanto que exemplares como azeitona e tomate ficarão nas margens do protótipo. Isto explica-se pelo conjunto de características que associamos à imagem mental de fruto (sumarento e doce, utilizado para sucos, utilizado como sobremesa, utilizado em saladas com outros frutos etc.) e que estão presentes em cada exemplar de forma diferente. A inclusão de um elemento dentro de uma categoria define-se em função do grau de semelhança estabelecido com o protótipo.
Os problemas com uma única definição do que realmente se quer dizer pelo termo “hinduísmo” frequentemente são atribuídas ao fato que o hinduísmo não tem um fundador histórico único ou comum. O hinduísmo ou, como alguns dizem, “hinduísmos”, não tem um sistema único de salvação, e apresenta diferentes metas de acordo com a seita ou denominação. A formas da religião védica são vistos não como uma alternativa ao hinduísmo, mas como a sua forma mais antiga, e praticamente não há justificativa para as divisões estabelecidas pela maior parte dos acadêmicos ocidentais entre o vedismo, o bramanismo e o próprio hinduísmo.
 Uma possível definição de hinduísmo é ainda mais complicada pelo uso frequente do termo “fé” como sinônimo para “religião”. Alguns acadêmicos e diversos praticantes se referem ao hinduísmo com uma definição nativa, como “Sanãtana Dharma”, uma frase em sânscrito que significa “a eterna lei” ou “eterno caminho”.


 CRENÇAS
 O hinduísmo é uma corrente religiosa que evoluiu organicamente através de um grande território marcado por um diversidade étnica e cultural significativa. Esta corrente evoluiu tanto através da inovação interior quanto pela assimilação de tradições ou cultos externos ao próprio hinduísmo. O resultado foi uma variedade enorme de tradições religiosas, que vai de cultos pequenos e pouco sofisticados aos principais movimentos da religião, que contam com milhões de aderentes espalhados por todo o subcontinente indiano e outras regiões do mundo. A identificação do hinduísmo como uma religião independente, separada do budismo e do jainismo, depende muitas vezes da afirmação dos próprios fiéis de que ela o é.
Temas proeminentes nas (porém não restritos às) crenças hinduístas incluem o dharma (ética hindu), a samsara (continuo ciclo do nascimento, morte e renascimento), Karma (ação e consequente reação), moksha (libertação do samsara), e as diversas iogas (caminho ou prática).

                                                        CONCEITO DE DEUS

O hinduísmo é um sistema diversificado de pensamento, com crenças que abrangem o monoteísmo, o politeísmo, o panenteísmo, o panteísmo, o monismo e o ateísmo, e o seu conceito de deus é complexo, e está vinculado a cada uma das suas tradições e filosofias. Por vezes é tido como uma religião henoteísta (que envolve a devoção a um único deus, embora aceite a existência de outros) porém o termo é visto, da mesma maneira qe os outros, como uma generalização excessiva.
A maior parte dos hindus acredita que o espírito ou a alma – o “eu” verdadeiro de cada pessoa, chamado de atman – é eterno. De acordo com as teologias monistas e panteístas do hinduísmo (tais como a escola Advaita Vedânta), este atman não pode ser distinguido, em última estância, do Brâman, o espírito supremo, estas escolas são, portanto, chamadas de não-dualistas. A meta da vida, de acordo com a escola Advaita, é chegar à conclusão que o seu atman é idêntico ao Brâman, a alma suprema. Os Upanixades afirmam que quem toma a consciência do atman como o âmago de si próprio estabelece uma identidade com Brâman, atingindo assim o moksha (liberação ou liberdade).

Escolas dualísticas, como por exemplo a Dvaita e Khakti, compreendem Brâman como um ser supremo que possui personalidade e o/a veneram como Vishnu, Brahma, Shiva ou Shákti, dependendo da seita. O atman é dependente de deus, enquanto o moksha depende do amor a deus e da graça de deus. Quando deus é visto como um ser supremo pessoal (em lugar do princípio infinito), deus é chamado de Ishyara (o senhor), Bhagavan (o auspicioso) ou Parameshwara (o senhor supremo). As interpretações de Ishvara variam, no entanto, da não-crença no Ishyara dos seguidores do mimamsakas, do vishnuísmo cujo deus é Vishnu e o texto das escrituras desta denominação identifica este ser como Krishna, por vezes chamado de Syayam Bhabavan. Também existem escolas como a Sânquia que tem tendências ateias.

