quarta-feira, 30 de maio de 2018

O HINDUÍSMO (1)



CONHECENDO A ÍNDIA, BERÇO DO HINDUÍSMO

Hindu é o nome em persa do rio Indo, encontrado pela primeira vez na palavra Hindu do persa antigo correspondente ao sânscrito védico Sindhu. O Rigveda chama a terra dos indo-arianos como Sapta Sindhu (Sete rios Sagrados no noroeste da Ásia Meridional, um deles o Indo) que corresponde ao Hapta Hendu no Avesta, escritura sagrada do Zoroastrismo. O termo foi utilizado para resignar aqueles que viviam no subcontinente indiano, ou para além do “Sindhu”.

O termo persa Hinduk entrou na Índia pelo Sultanato de Délhi e aparece nos textos do sul da Índia, bem como da Caxemira, a partir de 1323 d.C. e a partir daí é cada vez mais utilizado especialmente durante o período da britânica (Raj britânico). Desde o fim do século XVIII a palavra passou a ser usada no Ocidente como um termo que abrange a maioria das tradições religiosas, espirituais e culturais do subcontinente, com exceção do siquismo, budismo e jainismo que são religiões distintas.

 
DIVISÕES
            O hinduísmo pode ser subdividido em diversas correntes principais. Dos seis darshanas ou divisões históricas originais, apenas duas escolas, a vedanta e a raja ioga, sobrevivem. As principais divisões do hinduísmo hoje em dia são o vjxnuísmo, o xivaísmo, o smartismo e o shaktismo. A imensa maioria dos hindus atuais podem ser categorizados sob um destes quatro grupos, embora ainda existam outros, cujas denominações e filiações variam imensamente.
            Alguns estudiosos dividem as correntes do hinduísmo moderno em seus “tipos”:
·         Hinduísmo popular, baseado nas tradições locais e nos cultos das divindades tutelares, praticado em nível mais localizado;
·         Hinduísmo dérmico ou “moral diária”, baseado na noção de carma, na astrologia, nas normas de sociedade como o sistema de castas, e os costumes de casamentos;
·         Hinduísmo vedanta, especialmente o advaita Vedânta (smartismo), baseado nos Upanixades e nos Puranas;
·         Bhakti, ou “devocionalismo”, especialmente o vixnuísmo;
·         Hinduísmo bramânico védico, tal como é praticado pelos brâmanes tradicionalistas, especialmente os shautins;
·         Hinduísmo iogue, baseado especialmente nos Ioga Sutras de Pantadjáli. Com os principais templos Hoysaleswara e Khajuraho.


DEFINIÇÕES
            O hinduísmo não tem um sistema unificado de crenças, codificado numa declaração de fé ou um credo, mas sim é um termo abrangente, que engloba a pluralidade de fenômenos religiosos que se original e são baseados nas tradições védicas.
            A Era Védica (4500 a 2500 a.C.) surgiram os quatro Vedas, os grandes Rishis do passado (sábios visionários) habitavam o vale do Indo as margens do rio Sarasvati.

            Em 3100 a.C., o rio Yamuna mudou o seu curso e deixou de desaguar no Sarsvati em 2300 a.C. o Sutlej que era o maior afluente do rio Sarasvati também passou a desaguar no Ganges e em 1900 a.C. o rio Sarasvati secou, e o povo Védico e Arianos (ambos falavam o Sânscrito), que eram um único povo que tiveram de migrar para o leste da Índia para as margens do rio Ganges.
            O fim da Era védica foi marcada pela guerra do Mahabharata em 3102 a.C. que coincide com o início do Kali Yuga falado nos puranas, tantras, sastras, etc.). A estrutura literária do Hinduísmo é dividido em dois grandes blocos conhecidos como Shruti e Smriti.
            O termo Shruti representa tudo aquilo que foi ouvido e catalogado pelos sábios nos quatro livros principais do Hinduísmo: O Rig, o Sama, o Yajur e o Atharva Veda.
             O termo Smriti representa um conjunto de escrituras secundárias ou interpretações dos ensinamentos dos Vedas, feitas pelos Rishis (Sábios) a fim de atingirem mais facilmente o homem comum.
            SHRUTI – Os videntes védicos recebiam as suas visões sagradas como recompensa de um árduo trabalho, de muita asceses (exercícios espirituais consistindo na renúncia ao prazer e na não satisfação de algumas necessidades visando o desenvolvimento espiritual) e de uma profunda aspiração à iluminação espiritual. Viam a si mesmos como filhos da luz e tinham o coração voltado para a realização da Luz Celestial, ou do Supremo Ser-Luz. Os quatro Vedas falam de rituais de adoração e manipulação das forças da natureza, especulações filosóficas e técnicas de meditação para o auto-conhecimento e unificação com o divino. Cada veda é composto de Samhita, onde encontramos os Mantras (hinos) e rituais; Brahmana e Aranyaka, onde estão as explicações dos hinos e rituais; Upanishad, que são comentários e especulações filosóficas em torno da identidade cósmica entre Brahman (absoluto) e Atma (o ser individual); Kalpasutras, são textos que codificam e regulamentam a realização de rituais.



