domingo, 16 de abril de 2017

HISTÓRIA DA CRUZ VERMELHA


O Comitê Internacional da Cruz Vermelha é o membro fundador do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. A organização foi fundada em Genebra, Suíça, em 1863, onde até os dias atuais está sediada. Tendo começado como uma pequena organização de assistência a soldados feridos, o Comitê Internacional é atualmente uma das organizações mais respeitadas do mundo, tendo exercido um importante papel no desenvolvimento da proteção à dignidade humana desde sua criação.


O Comitê Internacional da Cruz Vermelha é o corpo do Movimento Internacional mais honrado, tendo sido premiado três vezes com o Prêmio Nobel da Paz (em 1917, 1944, e 1963) por seus trabalhos.


Até meados do século XIX não existia um corpo organizado e bem-estabelecido de assistência médica para os feridos em confrontos, tampouco instituições seguras e protegidas para acomodar pessoas feridas. Em junho de 1859, o suíço Henry Dunant viajou para a Itália para encontrar-se com o imperador francês Napoleão III, com a intenção de discutir as dificuldades em fazer negócios na Algéria, então ocupada pela França. Quando ele desembarcou em Solferino, na noite de 24 de junho, Dunant testemunhou a batalha de Solferino, um confronto da Segunda Guerra de Independência Italiana. Em um único dia, 40 mil soldados morreram ou foram deixados feridos no campo de batalha. Dunant ficou chocado pelo final da batalha, com o sofrimento dos soldados feridos, e a falta de atendimento médico para os feridos. Com isso, Dunant abandonou completamente a intenção original de sua viagem, e por vários dias dedicou-se a ajudar com o tratamento dos feridos. Dunant sucedeu em organizar assistência, através da motivação da população local para ajudar sem discriminação. Quando Dunant voltou para Genebra, sua cidade natal, decidiu escrever um livro, chamado A Memory of Solferino, que ele publicou com fundos próprios em 1862. Ele enviou cópias do livro para políticos e militares importantes em toda a Europa. Além de tratar sobre suas experiências em Solferino, Dunant também advogou explicitamente a formação de um sistema voluntário nacional de assistência, para colaborar no cuidado médico dos feridos em guerra. Além disso, Dunant também pediu pelo desenvolvimento de tratados internacionais para garantir a proteção de médicos neutros e hospitais de campo para os soldados feridos em batalha.


O Comitê dos Cinco
Em 9 de fevereiro de 1863, fundou-se o "Comitê dos Cinco", como uma comissão de investigação da Sociedade de Genebra para o Bem-estar Público. Seu objetivo era examinar a possibilidade das ideias de Dunant e organizar uma conferência internacional sobre sua possível implementação.
Os membros deste comitê, além de Henri Dunant, eram Gustave Moynier, advogado e presidente da Sociedade de Genebra para o Bem-estar Público; os médicos Louis Appia, que possuia experiência significativa como cirurgião de campo de batalha, e Théodore Maunoir, da Comissão de Higiene e Saúde de Genebra; e o General Dufour, general suíço. Oito dias depois, os cinco decidiram renomear o comitê de "Comitê Internacional para o Cuidado dos Feridos".
Em 22 de agosto de 1864, a conferência adotou a primeira Convenção de Genebra, "para a avaliação das condições dos feridos das forças armadas no campo de batalha". Representantes de 12 países e reinos assinaram a convenção: Baden, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Hesse, Itália, Países Baixos, Portugal, Prússia, Suíça, e Württemberg. A convenção continha dez artigos, estabelecendo pela primeira vez regras legais garantindo a neutralidade e a proteção para soldados feridos, membros de assistência médica e certas instituições humanitárias, no caso de um conflito armado. Além disso, a convenção definiu duas regras específicas para o reconhecimento oficial pelo Comitê Internacional, de uma sociedade nacional de ajuda:
·         A sociedade nacional deve ser reconhecida pelo governo de seu próprio país como uma sociedade de ajuda.
·         O governo nacional desta sociedade deve ser um membro da Convenção de Genebra.


Posteriormente no mesmo ano, o governo suíço convidou os governos de todos os países europeus, bem como Brasil, Estados Unidos e México, para uma conferência diplomática oficial. Dezesseis países enviaram um total de 26 delegados para Genebra. Entre 26 e 29 de outubro do mesmo ano, a conferência internacional organizada pelo comitê em Genebra discutiu possíveis métodos para melhorar serviços médicos no campo de batalha. A conferência foi atendida por 36 indivíduos: dezoito delegados oficiais de governos nacionais, seis delegados de outras organizações não-governamentais, sete delegados não-oficiais estrangeiros, e os cinco membros do comitê internacional. Na ocasião chegaram as seguintes resoluções:
·         A criação de sociedades nacionais de ajuda a soldados feridos;
·         A neutralidade e proteção para soldados feridos;
·         A utilização de forças voluntárias para assistência no campo de batalha;
·         A organização de conferências adicionais para fazer com que estes conceitos tornem-se oficiais em tratados internacionais;
·         A introdução de um símbolo comum de proteção para as forças médicas operando no campo de batalha - uma bandeira branca com uma cruz vermelha.

Após o estabelecimento da Convenção de Genebra, as primeiras sociedades nacionais foram fundadas na Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Oldemburgo, Prússia, e Wittemberg. Ainda em 1864, Louis Appia e Charles van de Velde, um capitão do Exército dos Países Baixos, tornou-se o primeiro delegado independente e neutro a trabalhar sob o símbolo da Cruz Vermelha em um conflito armado. Três anos depois, em 1867, a primeira Conferência Internacional das Sociedades de Enfermagem aos Feridos na Guerra foi realizada.


