quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

HISTÓRIA DA IGREJA ORTODOXA

 


A IGREJA ORTODOXA

 

           



    

    Traduzindo do latim ortodoxa seria literalmente considerada “igreja da opinião correta” ou “igreja da glória verdadeira”, como é traduzida por exemplo pelos eslavos. Também é chamada como Igreja Católica Ortodoxa ou Igreja Ortodoxa Oriental sendo uma comunhão de igrejas cristãs autocéfala, herdeiras da cristandade do Império Romano Oriental que reconhece o primado de honra do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla desde que a sede de Constantinopla e Roma deixaram de comungar, resultando no Grande Cisma. Reivindica ser a mesma instituição anunciada por Jesus, considerando seus líderes sucessores dos apóstolos.


            


Pentecostes
    Após o Pentecoste (século I), no ano 325 o Primeiro Concílio de Niceia reconheceu a autoridade já exercida pelos bispos de Roma, Alexandria e Antioquia sobre os bispos de certas outras províncias do Império Romano. Em 381 o Primeiro Concílio de Constantinopla concedeu ao bispo da recém-fundada nova capital do império a precedência sobre os de Alexandria e Antioquia.



Justiniano I
    No Concílio de Calcedônia (451) o bispo de Jerusalém obteve a independência do bispo de Antioquia. O imperador Justiniano I (527 – 565) por primeiro restringiu o título de “patriarca” para designar exclusivamente o bispo de Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém e especificou as funções de lideranças destes cinco patriarcas, disposição adotada depois pelo Concílio Quinissexto de 692. Depois da separação entre Roma e os quatro outros bispos, a Igreja Ortodoxa aumentou o número de seus patriarcados e outras Igrejas autocéfalas.

Patriarca Kirill de Moscou e toda a Rússia na Páscoa Ortodoxa de abril de 2014.


 

    A Igreja Ortodoxa tem uma longa história de cerca de dois mil anos, contando-se a partir da Igreja Primitiva, e aproximadamente mil anos, contando-se a partir do Cisma do Oriente ou Grande Cisma em 1054. Desde então, os ortodoxos não reconhecem a primazia papal, a cláusula Filioque[1] e não aceitam muitos dos dogmas proclamados pela Igreja Católica Romana em séculos recentes, tais como a Imaculada Conceição e a infalibilidade papal. Também não consideram válidos os sacramentos ministrados por outras confissões cristãs e em geral têm uma história hagiográfica à parte do catolicismo romano.

    



    No seu conjunto, a Igreja Ortodoxa é a terceira maior confissão cristã (atrás do catolicismo e do protestantismo), e também a segunda maio instituição cristã do mundo (atrás da Igreja Católica Romana), contando ao todo com aproximadamente 250 milhões de fiéis, concentrados sobretudo nos países da Europa Oriental. As maiores igrejas ortodoxas são a russa, a romena e a ucraniana.

 



Distribuição de Cristãos Ortodoxos Orientais no mundo por país

  mais de 75%
  50% - 75%
  20% - 50%
  5% - 20%
  1% - 5%

 abaixo de 1%, mas tem autocefalia local



EVOLUÇÃO HISTÓRICA

ANTIGUIDADE

   Até o século XI, os cristãos da Igreja Ortodoxa e da Católica Romana têm uma história comum, que começa com a instituição do cristianismo por Jesus de Nazaré e sua difusão por seus discípulos, que, como o relatado no livro bíblico do Ato dos Apóstolos, espalharam-se a partir da cidade de Jerusalém, fundando a primeira comunidade denominada cristã e Antioquia e depois se espalhando, pela Europa Ocidental, Oriente Médio, Ásia e Norte da África. Por volta do século IV, a Cristandade já chegara às mais diversas regiões, apesar das perseguições movidas por poderes tradicionalmente pagão, e diversas escolas exegéticas haviam se desenvolvido, como a Escola de Antioquia e a Escola Catequética de Alexandria. A ortodoxia cristã, no entanto, era ameaçada por diversas doutrinas consideradas heréticas como o arianismo, o novacionismo e o adocionismo, além das muitas seitas gnósticas. Em 313, no entanto, o Édito de Milão, finalmente instituiu a liberdade religiosa no Império Romano, o que foi seguido por uma progressiva cristianização do Império a partir da conversão do imperador Constantino no ano de 324. Foi então convocado o Primeiro Concílio de Niceia que buscou a unificação da Cristandade, a solidificação dos preceitos da fé cristã, o anátema das principais heresias da época e a composição de um credo comum ortodoxo, o Credo Niceno.

