sábado, 12 de março de 2022

GUERRA FRANCO-PRUSSIANA

 

 

            A Guerra Franco-Prussiana, ou Guerra Franco-Germânica, aconteceu no intervalo de 19 de julho de 1870 até 10 de maio de 1871. Foi um conflito ocorrido entre o Império Francês e o Reino da Prússia no final do século XIX. Durante o conflito, a Prússia recebeu apoio da Confederação da Alemanha do Norte, da qual fazia parte, e do Grão-Ducado de Baden, do Reino de Württemberg e do Reino da Baviera. A vitória incontestável dos alemães marcou o último capítulo da unificação alemã sob o comando da Alemanha. Também marcou a queda de Napoleão III e do sistema monárquico na França, com o fim do Segundo Império e sua substituição pela Terceira República Francesa. Também como resultado da guerra, ocorreu a anexação da maior parte do território da Alsácia-Lorena pela Prússia, território que ficou em união com o Império Alemão até o fim da Primeira Guerra Mundial.


 

Motivos da Guerra

            As causas da Guerra Franco-Prussiana estão profundamente enraizadas nos eventos que cercam o equilíbrio de poder entre grandes potências após as Guerras Napoleônicas. França e Prússia eram inimigos durante essas guerras com a França do lado derrotado e Napoleão Bonaparte exilado em Elba. Após a ascensão de Napoleão III, que ocorreu como resultado de um golpe de Estado na França, e com final da Guerra da Crimeia, que carrega uma provisão no Tratado de Paris onde o Mar Negro russo deveria ser uma zona desmilitarizada, cria-se uma condição favorável para a unificação alemã que, em pouco tempo, os trouxe para o conflito armado após a Guerra dos Ducados do Elba (1864), contra a Dinamarca e a Guerra Austro-Prussiana (1866).


            A Espanha estava sem rei desde 1868, devido à abdicação de Isabel II, em virtude da Revolução de 1868 e as Cortes (parlamento espanhol) ofereceram a coroa ao príncipe prussiano Leopoldo de Hohenzollern, primo do rei da Prússia, Guilherme I. Um Hohenzollern no trono espanhol seria demais para a Europa antiprussiana. O imperador Napoleão III pressionou o Reino da Prússia para impedir que o parente distante do rei prussiano assumisse o trono espanhol. O ministro do Exército francês realizou, na câmara, um discurso indignado e belicoso contra a Prússia, o que gerou sentimentos antifranceses no sul da Alemanha.

 

Pretexto da Guerra Franco-Prussiana (1870 a 1871)

            O chanceler prussiano Otto von Bismarck e seus generais estavam interessados em uma guerra contra a França, pois esse país punha empecilhos à integração dos Estados do sul da Alemanha na formação de um novo país dominado pelo Reino da Prússia – o Império Alemão. Bismarck preparara um poderoso Exército e conhecia a situação precária do Exército francês. Sabia também que, se fosse atacado pelos franceses, teria o apoio dos Estados alemães do sul e, derrotando a França, já não haveria nenhum obstáculo seu projeto de unificar a Alemanha. Por outro lado, os conselheiros de Napoleão III asseguraram-lhe que o Exército francês era capaz de derrotar os prussianos, o que restauraria a declinante popularidade do imperador, perdida em consequência das muitas derrotas diplomáticas sofridas.

           Bismarck também sabia da superioridade de seu poderio militar sobre o Exército francês. Todavia, antes de o conflito começar, Napoleão III, temendo a expansão prussiana, protestou e exigiu do rei da Prússia a renúncia do príncipe Leopoldo, que desistiu de disputar o trono espanhol.

            Napoleão III, ainda não satisfeito, e para agradar à opinião pública francesa, exigiu novas garantias de que jamais um membro de sua família ocuparia o trono espanhol. Apesar de Guilherme I aceitar todas as condições impostas pelo imperador francês, este último insistia que o rei deveria dar estas garantias e negociar pessoalmente com o embaixador Benedetti da França. O rei prussiano, que anteriormente atendera a todas as reivindicações de Napoleão III, refutou ter que negociar e dar novas garantias ao embaixador francês. Em Paris, a atitude do rei prussiano foi tida como uma ofensa ao orgulho nacional da França e ao povo francês.