Ainda em 1867, Henry Dunant foi forçado a declarar falência, devido a falhas em seus negócios na Algéria, parcialmente porque o próprio Dunant negligenciou-os durante suas atividades para o Comitê Internacional. Isto resultou em controvérsia e negatividade entre a opinião pública. Além disso, Dunant possuía conflitos com Moynier. Estes fatores resultaram na expulsão de Dunant de sua posição como membro e secretário. Dunant foi também acusado de falência fradulenta, e um mandado de prisão foi feito contra ele. Dunant foi forçado a deixar a cidade, tendo nunca mais retornado à sua cidade natal. Nos anos seguintes, sociedades nacionais foram fundadas em quase todos os países da Europa.

Em 1876, o comitê adotou o nome "Comitê Internacional da Cruz Vermelha" (CICV), que é até o presente sua designação oficial. Cinco anos depois, a Cruz Vermelha dos Estados Unidos foi fundada, através dos esforços de Clara Barton. Mais e mais países assinaram a Convenção de Genebra, e iniciaram a respeitá-la na prática, durante conflitos armados. Em um período relativamente curto de tempo, a Cruz Vermelha ganhou grande popularidade e respeito, e as sociedades nacionais tornaram-se cada vez mais populares como uma via de trabalho voluntário.
Quando o primeiro Prêmio Nobel da Paz foi dado em 1901, o Comitê Nobel Norueguês optou por dar o prêmio em conjunto para Henry Dunant e Frédéric Passy, um pacifista internacional. Mais significante do que a honra do prêmio propriamente dito, a salva de congratulações oficiais da Cruz Vermelha para Dunant marcou a reabilitação de Henry Dunant, tendo representado um tributo que Dunant teve durante a formação da Cruz Vermelha. Dunant morreu nove anos depois em Heiden, Suíça. Moiyner havia morrido dois meses antes, tendo servido como presidente do Comitê por 46 anos, a presidência mais longa da organização até os tempos atuais.

Em 1906, a Convenção de Genebra de 1864 foi revisada pela primeira vez. Um ano depois, as Convenções de Haia estenderam o papel da Convenção de Genebra para conflitos navais, além de fornecer uma base legal sobre a assistência para prisioneiros de guerra. No aniversário de 50 anos do CICV, em 1914, pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial, 45 sociedades nacionais existiam no mundo. O movimento havia se espalhado para além da Europa e da América do Norte, com vários países da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Cuba, México, Peru, El Salvador, Uruguai e Venezuela) e da Ásia (China, Japão, Coreia e Sião), bem como a África do Sul na África, tendo assinado a Convenção de Genebra.


Com o início da Primeira Guerra Mundial, o CICV enfrentou enormes desafios que foram manejados através do trabalho em conjunto com as sociedades da Cruz Vermelha nacionais. Enfermeiros da Cruz Vermelha do mundo inteiro, incluindo dos Estados Unidos e do Japão, foram à Europa para suportar os serviços médicos das forças armadas dos países europeus envolvidos na guerra. Em 15 de outubro de 1914, imediatamente após o início da guerra, o CICV criou a Agência de Prisioneiros de Guerra Internacional, que, no final de 1914, empregava 1,2 mil pessoas, a maioria dos quais eram voluntários. No final da guerra, a Agência de Prisioneiros de Guerra havia transferido cerca de 20 milhões de cartas e mensagens, 1,9 milhões de pacotes, e cerca de 18 milhões de francos suíços, na forma de doações monetárias para prisioneiros de guerra de todos os países afetados. Além disso, devido à intervenção da Agência, cerca de 200 mil prisioneiros foram trocados entre os vários países afetados, com os prisioneiros podendo voltar aos seus respectivos países. A Agência manteve um "Índice de Cartas", registrando sete milhões de entradas - cartas - entre 1914 e 1923, com cada carta representando um prisioneiro ou uma pessoa desaparecida. O índice levou à identificação de cerca de dois milhões de prisioneiros de guerra, e permitiu o contato com as famílias dos últimos. O índice completo está presentemente localizado no Museu da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho Internacional, embora acesso ao índice seja severamente restrito. Ao longo da guerra, 524 campos de prisioneiros de guerra foram inspecionadas por 41 delegados do CICV.


Durante toda a guerra, o CICV monitorou a obediência dos países envolvidos com a Convenção de Genebra de 1907, e enviou denúncias sobre violações para cada país respectivos. Quando armas químicas foram usadas na guerra pela primeira vez na história, o CICV vigorosamente protestou contra o novo tipo de estratégia militar. Mesmo sem um mandato da Convenção de Genebra, o CICV tentou amenizar o sofrimento das populações civis afetadas pela guerra. Em territórios designados oficialmente como "territórios ocupados", o CICV poderia assistir a população civil na base das Convenções de Haia de 1907.


Entre 1916 e 1918, o CICV publicou um número de cartões postais com cenas dos campos de prisioneiros de guerra. As imagens mostravam os prisioneiros em atividades do dia-a-dia, tais como a distribuição de cartas provenientes de casa. A intenção do CICV era fornecer esperança para as famílias dos prisioneiros, e aliviar as incertezas que as famílias dos prisioneiros sobre o destino dos últimos tinham que enfrentar ao longo da guerra. Ao final da guerra, o CICV organizou o retorno de cerca de 420 mil prisioneiros de guerra para seus países natais respectivos. Em 1920, esta tarefa foi dada à recém-fundada Liga das Nações, que indicou o diplomata e cientista norueguês Fridtjof Nansen como o "Alto Comissário da Repatriação de Prisioneiros de Guerra". Sua responsabilidade foi estendida para o cuidado de refugiados de guerra quando sua posição tornou-se "Alto Comissário para Refugiados". Nansen, que inventou o Passaporte Nansen para refugiados sem nações, e foi premiado com o Prêmio Nobel da Paz de 1922, indicou dois delegados do CICV como seus deputados.