DEVAS E AVATARES
 As escrituras hindus se referem a entidades celestiais chamadas devas (ou devi, na sua forma feminina; devatã é usado como sinônimo de deva em hindi), “os brilhantes”, que pode ser traduzido com deuses ou seres celestiais. Os devas são uma parte integrante da cultura hindu, e foram retratados na sua arte, arquitetura e através de ícones e histórias mitológicas sobre eles foram relatadas nas escrituras da religião, particularmente na poesia épica indiana e no Puranas. Frequentemente são, no entanto, dissociados de Ishyara, um deus pessoal supremo que muitos hindus veneram de uma forma particular, como seu ista devatã, ou ideal escolhido. A escolha é uma questão de preferência individual e tradições regionais e familiares.
 Os épicos hindus e os Puranas relatam diversos episódios da descida de deus à Terra em sua formação corpórea para restaurar o dharma da sociedade e guiar os humanos ao moksha, incluidno Rama (protagonista do Ramáyana) e Krishna (figura central do épico Mahabárata).
Quanto ao avatar (do sânscrito, avatara, que significa “decida”, de avatarati “ele desce”, de ava “igual “longe + tarati “ele atravessa), encarnação do verbo; descida ou travessia do salvador universal do plano do espírito para o plano da matéria.
 O avatar com seu complemento divino ou chama gêmea, Shakti, retrata e representa a consciência e nos quatro corpos inferiores o padrão arquetípico do deus pai para a evolução das almas em um ciclo de dois mil anos.
Avatar vem da palavra em sânscrito avatâra, sendo que ava significa ao longe, e târa como sendo ele cruza, ele percorre. No hinduísmo mais comumente um avatar está mais relacionado às várias encarnações, de Vishnu, o deus da infinita bondade, que de tempos em tempos vem ajudar a humanidade em momentos difíceis.
Avatar, como já foi dito acima, vem do sânscrito “avatara” que significa literalmente “descida”. Diz-se da “descida” de uma divindade a este mundo, em forma humana ou outra forma qualquer. A palavra avatar significa também antiga lei, ou seja, aquele que vêm pela lei universal una e verdadeira.

Avatares são seres de um altíssimo grau de consciência bem acima do homem comum, são instrutores da humanidade e que em determinados momentos se manifestam para contribuir ao evoluir da consciência de uma mente restrita e com corpos sutis.

KARMA E SANSARA
 Karma pode ser traduzido literalmente com “ação”, “obra” ou “feito” e pode ser descrito com a “lei moral de causa e efeito”. De acordo com os Upanixades um indivíduos conhecido como o jiva-atma desenvolve samskaras (impressões) a partir das ações, sejam elas físicas ou mentais. O linga sharira, um corpo mais sutil que o físico, porém menos sutil que a alma, armazena as impressões, e lhes carrega à vida seguinte, estabelecendo uma trajetória única para o indivíduo. Assim, o conceito de um karma infalível, neutro e universal, relaciona-se intrinsecamente à reencarnação, assim como à personalidade, característica e família de cada um. O karma une os conceitos de livre-arbítrio e destino.
O ciclo de ação, reação, nascimento, morte e renascimento é um continuo, chamado de samsara. A noção de reencarnação e karma é uma premissa forte do pensamento hindu. O Bagavadguitá afirma que: “Assim como uma pessoa veste roupas novas e joga fora as roupas antigas e rasgadas, uma alma encarnada entra em novos corpos materiais abandonando os antigos.”
 A samsara dá prazeres efêmeros, que levam as pessoas a desejarem o renascimento para gozar dos prazeres de um corpo perecível. No entanto, acredita-se que escapar do mundo da samsara através do moksha assegura felicidade e paz duradouras. Acredita-se que depois de diversas reencarnações um atman eventualmente procura a união com o espírito cósmico (Brâman/Paramatman).
A meta final da vida, referida como moksha, nirvana ou samadhi, é compreendida de diversas maneiras diferentes: como uma realização da união de alguém com deus; como a realização da relação eterna de alguém com deus; realização da unidade de toda a existência; abnegação total e conhecimento perfeito do próprio ‘eu”; como o alcance de uma paz mental perfeita; e como desprendimento dos desejos mundanos. Tal realização libera o indivíduo da samsara e termina com o ciclo de renascimentos.
A conceitualização do moksha difere entre as várias escolas de pensamento hindu. O Advaita Vedanta, por exemplo, sustenta que após alcançar o moksha um atman não mais identifica a si próprio como indivíduo, mas sim como sendo idêntico a Brâman em todos os aspectos. Os seguidores da escola Dyaita (dualística) se identificam como parte de Brâman, e após atingir o moksha esperam passar a eternidade num loka (céu) na companhia de sua forma escolhida de Ishvara. Assim, diz-se os seguidores do Dvaita desejam “provar o açúcar”, enquanto os seguidores do Advaita querem “se tornar açúcar”.