          Finalmente, França e Prússia entraram em guerra em 1870. A guerra em si foi provocada por Bismarck, que habilmente insultou a França e alterou uma indiscutível mensagem de seu rei (o telegrama de Sem – telegrama que Napoleão III enviou ao rei Guilherme I da Prússia) que buscava justamente dar fim à crise.

 



Alianças e início das operações

 

           A Prússia desde logo contou com o apoio dos estados germânicos do sul na sua luta contra a França. As forças alemãs estavam unificadas sob o comando supremo de Guilherme I que contava com o grande estrategista Helmuth von Moltke como chefe do Estado-Maior. À frente das tropas francesas encontrava-se Patrice Mac-Mahon.

            Exércitos prussianos avançaram para dentro da França. A eficácia ofensiva alemã contrastou com a ineficiência da mobilização francesa. As forças francesas foram expulsas da Alsácia, enquanto a divisão de exércitos francês comandado pelo general François Achille Bazaine, foi obrigada a se retirar de Metz.

 

Helmuth von Moltke
          Um Exército chefiado pelo próprio Napoleão III e pelo marechal Patrice Mac-Mahon tentou libertar o general François Achille Bazaine, em Metz, mas acabou sendo cercado por Helmuth von Moltke em 31 de agosto, na batalha de Sedan, que decidiu o conflito.

            Em 1º de setembro, os franceses tentaram inutilmente romper o cerco e, em 2 de setembro, Napoleão III, Mac-Mahon e 83 mil soldados renderam-se aos alemães. Napoleão III foi capturado e, desacreditado aos olhos dos franceses deixou de ser imperador.


            A resistência francesa prosseguiu sob um novo governo de defesa nacional, que assumiu o poder em Paris em 4 de setembro, depois de dissolver a Assembleia Nacional, proclamar a deposição do imperador e estabelecer a república. Bismarck recusou-se a assinar a paz, em 19 de setembro, começou o cerco de Paris. No mesmo dia 19, os alemães começaram a sitiar Paris. O novo governo dispôs-se a negociar com Bismarck, mas suspendeu as conversações quando soube que os alemães exigiam a Alsácia e a Lorena. O principal líder do novo governo, Léon Gambetta, fugiu de Paris num balão, estabelecendo um governo provisório na cidade de Tours para reorganizar o Exército no interior. A partir daí seriam organizadas 36 divisões militares, todas destinadas ao fracasso.

            A vitória de Sedan estimulou o nacionalismo no sul da Alemanha e os Estados germânicos ao sul do rio Meno (Grão-Ducado de Hesse, Grão-Ducado de Baden, Reino da Baviera e Reino de Württemberg) entraram na Confederação Germânica.

            A esses estados, porém, foram garantidas certas autonomias, como, por exemplo, exército próprio em tempo de paz. Com a integração desses Estados ao novo Reich (“Segundo Reich”, pois o “Primeiro Reich” ou Sacro Império Romano-Germânico, foi fundado por Carlos Magno, rei franco, sucedido mais adiante por Otão I), completou-se a última etapa para a unificação alemã.

 

O Armistício e a Comuna de Paris


 

           Esperanças de um contra-ataque francês dispersaram-se quando o marechal François Achille Bazaine, com um exército de 173 mil homens, apresentou sua rendição, em Metz, no dia 27 de outubro.