VEDAS 

            O termo Vedas provém do sânscrito, cuja raiz “vid” significa “sabedoria”, “conhecer a Sabedoria Divina”, por isto os Vedas são traduzidos como Sabedoria Divina ou Suprema.

            Segundo o linguista, cientista das religiões, orientalista e mitólogo alemão Max Muller (1823-1900): “Os Vedas são considerados, por todos os eruditos Orientais e Ocidentais, como a mais antiga de todas as escrituras do mundo e a mais sagrada das obras sânscritas conhecidas. Foram escritos em um sânscrito tão antigo, tão diferente do idioma atual, que não existe outra obra semelhante na literatura desse ‘irmão mais velho de todos os idiomas conhecidos’”.
·         RIG VEDA (5000 á 4500 a.C.): É uma coleção de 1.028 hinos (Sukta), divididos em dez livros (Mandala), nos quais encontram-se épicos, lendas antigas, encantamentos, mitos regras de comportamento social e religiosos, poesias etc. nele aparecem muitas variações de linguagem devido a variação cronológica e diversidade de autores. O Rig Veda é a base de todas as concepções filosóficas do solo indiano. Contém as primeiras perguntas que o homem fez em relação à criação, à natureza do universo e de sua própria função existencial.
·         SAMA VEDA (2600 a.C.): Coletânea de melodias (Mantras) cantadas pelos sacerdotes da classe Udgatar, durante as oferendas sacrificiais. Estes hinos reverenciam uma bebida chamada Soma. É composto de duas parter: Arcita com 585 cantos, classificados conforme o ritmo ou os deuses aos quais se referem; e Utthararcika com 400 cantos de três estrofes, em geral, agrupados segundo a ordem dos principais sacrifícios.
·         YAJUR VEDA (2400 a.C.): Contém fórmulas que os sacerdotes da classe adhvaryu murmuravam nos ritos de sacrifício. Existem duas versões do Yajur Veda. A primeira conhecida como Negra, é a mais antiga, chamada assim porque suas fórmulas estão mescladas e sem ordenação clara, foi copiada pelas escolas Taittrya, Samhita, a Kathaka e a Kapsithala Kathaka Samhita. A segunda versão conhecida como Branca, leva o nome de Vajasaneyi Samhita cujo autor é Yajnavalkya Vajasaneyi, por isso a denominação, e é chamado de Branco porque suas fórmulas possuem ordenação clara e sistemática, ela possui dias revisões uma da escola Madhyandina e outra da escola Kanya.
·         ATHARVA VEDA (2400 a.C.): Contém cerca de seis mil versículos sobre os mais diversos temas, mas sobretudo ensinamentos de magia e medicina popular, destinados a promover a paz, a saúde, o amor e a prosperidade material e espiritual. É o Veda dos sacerdotes do fogo Atharvan e Angiras. Os Atharvan eram sacerdotes que operavam sortilégios bons, favoráveis a todas as partes, curando enfermos, protegendo contra desgraças etc. Os Angiras atuavam enviando desgraças, enfermidades aos inimigos e rivais de quem os procurassem. A revisão mais conhecida é a da escola Saunaka com 731 hinos em 20 livros com 6.000 versos.