                                                           PURUSHARTAS

O pensamento hindu clássico aceita os seguintes objetivos da vida humana, conhecidos como os purushartas ou “quatro objetivos da vida”:
·         DHARMA – retidão, ética;
·         ARTHA – sustento, riqueza
·         KÃMA – prazer sensual
·         MOKSA – liberação, liberdade (do samsara)

 No hinduísmo, acredita-se que todos os homens seguem o karma e o artha, mas brevemente, com a maturidade, eles aprendem a controlar esses desejos com o dharma ou a harmonia moral presente em toda a natureza. O objetivo seria o infinito, cujo resultado é a absoluta felicidade, o moksha ou liberação (também conhecida como mukti, samadhi, nirvana, etc.) do samsara, o ciclo da vida, morte e da existência dual.

IOGA

Qualquer que seja a maneira na qual o hindu defina a meta de sua vida, existem diversos métodos (yôgas) que os sábios ensinaram para atingir aquela meta. Textos dedicados ao ioga incluem o Bagavadgitá (Bhagavad Gita), os Ioga Sutras, o Hatha Yoga Pradipika, a Gheranda Samhita entre outros, e, como sua base filosófica-histórica, os Upanixades. Os caminhos que um indivíduo pode seguir para atingir a meta espiritual da vida (moksha ou samadhi) incluem, entre outros:
·         BACTI-IOGA – o caminho do amor e da devoção;
·         CARMA-IOGA – o caminho da ação correta;
·         RAJA-IOGA – o caminho da meditação
·         JNANA-IOGA – o caminho da sabedoria e;
·         RAJA-IOGA – o caminho da união real.
Um indivíduo pode preferir um ou alguns iogas sobre os outros, de acordo com a sua inclinação e entendimento. Algumas escolas devocionais ensinam que o bhakti é, para a maior parte das pessoas, o único caminho prático para se alcançar a perfeição espiritual, com base em sua crença de que o mundo atualmente estaria no Kali Yuga (uma das quatro épocas que formam o ciclo Yuga). A prática de um ioga não exclui as outras, e muitos estudiosos acreditam que os diferentes yogas se misturam naturalmente e auxiliam na prática dos outros yogas. Por exemplo, acredita-se que a prática da jnana-ioga inevitavelmente leve ao amor puro (a meta do bacti-ioga) e vice-versa. Alguém que pratica a meditação profunda (como no raja-ioga) deve incorporar os princípios centrais do karma-ioga, do jnana-ioga e do bacti-ioga, seja direta ou indiretamente.


PRÁTICAS
As práticas hinduístas geralmente envolvem a procura da consciência de deus, e por vezes também a procura de bênçãos dos devas. Assim, o hinduísmo desenvolveu muitas destas práticas como forma de ajudar o indivíduo a pensar na divindade em meio à vida cotidiana. Os hindus podem praticar a puja (culto ou veneração) tanto em casa como num templo. Em seus próprios lares os hindus frequentemente costumam criar um altar, com ícones dedicados às suas formas escolhidas de deus. Os templos costumam ser dedicados a uma divindade primária e às divindades subordinadas que lhe são associadas, embora alguns templos sejam dedicados a mais de uma divindade. A visita a templos não é obrigatória e muitos os visitam apenas durante os festivais religiosos. Os hindus realizam seu culto através do murtis, ícones; o ícone serve como uma ligação tangível entre o fiel e deus. A imagem costuma ser considerada uma manifestação de Deus, já que Ele é imanente. O Padma Purana afirma que o murti não deve ser visto como apenas pedra ou madeira, mas sim como uma forma manifesta da divindade. Algumas seitas hindus, como o Arva Samai, não acreditam em venerar deus através de ícones.
O hinduísmo possui um sistema desenvolvido de simbolismo e iconografia para representar o sagrado na arte, arquitetura, literatura e em seu culto. Estes símbolos ganham seu significado das escrituras, mitologia ou tradições culturais. A sílaba om (que representa o Parabrahman) e o sinal da suástica (que simboliza auspiciosidade) acabaram passando a representar o próprio hinduísmo, enquanto outros símbolos, como a tilaka identificam um seguidor da fé. A tilaka é uma marca usada geralmente na testa, as vezes em outras partes do corpo, como pescoço, mão ou peito.
O hinduísmo ainda apresenta diversos símbolos que são costumeiramente associados a divindades específicas, como lótus, chakra e veena.