Um ano antes do final da guerra, o CICV recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 1917, por seus trabalhos durante a guerra. Este foi o único prêmio Nobel concedido durante os quatro anos da guerra. Em 1923, o Comitê realizou mudanças nas suas políticas de seleção de novos membros. Até então, apenas cidadãos de Genebra poderiam servir no Comitê. Esta limitação foi ampliada para incluir todos os cidadãos suíços. Como uma consequência direta da Primeira Guerra Mundial, um protocolo adicional para a Convenção de Genebra foi adotado em 1925, que tornou ilegal o uso de gases sufocantes ou venenosos, bem como agentes biológicos, como armas de guerra. Quatro anos depois, a Convenção original foi revisada, e a segunda Convenção de Genebra "relativa ao Tratamento de Prisioneiros de Guerra" foi estabelecido. Os eventos da Primeira Guerra Mundial e as atividades respectivas do CICV aumentaram significantemente a reputação e a autoridade do Comitê dentro da comunidade internacional, e levaram a uma extensão de suas competências.


Em 1934, uma nova proposta, para a proteção da população civil durante um conflito armado, foi adotado pela Conferência Internacional da Cruz Vermelha. Porém, a maioria dos governos possuíam pouco interesse em implementar esta proposta. Como consequência, esta proposta não entrou em vigor antes da Segunda Guerra Mundial.
A base legal do trabalho do CICV durante a Segunda Guerra Mundial foram as Convenções de Genebra com a revisão de 1929. As atividades do Comitê foram similares às atividades fornecidas durante a Primeira Guerra Mundial: inspeção de campos de prisioneiros de guerra, organização de assistência para populações civis, e administração da troca de mensagens relativo a prisioneiros de guerra e pessoas desaparecidas. Ao final da guerra, 179 delegados haviam conduzido 12.750 visitas para campos de prisioneiros de guerra em 41 países. A Agência Central de Informação sobre Prisioneiros de Guerra possuía cerca de três mil empregados, com o índice de prisioneiros contendo 45 milhões de registros, e 120 milhões de mensagens foram trocadas pela agência.


Um grande obstáculo que o CICV enfrentou foi a Sociedade da Cruz Vermelha da Alemanha: esta, por medo de retaliações do governo nazista, recusou-se a cooperar com os estatutos das Convenções de Genebra, sobre violações, tais como a deportação de judeus da Alemanha e os assassinatos em massa conduzidos pelo governo alemão. Além disso, outros dois países no conflito, o Japão e a União Soviética, não assinaram a Convenção de Genebra de 1929, e portanto, não precisavam cumprir com as regras das convenções. Como consequência, outros países recusaram-se a cumprir com as regras das Convenções, quanto aos soldados capturados provenientes dos dois países em questão.
Durante a guerra, o CICV não conseguiu obter um acordo com a Alemanha nazista sobre o tratamento de prisioneiros em seus campos de concentração, e eventualmente parou de pressionar o governo alemão, para evitar problemas com este quanto ao trabalho da primeira com prisioneiros de guerra. O CICV também falhou em obter informações detalhadas sobre os campos de exterminação e o assassinato em massa de judeus europeus. Este é considero a maior falha do CICV na sua história.
Após novembro de 1943, o CICV obteve permissão para enviar pacotes para prisioneiros em campos de concentração, com nomes e localizações conhecidas. Visto que o recibo destes pacotes eram comumente assinados por outros prisioneiros, o CICV conseguiu registrar a identidade de cerca de 105 mil prisioneiros em campos de concentrações, e enviou 1,1 milhão de pacotes, primariamente para o Dachau, Buchenwald, Ravensbruck e Sachsenhausen.


Em 12 de março de 1945, o presidente do CICV, Jacob Burckhardt, recebeu uma mensagem do general do SS, Ernst Kaltenbrunner, aceitando o pedido do CICV para visitar os campos de concentrações alemães. Uma condição exigida pelos alemães, era de que os delegados do CICV teriam que ficar nos campos até o final da guerra. Dez delegados, entre eles Louis Haefliger (que visitou o Mauthausen), Paul Dunant (Tehresienstadt) e Victor Maurer (Dachau) aceitaram tal acordo e visitara os campos. Haefliger preveniu a expulsão forçada ou execução dos prisioneiros em Mauthausen quando ele alertou tropas americanas, salvando as vidas de 60 mil prisioneiros. Porém, Haefliger foi criticado pelo CICV, visto que este considerou suas ações como fora de sua autoridade, e arriscando a neutralidade do CICV. Em 1990, o então presidente do CICV, Cornelio Sommaruga, reabilitou a reputação de Haefliger.


Outros delegados do CICV notórios por suas ações durante a Segunda Guerra Mundial incluem Friedrich Born, um delegado do CICV em Budapeste, salvou as vidas de 11 a 15 mil judeus na Hungria; Marcel Junod, um médico de Genebra, tendo escrito um livro, Warrior without Weapons, sobre suas experiências, uma das quais inclui tendo sido um dos primeiros estrangeiros a visitar Hiroshima após o bombardeio atômico da cidade.
Em 1944, o CICV recebeu seu segundo Prêmio Nobel da Paz. Este foi o único Prêmio Nobel dado durante a Segunda Guerra Mundial, como havia ocorrido no primeiro Prêmio Nobel durante a Primeira Guerra Mundial. No final da guerra, o CICV trabalhou com as sociedades da Cruz Vermelha nacionais para organizar trabalhos de assistência para os países mais afetados. Em 1948, o Comitê publicou um relatório revisando suas atividades de guerra, entre 1 de setembro de 1939 a 30 de junho de 1947. Desde janeiro de 1996, os arquivos deste período do CICV foram abertos para pesquisa acadêmica e pública.