           

          A capitulação oficial de Paris ocorreu em 28 de janeiro de 1871. Louis Adolphe Thiers, velho político francês, foi eleito pela Assembleia como chefe do executivo e solicitou um armistício aos prussianos, o qual foi concedido por Bismarck. O armistício incluía a eleição de uma Assembleia Nacional Francesa que teria a autoridade de firmar uma paz definitiva. A Assembleia Nacional Francesa reuniu-se em Bordéus, em 13 de fevereiro, nomeando Louis Adolphe Thiers, o primeiro presidente da Terceira República Francesa. O acordo negociado por Thiers foi assinado em 26 de fevereiro e ratificado em 1º de março. A população de Paris, entretanto recusou-se a depor as armas e, em março de 1871, revoltou-se, estabelecendo, estabelecendo um breve governo revolucionário, a chamada Comuna de Paris.



Fim da Guerra: O Tratado de Frankfurt

           O governo francês assinou, em 10 de maio de 1871, o Tratado de Frankfurt, pondo fim à guerra entre a França e a Prússia. Neste documento ficava estabelecido que, por direito de guerra e pela população da Alsácia-Lorena ser de maioria germânica, a província francesa da Alsácia e parte da Lorena (até mesmo Metz) passariam para o domínio do Império Alemão. Devido aos grandes danos causados à Prússia, a França foi obrigada a pagar uma indenização de guerra de cinco bilhões de francos de ouro e a financiar os custos da ocupação das províncias do norte pelas tropas alemãs, até o pagamento da indenização. Em troca, foram libertados 100 mil prisioneiros de guerra franceses, os quais forma admitidos nas linhas prussianas para reprimir a Comuna de Paris. Depois de dois meses de luta sangrenta, a comuna foi esmagada pelas tropas de Louis Adolphe Thiers.


 

           O maior triunfo de Otto von Bismarck ocorreu em 18 de janeiro de 1871, quando Guilherme I da Prússia foi proclamado imperador da Alemanha em Versalhes, o antigo palácio dos reis da França. Para a Prússia, a proclamação do Império Alemão foi o clímax das ambições de Bismarck de unificar a Alemanha.

            A onerosa obrigação francesa só foi cumprida em setembro de 1873. Naquele mesmo mês, as tropas alemã abandonaram a França, depois de quase três anos de ocupação.

 

Motivos da Derrota Francesa na Guerra


            A derrota da França, comandada pelo general francês Patrice Mac-Mahon, deu-se por ser o Exército prussiano maior e estar mais bem organizado para a guerra. Enquanto os canhões franceses eram carregados pela boca, os prussianos tinham os famosos krupp, de aço, carregados pela culatra, o que possibilitava tiro mais rápido. Paris resistiu o quanto pôde aos prussianos, mas capitulou após quatro meses, por causa da fome.

           

          Logo a Prússia mostrou-se preparada o suficiente para encurralar a França em seu próprio território. Os franceses perderam em todas as frentes, o que sucedeu na esmagadora vitória na Batalha de Sedan (1 de setembro de 1870), na qual o próprio imperador francês foi feito prisioneiro. No dia 2 de setembro de 1870, conclui-se a Batalha de Sedan, onde a cavalaria francesa resistiu bastante, a ponto do rei Guilherme I admirar a bravura com que estes lutaram. Porém, Napoleão III viu que era inútil sacrificar tantos soldados seus, e mandou hastear a bandeira branca, e entregou sua espada, ficando prisioneiro do rei prussiano. Dois dias depois, a república seria proclamada em Paris. No dia 20 de setembro, os prussianos cercavam Paris. Perante esta situação, o governo de Defesa Nacional (republicano, em funções desde 4 de setembro, quando Napoleão III foi deposto) assinou a rendição. No Tratado de Frankfurt, 10 de maio de 1871, a França, para além de pagar uma pesada indenização de 5 bilhões de francos para a Prússia, entregava o rico território da Alsácia-Lorena, de maioria germânica e rico em carvão e hematita (minério de ferro), para o novo Império Alemão.