DIVISÕES DENTRO DE CADA VEDA
·         SAMHITA: É um conjunto de hinos e rituais que formam o corpo inicial dos Vedas;
·         BRAHMANA: Explica a relação entre fórmulas e hinos que os sacerdotes murmuram durante os rituais, contém explicações sobre os rituais, mitos e narrativas cosmogônicas, antigas lendas, vestígios históricos sobre o passado da Índia e a expansão Ariana no Vale do Indo, costumes sociais, formação geográfica entre outras;
·         ARANYAKA:  Os Aranyakas (livros da floresta) surgiram a partir de um pequeno grupo de iniciados que se retiraram para o silêncio das florestas em busca de outras vias de salvação e especulações filosóficas. Estes ascetas se colocaram em oposição a mecânica dos complicados ritos de sacrifício e contra a apropriação dos Brahmanas de todo o conhecimento e ato religioso. É a partir de 1900 a.C. que surge os Aranyakas e Upanishads, a literatura da tradição Aranya (da floresta), uma vez que às margens do Ganges existiam vastas florestas.
·         UPANISHAD: Foram elaborados a partir de 1500 a.C. e considerados como o mais alto ponto de especulação sobre os Vedas. São conhecidos também como Vedanta (parte final dos Vedas). Os ensinamentos principais dos Upanishads estão na afirmação da identidade do absoluto com o ser individual (Brahman + Atma).
·         KALPASUTRA: São divididos em Shrautasutra, que codificam os sacrifícios, e os Grhyasutra, que regulamentam os sacramentos que dão valor religioso a vida individual desde o nascimento até a morte.


ERA BRAHMANICA (2500 – 1500 a.C)
            Neste período o conhecimento védico ficou reservado aos Brahmanes ou casta dos sacerdotes, foi a partir deste momento que as castas se tornaram fixas. Para os pesquisadores recentes a invasão Ariana nunca existiu pois os Arianos sempre foram indianos e habitantes do Vale do Indo (como os Dravidianos), sendo o Yoga um fruto da civilização Indo-Sarasvati. De acordo com alguns estudiosos, o fim da Era Védica foi marcada pela famosa guerra que consta no Mahabharata e que a tradição data de 3102 a.C. coincidindo com o início do Kali Yuga.
            Neste período os Vedas, que já eram recitados há milênios, foram escritos em folhas de bananeiras e também algumas interpretações dos Vedas-Smriti, feitas pelos Rishis (sábios) afim de atingirem mais facilmente o homem comum.
           
SMRITI
            São escrituras secundárias: Dharma Shastras, os livros que codificam as leis que regulam a sociedade; Itihasa, épicos nacionais; Puranas, livros de educação religiosa popular; Agamas tratam das tendências devocionais e; Dharshanas, que apresenta as principais escolas de pensamento nascidas a partir dos Vedas. Embora a maior parte dessas escrituras sejam posteriores a esse período ainda são consideradas Smriti:
·         DHARMA SHASTRA: São regulamentos e obrigações das castas composto pelos Brahmames. Esses textos foram escritos pelo povo invasor proto-austriaco (1800 a.C.), como forma de dominar a sociedade indiana. Esse invasor fixou as castas, citadas conforme características pessoais nos Vedas, passando eles a se denominar casta dominante ou Brahmanes. Uma parte da sociedade indiana que não estava de acordo se refugiou na floresta (Aranya). O mais antigo é de autoria do ancestral mítico da tribo Manava chamado de Manu. As leis de Manu trouxeram benefícios e poderes para a casta dos Brahmanes fortalecendo seu domínio sobre a sociedade indiana. Determinava que tudo o que existe no universo é propriedade dos Brahmanes, sendo que a estes não seria cobrado tributos porque um Brahmane irado poderia apenas coma a recitação de um Mantra destruir o rei e seu exército. Aos Sudras as leis eram mais severas em penalidades, se um Sudra abusasse de uma mulher de um Brahmane, teria a propriedade confiscada e o órgão sexual cortado, se um Sudra ouvisse a recitação das escrituras Védicas, o castigo era receber chumbo derretido em seus ouvidos e se recitasse teria a língua cortada, e assim por diante; a mulher era considerada fonte de desonra, discórdia, mundanidade e deveria ser evitada e as mulheres casadas deveriam demonstrar devoção ao marido. As leis de Manu era um forte instrumento de controle social e manutenção do poder do Brahmanes ou povo invasor.
·         ITIHASA: São grandes épicos da literatura Hindu. O mais significativo é o Mahabharata, composto de histórias sobre uma guerra ocorrida na Índia (3102 a.C.) entre duas linhagem arianas em que o capítulo principal é o Bhagavadgita, ensinamentos do Avatar Krishna para Arjuna. Outro épico é o Ramayana que descreve a vida de Rama (+ ou – 6000 a.C.) e de sua esposa Sita, sendo Rama o símbolo da Perfeição.
·         PURANA: Instrumento de educação popular, tem a finalidade de imprimir na mente do povo por meio de exemplos concretos os ensinamentos do Veda. Descreve características e ações das divindades, detalhes sobre a criação do mundo, genealogia dos deuses, dinastias reais, especulações filosóficas, mitologias, etc. Os Puranas estão classificados em aqueles que elevam Brahma: Brahma Purana, Brahmananda Purana, Markandeya Purana, Bravishya Purana e Vamana Purana; e os que elevam Vishu: Vishu Purana, Padma Purana, Bhagavata Purana, Naradiya Purana, Garuda Purana e Varaha Purana; e os que eleva Shiva: Shiva Purana, Lingam Purana, Skanda Purana, Agni Purana, Matsya Purana e Kurma Purana.