Os mantras são invocações, louvores e orações que, através de seu significado, som e estilo de canto, ajudam um devoto a focar a sua mente nos pensamentos sagrados ou exprimir devoção a deus ou às divindades. Muitos devotos realizam abluções matinais às margens de um rio sagrado, enquanto cantam o Gayatri Mantra ou os mantras Mahamrityunjaya. O poema épico Maabárata exata o japa (canto ritualístico) como o maior dever durante o Kali Yuga (que os hindus acreditam ser a era presente), e muitos adotam o japa como sua prática espiritual primordial.

RITUAIS
A imensa maioria dos hindus praticam rituais religiosos diariamente, porém a observância destes rituais varia enormemente de acordo com as regiões, cidades ou aldeia e indivíduos. A maior parte dos hindus segue estes rituais religiosos em seus lares. Os hindus mais devotos também executam tarefas diárias, como venerar durante a alvorada, depois de se banhar (normalmente num santuário familiar, num ritual que também envolve o acendimento de uma lâmpada e a colocação de oferendas de alimentos diante de ícones da divindades), recitar os escritos religiosos, cantar hinos devocionais, meditar, cantar mantras, entre outros. Um fator de destaque nos rituais religiosos é a divisão entre o puro e o impuro (ou poluído). Atos religiosos pressupões algum grau de impureza ou poluição para o seu praticante, que devem ser anulados ou neutralizados antes ou durante o decorrer do ritual. A purificação, feita geralmente com água, é portanto um aspecto típico da maior parte dos atos religiosos do hinduísmo. Outras características incluem a crença na eficácia do sacrifício e do conceito de mérito, ganho através da realização da caridade ou de bons atos, que acumulam com o tempo e reduzem o sofrimento no próximo mundo.
Os ritos védicos da oblação pelo fogo (vajna) são atualmente apenas práticas ocasionais, embora sejam altamente reverenciadas na teoria. Nas cerimônias de casamentos e funerais hindus, no entanto, o vajna e o entoamento de mantras védicos ainda são a norma. Os rituais upacharas, mudam com o tempo, por exemplo, nas últimas centenas de anos alguns rituais, como as danças sagradas e as oferendas musicais nos tradicionais conjuntos de Upacharas Sodasa, recomendados pelo Agama Shastra, foram substituídos por oferendas de arroz e doces. Ocasiões como nascimentos, casamentos e mortes envolvem o que são frequentemente conjuntos elaborados de costumes religiosos. No hinduísmo, os rituais que tratam do ciclo da vida incluem o Annaprashan (a primeira ingestão de comida sólida por um bebê), Upanayanam (cerimônia do fio sagrado, pela qual passam as crianças de castas elevadas em sua iniciação na educação formal) e Shraadh (ritual de conceder banquetes em nome dos falecidos). Para a maior parte das pessoas na Índia, o noivado de um jovem casal e a data e hora exatas do casamento são questões decididas pelos pais, em consultas com astrólogos. Na morte, a cremação que é considerada obrigatória para todos, com exceção de sanyasis hijra e crianças abaixo de cinco anos, costuma ser executada envolvendo-se o corpo em algum tecido e queimando-o sobre uma pira.
 Os hijra é uma comunidade religiosa que impõe a emasculação como forma de agradar a deusa Bahuchara Mata. Meninos vitimados de abusos sexuais são conduzidos pelas próprias famílias aos líderes da seita e então são castrados em rituais místicos, a partir daí, são obrigados a vestir-se e portar-se como mulheres. Segundo a tradição religiosa hindu, os hjras tem grande facilidade para “abençoar ou amaldiçoar”, o que torna esta comunidade temida e respeitada naquela sociedade. Em 2014, a Suprema Corte de Justiça da Índia definiu os hijras como pertencentes a um “terceiro gênero”, tornando a situação indiana única na história da antropologia.