Holocausto

Na cerimônia de comemoração da liberação do campo de concentração de Auschwitz, o então presidente do CICV, Cornelio Sommaruga, buscou mostrar que a organização sabia completamente da gravidade do Holocausto e da necessidade de manter a história deste evento viva, para evitar uma possível futura repetição. Sommaruga pagou tributo a todos que sofreram ou perderam suas vidas durante a guerra, e publicamente desculpou-se por erros da Cruz Vermelha do passado, referentes à vítimas dos campos de concentrações.
Em 2002, um oficial do CICV publicou algumas das lições que a organização aprendeu de seus erros quanto ao Holocausto:
·         Sob o ponto de vista legal, foi o trabalho que levou a adoção da Convenção de Genebra relativo à proteção de civis em tempos de guerra.
·         Sob o ponto de vista ético, foi a adoção da declaração dos Princípios Fundamentais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, sob o trabalho de Max Huber e Jean Pictet, para prevenir mais abusos tais os que ocorreram na sociedade da Cruz Vermelha alemã quando Hitler subiu ao poder em 1933.
·         Sob o ponto de vista político, sua relação com a Suíça foi redesenhadas para assegurar a independência do movimento.
·         Com o objetivo de manter acesa a história do passado, o CICV aceitou, em 1955, a tomar responsabilidade do Serviço Internacional de Busca, onde documentos e relatórios relativos a campos de concentrações foram mantidos.
·         Para estabelecer os fatos históricos do evento, o CICV convidou Jean-Claude Favez para conduzir uma investigação independente das atividades, no nome das vítimas da perseguição nazista, e deu a Favez completo acesso para os arquivos sobre este período. Preocupado com a transparência do processo, o CICV também decidiu dar a historiadores acesso a todos seus arquivos, desde que estes possuam 50 anos ou mais de idade. Após as conclusões de Favez, o CICV reconheceu os erros da organização do passado, e expressou arrependimento quanto ao tópico.
Em uma publicação oficial feita em 27 de janeiro de 2005, no 60 aniversário da liberação de Auschwitz, o CICV disse:
Auschwitz também representa a maior falha na história do CICV, falha que foi agravada pela falta de iniciativa por parte da organização para tomar decisões que ajudassem as vítimas da perseguição nazista. Esta falha permanecerá como parte da memória do CICV, tal como os atos de coragem de delegados individuais do CICV da época.
Em 12 de agosto de 1949, revisões das duas Convenções de Genebra foram adotadas. Uma convenção adicional, "para a mediação das Condições de Membros de Forças Navais Feridos, Doentes e Naufragados", foi aprovada como o sucessor das Convenções de Haia de 1899 e 1907. Após a Convenção de 1949, a Convenção de Genebra de 1929 passou a ser considerada a terceira, visto que as duas Convenções de Haia passaram a ser consideradas a segunda.
Por causa da Segunda Guerra Mundial, a Quarta Convenção de Genebra foi estabelecido, "relativo à Proteção de Pessoas Civis em Tempos de Guerra". Protocolos adicionais foram aprovados em 8 de junho de 1977, para fazerem com que os protocolos da Quarta Convenção fossem válidos em guerras civis. No presente, as quatro convenções, e seus protocolos adicionais, contém mais de 600 artigos, em comparação com os 10 artigos da Primeira Convenção, de 1864.
No centenário do CICV em 1963, esta, em conjunto com a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, recebeu seu terceiro Prêmio Nobel. Desde 1993, cidadãos de outros países foram permitidos a servir como delegados do Comitê, uma responsabilidade anteriormente restrita a cidadãos suíços. Atualmente, 35% dos membros do CICV não possuem cidadania suíça.


Tempos atuais
Em 16 de outubro de 1990, a Assembleia Geral da ONU decidiu permitir que o CICV participasse em assembleias e encontros de seus subcomitês. Assim sendo, o CICV tornou-se a primeira organização privada a receber este estatuto da ONU. Esta resolução foi proposta em conjunto por 138 países membros, e introduzida pelo embaixador italiano Vieri Traxler, em memória as origens da organização na batalha de Solferino. Um acordo com o governo suíço feito em 19 de março de 1993 reafirmou a política de independência da organização de quaisquer possíveis interferências por parte do governo suíço. Este acordo protege a autenticidade da propriedade do CICV na Suíça, incluindo suas sedes e seus arquivos, dá aos membros e trabalhadores da organização imunidade legal, remove a necessidade de pagar impostos, e garante proteção e remove impostos de entrada para todas as comodidades transferidas da e para a Suíça de outros países do mundo, protege o CICV com comunicação segura, ao mesmo nível do que embaixadas estrangeiras, e simplifica viagens de membros do Comitê de e para o país.


Em 1994, o CICV, que tradicionalmente fora uma organização publicamente silenciosa, denunciou o genocídio de Ruanda. Apesar de suas tentativas, o CICV não conseguiu prevenir os crimes que ocorreram em Srebrenica em 1995, tendo admitido, "Nós temos que reconhecer que apesar de nossos esforços para ajudar milhares de civis forçadamente expulsos da cidade, e apesar da dedicação de nossos colegas na região, o impacto do CICV durante a tragédia foi extremamente limitado.” A organização anunciou em 2007 abusos humanitários pelo governo militar da Birmânia, incluindo trabalho forçado, fome, e assassinatos de homens, mulheres e crianças.