·         AGAMA: São tendências devocionais que são tantas quanto os Deuses do hinduísmo. Os mais expressivos são: Shivaistas (dos seguidores de Shiva – renovador e disciplinador), Shaktas (adoram o princípio feminino como criador e renovador), Ganaphatas (adoradores de Ganesha – conhecimento), Hanupatas (cultuam Hanumam – discípulo perfeito), Vaishnavas (seguidores de Vishnu – preservador), Ramaphatas (adoradores de Rama – herói divino), Krishnaphatas (seguidores de Krishna – devoção e amor divino) entre muitas outras.
·         DARSHANA: São os pontos de vista ou escolas filosóficas nascidas do Veda e tiveram origem entre 700 e 200 a.C. As quatro primeiras aceitam teoricamente o Veda mas possuem doutrinas oposta aos seus ensinamentos, as duas últimas, Mimansa e Vedanta, aceitam literalmente a autoridade dos Vedas. Os seis Darshanas são:

1.    NYAYA: origem 300 a.C., seu fundador é Gautama, autor de Nyaya Sutra, textos que falam da possibilidade de se atingir o “absoluto” através do argumento lógico e da mente racional. Nyaya significa “regra”, “examinar”, regras do correto pensar.
2.    VAISHESHIKA: origem 300 a.C., fundada pelo sábio Kanada. Examina as particularidades da manifestação cósmica e pregam a noção de uma constituição atomista do mundo.
3.    SAMKHYA: 700 a.C., fundada por Kapila. Descreve o desenvolvimento cósmico como um processo gradativo e matemático. Dois princípios, Purusha e Prakriti, interagem e criam toda a existência.
4.    YOGA: 200 a.C., fundada por Patanjali tem como base literária os Yoga Sutras que mostra os passos para se chegar a liberação. Esta escola é o clímax de um longo período de desenvolvimento das práticas de Yoga e do pensamento Védico.
5.    MIMANSA: 400 a.C, fundada por Jaimini, autor dos Purna Mimansa Sutras que foram as primeiras investigações dos Vedas no conceito de Dharma.
6.    VEDANTA: 200 a.C., fundada por Badarayana, é conhecida como a investigação final dos Vedas, tem como texto fundador os Brahma Sutras, escrituras que divulgam os Vedas como a mais alta revelação e propõe a doutrina do Único Ser Supremo (Brahma), responsável por tudo o que existe. O mestre mais exaltado em Vedanta é Sankara (século II a.C.), pois foi graças aos Bhasyas, comentários que fez dos Brahma Sutras e de alguns Upanishads, que os Vedas foram compreendidos como um todo, como um elo de conhecimento sem contradição.



terça-feira, 29 de maio de 2018

A HISTÓRIA DOS GATOS.