PEREGRINAÇÃO E FESTIVAIS
A peregrinação não é obrigatória no hinduísmo, embora muitos de seus seguidores as realizem. Os hindus reconhecem diversas cidades sagradas na Índia, incluindo Allahabad, Haridwar, Varanasi e Vridavan. Entre as cidades que possuem templos famosos está Puri, que abriga um dos principais templos vixnuísta de jagannath e a comemoração de Rath Yatra, Tirupati, lar do templo Tirumala Venkateswara e Katra, onde se localiza o templo de Vaishno Devi. Os quatro locais sagrados de Puri, Rameswaram, Dwarka e Badrinath (ou, alternativamente, as cidades de Badrinath, Kedarnath, Gangotri e Yamunotri no Himalaia) compõem o circuito de peregrinação de Char Dham (quatro moradas).
 O Kumph Mela (festival das jarras) é uma das peregrinações hindus mais sagradas, realizada a cada quatro anos, a localização é alternada entre Allahabad, Haridwar, Nashik e Ujjain. Outro importante grupo de peregrinações são os Shaktj Peethas onde a deusa mãe é cultuada, da qual as duas principais são Kalighat e Kamakhya.
O hinduísmo apresenta diversos festivais ao longo do ano. O calendário hindu costuma prescrever estas datas. Estes festivais tipicamente celebram eventos da mitologia hindu, e coincidem muitas vezes com as mudanças de estação. Existem festivais que são celebrados principalmente por seitas específicas ou em certas regiões do Subcontinente Indiano. Alguns dos festivais mais importantes são o Maha Shivaratri, Holi, Ram, Navami, Krishna Jammastami, Ganesh Chaturthi, Dussera e Durga Puja, além do Diwali.

ESCRITURAS
 O hinduísmo baseia-se no “tesouro acumulado de leis espirituais descobertas por diferentes pessoas em diferentes tempos”. As escrituras foram transmitidas oralmente, na forma de versos – para auxiliar na sua memorização, muitos séculos antes de serem escritos. Ao longo dos séculos diversos sábios refinaram estes ensinamentos e expandiram o cânone.
Na crença hindu pós-védica e moderna a maior parte das escrituras não costuma ser interpretada literalmente, dá-se mais importância aos significados éticos e metafóricos derivados deles. A maior parte dos textos sagrados está escrito em sânscrito e os textos se dividem em duas classes: shruti e smriti.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

O HINDUÍSMO (1)



CONHECENDO A ÍNDIA, BERÇO DO HINDUÍSMO

Hindu é o nome em persa do rio Indo, encontrado pela primeira vez na palavra Hindu do persa antigo correspondente ao sânscrito védico Sindhu. O Rigveda chama a terra dos indo-arianos como Sapta Sindhu (Sete rios Sagrados no noroeste da Ásia Meridional, um deles o Indo) que corresponde ao Hapta Hendu no Avesta, escritura sagrada do Zoroastrismo. O termo foi utilizado para resignar aqueles que viviam no subcontinente indiano, ou para além do “Sindhu”.

O termo persa Hinduk entrou na Índia pelo Sultanato de Délhi e aparece nos textos do sul da Índia, bem como da Caxemira, a partir de 1323 d.C. e a partir daí é cada vez mais utilizado especialmente durante o período da britânica (Raj britânico). Desde o fim do século XVIII a palavra passou a ser usada no Ocidente como um termo que abrange a maioria das tradições religiosas, espirituais e culturais do subcontinente, com exceção do siquismo, budismo e jainismo que são religiões distintas.

 
DIVISÕES
            O hinduísmo pode ser subdividido em diversas correntes principais. Dos seis darshanas ou divisões históricas originais, apenas duas escolas, a vedanta e a raja ioga, sobrevivem. As principais divisões do hinduísmo hoje em dia são o vjxnuísmo, o xivaísmo, o smartismo e o shaktismo. A imensa maioria dos hindus atuais podem ser categorizados sob um destes quatro grupos, embora ainda existam outros, cujas denominações e filiações variam imensamente.
            Alguns estudiosos dividem as correntes do hinduísmo moderno em seus “tipos”:
·         Hinduísmo popular, baseado nas tradições locais e nos cultos das divindades tutelares, praticado em nível mais localizado;
·         Hinduísmo dérmico ou “moral diária”, baseado na noção de carma, na astrologia, nas normas de sociedade como o sistema de castas, e os costumes de casamentos;
·         Hinduísmo vedanta, especialmente o advaita Vedânta (smartismo), baseado nos Upanixades e nos Puranas;
·         Bhakti, ou “devocionalismo”, especialmente o vixnuísmo;
·         Hinduísmo bramânico védico, tal como é praticado pelos brâmanes tradicionalistas, especialmente os shautins;
·         Hinduísmo iogue, baseado especialmente nos Ioga Sutras de Pantadjáli. Com os principais templos Hoysaleswara e Khajuraho.


DEFINIÇÕES
            O hinduísmo não tem um sistema unificado de crenças, codificado numa declaração de fé ou um credo, mas sim é um termo abrangente, que engloba a pluralidade de fenômenos religiosos que se original e são baseados nas tradições védicas.
            A Era Védica (4500 a 2500 a.C.) surgiram os quatro Vedas, os grandes Rishis do passado (sábios visionários) habitavam o vale do Indo as margens do rio Sarasvati.