Uma dificuldade que o CICV passou a enfrentar após o final da Guerra Fria foi o aumento do perigo enfrentado pelos membros do CICV. Durante a década de 1990, mais delegados do CICV morreram do que em qualquer outra década, especialmente em conflitos locais e internos. Tais incidentes demonstraram desobediência e falta de respeito às regras das Convenções de Genebra e os símbolos de proteção.


O Comitê Internacional da Cruz Vermelha anunciou em 17 de março de 2008 que a crise humanitária no Iraque não havia melhorado desde o início da guerra em 2003. Apesar de melhorias limitadas na segurança e outras condições, estas são de tal forma que ainda possuem um severo impacto nas condições de vida do país, com muitos cidadãos morrendo ou feridos em hostilidades.





sábado, 15 de abril de 2017

HISTÓRIA DA GRÉCIA ANTIGA - GEOGRAFIA E POVOAMENTO - PERÍODO PRÉ-HOMÉRICO


Podemos dividir a História da Grécia nos seguintes períodos: Pré-Homérico (séc. XX a XII a.C.), Homérico (séc. XII a VIII a.C.), Arcaico (séc. VIII a VI a.C.) e Clássico (séc. V e IV a.C.).

O Meio Ambiente e a Localização da Grécia
A Grécia Antiga começava no sul do Monte Olimpo na parte meridional da Europa conhecida como Bálcãs. O território grego é cortado ao meio pelo Golfo de Corinto, ao Norte deste golfo fica a Grécia Continental; ao sul a Grécia Peninsular. A forma do território grego se assemelha a uma mão aberta no Mar Mediterrâneo. Existindo ainda uma terceira parte: a Grécia Insular, formada pelas ilhas numerosas espalhadas pelo Mar Egeu.



O relevo da Grécia Continental apresenta numerosas cadeias montanhosas e nos seus meandros existem planícies férteis que isoladas territorialmente serviram para criar Estados locais onde a comunicação interna era muito difícil.
A Grécia Peninsular apresenta um litoral intensamente recortado, com golfos e baías que penetram profundamente no território tornando a navegação entre os diversos pontos da costa facilitada.
Na Grécia Insular, as numerosas ilhas espalhadas pelo Mar Egeu também facilitava consideravelmente a comunicação com o exterior. As ilhas do Egeu eram pontos de apoio que permitiam a navegação com terra sempre à vista. Como as técnicas navais eram ainda precárias essa possibilidade era fundamental pois o marinheiros não se aventuravam à navegação em mar aberto procurando manter a navegação de cabotagem.
Essa condições geográficas foram determinantes para entendermos algumas das características gregas como facilidade de se integrarem com o exterior, importância do comércio e da navegação e a fundação de colônias na Ásia Menor e na península Itálica.


Povoamento da Grécia Antiga – o Período Pré-Homérico



                Os habitantes da Hélade, os helenos, que era como os gregos se autodenominavam, são de origem indo-europeia. Os indo-europeus também chamados arianos, começaram a chegar no território grego por volta do ano 2.000 a.C.
                O primeiro grupo indo-europeu a chegar foi o dos AQUEUS. Vinham com seus rebanhos em busca de melhores pastagens e foram ocupando as melhores terras que encontraram, e tornaram-se sedentários. Nesse processo de ocupação assimilaram povos mais antigos existentes na Grécia, como os Pelágios ou Pelasgos, de origem desconhecida.
                Aos poucos, os AQUEUS formaram alguns núcleos urbanos: Micenas, Tirinto e Argos, sendo destes o mais importante o núcleo de Micenas. Os habitantes desta cidade entraram em contato com a Ilha de Creta. Nesta ilha existia uma civilização bastante avançada. Do contato entre Micenas e Creta, desenvolveu-se a civilização CRETO-MICÊNICA, fruto da integração das duas culturas.
                Por volta de 1700 a.C., os núcleos indo-europeus na Grécia foram sensivelmente fortalecidos com a chegada de dois novos grupos arianos: os JÔNIOS e os EÓLIOS. Esses povos realizaram uma integração pacífica com os habitantes que encontraram na península Balcânica. A essa altura a civilização creto-micênica estava atingindo o máximo de seu esplendor.
                Os CRETENSES tinham muito a ensinar aos AQUEUS: técnicas agrícolas, navais, valores religiosos, etc. Eles dominavam todo o Mar Egeu. Mas os AQUEUS aprenderam tão bem que superaram seus mestres e acabaram destruindo a civilização cretense: por volta de 1400 a.C., os gregos tomaram Cnossos, a principal cidade de Creta.



                A destruição da supremacia cretense permitiu aos AQUEUS estender as suas atividades comerciais e de pirataria até as costas da Ásia Menor, na rota do peixe seco e do trigo, na entrada do Mar Negro (Ponto Euxino).
                Durante uma dessas viagens, nos inícios do século XII a.C., os gregos destruíram a cidade de Tróia (Ilion, em grego), que ocupava uma posição estratégica nos estreitos, entre o Mar Egeu e o Mar Negro. Isso deu aos gregos o controle do tráfico marítimo na região.
                A civilização micênica estava atravessando um momento importante: expandia em direção à Ásia. Mas iniciou-se uma nova invasão na península grega, chegavam os DÓRIOS, último grupo de povos indo-europeus a penetrar no território heleno. Mais aguerridos, ainda nômades, conhecedores de armas de ferro, os DÓRIOS arrasaram as cidades gregas. Micenas ficou em ruínas.
                A população das cidades micênicas fugiu e se espalhou, muitos se retirando para lugares afastados, protegidos dos DÓRIOS, no interior do território, outros fugiram para o exterior: numerosas colônias foram fundadas pelos gregos surgindo assim nas costas da Ásia Menor e em outros lugares do Mar Mediterrâneo uma continuação da civilização micênica.
                Esse processo de dispersão recebeu o nome de DIÁSPORA e esta foi a primeira diáspora grega.
                Com a chegada dos DÓRIOS, começou um novo período na história da Grécia: a vida urbana desapareceu, a população regrediu para uma vida mais primitiva, voltando a se organizar em pequenas comunidades, cuja célula básica era a grande família ou o GENOS.
               




