quarta-feira, 29 de junho de 2022

CAMÕES

 



     Luís Vaz de Camões é considerado um dos mais importantes autores da literatura portuguesa. Ele nasceu no ano de 1524, na cidade de Lisboa. Muito do que se sabe de sua vida não passa de especulação e lenda. No entanto, estudiosos afirmam que foi soldado, perdeu um olho no Marrocos, e que ele viveu alguns anos na Índia, em Macau e em Moçambique.

Morreu em 1580, escreveu “Os Lusíadas”, um poema épico do classicismo português. Assim, é possível observar, nas obras do escritor as seguintes características dessa escola literária: versos regulares, amor e mulher idealizados, bucolismo, além de referências greco-latinas.

          Luiz Vaz de Camões nasceu, oficialmente, em 1524, na cidade de Lisboa, mas alguns estudiosos afirmam que pode ter sido em 1525. Fato é que a vida do escritor é cercada de especulações e lendas. Contudo, acredita-se que estudou filosofia e literatura na Universidade de Coimbra, onde seu tio, o frade Dom Bento de Camões, era chanceler.

O escritor lutou como soldado, em Ceuta, no território do Marrocos, Nesse período, perdeu o olho direito em batalha. De volta a Portugal, em 1552, foi preso devido a um desentendimento com certo funcionário da Corte. Um ano depois, recebeu o perdão do rei. Partiu, então, para Goa, Índia, em 1553. Alguns estudiosos afirmam que ele começou a escrever “Os Lusíadas” nessa época.


        Em Macau, trabalhou como provedor-mor de defuntos e ausentes. Quando voltava para Goa, sofreu um naufrágio e quase perdeu os originais de sua obra-prima. O que se conta é que nadou com um braço enquanto o outro permanecia erguido e segurava o manuscrito. Nessa ocasião, sua amante chinesa Dinamene acabou morrendo. À sua memória, o poeta dedicou vários versos.


          Em 1568, estava vivendo, em Moçambique, em péssimas condições financeiras. Um ou dois anos depois, decidiu voltar a Portugal, com ajuda de amigos, que pagaram suas dívidas e compraram a passagem. Deste modo, em 1572, publicou “Os Lusíadas”, dedicado ao rei Dom Sebastião (1554 – 1578), que concedeu ao autor uma pensão durante três anos.

Quadro de Francisco Augusto Metrass
pintado em 1874 - A morte de Camões (Museu de Lisboa)
    No fim da vida, o poeta estava doente e pobre. Morreu em 10 de junho de 1580, sem deixar dinheiro para pagar o próprio enterro. No mais, as obras do autor acabaram servindo aos estudiosos como fonte de informações acerca de sua biografia. Eles buscavam, assim, trazer luz à vida do lendário Camões.



Características das obras de Luís Vaz de Camões

   A poesia camoniana é caracterizada pelo uso da medida nova, isto é, versos decassílabos. No entanto, alguns de seus poemas dialogam com o trovadorismo (poesia medieval), portanto, apresentam redondilhas, que são versos de cinco ou sete sílabas. Além disso, o poeta demonstra uma visão filosófica do amor, definido por meio de antíteses e paradoxos, como comprova a estrofe de um de seus sonetos mais famosos:

Amor é um fogo que arde sem ver

É ferida que dói, e não se sente

É um contentamento descontente,

É dor que desatina sem doer.


As principais temáticas da poesia camoniana são:

·        O desconcerto do mundo;

·        A inconstância; e

·        O sofrimento amoroso.

Camões vivia em uma época em que a racionalidade era extremamente valorizada em oposição à fé religiosa, que marcara o período histórico anterior, ou seja, a Idade Média. Portanto, apontar o desconcerto (o desequilíbrio) da realidade era uma forma de tirar dela o véu das ilusões. Assim, a constatação de que tudo na vida é transitório eliminava a importância das coisas mundanas.