            Em 3100 a.C., o rio Yamuna mudou o seu curso e deixou de desaguar no Sarsvati em 2300 a.C. o Sutlej que era o maior afluente do rio Sarasvati também passou a desaguar no Ganges e em 1900 a.C. o rio Sarasvati secou, e o povo Védico e Arianos (ambos falavam o Sânscrito), que eram um único povo que tiveram de migrar para o leste da Índia para as margens do rio Ganges.
            O fim da Era védica foi marcada pela guerra do Mahabharata em 3102 a.C. que coincide com o início do Kali Yuga falado nos puranas, tantras, sastras, etc.). A estrutura literária do Hinduísmo é dividido em dois grandes blocos conhecidos como Shruti e Smriti.
            O termo Shruti representa tudo aquilo que foi ouvido e catalogado pelos sábios nos quatro livros principais do Hinduísmo: O Rig, o Sama, o Yajur e o Atharva Veda.
             O termo Smriti representa um conjunto de escrituras secundárias ou interpretações dos ensinamentos dos Vedas, feitas pelos Rishis (Sábios) a fim de atingirem mais facilmente o homem comum.
            SHRUTI – Os videntes védicos recebiam as suas visões sagradas como recompensa de um árduo trabalho, de muita asceses (exercícios espirituais consistindo na renúncia ao prazer e na não satisfação de algumas necessidades visando o desenvolvimento espiritual) e de uma profunda aspiração à iluminação espiritual. Viam a si mesmos como filhos da luz e tinham o coração voltado para a realização da Luz Celestial, ou do Supremo Ser-Luz. Os quatro Vedas falam de rituais de adoração e manipulação das forças da natureza, especulações filosóficas e técnicas de meditação para o auto-conhecimento e unificação com o divino. Cada veda é composto de Samhita, onde encontramos os Mantras (hinos) e rituais; Brahmana e Aranyaka, onde estão as explicações dos hinos e rituais; Upanishad, que são comentários e especulações filosóficas em torno da identidade cósmica entre Brahman (absoluto) e Atma (o ser individual); Kalpasutras, são textos que codificam e regulamentam a realização de rituais.



VEDAS 

            O termo Vedas provém do sânscrito, cuja raiz “vid” significa “sabedoria”, “conhecer a Sabedoria Divina”, por isto os Vedas são traduzidos como Sabedoria Divina ou Suprema.

            Segundo o linguista, cientista das religiões, orientalista e mitólogo alemão Max Muller (1823-1900): “Os Vedas são considerados, por todos os eruditos Orientais e Ocidentais, como a mais antiga de todas as escrituras do mundo e a mais sagrada das obras sânscritas conhecidas. Foram escritos em um sânscrito tão antigo, tão diferente do idioma atual, que não existe outra obra semelhante na literatura desse ‘irmão mais velho de todos os idiomas conhecidos’”.
·         RIG VEDA (5000 á 4500 a.C.): É uma coleção de 1.028 hinos (Sukta), divididos em dez livros (Mandala), nos quais encontram-se épicos, lendas antigas, encantamentos, mitos regras de comportamento social e religiosos, poesias etc. nele aparecem muitas variações de linguagem devido a variação cronológica e diversidade de autores. O Rig Veda é a base de todas as concepções filosóficas do solo indiano. Contém as primeiras perguntas que o homem fez em relação à criação, à natureza do universo e de sua própria função existencial.
·         SAMA VEDA (2600 a.C.): Coletânea de melodias (Mantras) cantadas pelos sacerdotes da classe Udgatar, durante as oferendas sacrificiais. Estes hinos reverenciam uma bebida chamada Soma. É composto de duas parter: Arcita com 585 cantos, classificados conforme o ritmo ou os deuses aos quais se referem; e Utthararcika com 400 cantos de três estrofes, em geral, agrupados segundo a ordem dos principais sacrifícios.
·         YAJUR VEDA (2400 a.C.): Contém fórmulas que os sacerdotes da classe adhvaryu murmuravam nos ritos de sacrifício. Existem duas versões do Yajur Veda. A primeira conhecida como Negra, é a mais antiga, chamada assim porque suas fórmulas estão mescladas e sem ordenação clara, foi copiada pelas escolas Taittrya, Samhita, a Kathaka e a Kapsithala Kathaka Samhita. A segunda versão conhecida como Branca, leva o nome de Vajasaneyi Samhita cujo autor é Yajnavalkya Vajasaneyi, por isso a denominação, e é chamado de Branco porque suas fórmulas possuem ordenação clara e sistemática, ela possui dias revisões uma da escola Madhyandina e outra da escola Kanya.
·         ATHARVA VEDA (2400 a.C.): Contém cerca de seis mil versículos sobre os mais diversos temas, mas sobretudo ensinamentos de magia e medicina popular, destinados a promover a paz, a saúde, o amor e a prosperidade material e espiritual. É o Veda dos sacerdotes do fogo Atharvan e Angiras. Os Atharvan eram sacerdotes que operavam sortilégios bons, favoráveis a todas as partes, curando enfermos, protegendo contra desgraças etc. Os Angiras atuavam enviando desgraças, enfermidades aos inimigos e rivais de quem os procurassem. A revisão mais conhecida é a da escola Saunaka com 731 hinos em 20 livros com 6.000 versos.

DIVISÕES DENTRO DE CADA VEDA
·         SAMHITA: É um conjunto de hinos e rituais que formam o corpo inicial dos Vedas;
·         BRAHMANA: Explica a relação entre fórmulas e hinos que os sacerdotes murmuram durante os rituais, contém explicações sobre os rituais, mitos e narrativas cosmogônicas, antigas lendas, vestígios históricos sobre o passado da Índia e a expansão Ariana no Vale do Indo, costumes sociais, formação geográfica entre outras;
·         ARANYAKA:  Os Aranyakas (livros da floresta) surgiram a partir de um pequeno grupo de iniciados que se retiraram para o silêncio das florestas em busca de outras vias de salvação e especulações filosóficas. Estes ascetas se colocaram em oposição a mecânica dos complicados ritos de sacrifício e contra a apropriação dos Brahmanas de todo o conhecimento e ato religioso. É a partir de 1900 a.C. que surge os Aranyakas e Upanishads, a literatura da tradição Aranya (da floresta), uma vez que às margens do Ganges existiam vastas florestas.
·         UPANISHAD: Foram elaborados a partir de 1500 a.C. e considerados como o mais alto ponto de especulação sobre os Vedas. São conhecidos também como Vedanta (parte final dos Vedas). Os ensinamentos principais dos Upanishads estão na afirmação da identidade do absoluto com o ser individual (Brahman + Atma).
·         KALPASUTRA: São divididos em Shrautasutra, que codificam os sacrifícios, e os Grhyasutra, que regulamentam os sacramentos que dão valor religioso a vida individual desde o nascimento até a morte.


ERA BRAHMANICA (2500 – 1500 a.C)
            Neste período o conhecimento védico ficou reservado aos Brahmanes ou casta dos sacerdotes, foi a partir deste momento que as castas se tornaram fixas. Para os pesquisadores recentes a invasão Ariana nunca existiu pois os Arianos sempre foram indianos e habitantes do Vale do Indo (como os Dravidianos), sendo o Yoga um fruto da civilização Indo-Sarasvati. De acordo com alguns estudiosos, o fim da Era Védica foi marcada pela famosa guerra que consta no Mahabharata e que a tradição data de 3102 a.C. coincidindo com o início do Kali Yuga.
            Neste período os Vedas, que já eram recitados há milênios, foram escritos em folhas de bananeiras e também algumas interpretações dos Vedas-Smriti, feitas pelos Rishis (sábios) afim de atingirem mais facilmente o homem comum.
           