Acredita-se que o Miacis (imagem abaixo), um pequeno animal que vivia em árvores, há muito extinto, foi o antepassado do gato. Este seria também o ancestral do urso, da doninha, do guaxinim, da raposa e do coiote e, acreditem, do cachorro. Viveu há cerca de 40 milhões de anos, tinha o corpo comprido, um rabo maior do que o corpo e pernas curtas. Provavelmente também tinha unhas.
Há 10 milhões de anos atrás surgiu o Dinictis, mais parecido com o gato atual.
Os gatos domésticos são primos distantes de outros felinos e guardam características em comum com os grandes felinos selvagens, como caminhar silenciosamente sobre as almofadas plantares, a técnica de caçar e as unhas retráteis, com exceção do Guepardo que tem as unhas e patas apropriadas para a corrida, chegando a alcançar 100 Km por hora numa corrida de curta distância.

Os Felídeos ou felinos, são os mais especializados, mais numerosos e mais importantes dos carnívoros. A família dos Felídeos, espalhada sobre quase toda a área de distribuição da ordem dos carnívoros, compreende 3 gêneros: Acinonyx (Cheeta), Felis (Puma, Jaguatirica, Gatos domésticos e todos de pequeno ou médio porte) e Leo (Leão, Tigre, Pantera, Onça), com 37 espécies no conjunto.

No antigo Egito os gatos eram adorados como deuses e animais de companhia, eram adorados devido a sua associação com a Deusa da Lua, Pasht, de cujo nome acredita-se ser derivada a palavra “puss”, que significa “bichano” em inglês. 

A Deusa Bast, que representa o sol, também foi identificada com gatos, e é retratada com a cabeça de um gato. Quando os gatos morriam, eram mumificados e seus donos mostravam seus sentimentos raspando as sobrancelhas em sinal de luto.
Hoje, os gatos da raça Abissínio, são semelhantes ao gatos do Antigo Egito. Estátuas, desenhos e pinturas em tumbas, revelam que os gatos nessa época, eram de pelo curto, corpo esguio e pernas longas. Muitos consideram que este foi o ancestral da maioria das raças de gatos domésticos conhecidas atualmente.

Era proibida a saída dos gatos do Egito, mas o povo Fenício parece ter os levado em suas embarcações comerciais, para a Europa, por volta do ano 900 a.C., chegando à Itália antes da Era Cristã.
Os romanos, quando invadiram e dominaram o Egito, adotaram o culto a Deusa Bast e seus gatos foram também perpetuados em estátuas, murais e mosaicos. Tinham grande apreciação pelos gatos, e os retratavam como símbolo de liberdade.
Com as invasões Romanas, os gatos foram seguindo seus exércitos e se introduzindo em toda a Europa. Dessa forma os gatos chegaram à Inglaterra, portanto, o gato inglês tem como base o gato egípcio, mas gatos ingleses selvagens também foram domesticados.
O Príncipe de Gales, promulgou no século X, leis protegendo os gatos, estabelecendo valores de venda e garantias de compra. Além disso, a pena para quem matasse um gato era paga com trigo: o gato morto era segurado pela ponta da cauda e sobre ele era jogado o trigo, até encobrir a ponta da cauda.
Os gatos, durante muito tempo, foram bem aceitos pelo homem como animais domésticos, por sua beleza e grande habilidade em caçar ratos. Exatamente por sua habilidade como caçador de ratos, no século XI auxiliavam no combate a estes vetores, transmissores da Peste Bubônica.
Na Idade Média, os gatos enfrentariam seus piores tempos. Surgiu um culto a uma deusa pagã – Bastet – envolvendo gatos. Esse culto foi considerado heresia e membros desta seita eram punidos severamente com torturas e morte. Como os gatos faziam parte do culto, foram acusados de serem demoníacos, principalmente os de cor preta. Isso custou a vida de milhares de gatos, que foram cruelmente perseguidos, capturados e jogados à fogueira, havendo a maior destruição de gatos de toda a história.
Uma pessoa que fosse vista ajudando um gato, principalmente gatos pretos, estava sujeita a ser denunciada como bruxa e a sofrer tortura e morte.

As pessoas acusadas de bruxaria e seus gatos, eram logo responsabilizadas por qualquer catástrofe que acontecesse. Esta onda de perseguição criou diversas superstições que persistem até hoje, como: cruzar com gato preto causa azar. Felizmente este preconceito diminuiu e no século XIX o gato já era bem-visto.
O índio norte-americano, não parece ter domesticado os felinos selvagens presentes no continente, como o lince, puma e ocelote. A domesticação de felinos só ocorreu quando os imigrantes europeus trouxeram gatos da Europa, para que ajudassem a combater os ratos e camundongos, tanto no campo quanto na cidade.