 Wikipédia. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Guerra_Franco-PrussianaAcesso em 31 de jan. 2022.


segunda-feira, 7 de março de 2022

HOMENAGEM ÀS MULHERES PELO DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES - 8 DE MARÇO - DIA DE LUTA

 



          Há 145 anos, no dia 8 de Março de 1857, teve lugar aquela que terá sido, em todo o mundo, uma das primeiras ações organizadas por trabalhadores do sexo feminino. Centenas de mulheres das fábricas de vestuário e têxteis de Nova Iorque iniciaram uma marcha de protesto contra os baixos salários, o período de 12 horas diárias e as más condições de trabalho. Durante a greve deu-se um incêndio que causou a morte a cerca de 130 manifestantes.


          Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criaram a Women’s Trade Union League. Esta associação tinha como principal objetivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho.

       
 Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque: reivindicaram o mesmo que as operárias no ano de 1857, bem como o direito de voto.
      Caminhavam com o slogan “Pão e Rosas”, em que o pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas uma melhor qualidade de vida.
          Mais tarde, o Partido Socialista norte-americano decretou o último Domingo de Fevereiro o Dia Internacional da Mulher.





          Foi comemorado pela primeira vez em 1909 e pela última vez no ano de 1913, pois durante uma conferência mundial das organizações socialistas, decorrida em Copenhagen (Dinamarca), a revolucionária alemã Clara Zetkin propôs o 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher.
     O dia 8 de Março é, desde 1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher.
    As Nações Unidas têm desempenhado um importante papel na luta pela igualdade, nomeadamente ao criar a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres, a Comissão do Estatuto das Mulheres e organizando conferências mundiais sobre as mulheres.



Manifestante sendo presa em São Petersburgo, Rússia após manifestação anti-guerra


sábado, 5 de março de 2022

EVGENI PACHUKANIS - UM JURISTA DOS SOVIETES

 

PACHUKANIS, Evgeni


Libertemos o Direito de sua aparência misteriosa, esotérica, e o transformemos em um sistema de relações humanas quotidianas, o qual possa ser inteligível e acessível à todos,  tal qual são essas próprias relações”         (Pëtr Stucchka)

 

Evguéni Bronislávovitch Pachukanis (também grafado Eugênio Pasukanis e em russo, Евгений Брониславович Пашуканис) – Nasceu em Staritsa em 23 de fevereiro de 1891 e faleceu em 4 de setembro de 1937. Foi um jurista soviético, membro do Partido Bolchevique, ainda hoje considerado o mais proeminente teórico marxista no campo do direito.

 

Biografia

         Estudou na Universidade de São Petersburgo e na Universidade de Munique. Participou das atividades do Partido Bolchevique desde 1912, filiou-se oficialmente em 1918 e ocupou diversos cargos no governo da Revolução de outubro de 1917, culminando com os de vice-comissário do povo para a Justiça (enquanto Piotr Stutchka era o comissário), de diretor do Instituto de Construção Soviética e Direito e de vice-presidente da Academia Comunista.

           Em 1924, Pachukanis publica a primeira edição de sua mais importante obra, “A Teoria Geral do Direito e o Marxismo (que teve ainda uma segunda edição em 1926 e uma terceira em 1927). Nos anos seguintes, publica várias outras obras, dentre as quais se destacaram “Um Exame da Literatura sobre a Teoria Geral do Direito e do Estado”, de 1925; “A Teoria Marxista do Direito e a Construção do Socialismo”, de 1927; “O Aparato de Estado Soviético na Luta contra o Burocratismo”, de 1929; Estado e regulação jurídica, de 1929, além de esboços do Código Penal, elaborados em conjunto com Nicolai Krylenko entre 1927 e 1935.



 Consagração

           Pachukanis foi um dos líderes da escola dos juristas marxistas soviéticos dos anos de 1920, da qual também fizeram parte Stutchka e Krylenko. A concepção de Pachukanis cobriu todo o espaço de teoria jurídica na União Soviética, tornou-se a explicação dominante da forma jurídica e Pachukanis se consolidou como o mais proeminente jurista soviético daquela década. Em sua obra procurou desenvolver no campo jurídico as indicações de Karl Marx, tanto no que tange à concepção da forma jurídica, quanto no que tange ao método de abordagem teórica, no que conclui que o direito é uma forma burguesa que atinge o máximo de seu desenvolvimento no capitalismo e que deve ser extinta quando da superação deste modo de produção.



 Perseguição 

        A partir de 1930, com a ascensão de Stálin, o pensamento de Pachukanis passa a ser altamente conflitante com a linha política seguida pelo governo soviético. Pachukanis é então forçado a iniciar um longo processo de negação e de “autocorreção” de sua teoria ao qual pertencem obras como “Curso de Direito Econômico Soviético”, de 1935, e “Estado e Direito no Socialismo”, de 1936. Mas este processo não foi simples. Pachukanis insistiu ainda por algum tempo em vários pontos-chave de sua teoria, recaindo em contradições provavelmente propositais, enquanto o governo de Stálin endurecia cada vez mais a perseguição contra os dissidentes.

 

Execução e Reabilitação

            Pachukanis é preso em 20 de janeiro e condenado em 4 de setembro de 1937. Declarado “inimigo do povo”, acaba executado ainda em 1937 (data incerta). A teoria jurídica passa a ser dominada por Andrei Vichinsky, reprodutor da linha de Stálin de reforço do Estado no campo do direito. A obra de Pachukanis é então renegada e “proibida” até que em 1956, após a morte de Stálin, é “reabilitada” e volta a ser objeto de estudo entre os juristas soviéticos.

 

No Brasil

            No Brasil, o mais destacado estudioso da obra de Pachukanis é Márcio Bilharinho Naves, notadamente da obra “Marxismo e Direito – Um Estudo sobre Pachukanis”, São Paulo, Boitempo, 2000.



 

Obras Principais

         “A Teoria Geral do Direito e o Marxismo” (1924);

·         “Um Exame da Literatura sobre a Teoria Geral do Direito e do Estado” (1925);

·         “Para uma Caracterização da Ditadura Fascista” (1926);

·         “Fascismos” (1927 – verbete escrito para a “Enciclopédia do Estado e do Direito);



·      “A Teoria Marxista do Direito e a Construção do Socialismo” (1927);

·         “O Aparato de Estado Soviético na Luta Contra o Burocratismo” (1929);

·         “Estado e Regulação Jurídica” (1929);

·         “A Crise do Capitalismo e as Teorias Fascistas do Estado” (1931);

·         Como os Sociais-Fascistas falsificaram os Sovietes na Alemanha (1933).

 

 
 

Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Evgeni_Pachukanis. Acesso 28 de fev. 2022.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ - BERTHOLT BRECHT

 


Perguntas de um trabalhador que lê

 

Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?


Nos livros estão nomes de reis;


Os reis carregaram as pedras?


E Babilônia, tantas vezes destruída,


Quem a reconstruía sempre?


Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a construíram?


No dia em que a Muralha da China ficou pronta,


Para onde foram os pedreiros?


A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:


Quem os erigiu? Quem eram aqueles que foram vencidos pelos césares?


Bizâncio, tão famosa, tinha somente palácios para seus moradores?


Na legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados

continuaram a dar ordens a seus escravos.


O jovem Alexandre conquistou a Índia.


Sozinho?


César ocupou a Gália.


Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro?


Felipe da Espanha chorou quando sua armada naufragou. Foi o único a

chorar?


Frederico 2º venceu a Guerra dos Sete Anos.


Quem partilhou da vitória?


A cada página uma vitória.


Quem preparava os banquetes?


A cada dez anos um grande homem.


Quem pagava as despesas?


Tantas histórias,


Tantas questões

 

(Bertholt Brecht, 1935)

 






Veja também:

ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: DOIS MUNDOS, UM MESMO FASCÍNIO PELO PASSADO

Quando falamos em escavar o solo em busca de vestígios do passado, muitas pessoas imediatamente pensam em fósseis de dinossauros e utensílio...

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