SMRITI
            São escrituras secundárias: Dharma Shastras, os livros que codificam as leis que regulam a sociedade; Itihasa, épicos nacionais; Puranas, livros de educação religiosa popular; Agamas tratam das tendências devocionais e; Dharshanas, que apresenta as principais escolas de pensamento nascidas a partir dos Vedas. Embora a maior parte dessas escrituras sejam posteriores a esse período ainda são consideradas Smriti:
·         DHARMA SHASTRA: São regulamentos e obrigações das castas composto pelos Brahmames. Esses textos foram escritos pelo povo invasor proto-austriaco (1800 a.C.), como forma de dominar a sociedade indiana. Esse invasor fixou as castas, citadas conforme características pessoais nos Vedas, passando eles a se denominar casta dominante ou Brahmanes. Uma parte da sociedade indiana que não estava de acordo se refugiou na floresta (Aranya). O mais antigo é de autoria do ancestral mítico da tribo Manava chamado de Manu. As leis de Manu trouxeram benefícios e poderes para a casta dos Brahmanes fortalecendo seu domínio sobre a sociedade indiana. Determinava que tudo o que existe no universo é propriedade dos Brahmanes, sendo que a estes não seria cobrado tributos porque um Brahmane irado poderia apenas coma a recitação de um Mantra destruir o rei e seu exército. Aos Sudras as leis eram mais severas em penalidades, se um Sudra abusasse de uma mulher de um Brahmane, teria a propriedade confiscada e o órgão sexual cortado, se um Sudra ouvisse a recitação das escrituras Védicas, o castigo era receber chumbo derretido em seus ouvidos e se recitasse teria a língua cortada, e assim por diante; a mulher era considerada fonte de desonra, discórdia, mundanidade e deveria ser evitada e as mulheres casadas deveriam demonstrar devoção ao marido. As leis de Manu era um forte instrumento de controle social e manutenção do poder do Brahmanes ou povo invasor.
·         ITIHASA: São grandes épicos da literatura Hindu. O mais significativo é o Mahabharata, composto de histórias sobre uma guerra ocorrida na Índia (3102 a.C.) entre duas linhagem arianas em que o capítulo principal é o Bhagavadgita, ensinamentos do Avatar Krishna para Arjuna. Outro épico é o Ramayana que descreve a vida de Rama (+ ou – 6000 a.C.) e de sua esposa Sita, sendo Rama o símbolo da Perfeição.
·         PURANA: Instrumento de educação popular, tem a finalidade de imprimir na mente do povo por meio de exemplos concretos os ensinamentos do Veda. Descreve características e ações das divindades, detalhes sobre a criação do mundo, genealogia dos deuses, dinastias reais, especulações filosóficas, mitologias, etc. Os Puranas estão classificados em aqueles que elevam Brahma: Brahma Purana, Brahmananda Purana, Markandeya Purana, Bravishya Purana e Vamana Purana; e os que elevam Vishu: Vishu Purana, Padma Purana, Bhagavata Purana, Naradiya Purana, Garuda Purana e Varaha Purana; e os que eleva Shiva: Shiva Purana, Lingam Purana, Skanda Purana, Agni Purana, Matsya Purana e Kurma Purana.


·         AGAMA: São tendências devocionais que são tantas quanto os Deuses do hinduísmo. Os mais expressivos são: Shivaistas (dos seguidores de Shiva – renovador e disciplinador), Shaktas (adoram o princípio feminino como criador e renovador), Ganaphatas (adoradores de Ganesha – conhecimento), Hanupatas (cultuam Hanumam – discípulo perfeito), Vaishnavas (seguidores de Vishnu – preservador), Ramaphatas (adoradores de Rama – herói divino), Krishnaphatas (seguidores de Krishna – devoção e amor divino) entre muitas outras.
·         DARSHANA: São os pontos de vista ou escolas filosóficas nascidas do Veda e tiveram origem entre 700 e 200 a.C. As quatro primeiras aceitam teoricamente o Veda mas possuem doutrinas oposta aos seus ensinamentos, as duas últimas, Mimansa e Vedanta, aceitam literalmente a autoridade dos Vedas. Os seis Darshanas são:

1.    NYAYA: origem 300 a.C., seu fundador é Gautama, autor de Nyaya Sutra, textos que falam da possibilidade de se atingir o “absoluto” através do argumento lógico e da mente racional. Nyaya significa “regra”, “examinar”, regras do correto pensar.
2.    VAISHESHIKA: origem 300 a.C., fundada pelo sábio Kanada. Examina as particularidades da manifestação cósmica e pregam a noção de uma constituição atomista do mundo.
3.    SAMKHYA: 700 a.C., fundada por Kapila. Descreve o desenvolvimento cósmico como um processo gradativo e matemático. Dois princípios, Purusha e Prakriti, interagem e criam toda a existência.
4.    YOGA: 200 a.C., fundada por Patanjali tem como base literária os Yoga Sutras que mostra os passos para se chegar a liberação. Esta escola é o clímax de um longo período de desenvolvimento das práticas de Yoga e do pensamento Védico.
5.    MIMANSA: 400 a.C, fundada por Jaimini, autor dos Purna Mimansa Sutras que foram as primeiras investigações dos Vedas no conceito de Dharma.
6.    VEDANTA: 200 a.C., fundada por Badarayana, é conhecida como a investigação final dos Vedas, tem como texto fundador os Brahma Sutras, escrituras que divulgam os Vedas como a mais alta revelação e propõe a doutrina do Único Ser Supremo (Brahma), responsável por tudo o que existe. O mestre mais exaltado em Vedanta é Sankara (século II a.C.), pois foi graças aos Bhasyas, comentários que fez dos Brahma Sutras e de alguns Upanishads, que os Vedas foram compreendidos como um todo, como um elo de conhecimento sem contradição.



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