Suriname, oficialmente chamado de República do Suriname, é um país do norte da América
do Sul, limitado a norte pelo oceano Atlântico, a leste pela Guiana
Francesa, a sul pelo Brasil e a oeste pela Guiana. É um país medianamente desenvolvido, com renda per capita de
9 500 USD e
esperança média de vida ao nascimento de 71,23 anos. A rigor, apesar da
contiguidade geográfica, é incorreto classificar o país como sendo integrante
da América Latina devido a sua colonização pelos Países Baixos, cujo idioma, o neerlandês é de matriz
germânica, assim como o inglês. Este fato favorece um vínculo cultural com a Guiana e
com vários países da região do/das Caribe/Caraíbas colonizados
por britânicos e neerlandeses. Sua população tem cerca de um pouco mais de meio milhão
de habitantes.
O Suriname foi primariamente conquistado por espanhóis no século
XVI e em meados do século XVII os ingleses estabeleceram-se lá.
Embora
mercadores neerlandeses tivessem estabelecido várias colónias
na região da Guiana antes, os neerlandeses não tomaram
posse do que é hoje o Suriname até ao Tratado
de Breda, em 1667, que marcou o
fim da Segunda Guerra
Anglo-Holandesa.
Em 1863 foi
abolida a escravatura, e devido a isso começaram a ser trazidos trabalhadores
da Índia e de Java.
Depois de se tornar numa parte autónoma do Reino dos Países Baixos, em 1954, o Suriname conseguiu a independência em 1975. Um regime militar dirigido por Desi Bouterse governou o país nos anos
80 até que a democracia foi restabelecida em 1988.
Diferente de outros países da América Latina que tiveram
governos militares nas décadas de 60 e 70, o Suriname sofreu com um golpe de
estado em 29 de fevereiro de 1980 dado pelo General Desi Bouterse, declarando o país como
uma República Socialista. No dia seguinte o Primeiro-Ministro foi afastado por
decisão do Conselho Militar Nacional (CMN) que fez um apelo aos líderes da
oposição para governar o país, momento no qual vários líderes de esquerda
tomaram as rédeas do governo.
Nos primeiros
anos o governo estabeleceu relações com Cuba,
enfrentando oposição interna e externa vinda principalmente dos Estados Unidos e dos Países Baixos. Em 8 de dezembro de 1982 jornalistas, intelectuais e líderes
sindicais contrários ao governo de Bouterse foram presos, torturados e
assassinados, provocando a suspensão de todos os acordos de cooperação
assinados entre os Países Baixos e sua ex-colônia (desde agosto de 2008 Bouterse
aguarda julgamento no Suriname por estes crimes).
Em um esforço
para reduzir o isolamento do Suriname, o governo aderiu à Comunidade do Caribe (CARICOM), como observador,
restabelecendo relações com países como Granada, Nicarágua, Brasil e Venezuela.
Em 29 de novembro de 1986,
mais uma vez a violência do governo de Bouterse foi direcionada contra os opositores
em um ataque efetuado por uma unidade militar à aldeia de Moiwana. A casa do
chefe da oposição armada, Ronnie
Brunswijk, foi incendiada e 35 pessoas foram sumariamente executadas,
principalmente mulheres e crianças. A repressão foi tanta que quando as
investigações do caso foram reabertas em 1990,
o inspetor-chefe encarregado do novo inquérito,
Herman Gooding, foi assassinado, sendo seu corpo jogado na frente dos
escritórios de Bouterse.
Em abril de 1987, a assembleia nacional aprovou uma constituição que proporcionou um enquadramento para
o retorno às instituições. O projeto teve o apoio dos três principais partidos políticos do país e do exército.
Nas eleições
de 1988, a Frente para a Democracia e
Desenvolvimento foi vitoriosa. Em
julho de 1989, o presidente Ramsewak
Shankar negociou uma anistia para
os guerrilheiros, dando a possibilidade destes manterem-se armados no interior
da selva. Bouterse, do PDN
(Partido Democrático Nacional) opôs-se à medida, alegando que seria legalizar
uma força militar autônoma.
A Nova Frente (NF) venceu as eleições para a Assembleia Nacional em Maio de 1991, e uma das suas principais
propostas foi a de restabelecer as relações com o governo neerlandês.
Em 16 de setembro, Ronald Venetiaan, líder da NF, foi
eleito presidente em outubro e iniciou uma política de redução de gastos da defesa e das Forças Armadas. Deu-se início a um
processo de paz com a guerrilha e movimentos de desarmamento, sob a
supervisão da Guiana e do Brasil, representando as Nações
Unidas.
Em 1993, o país sofreu
com a queda no preço de bauxita e sua economia diminuiu a uma taxa média anual de
2,6%. O novo governo civil teve um rigoroso programa de ajustamento estrutural,
o que resultou em um significativo descontentamento na população.
Pobreza e desemprego no país formaram o pano de fundo da
ocupação da barragem de Afobakka, a 100 km ao sul de Paramaribo, em março de 1994. Os rebeldes, que exigiam a
deposição do governo, foram expulsos por tropas governamentais após quatro dias
de ocupação.
Em Abril de 1997, os Países Baixos lançaram um
mandado de captura internacional contra o ex-ditador Bouterse, que era suspeito de manter ligações com o tráfico de drogas no Suriname.
Em resposta, o presidente Jules Wijdenbosch foi nomeado como assessor do
ex-ditador do Estado, com o que ganhou imunidade diplomática.
Mais tarde
naquele ano, uma tentativa de golpe levou à prisão de 17 oficiais de baixa graduação. A
tentativa de golpe foi relacionada às condições de trabalho dos soldados,
prejudicada pelos baixos salários e equipamentos obsoletos.
Agitação
social e uma crise econômica sem precedentes intensificaram-se no início de 1999. A maior greve geral na história do Suriname, que praticamente
paralisou o país, e grandes manifestações de protesto ocorreram em Paramaribo tomou meses
para colocar ao parlamento em Junho, o gabinete Wijdenbosch, acusando o colapso
econômico do país.
Em Maio de 2000 a NF venceu as eleições parlamentares e, em
agosto, Venetiaan foi eleito presidente com 37 dos 51 votos da Assembleia
Nacional.
As tensões
entre Suriname e Guiana, devido à
disputa que durante décadas foi exacerbada por águas territoriais, aumentaram em Junho de
2000, quando um navio surinamês foi forçado a retirar para a empresa canadense
CGX Energia, que tinha obtido permissão de exploração petrolífera da Guiana.
Em julho,
depois de os líderes de ambos os países não chegarem a um acordo após vários
dias de negociações na Jamaica, a
empresa canadense suspendeu o projeto.
Em meados de 2001, durante a cerimônia de
transferência de comando, o antigo comandante do exército nacional Sedney Glenn ofereceu suas
desculpas à comunidade surinamesa por "feridas e divisões" que os
militares haviam causado no passado.
Em maio de 2002, o presidente Ronald Venetiaan
expressa a necessidade de monitorar continuamente o respeito pela liberdade de expressão e do reconhecimento de
que, em 1980 e as décadas de 1990, houve incidentes de intimidação
contra jornalistas e editores e estações de rádio.
Venetiaan assinou a Declaração de Chapultepec, pela liberdade de expressão. A
Associação dos Jornalistas recebeu as boas-vindas, salientando a necessidade de
alterar algumas leis em conformidade com as orientações contidas na declaração.
Em uma
manobra que visa a fortalecer a economia,
em Janeiro de 2004, o governo
estabeleceu o Dólar do Suriname como a nova moeda,
substituindo o florim neerlandês.
Nenhum dos
candidatos alcançou dois terços dos votos parlamentares necessários para a
presidência no primeiro turno das eleições, em Julho de 2005, na segunda ronda a mesma coisa
aconteceu. Finalmente, a Assembleia do Povo Unido, um organismo regional composto
por 891 deputados e representantes de bairros, reelegeu Venetiaan presidente
com 560 dos 879 votos.
Em Maio de 2006, fortes chuvas atingiram o país causando
graves inundações. Mais de 30 000 quilômetros quadrados de terra foram
submersos por água e 175 aldeias foram virtualmente "varridas do mapa" a ser coberto por camadas
de até dois metros de lama. Cerca
de 25 000 pessoas perderam tudo que tinham. O governo, que descreveu a
situação como "catástrofe", pediu assistência internacional de
agências.
El anuario El Mundo Indígena 2006, elaborado pelo Grupo Internacional de Trabalho sobre Assuntos
Indígenas (IWGIA), denunciou que um projeto de Lei de Mineração, que estava
sendo estudado pela Assembleia Nacional, era racialmente discriminatório. O
projeto, se aprovado, forçaria várias comunidades indígenas no norte do país a
deixar suas terras para o assentamento de novas minas. Além disso, segundo o
IWGIA, os habitantes das áreas circunvizinhas tornar-se-iam demasiado
vulneráveis aos impactos do mercúrio usado na mineração, que poderia resultar em
malformações congênitas, bem como intoxicações em adultos.
A disputa com
a Guiana para os direitos de uma bacia submarina teve início em 2004, até
agosto de 2007 ainda estava pendente. Ambos os
governos aguardam uma resolução da ONU a respeito do embate. De acordo com
especialistas, a bacia pôde deter cerca de 15 000 milhões de barris de petróleo e gás
natural exploráveis.
Na madrugada
de 19 de Julho de 2010, o
ex-ditador Desi Bouterse foi restabelecido no governo surinamês em votação
realizada no Parlamento do país, conseguindo 36 dos 50 votos possíveis.
A população do Suriname é constituída por vários grupos étnicos
culturais. Segundo o censo oficial de 2012, os grupos mais numerosos são
formados pelos hindustanis (27,4%), descendentes de
indo-paquistaneses que chegaram durante o século
XIX como trabalhadores
assalariados para substituir a mão-de-obra escrava quando abolida a escravidão;
e pelos maroons (21,7%), descendentes de africanos trazidos como escravos
durante o regime colonial e que conseguiram fugir da escravidão para as
florestas do interior e formar seis povos tribais distintos: boni, kwinti, matawai, ndjuka, paramaka,
saramaka.
Os crioulos (descendentes
de escravos africanos libertados com a abolição da escravatura, frequentemente
misturados com brancos) e os javaneses (descendentes de indonésios
originários de Java, chegados no século XIX) formam 15,7% e 13,7%, respectivamente; quase o mesmo percentual de mestiços (13,4%). Os povos indígenas (akurió, lokono, kalin'a, tiriyó e
wayana) representam 3,7% do
total da população, chineses são 1,4% e brancos (principalmente
descendentes de holandeses e de judeus sefarditas), 0,3%. Imigrantes brasileiros somam 0,9% dos habitantes
do país.
As religiões que
predominam no Suriname são:
·
Cristianismo: - 48% (25% Protestantismo e 23% Catolicismo)
·
Hinduísmo: - 27%
·
Islamismo: - 20%
·
Outros: - 5%