sexta-feira, 14 de abril de 2017

UM FILME PARA A SEXTA-FEIRA SANTA: A PAIXÃO DE CRISTO


Aproveitando o ensejo da data para uma reflexão cristã nada com revermos também a paixão de Cristo.

APRENDENDO SOBRE KARMA NUM MOSTEIRO DA TAILÂNDIA



O breve e bonito Documentário realizado por Jörg Dittmar sobre Karma, de aproximadamente 12 minutos, no link abaixo nos informa de uma das principais características do Budismo. Pela beleza, mesmo que não se acredite, vale a pena assistir, pois ele passa num simples mosteiro na Tailândia, onde a fotografia, paisagem e mensagem são belíssimas.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

500 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE: REVENDO O FILME LUTERO.




A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão culminado no início do século XVI por Martinho Lutero, quando através da publicação de suas 95 teses, em 31 de outubro de 1517 na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, propondo uma reforma nesta milenar instituição.

Como estamos chegando nos 500 anos do início deste movimento que tal revermos o filme Lutero? Aí está ele pelo you tube, basta clicar:

https://youtu.be/PlP-Xt4LLNg

quarta-feira, 12 de abril de 2017

COMO FUNCIONA O CONTRABANDO DE PETRÓLEO DO ESTADO ISLÂMICO?



Todas as partes do conflito sírio se beneficiam dos hidrocarbonetos baratos do EI

O excedente é contrabandeado através de uma nebulosa rede de traficantes


As acusações feitas pelo Governo russo sobre o envolvimento da Turquia e da família do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, com o contrabando de petróleo do Estado Islâmico (EI) reacenderam o debate sobre os hidrocarbonetos gerenciados pelo grupo jihadista. Mas, quais são as dimensões reais desse comércio? Especialistas do Irã, Iraque, Síria, Turquia, Estados Unidos e Reino Unido consultados pelo EL PAÍS concordam que a questão não é tão simples como Moscou tenta apresentar, uma vez que envolve uma rede difusa de intermediários e traficantes.


O Estado Islâmico controla sete campos de petróleo na Síria e, no Iraque, após as ofensivas dos curdos e do Exército, seus ativos foram reduzidos basicamente a três poços pequenos. Para Valérie Marcel, analista de petróleo da Chatham House, os números divulgados por diversos meios de comunicação até agora, de que o EI teria uma produção de até 100.000 barris de petróleo por dia (bpd), com um lucro diário de 3 milhões dólares (11,2 milhões de reais), são "exagerados". "A produção não é mais do que, no máximo, 40.000 bpd", afirma Marcel. Outras instituições, como a Agência Internacional de Energia, calculam a metade desse volume. Considerando que o preço internacional do petróleo caiu drasticamente nos últimos 18 meses, diversas fontes consultadas acreditam que o lucro anual do EI com o comércio ilegal de petróleo não deve superar 100 ou 200 milhões de dólares (entre 370 milhões e 750 milhões de reais).
O sírio Aymenn Jawad al-Tamimi é um dos poucos pesquisadores que teve acesso a demonstrações financeiras do EI e que decidiu publicá-las. Em uma delas, que analisa as contas da província de Deir ez Zor durante o mês de dezembro de 2014, foram registrados 1,99 milhão de dólares (7,4 milhões de reais) em receitas petrolíferas. Portanto, Tamimi destaca que, se esses são os rendimentos da província petrolífera mais importante que o EI tem na Síria, os lucros do grupo com o petróleo não podem ser tão altos como os que estavam sendo divulgados.


Além disso, os bombardeios dos EUA e da Rússia modificaram muito o comércio de petróleo. "Há um ano, era o próprio EI que gerenciava toda a cadeia produtiva: a produção, o refino e o transporte até a fronteira. Mas, agora, os bombardeios tornam esse negócio perigoso, por isso o terceirizaram", disse Marcel. "Muita gente participa no processo. Qualquer um que precisa de dinheiro entra no negócio porque, no leste da Síria, onde estão os poços, praticamente não há outra atividade de trabalho", diz Joshua Landis, professor universitário e diretor do blog Syria Comment: "Depois que os EUA bombardearam as refinarias fixas e móveis do EI, o petróleo agora é refinado em qualquer lugar, por exemplo, em pequenas poças no quintal das casas, o que torna mais difícil acabar com o processo, porque significaria bombardear aldeias inteiras".
Isso faz com que o petróleo sírio, que já é de baixa qualidade, contenha ainda mais impurezas. "Mas é o utilizado em toda a Síria, porque há um embargo internacional. É preciso conseguir energia de algum lugar, e o petróleo do EI é o mais barato", continua Landis, acrescentando que “toda a zona rebelde funciona com esse petróleo", tanto que, às vezes, o Estado Islâmico troca a commodity por armas que as diversas katibas rebeldes recebem do exterior, incluindo dos membros da coalizão contra o EI: "Os hidrocarbonetos também são comprados pelos curdos e pelo regime, que é particularmente dependente do gás do EI para manter suas usinas elétricas em funcionamento". No final de novembro, o Tesouro dos EUA anunciou sanções contra seis entidades e quatro indivíduos de nacionalidades síria e russa por terem participado de um esquema financeiro que permitia que Damasco pagasse o EI por suas compras de petróleo.

"Devemos levar em conta que o comércio na Síria não parou por causa da guerra, e o transporte de mercadorias de uma área para outra continua. Todas as partes estão interessadas que esse tipo de comércio continue, porque um tem o que o outro precisa", argumenta o cientista político sírio-espanhol Gabriel Garroum Pla. Para ele, as imagens de centenas de caminhões cruzando a fronteira entre a Síria e a Turquia divulgadas pelo Ministério da Defesa russo, como uma prova da conexão da Turquia com o petróleo do EI, "não são conclusivas". "Que exista contrabando de petróleo é inegável, sempre existiu. Que seja um comércio estrutural dirigido por grandes empresas estatais, não é plausível", acrescenta. Uma das razões alegadas pelas autoridades turcas em sua defesa é o volume relativamente pequeno desse tráfico. Segundo Valérie Marcel, o EI exporta para fora da Síria e do Iraque "não mais do que um quarto de sua produção", ou seja, entre 5.000 e 10.000 bpd, uma quantidade ínfima em comparação com o consumo de petróleo diário na Turquia: 720.000 bpd.

"Antes, a exportação era feita diretamente para a Turquia, porque era muito fácil jogar uma mangueira ou um tubo do outro lado da fronteira para escoar o petróleo", lembra Landis. No entanto, este ano o EI perdeu o controle de boa parte da fronteira com o vizinho do norte, e o Exército turco reforçou a vigilância. Agora, a operação é apoiada em redes de traficantes, ou mesmo comerciantes individuais que compram petróleo do EI em Raqqa, Deir ez Zor ou Mossul — por preços que variam de 4 a 15 dólares por barril, segundo várias fontes — que, por sua vez, o revendem para levá-lo para fora da Síria e do Iraque com a conivência de algumas autoridades locais, ou subornando funcionários das alfândegas. Segundo o Governo da Rússia, uma das rotas de contrabando passa pelo território rebelde e, depois, atravessa a Turquia; a segundo atravessa áreas controladas por milícias curdas-sírias e pelo regime; e a terceira entra em território turco depois de cruzar parte do Curdistão iraquiano.
Alguns relatórios destacam também que o EI estaria aproveitando as velhas redes de contrabando na região curda, que eram utilizadas pelo Partido Baath iraquiano para contornar o embargo na época de Saddam Hussein. De fato, o antecessor do atual grupo jihadista, o Estado Islâmico do Iraque, já tinha experiência em comercializar petróleo iraquiano quando, por volta de 2009, tornou-se forte em Mossul e concentrou-se na atividade mafiosa.
Abu Bakr al-Baghdadi, nomeado 'califa' pelo Estado Islâmico

Um coronel da inteligência iraquiana, citado pelo site al-Araby al-Jadeed, afirma que a cidade de Zakho, no Curdistão iraquiano, tornou-se um dos mercados fornecedores de petróleo comprado do EI, que é vendido a “máfias do contrabando formadas por curdos da Síria e do Iraque, juntamente com alguns cidadãos turcos e iranianos". O grupo estaria tirando proveito do movimento incessante de caminhões através da fronteira turco-iraquiana e da disputa pelo petróleo curdo: o Governo de Bagdá considera ilegais as exportações de petróleo do Governo do Curdistão iraquiano, por isso as grandes empresas do setor não o compram até que tenha chegado aos mercados internacionais, a fim de não criar problemas com o Executivo central.
O Curdistão iraquiano exporta diariamente 560.000 barris de petróleo através de um oleoduto que liga o porto de Ceyhan, na Turquia, mas também "várias centenas de caminhões" (ou seja, um mínimo de 20.000 barris) cruzam diariamente essa fronteira carregados de petróleo, de acordo com números fornecidos ao EL PAÍS por Sherko Jawdat, presidente da Comissão de Indústria do Parlamento regional curdo. A distribuição do petróleo comprado originalmente do EI estaria sendo facilitada pela camuflagem entre esses caminhões e pela vista grossa da Turquia na entrada, não inteiramente legal, do petróleo curdo. O Governo regional do Curdistão nega esse fato e assegura que monitora todo o seu petróleo. Mas Ruba Husari, analista do Iraqi Oil Forum, acredita que atividades "muito suspeitas" envolvem tais exportações.

FONTE: EL PAÍS, JAN/2016


O GRANDE ALEXANDRE DA MACEDONIA

Alexandre, o Grande



Rei da Macedônia (356 a.C. - 13/6/323 a.C.). Responsável pela unificação do mundo antigo sob a cultura grega. Filho do rei Felipe II e da rainha Olímpia, nasce em Pela, antiga capital da Macedônia, região no norte da Grécia. Sob a influência do filósofo Aristóteles, seu preceptor dos 13 aos 16 anos, passa a apreciar filosofia, medicina e ciências. Assume o trono aos 20 anos, após o assassinato do pai. Nos seus 13 anos de reinado, Alexandre, também conhecido como Magno (do latim, grande), cria o maior império territorial conhecido até então. Domina a Grécia, a Palestina e o Egito, avança através da Pérsia e da Mesopotâmia e chega à Índia. Organiza o Império Macedônico em nove reinos, ou diádocos, considerados propriedades privadas. Funda mais de setenta cidades, várias delas com o nome de Alexandria. Dessas, a mais famosa, seria localizada no delta do rio Nilo, no Egito. Essas cidades servem para o intercâmbio comercial com China, Arábia, Índia e interior da África. Suas conquistas e a criação dos reinos diádocos difundem a cultura grega no Oriente. A fundação da Biblioteca de Alexandria, com 700.000 volumes, transforma a cidade em um centro irradiador da cultura helenística. Contrai uma febre e morre, aos 33 anos, na Babilônia.

Aristóteles – O professor (preceptor)


Filósofo grego (384 a.C.-322 a.C.). Considerado o fundador da lógica, sua obra tem grande influência na teologia cristã na Idade Média. Nasce em Estagira, antiga Macedônia, atual província da Grécia. Muda-se para Atenas aos 17 anos, onde permanece como discípulo de Platão por 20 anos. Após a morte de Platão, passa três anos em Assos, na Ásia Menor, e muda-se para a ilha de Lesbos. Em 343 a.C., é chamado para ser professor de Alexandre, o Grande, da Macedônia. 




Quando Alexandre assumiu o trono, voltou a Atenas e, em 335 a.C., organizou sua própria escola, o Liceu (com bases aristotélicas), voltada para a pesquisa das ciências naturais. Aristóteles desenvolve aí um sistema filosófico baseado em uma concepção rigorosa do Universo. De orientação realista, defende a busca da realidade pela experiência. Para ele, deve-se procurar o conhecimento por meio do "intelecto ativo", como denomina a inteligência. Todas as suas obras se perderam, salvo Constituição de Atenas. O pensamento aristotélico foi preservado por seus discípulos e atinge várias áreas do conhecimento, como lógica, ética, política, teologia, metafísica, poética, retórica, antropologia, psicologia, física e biologia. Seus escritos lógicos estão reunidos no livro Organon. Morre em Cálcis, na ilha de Eubéia, na Grécia.



Cronologia da História de Alexandre, o Grande.

356 a.C. — Alexandre nasce em Péla, Macedônia, filho de Filipe II e Olímpias.

343/40 a.C. — Tem como professor o filósofo grego Aristóteles.

340 a.C. — Torna-se regente da Macedônia.

338 a.C. — Leva a cavalaria macedônia à vitória contra tebanos e atenienses, na Batalha de Queronéia.
Filipe funda a Liga de Corinto, federação de cidades helênicas, para se opor aos persas.

337 a.C. — Filipe divorcia-se de Olímpias para casar-se outra vez. Alexandre e a mãe dei­xam a corte.

336 a.C. — Assassinato de Filipe. Alexandre torna-se rei da Macedônia. Dano torna-se o Grande Rei da Pérsia.

335 a.C. — Destrói Tebas e marcha para o rio Danúbio.

334 a.C. — Entra na Ásia e derrota Dano no rio Granico.
333 a.C. — Derrota Dano em Isso.

332 a.C. — Conquista Tiro, dominando o litoral leste do Mediterrâneo.
               Toma o Egito, sem oposição.

331 a.C. — Funda Alexandria.
Derrota Dano em Gaugamelos, capturando a fortuna pessoal do líder persa e ganhando acesso para as três principais cidades do império: Babilônia, Su­sa e Persépolis.

330 a.C. — Ocupa Persépolis e queima o palácio de Xerxes. Dano é assassinado por conspiradores persas.

329 a.C. — Espitamenes lidera os bactnianos e os sogdianos em rebelião contra Alexandre.

328 a.C. — Alexandre recruta 30 000 jovens persas para seu exército.

327 a.C. — Derrota Espitamenes e casa-se com Roxane, uma jovem bactriana. Invade a India.

326 a.C. — Derrota Poro no rio Hidaspes.

324 a.C. — Expurga a administração na Mesopotâmia.
Incorpora seus 30 000 “sucessores” persas ao exército e dispensa 10.000 ma­cedônios.

323 a.C. — Morre na Babilônia, aos 33 anos de idade.




Durante onze anos, Alexandre, o rei da Macedônia, firmou uma reputação lendária como um dos mais notáveis líderes de homens e modelador de povos que o mundo já viu. Ele construiu um império que incluía os Bálcãs, parte do norte da África, o leste do Mediterrâneo, o sudoeste da Ásia e extensas regiões da Índia. Seu gênio mili­tar humilhou grandes reis e esmagou exércitos poderosos em batalhas que até hoje merecem o estudo de especialistas em arte militar.
As conquistas de Alexandre, contudo, refletiram não só sua ânsia de dominação, mas também sua crença em que Ocidente e Oriente poderiam unir-se sob um único sistema de governo e adequar-se a um único modo de vida. Sua visão do império encorajou uma mudança de costumes e conceitos ao longo do eixo de unificação criado pela rota de sua marcha. Suas campanhas foram o veículo de irradiação da cultura grega e, naquele momento, o helenismo atingiu seu ponto máximo de expansão.

A morte prematura de Alexandre, todavia, selaria a sorte do império que construíra. Não tendo deixado herdeiros, o que se viu foi uma acirrada disputa de seus generais pelo trono. Até mesmo o seu ideal de união e fusão dos povos do império acabou malogrando sem o pulso forte de um sucessor com o preparo de Alexandre, o Grande.
  


Referências Bibliografias:

WEPMAN, Dennis. Alexandre, o Grande. Coleção: Os Grandes Líderes,     Editora Nova Cultural,1988.
KING, Perry Scott. Péricles. Coleção: Os Grandes Líderes,     Editora Nova Cultural,1988.
CROSHER, Judith. Os Gregos. Editora Melhoramentos, 1992.
MACDONALD, Fiona. Como Seria Sua Vida na Grécia Antiga? Editora Scipione, 1996.

PILETTI, Claudino. Historia & Vida. Editora Ática, 1988. 

Veja também:

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