A CIA chegou a treinar gatos para espionarem contra a União Soviética com microfones implantados nas orelhas, durante os anos 1960! A operação foi chamada de Operation Acoustic Kitty. Não se sabe ao certo se foi a preguiça dos gatos ou a ideia maluca da CIA, mas a operação não foi um sucesso.


Em 1963 a gata Félicette (Felicidade), tornou-se o único felino que até hoje foi ao espaço. Foi enviada para a estratosfera pelos franceses em uma cruel missão em que tinha sua cabeça aberta e implantada de eletrodos para monitorar sua atividade neural. Félicette retornou à Terra viva e foi recuperada em segurança, mas seu martírio não foi reconhecido. Meses depois sacrificaram a gata alegando que foi para estudos no seu cérebro.

Hoje, os gatos são muito populares como um ótimo animal de companhia. Continuam também sendo utilizados como um meio barato de se controlar a população de ratos.









segunda-feira, 28 de maio de 2018

OS GATOS NA HISTÓRIA

  

Desde tempos muito remotos, o homem constrói uma relação bastante peculiar com os animais que rondam o seu mundo. Em algumas culturas, certos animais são cultuados como deuses ou representam a origem de alguma importante divindade. Em outros casos, podem ter a sua simples presença associada ao aviso de um mau presságio ou a encarnação de algum tipo de maldição. No caso dos gatos, podemos ver que os dois tipos de olhar se aplicam a esse curioso felino.

   Por volta de 10.000 anos atrás, os gatos surgiram nos grupos humanos sedentários com a função natural de exterminar os roedores que rondavam os estoques de grãos. Nessa mesma época, lendas hebraicas e babilônicas diziam que os gatos surgiram através do espirro de um leão. Provavelmente, esse tipo de explicação mítica adveio das semelhanças físicas e de comportamento observadas entre esses dois animais oriundos da mesma família biológica.
   Entre os egípcios, esse grau de proximidade se estreitou quando várias divindades assumiam partes do corpo de um gato. Bastet, a deusa egípcia da fertilidade e do amor materno, era comumente representada por uma mulher com cabeça de gato. Observando os vários registros de imagem organizados pelos egípcios, podemos ver que os gatos perambulavam pela corte e não tinham cerimônia algum em se aproximar de qualquer indivíduo pertencente àquela civilização.
   No desenvolvimento da Era Cristã, a boa relação com os gatos foi perdendo espaço para um verdadeiro processo de demonização do animal. Alguns estudiosos dizem que tal modificação aconteceu porque os pagãos cultuavam os gatos e, pouco mais tarde, porque os muçulmanos também tinham o animal em boa conta. Nos primórdios da Idade Média, as parteiras, que comumente carregavam a imagem de um gato, símbolo da deusa Bastet, foram proibidas de utilizar tal apetrecho.
   Por volta do século XIII, a relação entre os gatos e as religiões pagãs logo se orientou para a construção de uma imagem demoníaca do animal. Em uma de suas várias bulas, o papa Gregório IX determinou que os gatos fossem terminantemente exterminados. A paranoia causada pela Inquisição acabou tendo um preço elevado, já que a diminuição da população felina acabou ajudando na propagação dos roedores que transmitiram a Peste Negra em diversas regiões da Europa.
   Com o passar do tempo, essa visão mística e preconceituosa perdeu lugar para o prazer advindo da domesticação desses pequenos animais. A capacidade de associar independência e sociabilidade faz do gato um tipo de companhia agradável e, ao mesmo tempo, integrante. Em diversos textos literários esse animal é descrito por uma minúcia de virtudes que o colocam em uma posição privilegiada. Pelo visto, eles também conseguem ocupar o posto de “melhor amigo do homem”.


Veja também:

ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: DOIS MUNDOS, UM MESMO FASCÍNIO PELO PASSADO

Quando falamos em escavar o solo em busca de vestígios do passado, muitas pessoas imediatamente pensam em fósseis de dinossauros e utensílio...

Não deixem de visitar, Blog do Maffei recomenda: