terça-feira, 29 de maio de 2018

A HISTÓRIA DOS GATOS.


Acredita-se que o Miacis (imagem abaixo), um pequeno animal que vivia em árvores, há muito extinto, foi o antepassado do gato. Este seria também o ancestral do urso, da doninha, do guaxinim, da raposa e do coiote e, acreditem, do cachorro. Viveu há cerca de 40 milhões de anos, tinha o corpo comprido, um rabo maior do que o corpo e pernas curtas. Provavelmente também tinha unhas.
Há 10 milhões de anos atrás surgiu o Dinictis, mais parecido com o gato atual.
Os gatos domésticos são primos distantes de outros felinos e guardam características em comum com os grandes felinos selvagens, como caminhar silenciosamente sobre as almofadas plantares, a técnica de caçar e as unhas retráteis, com exceção do Guepardo que tem as unhas e patas apropriadas para a corrida, chegando a alcançar 100 Km por hora numa corrida de curta distância.

Os Felídeos ou felinos, são os mais especializados, mais numerosos e mais importantes dos carnívoros. A família dos Felídeos, espalhada sobre quase toda a área de distribuição da ordem dos carnívoros, compreende 3 gêneros: Acinonyx (Cheeta), Felis (Puma, Jaguatirica, Gatos domésticos e todos de pequeno ou médio porte) e Leo (Leão, Tigre, Pantera, Onça), com 37 espécies no conjunto.

No antigo Egito os gatos eram adorados como deuses e animais de companhia, eram adorados devido a sua associação com a Deusa da Lua, Pasht, de cujo nome acredita-se ser derivada a palavra “puss”, que significa “bichano” em inglês. 

A Deusa Bast, que representa o sol, também foi identificada com gatos, e é retratada com a cabeça de um gato. Quando os gatos morriam, eram mumificados e seus donos mostravam seus sentimentos raspando as sobrancelhas em sinal de luto.
Hoje, os gatos da raça Abissínio, são semelhantes ao gatos do Antigo Egito. Estátuas, desenhos e pinturas em tumbas, revelam que os gatos nessa época, eram de pelo curto, corpo esguio e pernas longas. Muitos consideram que este foi o ancestral da maioria das raças de gatos domésticos conhecidas atualmente.

Era proibida a saída dos gatos do Egito, mas o povo Fenício parece ter os levado em suas embarcações comerciais, para a Europa, por volta do ano 900 a.C., chegando à Itália antes da Era Cristã.
Os romanos, quando invadiram e dominaram o Egito, adotaram o culto a Deusa Bast e seus gatos foram também perpetuados em estátuas, murais e mosaicos. Tinham grande apreciação pelos gatos, e os retratavam como símbolo de liberdade.
Com as invasões Romanas, os gatos foram seguindo seus exércitos e se introduzindo em toda a Europa. Dessa forma os gatos chegaram à Inglaterra, portanto, o gato inglês tem como base o gato egípcio, mas gatos ingleses selvagens também foram domesticados.
O Príncipe de Gales, promulgou no século X, leis protegendo os gatos, estabelecendo valores de venda e garantias de compra. Além disso, a pena para quem matasse um gato era paga com trigo: o gato morto era segurado pela ponta da cauda e sobre ele era jogado o trigo, até encobrir a ponta da cauda.
Os gatos, durante muito tempo, foram bem aceitos pelo homem como animais domésticos, por sua beleza e grande habilidade em caçar ratos. Exatamente por sua habilidade como caçador de ratos, no século XI auxiliavam no combate a estes vetores, transmissores da Peste Bubônica.
Na Idade Média, os gatos enfrentariam seus piores tempos. Surgiu um culto a uma deusa pagã – Bastet – envolvendo gatos. Esse culto foi considerado heresia e membros desta seita eram punidos severamente com torturas e morte. Como os gatos faziam parte do culto, foram acusados de serem demoníacos, principalmente os de cor preta. Isso custou a vida de milhares de gatos, que foram cruelmente perseguidos, capturados e jogados à fogueira, havendo a maior destruição de gatos de toda a história.
Uma pessoa que fosse vista ajudando um gato, principalmente gatos pretos, estava sujeita a ser denunciada como bruxa e a sofrer tortura e morte.

As pessoas acusadas de bruxaria e seus gatos, eram logo responsabilizadas por qualquer catástrofe que acontecesse. Esta onda de perseguição criou diversas superstições que persistem até hoje, como: cruzar com gato preto causa azar. Felizmente este preconceito diminuiu e no século XIX o gato já era bem-visto.
O índio norte-americano, não parece ter domesticado os felinos selvagens presentes no continente, como o lince, puma e ocelote. A domesticação de felinos só ocorreu quando os imigrantes europeus trouxeram gatos da Europa, para que ajudassem a combater os ratos e camundongos, tanto no campo quanto na cidade.

A CIA chegou a treinar gatos para espionarem contra a União Soviética com microfones implantados nas orelhas, durante os anos 1960! A operação foi chamada de Operation Acoustic Kitty. Não se sabe ao certo se foi a preguiça dos gatos ou a ideia maluca da CIA, mas a operação não foi um sucesso.


Em 1963 a gata Félicette (Felicidade), tornou-se o único felino que até hoje foi ao espaço. Foi enviada para a estratosfera pelos franceses em uma cruel missão em que tinha sua cabeça aberta e implantada de eletrodos para monitorar sua atividade neural. Félicette retornou à Terra viva e foi recuperada em segurança, mas seu martírio não foi reconhecido. Meses depois sacrificaram a gata alegando que foi para estudos no seu cérebro.

Hoje, os gatos são muito populares como um ótimo animal de companhia. Continuam também sendo utilizados como um meio barato de se controlar a população de ratos.









segunda-feira, 28 de maio de 2018

OS GATOS NA HISTÓRIA

  

Desde tempos muito remotos, o homem constrói uma relação bastante peculiar com os animais que rondam o seu mundo. Em algumas culturas, certos animais são cultuados como deuses ou representam a origem de alguma importante divindade. Em outros casos, podem ter a sua simples presença associada ao aviso de um mau presságio ou a encarnação de algum tipo de maldição. No caso dos gatos, podemos ver que os dois tipos de olhar se aplicam a esse curioso felino.

   Por volta de 10.000 anos atrás, os gatos surgiram nos grupos humanos sedentários com a função natural de exterminar os roedores que rondavam os estoques de grãos. Nessa mesma época, lendas hebraicas e babilônicas diziam que os gatos surgiram através do espirro de um leão. Provavelmente, esse tipo de explicação mítica adveio das semelhanças físicas e de comportamento observadas entre esses dois animais oriundos da mesma família biológica.
   Entre os egípcios, esse grau de proximidade se estreitou quando várias divindades assumiam partes do corpo de um gato. Bastet, a deusa egípcia da fertilidade e do amor materno, era comumente representada por uma mulher com cabeça de gato. Observando os vários registros de imagem organizados pelos egípcios, podemos ver que os gatos perambulavam pela corte e não tinham cerimônia algum em se aproximar de qualquer indivíduo pertencente àquela civilização.
   No desenvolvimento da Era Cristã, a boa relação com os gatos foi perdendo espaço para um verdadeiro processo de demonização do animal. Alguns estudiosos dizem que tal modificação aconteceu porque os pagãos cultuavam os gatos e, pouco mais tarde, porque os muçulmanos também tinham o animal em boa conta. Nos primórdios da Idade Média, as parteiras, que comumente carregavam a imagem de um gato, símbolo da deusa Bastet, foram proibidas de utilizar tal apetrecho.
   Por volta do século XIII, a relação entre os gatos e as religiões pagãs logo se orientou para a construção de uma imagem demoníaca do animal. Em uma de suas várias bulas, o papa Gregório IX determinou que os gatos fossem terminantemente exterminados. A paranoia causada pela Inquisição acabou tendo um preço elevado, já que a diminuição da população felina acabou ajudando na propagação dos roedores que transmitiram a Peste Negra em diversas regiões da Europa.
   Com o passar do tempo, essa visão mística e preconceituosa perdeu lugar para o prazer advindo da domesticação desses pequenos animais. A capacidade de associar independência e sociabilidade faz do gato um tipo de companhia agradável e, ao mesmo tempo, integrante. Em diversos textos literários esse animal é descrito por uma minúcia de virtudes que o colocam em uma posição privilegiada. Pelo visto, eles também conseguem ocupar o posto de “melhor amigo do homem”.


domingo, 27 de maio de 2018

ENTREVISTA COM LEANDRO KARNAL


Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo e professor na Unicamp, o escritor e historiador Leandro Karnal se transformou em autor best-seller – com livros como Todos contra todos – O ódio nosso de cada dia (Leya), Diálogo de culturas (Contexto), Pecar e perdoar – Deus e o homem na história (HarperCollins), A detração – Breve ensaio sobre o maldizer (Unisinos), entre outros – e tem atuado como um dos intelectuais e pensadores mais solicitados do país para palestras, aulas e participações especiais que o transformaram em autêntico formador de opinião do Brasil contemporâneo. Ele acumula mais de 1 milhão de seguidores em redes sociais e seus vídeos e frases circulam com enorme popularidade na internet.
Super articulado e com um repertório de temas, argumentos e interesses que o aproximam de audiências das mais heterogêneas, Karnal, um ateu confesso, lançou recentemente dois novos livros, ambos realizados a quatro mãos e que têm a fé e a religiosidade como objeto de discussão. Em parceria com o Padre Fábio de Melo, fez Crer ou não crer (Planeta), que documenta várias conversas dos dois interlocutores. Com o professor Luiz Estevam de O. Fernandes é o coautor de Santos fortes – Raízes do sagrado no Brasil (Anfiteatro), em que reconstroem, com bom humor e simplicidade, biografias e hábitos religiosos do cotidiano de fé do Brasil a partir da trajetória de santos populares como São Jorge, São João e Santo Antônio, além de dedicarem um capítulo às múltiplas faces e títulos de Nossa Senhora e outro aos “santos fora do altar”, como Padre Cícero, escrava Anastácia e outros casos curiosos de devoção popular.
Colunista do jornal O Estado de S. Paulo e com participações diárias nas rádios e canais de TV do Grupo Bandeirantes, Karnal não para. Em janeiro de 2018 vai “refugiar-se” em um mês de estudo e pesquisa na Inglaterra, a terra do dramaturgo, para concluir um livro sobre Shakespeare. Também está trabalhando em um livro sobre preconceito e não perde de vista o desejo de melhorar seu texto, cuja fluência já é admirável, e seguir perseguindo a sabedoria como propósito de vida está lançando um livro com a monja zen budista Coen.
O senhor gosta de entrevistas? Por quê?
Leandro Karnal. A resposta deveria ser ambígua: sim porque é uma maneira de divulgar meu trabalho; sim porque por vezes existe empatia entre repórter/perguntas/entrevistado; sim porque as entrevistas mostram como alguém está me vendo e analisando; sim porque contemplam meu narciso; sim porque aprendo ao responder. Da mesma forma, não porque são muitas e perdem um pouco do viço da novidade; não porque repetem questões sobre as quais já falei inúmeras vezes; não porque algumas perguntas demandariam uma intimidade e uma sinceridade que ultrapassariam as fronteiras do permitido no momento e, por fim, não porque aparentemente o que eu queria dizer sobre um tema está em livros e palestras já minuciosamente explicitado.
Como surgiu a possibilidade de fazer Crer ou não crer?
Leandro Karnal. Li, há anos, Em que creem os que não creem (de Carlo Maria Martini e Umberto Eco), que era um debate epistolar entre um cardeal católico e um intelectual ateu. A ideia surgiu ali. Depois, mais recentemente, comprei A monstruosidade de Cristo (Slavoj Zizek e Jonh Milban) com propósito parecido mas maior pretensão e peso dos autores. A partir destas obras, pensei: o público brasileiro poderia ler algo entre pessoas que são conhecidas pela fé e pelo ateísmo. Acima de tudo, imaginei que o livro seria um bom debate pelo conteúdo, mas também pela atitude: nem eu e nem o Padre Fábio desejávamos “lacrar”, neologismo para calar o adversário com argumentos imbatíveis. Queríamos conversar sobre dois projetos distintos, com metas diversas, porém, mediadas pela humanidade de ambos e pela amizade.
Qual é o maior desafio para estabelecer o diálogo?
Leandro Karnal.Nenhum de nós é dogmático e ninguém precisava “vencer” o debate. Assim, quem procura sangue e apologética, vai se decepcionar com o texto. O Padre Fábio vive um cristianismo encarnado na existência, uma fé que busca o outro na sua fronteira e na sua especificidade. Ouso aproximar esta postura da de Jesus: janta com publicanos, festeja com Zaqueu, perdoa a adúltera e não faz da crença um aríete de humilhação do outro. Meu ateísmo nunca foi catequético e não quer ninguém abandonando sua crença por minha causa. A Cristologia encarnada do Padre Fábio e meu horror à catequese apologética aproximaram a conversa. Assim, embalados na serenidade do afeto, falamos das nossas posturas, convicções, alegrias e medos. Foi muito bom.
Como não cair na tentação do “ataque” ou da competição?
Leandro Karnal. A tentação do ataque revela insegurança do interlocutor e narciso fraturado. Ataco porque me incomoda e tento destruir minha dúvida atacando. Para alguns religiosos, a tentação tem origem no demônio. Para mim, tem origem na vaidade. Como a vaidade é o primeiro pecado de Lúcifer, podemos conversar tranquilamente sobre o lado obscuro da psique humana (ou da alma) que sente prazer provocando a dor no outro. A verdade está excluída deste tipo de debate. O debate vaidoso domina a internet. Como diria Paul Valéry, quem julga não vai ao fundo de uma questão.
De onde vem o seu interesse pelos santos populares do Brasil e como se deu o trabalho com o professor Luiz Estevam Fernandes para Santos fortes?
Leandro Karnal. Sou um estudioso de hagiografia há décadas. Meu doutorado tratou também disto. Dou cursos de pós-graduação sobre textos e fontes de sagrado, como a Bíblia ou a Legenda Áurea. Tenho um profundo interesse em tudo que expressa o humano. Luiz Estevam trabalha com América Colonial também e, como todo pesquisador de colônia, está imerso em fontes religiosas. O resultado foi um livro que nos deu muito prazer e muita vontade de debater e aprender.
O que é incontornável quando temas como fé e espiritualidade passam a ser objetos de interesse e pesquisa de um autor assumidamente ateu?
Leandro Karnal. Como pesquisa nada é incontornável. Uma vez eu disse a um entrevistador que eu era um ginecologista homem, pesquisava o que não tinha. A ideia é divertida, mas é parcial: o ginecologista não tem mas observa diariamente a existência real do que não possui no consultório. Poderia dizer: sou um psiquiatra, trabalho com esquizofrenia e tento entender os mecanismos do paciente que vê coisas que eu sei que não existem. Continuamos em um campo problemático, pois eu acabo de aproximar a fé de uma experiência de doença, algo que Freud imaginou, porém eu nunca compartilhei da convicção psicanalítica clássica sobre o tema. Eu prefiro dizer que o pesquisador, tendo fé ou não, tem a sedução do saber, a vontade de aprender, o desafio do seu objeto. O historiador Quentin Skinner diz que o bom pesquisador deve eleger temas fora da sua área de afeto, pois, caso contrário, acaba confundindo paixões com metodologia. Não segui o conselho do grande autor inglês: sou absolutamente seduzido por santos, relíquias, textos sacros, narrativas de milagres, peregrinações etc. Entro feliz em igrejas, observo imagens, participo de cerimônias, analiso liturgias e práticas. Estou finalizando um curso na pós da Unicamp sobre o teórico Michel de Certeau e a possessão [das freiras] de Loudun na França do século 17. Se fosse possível, passaria o resto da vida lendo e aprendendo sobre estes fatos, pois poucas coisas revelam tanto o humano como a religião e a religiosidade.
Que espaços podem ser preenchidos na história da cidadania no Brasil?
Leandro Karnal. Desde a origem, a cidadania no Brasil (ou nos EUA) foi concebida como um modelo ideal não acessível a todos. Na colônia, havia os “homens bons”, ou seja, brancos livres e ricos. Exerciam participação nas câmaras municipais. Nos EUA, o conceito era “nós, o povo” em 1776. Tanto lá como aqui o conceito ideal foi sendo ampliado para brancos pobres, negros, mulheres etc. Passados alguns séculos, nosso conceito de cidadania ainda é excludente. Pergunta técnica para cada um responder silenciosamente no seu quarto: o exército entrou na comunidade da Rocinha há pouco no Rio. Seria concebível a mesma operação em um condomínio de luxo da Barra da Tijuca ou em um prédio da Vila Nova Conceição, em São Paulo? Dependendo como você responder a esta pergunta de foro íntimo e de argumentação livre você estará demarcando um terreno sobre cidadania. Essa resposta é a sua fronteira sobre cidadania.
O que o senhor mais tem aprendido com seus alunos ou nas palestras que faz Brasil afora?
Leandro Karnal.Que o Brasil não é o governo do Brasil. Que o Brasil lota auditórios em uma sexta à noite para pensar sobre ética. Que o Brasil está muito irritado com os canalhas que nos governam, pelo menos com o grande número de canalhas, com honrosas e notáveis exceções de bons políticos. E, por incrível que pareça, a conclusão mais extraordinária é a mais banal: o Brasil não se resume a Rio e São Paulo.
A que atribui a sua habilidade com as palavras?
Leandro Karnal.Estudar literatura retórica ajuda muito: Cícero, Quintiliano, Bossuet, Vieira etc. Tenho um amor pelas palavras que foi reforçado na escola e encontrou apoio caseiro. Porém, existe uma prática também. Hoje eu falo um pouco melhor do que falava há 30 anos. Prática ajuda e, por fim, existe uma relação de desejo entre o orador e seu público e ela deve ser recíproca. Sou um professor: sempre quero que os alunos entendam. Para isto, humor, sínteses, imagens, gestos e gradação de voz ajudam. Meu objetivo maior é a compreensão. Conheço colegas brilhantes, geniais no conhecimento, densos no saber e que preferem nunca conspurcar a pureza do saber com sua sistematização para grandes públicos. Nunca achei que eles estivessem errados, mas meu objeto é o público e o que eu falo e escrevo é um signo aberto, mas acessível ao maior número possível.
Como lida com a notoriedade da pessoa pública em que se transformou?
Leandro Karnal.Nem sempre é fácil. A experiência do fã que me encontra é única e especial, mas para mim é a centésima do dia. Tenho me policiado sobre isto. Porém, nem sempre é fácil. Há aquele que gosta do que falo ou escrevo e sorri para mim, feliz e discreto. Há o que quer a foto apenas. Há o que imagina que sou seu amigo há tempos, porque a pessoa, como ouço, “vai para a cama comigo com frequência” (ou seja, ela me escuta quando vai dormir), todavia há o esquecimento que a intimidade, neste caso, é só dela. Há corporalidades variadas: algumas pessoas agarram muito, interagem não de forma calvinista, porém kamasútrica. E há os muito invasivos de jantares familiares ou até do momento no banheiro.
Que percepção tem da educação no Brasil em 2017?
Leandro Karnal.A escola é parte da minha vida. Acho que nós, educadores, estamos perdendo o bonde do mundo que rompeu com a memória como fonte e elegeu a criatividade como guia. Quando eu digo que perdemos o bonde já sinto que estou defasado até na metáfora. A escola, em geral, não percebeu que o celular é a memória das pessoas (como um HD externo) e que não há mais sentido na busca da memória como objetivo. Seria como insistir em usar nanquim na era do tablet ou reforçar números romanos como essenciais para a compreensão do mundo. O que é essencial é o aluno perceber o que é um sistema numérico simbólico ou posicional e isto ele pode saber estudando números maias.
Como lida com a responsabilidade de ser um formador de opinião?
Leandro Karnal. Este é um papel de grande responsabilidade e nem sempre tenho a extensão clara do que ocorre. Queria sempre lembrar que minha subjetividade permanece, que nunca é uma opinião isenta ou acima da história. Sempre insisto: não busque gurus, busque boas perguntas que uma pessoa pública pode estimular ou não. Nunca seja um minion.
O senhor diz que pessoas medíocres não conseguem perdoar o sucesso alheio. Isso acontece com o senhor?
Leandro Karnal. Acontece com todo mundo, inclusive comigo. Tenho a experiência que pessoas felizes com o que fazem (que pode ser algo muito simples) não se incomodam com o sucesso alheio. O ressentimento é uma erva daninha que nasce do solo da tristeza e da frustração. Todos invejamos e temos cobiça. Isso é parte da nossa natureza, minha inclusive. Porém, o que me incomoda é como algumas pessoas insistem em fazer o papel da mariposa e continuam se queimando ao tocar em uma luz que não é a sua. Pior, a luz da pessoa poderia ser intensa, bastaria deixar de se sentir atraído pela gravidade do astro ao lado. Queria dizer a todos, a todas e a mim mesmo sempre: busque sua luz, seu caminho, sua senda e sejam mais felizes. Há muita dor no voo vicário.
A que atribui o seu sucesso?
Leandro Karnal.Não sei. Realmente não sei. Talvez não exista uma explicação razoável e racional. Existem fatores: momento, preparo, inclinações e novos meios de difusão. Ao responder isto, já incorro na soberba de concordar que sou uma pessoa de sucesso. Seria também possível dizer que fama ou venda de livros ou demanda de palestras é sim um indicador de um tipo de sucesso. Em outros campos este brilho pode não ser tão intenso ou marcante. Ou seja: ninguém é um sucesso total.
Quais são os projetos que o mobilizam atualmente?
Leandro Karnal. Estou escrevendo sobre Shakespeare e vou passar o mês de janeiro estudando na Inglaterra para isto. Tenho um livro sobre preconceito sendo elaborado, quero melhorar minha escrita e mudar a maneira de fazer palestra de forma muito radical. Tenho tentado me reinventar e continuar pensando. Amo o que faço, adoro ser professor, adoro a Unicamp e meus alunos, sou feliz com as férias que faço com a família e gostaria de melhorar muito como pessoa. Está difícil, mas tenho grande mobilização interna para tentar ser sábio um dia. Mesmo!


Fonte: https://livrariadavila.com.br/entrevista-leandro-karnal/

GREVE, LOCAUTE OU PARALISAÇÃO POR QUE DEU NO SACO MESMO?


Não é a toa que muitos historiadores sugerem que fatos históricos só sejam realmente entendidos com algum tempo de ocorrência. Mas se atendêssemos a esse cuidado seria fácil. Como não gostamos de coisas fáceis vamos correr o risco e procurar entender do que se trata essa paralisação dos caminhoneiros, risco este que poderá ser uma versão equivocada da realidade.
Como dizia Marx o importante não é filosofar sobre revolução, mas sim fazê-la. Como Marx era alemão, traduzi da minha maneira.

Em primeiro lugar esse movimento dos caminhoneiros embora empolgante para quem viveu ouvindo a turma do barulho falando da greve geral revolucionária, e olha, desde que tenho um pouco de consciência política, lá pelos anos de 1986, não foi muito para frente e não acredito que essa paralisação não seja reflexo de uma greve geral revolucionária. No máximo, talvez, muito dificilmente o Temer seja defenestrado. Mas não seria um levante do proletariado que resolveu cruzar os braços.
Poderíamos pensar em Locaute (do inglês - lockout) que seria uma paralisação dos donos de transportadoras. Parece que alguns realmente estão dando um discreto apoio, principalmente pela sonhada redução de impostos. Mas também parece não encaixar essa paralisação nessa categoria.


O que realmente parece ao lançar um olhar sobre as lideranças do movimento é que realmente, o povo se encheu! Não dá mais para o pessoal ficar mamando nas tetas governamentais e o povo pagando tudo que se faz através de impostos abusivos e serviços precários.
Para basearmos a frase acima olha que discurso interessante postou hoje o senhor José Fonseca Lopes de 76 anos e presidente da ABCAM (Associação Brasileira de Caminhoneiros):



SOBRE OS PEDIDOS DE INTERVENÇÃO MILITAR:
ALERTA URGENTE!!!! – DIA 27/05/18 ÀS 13:20
Caminhoneiros, bom tarde!!! Estou observando que a maioria dos participantes dessa grande e única manifestação E NUNCA VISTA EM NOSSO PAÍS, proclamam por uma Intervenção Militar já!!! E confesso que estou muito assustado com essa posição. Então eu pergunto a todos esses que clamam por uma intervenção militar: - Vocês sabem o que é uma Intervenção Militar????

Em países onde vigora o Estado Democrático de Direito que o caso do BRASIL, algo como uma “intervenção militar” em que acontece o uso do poder das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) só pode ocorrer sob ordem dos poderes constituídos, isto é, dos conselhos formados por membros do Poder Executivo e do Poder Legislativo e com a devida supervisão do Poder Judiciário. No Brasil, as intervenções militares, segundo a Constituição Brasileira de 1988, só podem efetivar-se legalmente em três casos específicos: 
1) intervenção federal; 
2) Estado de Defesa; 
3) Estado de Sítio.

Então pessoal, não podemos clamar por uma Intervenção Militar, esse pedido está equivocado e não será o remédio apropriado para a nossa situação.
Devemos tomar cuidado com o que estamos postando, porque numa intervenção militar os mesmos personagens continuaram no poder e penso que o povo quer mudar justamente isso, tirar esses hipócritas do poder agora. Não é isso mesmo que todos nós almejamos pessoal????
Se vocês querem saber o General Villas Boas está reunido neste momento na sala do Alto-Comando do exército (27/05), sob a coordenação do Ministro da Defesa e com a presença dos comandantes das Forças e outros militares, para uma vídeo-conferência com os responsáveis por áreas de atuação na solução da “greve dos caminhoneiros”.
Isso quer dizer que se for necessário as forças armadas por decisão do governo intervirão em favor da ordem a pedido do presidente da república e aí pergunto a todos: - é isso que estamos querendo???
Vamos pensar um pouco nisso!!!
Fonseca – Presidente da ABCAM



Uma posição bastante coerente, que me faz optar pela terceira posição que expus acima: nem uma greve geral dos trabalhadores unidos e conscientizados, nem um locaute por parte de maldosos patrões que querem que os preços subam e os impostos abaixem e sim de pessoas que devido a um erro estatal estratégico (onde o estado preferiu investir desde JK nas rodovias e não em ferrovias) estão com a paciência esgotada com a classe política brasileira e suas lambanças econômicas.

300 MIL VISITAS MERECE UMA CARA NOVA.

          Não fiquei acordado para ver, mas na passagem da noite de 26/05/2018 para 27/05/2018 conseguimos a visita de número 300.000. 
          Refletindo sobre o papel e objetivo do blog do maffei, depois de ficar quase seis meses sem postar nada, talvez uma ou outra matéria, pude notar a abrangência do mesmo até quando pouco acariciado de novas matérias. 
         Muitos alunos o utilizaram, assim como minhas páginas no facebook. Vários países utilizaram como material de pesquisa onde em quantidade de visitas foram 9.407 estadunidenses, 4.529 russos, 4.346 portugueses, 1.664 alemães, 615 espanhois, 493 hindus, 465 ucranianos, 448 poloneses, 397 franceses e a partir dessas quantidades o blogger não menciona.

          Em respeito a todos esses visitantes e também aos brasileiros que são a grande maioria: 268.298 vamos dar uma nova repaginada no blog do maffei que passará a ter as seguintes seções, cada uma com seu próprio ícone, sendo numeradas por assunto de um a dez e com o número em seguida sendo a quantidade de vezes que a seção publicou uma matéria, assim sendo:

1.0 - História - Senta que lá vem a História (um plágio de uma seção que existia num infantil da TV Cultura), mas o ícone é quase uma exigência: ou senta ou...? Notem também que uso História com letra maiúscula significando uma Ciência.


2.0 - Filosofia - FILOSOFANDO com o famoso O Pensador de Rodin, porém este está caricaturado de uma forma bastante interessante:


3.0 - Religiões - História das Religiões.


4.0 - Música e História da Música - Musicando:



5.0 - Política - Política se Discute sim! Mas não é por isso que se precise faltar com respeito.


6.0 - Biografias - Gente De Quem? Essa seção tem esse nome em homenagem a minha cidade, Porto Feliz, onde dificilmente se pergunta filho de quem você é? Mas sim você é gente de quem?


7.0 - Ciências - Em searas alheia. Por quê? Somos historiadores mas adoramos meter o pitaco nas searas dos outros.


8.0 - Geografia - Onde estou?



9.0 - Línguas - Fala aí... diz para mim!


10.0 - Literatura e livros - Livros, livros e mais...Kindle!


Bem, seja sempre bem vindo, não esqueça de fazer um comentário e até as 500 mil ou um milhão de visitas!

Veja também:

ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: DOIS MUNDOS, UM MESMO FASCÍNIO PELO PASSADO

Quando falamos em escavar o solo em busca de vestígios do passado, muitas pessoas imediatamente pensam em fósseis de dinossauros e utensílio...

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