Ainda nesse sentido, somente o pensamento filosófico e a arte podiam atingir o equilíbrio, a harmonia perfeita. A razão e a expressão artística estavam, dessa forma, em posição de superioridade se comparadas aos afazeres diários e às regras sociais. Por isso, o amor carnal mostrava-se inferior ao amor ideal, filosófico e não sexualizado.


As principais obras de Camões foram:

·        Os Lusíadas (1572) – epopeia;


·        Anfitriões (1587– post mortem) – teatro;



·        Filodemo (1587– post mortem) – teatro;



·        Rimas (1595– post mortem) – poesia lírica;



·        El rei Seleuco (1645 – post mortem) – teatro.


Os Lusíadas

       Os Lusíadas é a obra-prima de Camões e único livro publicado durante a vida do autor. A obra é um poema épico, dividido em dez cantos, com versos decassílabos. Por ser uma epopeia, traz a figura heroica de Vasco da Gama (1469 – 1524) e enaltece a nação portuguesa.


As armas e os Barões assinalados

Que a Ocidental praia Lusitana

Por mares nunca dantes navegados

Passaram ainda além da Taprobana

Em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram;

(...)

         O poema foi dedicado ao rei Dom Sebastião I:


Vós, poderoso Rei, cujo alto Império

O Sol, logo em nascendo, vê primeiro,

Vê-o também no meio do Hemisfério,

E quando desce o deixa derradeiro;

Vós, que esperamos jugo e vitupério

Do torpe Ismaelita cavaleiro

Do Turco Oriental e do Gentio

Que inda bebe o licor do santo Rio:

 

Inclinei por um pouco a majestade

Que nesse tenro gesto vos contemplo,

Que já se mostra na inteira idade,

Quando subindo ireis ao eterno templo;

Os olhos da real benignidade

Ponde no chão: vereis um novo exemplo

De amor dos pátrios feitos valorosos

Em versos divulgado numerosos

(...)

         O livro conta a viagem de Vasco da Gama e de sua frota portuguesa a caminho da Índia. No início da aventura, os deuses do Olimpo discutem se os lusitanos devem ter sucesso em sua empreitada. Com a aprovação deles, a frota chega a Moçambique e depois parte para Melinde, onde Vasco da Gama conta ao rei desse lugar a história gloriosa de Portugal.

         Depois da narrativa, a frota de Gama segue rumo a Calicute, na Índia. No entanto, Baco, Netuno e outros deuses do mar decidem, com a ajuda de Éolo, afundar os navios da expedição, pois temem que os portugueses acabem sendo tão poderosos quanto os deuses. Quase vencidos pela tempestade, Vasco roga a Deus:



Vendo Vasco da Gama que tão perto

Do fim de seu desejo se perdia

Vendo ora o mar até o Inferno aberto,

Ora com nova fúria ao Céu subia,

Confuso de temor, da vida incerto,

Onde nenhum remédio lhe valia,

Chama aquele remédio santo e forte

Que o impossível pode, desta sorte:

 

  Divina Guarda, angélica, celeste

Que os céus, o mar e terra senhoreias:

Tu, que a todo Israel refúgio deste

Por metade das águas Eritreias;

Tu, que livraste Paulo e defendeste

(...)

         Após a prece, Vasco da Gama é ajudado por Vênus e chega a Calicute, onde vive mais perigosas aventuras. Em seguida, ao regressar a Portugal, os navegantes encontram a Ilha dos Amores. Ali, ninfas, atingidas pelas flechas de Cupido, apaixonam-se pelos navegantes portugueses, que têm, assim, em um lugar agradável, a recompensa pela sua coragem, antes de retomarem o caminho de volta a casa.

Poesias de Luís Vaz de Camões

         No soneto de Camões, o “Eu Lírico” fala da passagem do tempo. Diz que o destino trouxe a dor e recorda a felicidade do passado, mas o eu lírico chega a duvidar das alegrias que sentiu, já que elas passaram tão rápido. Por fim ele conclui que já não tem nada a perder, a não ser a vida, e lamenta ainda estar vivo:

Ah! Fortuna cruel! Ah! Duros Fados!

Quão asinha em meu dano vos mudastes!

Passou o tempo que me descansastes,

Agora descansais com meus cuidados.

 

Deixastes-me sentir os bens passados,

Para mor dor da dor que me ordenastes;

Então numa hora juntos mos levastes,

Deixando em seu lugar males dobrados.

 

Ah! Quanto melhor fora não vos ver.

Gostos, que assim passais tão de corrida,

Que fico duvidoso se vos vi:

 

Sem vós já me não fica que perder,

Se não se for esta cansada vida,

Que por mor perda minha não perdi.

 

         No que se refere às características do classicismo, o poema possui a medida nova, isto é, versos decassílabos. Esse rigor formal produz uma estrutura harmônica, equilibrada. É possível aportar também a influência greco-latina quando a voz poética faz referência à Fortuna e ao Fado como a divindades. Por fim, tem-se a temática da inconstância, recorrente na poesia camoniana.

         No soneto abaixo, a medida nova também é utilizada para falar do Amor. Assim, o eu lírico afirma que a Morte poderia acabar com o Amor por meio da Ausência e do Tempo. Além disso, a Morte uniria contra o Amor duas forças contrárias: a Razão e a Fortuna (destino).

         Contudo, a voz poética diz que, se a Morte é capaz de separar o corpo da alma, o Amor pode juntar e unir duas almas em um mesmo corpo. Dessa forma, o Amor vence a Morte, apesar da Ausência, do Tempo, da Razão e da Fortuna:


A Morte, que da vida o nó desata,

Os nós, que dá o Amor, cortar quisera

Na Ausência, que é contr’ele espada fera,

E co Tempo, que tudo desbarata.

 

Duas contrárias, que uma a outra mata,

A Morte contra o Amor ajunta e altera:

Uma é Razão contra a Fortuna austera,

Outra, contra a Razão, Fortuna ingrata.

 

Mas mostre a sua imperial potência

A Morte em apartar dum corpo a alma,

Duas num corpo o Amor ajunte e una;

 

Porque assim leve triunfante a palma,

Amor da Morte, apesar da Ausência

Do Tempo, da Razão e da Fortuna.

 

Escola Literária de Luís Vaz Camões – O Classicismo

         O Classicismo é uma escola literária que teve seu auge, na Europa, no século XVI, como reflexo do Renascimento. Portanto, as obras de Luís Vaz de Camões apresentam características dessa escola, tais como:
·         Racionalismo
·         Antropocentrismo
·         Neoplatonismo
·         Semipaganismo
·         Influência greco-latina
·         Simplicidade
·         Harmonia
·         Amor idealizado
·         Mulher idealizada
·         Rigor formal
·         Bucolismo


Frases de Luís Vaz de Camões


         Algumas frases de Camões, retiradas de sonetos do poeta, ficaram bastante conhecidas e usadas em prosas:

— Que pena sentirei, que valha tanto, que inda tenho por pouco o viver triste?

— Por sinal do naufrágio que passei, em lugar dos vestidos, pus a vida.

— Jura Amor que brandura de vontade causa o primeiro efeito; o pensamento endoidece, se cuida que é verdade.

— Converteu-se-me em noite o claro dia; e, se alguma esperança me ficou, será de maior mal, se for possível.

— Amor um mal, que mata e não se vê.

— Não sei para que é ter contentamento, se mais há de perder quem mais alcança.

— Dobrada glória dá qualquer vingança, que o ofendido toma do culpado, quando se satisfaz com coisa justa.

— Todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades.

— O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto foi de neve fria, e, enfim, converte em choro o doce canto.

— Louvado seja Amor em meu tormento, pois para passatempo seu tomou este meu tão cansado sofrimento!

— Qualquer grande esperança é grande engano.

 

Fonte: Site Português. Disponível em: https://www.portugues.com.br/literatura/vida-luis-vaz-camoes.html. Acesso em 29 de jun. 2022.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

ORIGEM DA TABELA PERIÓDICA


         A origem da Tabela Periódica remonta ao século XIX e teve a participação de grandes cientistas, cujo objetivo principal era identificar, prever e utilizar suas características.

         A origem da Tabela Periódica ocorreu por volta do ano de 1829, quando os químicos da época decidiram propor formas de organização dos elementos químicos conhecidos até então.

         Esses químicos possuíam conhecimentos sobre diversas características (densidade, massa atômica, reatividade, ponto de fusão, ponto de ebulição, estado físico) de trinta elementos químicos. Esses conhecimentos serviram de ponto de partida para a origem da Tabela Periódica.

        Ao longo de 200 anos, vários foram os químicos que procuraram propor formas de organizar os elementos químicos, ou seja, a Tabela Periódica que conhecemos hoje, na verdade, teve várias origens, já que ao longo da história muitas tentativas foram realizadas.


Químicos que se destacaram na tentativa de organizar os elementos em uma tabela

Tríades de Döbereiner

         No ano de 1829, o químico alemão Johann Wolfgang Döbereiner (1780 – 1849) organizou a primeira Tabela Periódica da história. Ela apresentava os trinta elementos químicos conhecidos até então e foi batizada por ele de tríades de Döbereiner.

         Johabb Wikfgang Döbereiner foi um químico alemão, mais conhecido pelo trabalho, que prenunciou a lei periódica para os elementos químicos e inventando o primeiro isqueiro, que ficou conhecido como lâmpada de Döbereiner. Ele tornou-se professor de química e farmácia na Universidade de Jena,

         A tabela periódica de Döbereiner foi denominada de tríade porque os elementos foram organizados em grupos de 3. Cada grupo apresentava elementos que possuíam características químicas semelhantes.

TRÍADE DE DÖBEREINER

Li

Ca

Cl

Na

Sr

Br

K

Ba

I

          Um fato interessante em relação às tríades de Döbereiner é que a massa atômica do elemento central da tríade era exatamente a resultante da média aritmética entre as massas atômicas dos outros dois elementos da tríade.

Parafuso telúrico de Alexandre de Chancourtois

         Alexandre-Émile Béguyer de Chancourtois (1820 – 1886) foi um geólogo francês que teve como principal contribuição a observação da periodicidade dos elementos químicos, sendo um dos primeiros a classificar elementos e assim ajudar a formar a Tabela Periódica.

         No ano de 1862, o geólogo e mineralogista resolveu propor uma organização dos elementos químicos conhecidos na época para facilitar a aplicação deles na mineralogia. A tabela de Chancourtois foi denominada de parafuso telúrico.

         Chancourtois distribuiu os elementos (pontos escuros na imagem) químicos em ordem crescente de massa atômica ao longo de uma faixa espiral existente em um cilindro. Com essa organização, Chancourtois observou que os elementos posicionados na mesma linha vertical apresentavam propriedades químicas semelhantes.

Lei das Oitavas 

        John Alexander Reina Newlands (1837 – 1898) foi um químico britânico, um químico industrial que trabalhou numa usina de açúcar, como químico chefe, e chegou a escrever um tratado sobre o açúcar. Em 1863, Newlands propôs uma classificação dos elementos químicos.

         

     Lei das oitavas foi o nome proposto por à Tabela Periódica. Pelo fato de Newlands também ser músico, ele montou a tabela de acordo com as notas musicais (dó, lá, ré, mi, fá, sol, lá, si).

         Newlands organizou os 61 elementos químicos conhecidos na época em ordem crescente de massa atômica e colocou-os em colunas verticais. Cada uma das colunas verticais possuía sete elementos.

         Newlands observou que os elementos químicos presentes em uma mesma linha horizontal de oitavas diferentes apresentavam propriedades químicas semelhantes. Assim, o primeiro elemento de uma oitava apresentava propriedades semelhantes ao primeiro elemento da outra oitava e assim sucessivamente.


Tabela periódica de Mendeleev

         Dimitri Ivanovic Mendeleev (1834 – 1907) foi um químico e físico russo, criador da primeira versão da tabela periódica dos elementos químicos prevendo as propriedades de elementos que ainda não tinham sido descobertos.

         Mendeleev, durante seus trabalhos com os elementos químicos, tinha o hábito de anotar as propriedades de cada um deles em fichas. Em um dado momento, no ano de 1869, ele resolveu colocar essas fichas em ordem crescente de massa atômica.

         Logo após organizar os elementos em ordem crescente de massa atômica, Mendeleev manteve o padrão, mas posicionou os elementos em colunas horizontais e verticais, respeitando as características e semelhanças dos elementos.

         No ano de 1913, o químico inglês Henry Moseley, a partir da tabela proposta por Mendeleev, montou a tabela periódica nos padrões que conhecemos até os dias de hoje.

         Henry Gwyn Jeffreys Moseley (1887 – 1915) foi um físico britânico nascido na Inglaterra. Foi assistente de Ernest Rutheford. Descobriu, em 1913, uma relação de raios-X de um elemento químico e seu número atômico. Foi o primeiro a conseguir determinar os números atômicos dos elementos com precisão.

         Diferentemente de Mendeleev, Moseley organizou os elementos em ordem crescente de número atômico, manteve a organização em colunas horizontais e verticais, mas posicionou os elementos de mesmas características químicas nas mesmas colunas verticais.

Tabela periódica atual

         Após 1913, a Tabela Periódica proposta por Moseley não sofreu nenhuma grande modificação, na verdade, passou por algumas atualizações, já que alguns elementos químicos foram descobertos.

         Comparando-a com a tabela atual, a tabela de Moseley não apresentava, por exemplo, os elementos químicos de números atômicos entre 110 e 118. Além disso, a série dos actinídeos estava localizada acima da série dos lantanídeos.

         A última atualização realizada na Tabela Periódica foi no ano de 2016, quando os elementos 113, 115, 117 e 118 passaram a fazer parte oficialmente dela.

 

Fonte: Texto adaptado de:

DIAS, Diogo Lopes. "Origem da Tabela Periódica"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/origem-tabela-periodica.htm. Acesso em 27 de junho de 2022.

terça-feira, 21 de junho de 2022

QUATRO CONCEITOS FILOSÓFICOS

 

INTELECTO

(do latim: intellectus, de intelligere: compreender)

         1. Na concepção clássica grega, a partir de Anaxágoras, o intelecto (nous) significa o princípio de ordenação do cosmo e, por extensão, a faculdade do pensamento humano, enquanto esta reflete a ordem cósmica. Distingue-se assim das sensações e dos desejos e apetites, sendo, pois, "a parte da alma com a qual esta conhece e pensa" (Aristóteles).


         2. A escolástica medieval, sobretudo com Tomás de Aquino. Desenvolve o conceito aristotélico de intelecto, definindo-o como faculdade do entendimento humano, do pensamento conceitual, de pensar por idéias gerais.


         3. Intelecto agente ou ativo (intellectus agens): segundo a tradição aristotélica e escolástica, trata-se do intelecto como agente, isto é, transformando as sensações em percepções e tornando-as abstratas, inteligíveis, como conceitos. Daí a fórmula "Nada está no intelecto que não tenha estado antes nos sentidos". Na tradição agostiniana, especificamente, o intelecto agente é interpretado corno a Luz Divina, a iluminação, que caracteriza nosso entendimento e torna possível o conhecimento humano.

         4. Intelecto paciente ou passivo (intellectus patiens): segundo a tradição aristotélica e escolástica, o intelecto passivo opõe-se ao ativo, sendo considerado como a capacidade de receber e ordenar os conceitos e idéias que resultam do processo de abstração realizado pelo intelecto agente.

         5. Os modernos preferem falar de entendimento.

 

REFLEXÃO CRÍTICA

Reflexão (do latim tardio: reflexivo)

         1. Em um sentido amplo, tomada de consciência, exame, análise dos fundamentos ou das razões de algo.

         2. Ação de introspecção pela qual o pensamento volta-se sobre si mesmo, que investiga a si mesmo, examinando a natureza de sua própria atividade e estabelecendo os princípios que a fundamentam. Caracteriza assim a consciência crítica, isto é, a consciência na medida em que examina sua própria constituição, seus próprios pressupostos. "A consciência reflexiva torna a consciência refletida como seu objeto" (Sartre). O argumento cartesiano do cogito (penso, logo existo) é o exemplo clássico de reflexão filosófica. 


Crítica ( do grego - kritiké: arte de julgar)

         1. Juízo apreciativo, seja do ponto de vista estético (obra de arte), seja do ponto de vista lógico (raciocino), seja do ponto de vista intelectual (filosófico ou científico), seja do ponto de vista de uma concepção, de uma teoria, de uma experiência ou de uma conduta.

         2. Atitude de espírito que não admite nenhuma afirmação sem reconhecer sua legitimidade racional. Difere do espirito crítico, ou seja, da atitude de espírito negativa que procura denegrir ostensivamente as opiniões ou as ações das outras pessoas.

         3. Na filosofia, a crítica possui o sentido de análise. Assim, a filosofia crítica designa o pensamento de Kant e de seus sucessores. Suas três obras principais se intitulam: Crítica da Razão Pura, Crítica da Razão Prática e Crítica do Juízo. Nessas obras, a palavra "crítica" tem o sentido de "exame de valor". Do uso kantiano da palavra “critica”, deriva o termo ‘‘criticismo” que designa a filosofia de Kant.

 

FILOSOFIA


         É difícil dar-se uma definição genérica de filosofia, já que esta varia não só quanto a cada filósofo ou corrente filosófica, mas também em relação a cada período histórico. Atribui-se a Pitágoras a distinção entre a sophia, o saber, e a philosophia, que seria a "amizade ao saber", a busca do saber. Com isso se estabeleceu, já desde sua origem, uma diferença de natureza entre a ciência, enquanto saber específico, conhecimento sobre um domínio do real, e a filosofia que teria um caráter mais geral, mais abstrato, mais reflexivo, no sentido da busca dos princípios que tornam possível o próprio saber. No entanto, no desenvolvimento da tradição filosófica, o termo "filosofia" foi frequentemente usado para designar a totalidade do saber, a ciência em geral, sendo a metafísica a ciência dos primeiros princípios, estabelecendo os fundamentos dos demais saberes. O período medieval foi marcado pelas sucessivas tentativas de conciliação entre razão e fé, entre a filosofia e os dogmas da religião revelada, passando a filosofia a ser considerada ancilla theologiae, a serva da teologia, na medida em que fornecia as bases racionais e argumentativas para a construção de um sistema teológico, sem, contudo, poder questionar a própria fé. O pensamento moderno recupera o sentido da filosofia como investigação dos primeiros princípios, tendo, portanto um papel de fundamento da ciência e de justificação da ação humana. A filosofia crítica, principalmente a partir do Iluminismo, vai atribuir à filosofia exatamente esse papel de investigação de pressupostos, de consciência de limites, de crítica da ciência e da cultura. Pode-se supor que essa concepção, mais contemporânea, tem raízes no ceticismo, que, ao duvidar da possibilidade da ciência e do conhecimento, atribuiu à filosofia um papel quase que exclusivamente questionados. Na filosofia contemporânea, encontramos assim, ainda que em diferentes correntes e perspectivas, um sentido de filosofia como investigação crítica, situando-se, portanto em um nível essencialmente distinto do da ciência, embora intimamente relacionado a esta, já que descobertas científicas muitas vezes suscitam  questões e reflexões filosóficas e frequentemente problematizam teorias científicas. Essa relação reflexiva entre a filosofia e os outros campos do saber fica clara, sobretudo nas chamadas "filosofia de": filosofia da ciência, filosofia da arte, filosofia da história, filosofia da educação, filosofia da matemática, filosofia do direito, etc.

 


CIDADANIA

         Cidadania é a prática dos direitos e deveres de um(a) indivíduo (pessoa) em um Estado. Os direitos e deveres de um cidadão devem andar sempre juntos, uma vez que o direito de um cidadão implica necessariamente numa obrigação de outro cidadão. Conjunto de direitos, meios, recursos e práticas que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo.



quinta-feira, 16 de junho de 2022

EM PESAR PELA MORTE DE DOM PHILLIPS E DE BRUNO ARAÚJO REPRODUZIMOS A NOTA DO GREENPEACE


NOTA DO

SOBRE A MORTE DE BRUNO ARAÚJO E DOM PHILLIPS.


Foto: Divulgação/Funai e Reprodução Twitter/@domphillips


Aos nossos apoiadores:

É com muito pesar que lamentamos o cruel assassinato do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. Os ativistas estavam desaparecidos desde domingo (5) e foram vistos pela última vez na região do Vale do Javari, na Amazônia. De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), eles haviam recebido ameaças.

O que tem se tornado o Brasil, afinal? Nos últimos três anos, nosso país vem se configurando cada vez mais em uma terra em que a única lei válida é a do “vale-tudo”. Vale a invasão e grilagem de territórios; vale a proliferação do garimpo; vale a extração ilegal de madeira; vale todo e qualquer conflito territorial… e vale matar para garantir que nenhuma dessas atividades criminosas sejam impedidas de acontecer. E tudo isso alimentado pelas ações e omissões   do governo brasileiro. 

"Abandono e revolta. São esses os sentimentos que devastam todos nós que, daqui ou de fora da Amazônia, entregamos nossas vidas à defesa dessa floresta e de seus povos. Graças às ações e omissões de um governo comprometido com a economia da destruição, ficamos órfãos de dois grandes defensores da Amazônia e, ao mesmo tempo, reféns do crime organizado que hoje é soberano na região", afirma Danicley de Aguiar, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil. 

Ao longo dos últimos três anos, os povos da floresta vivenciam um aumento vertiginoso da violência em seus territórios, e dentro do Congresso a situação não é diferente. Enquanto o mundo lamenta a perda de Bruno Pereira, de Dom Phillips, tramitam no Congresso projetos de lei que ameaçam as Terras Indígenas (TIs) brasileiras, como o PL 191/2020, que libera  a mineração e outras formas de exploração econômica dentro de TIs; e o PL 490/2007 que, de maneira inconstitucional, advoga em favor do Marco Temporal. 

A cada dia que passa, a política anti-indígena do Brasil de Bolsonaro avança a passos largos e os direitos dos povos originários são violados permanentemente. 

"Já basta. O mundo tem de acordar e tomar as medidas necessárias para pôr fim à violência e à repressão intoleráveis que assolam a Amazônia. A maior homenagem que podemos prestar agora a Bruno e Dom é continuar o seu trabalho vital até que todos os povos do Brasil e as suas florestas estejam totalmente protegidos", declara Pat Venditti, diretor executivo do Greenpeace Reino Unido, país de origem do jornalista Dom Phillips, e que tem dado suporte à equipe do Greenpeace Brasil no acompanhamento do caso.

Às famílias, amigos, ativistas, povos indígenas e todas as pessoas que advogam pela vigência dos direitos humanos, o nosso mais sincero pesar e solidariedade.

 



Veja também:

ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: DOIS MUNDOS, UM MESMO FASCÍNIO PELO PASSADO

Quando falamos em escavar o solo em busca de vestígios do passado, muitas pessoas imediatamente pensam em fósseis de dinossauros e utensílio...

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