Ícone do Imperador Constantino e os padres do Primeiro Concílio de Niceia (325)
detentores do credo-miceno-constantinopolitano de 381.

    Neste Concílio, estabeleceu-se que em cada província civil do Império Romano o corpo dos bispos deveria ser encabeçado pelo bispo da capital providencial (o bispo metropolita) mas reconheceu a autoridade supermetropolitana já exercida pelos bispos de Roma, Alexandria e Antioquia. Além disso, decretou que o bispo de Jerusalém tivesse direito a honra especial, embora não a autoridade sobre outros bispos. Quando a residência do imperador romano e o senado foram transferidos para Constantinopla em 330, o Bispo de Roma perdeu influência nas igrejas orientais, em benefício do Bispo de Constantinopla. Ainda assim, Roma continuou a ter uma autoridade ecumênica especial devido à sua ligação tradicional com o apóstolo Pedro e seu passado como capitão do Império Romano.

 

    No ano de 381, foi realizado, na parte oriental do império o Primeiro Concílio de Constantinopla que decretou a divindade do Espírito Santo, lançado do anátema sobre os macedonianos e tendo suas decisões acatadas pelas igrejas ocidentais. Em 431, o Primeiro Concílio de Éfeso proclamou a despeito dos nestorianos, que a Virgem Maria era Teótoco (“Mãe de Deus”), o que gerou a Igreja do Oriente, até hoje separada das grandes comunhões cristãs. Em 451, o Concílio de Calcedônia condenou o monofisismo. Isto gerou um cisma na Igreja de Alexandria liderado por Dióscoro, que, apesar de não professar a doutrina monofisita de Êutiques, rejeitava a resolução de Calcedônia, gerando a formação da Igreja Copta. Progressivamente, grupos no Levante e na Armênia rejeitariam o Concílio e se uniriam aos coptas, dando origem às chamadas igrejas ortodoxas orientais, que ainda se expandiriam pela África e Índia.

 

Concílio de Calcedônia teve como objetivo resolver as disputas teológicas relativas à natureza de Jesus Cristo e os cismas intensificados pelo Concílio de Éfeso, sobretudo entre as Sés de Antioquia e Alexandria. Um importante cânone foi o reconhecimento da Sé de Constantinopla como tendo as mesmas prerrogativas e privilégios que a Sé de Roma, vindo, somente nos assuntos eclesiásticos, logo depois da velha Capital. A principal consequência do Concílio de Calcedônia foi repudiar as doutrinas Monofisista, para quem a natureza de Jesus seria unicamente divina, e Nestoriana, onde em Cristo haveria duas pessoas, uma humana e outra divina e que também negava que Maria pudesse ser a mãe de Deus. O Credo resultante do Concílio de Calcedônia

Distanciamento entre o Ocidente e Oriente

            Uma série de dificuldades estimulou um progressivo distanciamento entre Roma e os demais patriarcados. Primeiramente, a quebra da unidade política. Com a divisão do Império Romano em 395 e a queda do Império Romano do Ocidente em 476, Oriente e Ocidente deixaram de estar sob o mesmo governo. No século VI, o imperador Justiniano I empreendeu uma série de campanhas militares na parte ocidental ocupada pelos germânicos e que resultou na conquista da península itálica, mas foi posteriormente perdida no século VIII com a progressiva penetração dos lombardos. Mais tarde, com a ascensão do Islamismo, as trocas econômicas e os contatos por via marítima entre o Império Bizantino, de língua grega e o Ocidente, de língua latina, se tornaram mais difíceis, e a unidade cultural entre os dois mundos deixou paulatinamente de existir. No século VIII, Roma colocou-se sob a proteção do Império Carolíngio, o que criou uma situação em que as Igrejas em Roma e em Constantinopla estavam no seio de dois impérios distintos, fortes e autossuficientes, cada qual com sua própria tradição e cultura.

            O primeiro grande cisma entre o Ocidente e o Oriente seria o Cisma Acaciano, a partir de 484, quando a tentativa por parte Igreja de Constantinopla de reconciliar-se com os não calcedônios gerou a desaprovação por parte do Papa Félix III, ultimamente levando Acácio de Constantinopla a riscar o nome de Félix dos seus dípticos. As tentativas de reconciliação só seria vitoriosas na Páscoa de 519. No ano de 553, foi convocado o Segundo Concílio de Constantinopla, que aprofundou as decisões do concílio ecumênico anterior. Tentativas posteriores de reconciliação com os não calcedônios levariam ao monotelismo e ao monoenergismo condenados no Terceiro Concílio de Constantinopla em 681. Em 787, dado o surto iconoclasta em Constantinopla, Irene de Atenas convocou o Segundo Concílio de Niceia, para ratificar a ortodoxia da veneração de imagens especialmente pelo trabalho de São João de Damasco. Este episódio é frequentemente referido como “Triunfo da Ortodoxia”.

            Além do anteriormente citado, a situação de afastamento ensejou uma escalada de divergências doutrinárias entre Oriente e Ocidente (em particular, a inclusão no sexto século, pela Igreja Latina, da cláusula Filioque (significa “e do filho” e indicava que o Espírito Santo procedia tanto do pai como do filho), no credo nicenoconstantinopolitano, considerada herética pelos ortodoxos) e a adoção gradativa de rituais diferentes entre si. Ao mesmo tempo, acentuou-se pretensão, por parte de Roma, de exercer uma autoridade incontestada sobre todo o mundo cristão, enquanto que Constantinopla aceitava somente que Roma tivesse uma posição de honra. O atrito entre Cristandade Latina e grega se intensificou com a cristianização do Império Búlgaro, quando missionários da Frância Oriental, da Alemanha e do Império Bizantino chocaram-se na região, deflagrando disputas, por exemplo, quanto à linguagem dos ofícios e ao uso do Filioque, que mesmo ainda não utilizado em totalidade pela Igreja Latina, já fora introduzido pelos francos e alemães.

            Tais disputas chegaria a seu ápice no Cisma de Fócio, quando após o Imperador Miguel III, o Ébrio depor ao Patriarca Inácio I de Constantinopla em benefício de São Fócio em 858, o Papa Nicolau I condenou a Sé de Constantinopla em 863, que fatalmente excomungou o Papa em 867. Durante o Cisma, em 865, o príncipe Boris I da Bulgária, temendo uma invasão bizantina, aceitou o batismo das mãos não do clero alemão, mas do bizantino. O cisma apenas seria resolvido em 867, com a morte de Miguel III, mas, em 879, Basílio I, o Macedônio convocou o Quarto Concílio de Constantinopla reabilitando São Fócio que condenava em seus escritos o Filioque como blasfemo além de da autocefalia à Igreja da Bulgária. Alguns autores ortodoxos chegam a considerar este o Oitavo Concílio Ecumênico.

            O mesmo patriarca Fócio foi conhecido por ter tomado esforços massivos para a cristianização dos eslavos enviando os jovens missionários Cirilo e Metódio para a Grande Morávia no ano de 862, a pedido de seu próprio soberano, o Duque Rastilau. Para isto, os irmãos codificaram a língua eslava eclesiástica com base no dialeto que aprenderam dos eslavos de Salônica, compondo para tal o alfabeto glagolítico (baseado em seu conhecimento anterior de múltiplos sistemas de escrita) e traduziram a Bíblia e livros litúrgicos do rito bizantino para o idioma. Após a morte de Cirilo, Metódio e Rastilau, no entanto (os três hoje venerados como santos tanto na Igreja Ortodoxa quando na Igreja Católica Romana), Zuentibaldo I, provavelmente por pressão do clero franco, perseguiu seus discípulos (chamados Cirilo-metodista), que foram presos, escravizados ou exilados para a Bulgária, onde seguiram sua missão evangélica sob a liderança de Santos Clemente de Ocrida e Naum de Preslava em que compensaram a expulsão do clero grego fornecendo em eslavônico. Os Cirilo-metodistas ainda se expandiram rapidamente para a Sérvia (que já era considerada um pais cristão por volta de 870, com a conversão de Multímero e outros nobres) e à Russia de Quieve.

            Esta parte do clero franco que expulsara os missionários Cirilo-metodista de língua eslavônica da Morávia aderia à chamada heresia trilíngue, ou heresia pilaciana, que dizia só ser possível adorar a Deus em hebraico, grego ou latim.

            Todas a supracitadas tensões acumuladas fatalmente à ruptura entre as igrejas, em 1054, com a excomunhão mútua entre autoridades da Igreja Católica Ocidental e da Igreja Ortodoxa Oriental (Grécia, Rússia e outras terras eslavas, além de Anatólia, Cáucaso, Síria, Egito, etc., incluindo áreas onde muitos dos cristãos já pertenciam a Igrejas Ortodoxas Orientais). A essa divisão historiografia ocidental chama Cisma do Oriente e do Ocidente, ou simplesmente Grande Cisma.

 

Ortodoxia grega nos séculos posteriores ao Cisma

            A relação entre a Igreja Ocidental e a Oriental fica ainda pior no decorrer da Quarta Cruzada, que sela a divisão entre a igrejas. O saque à Basílica de Santa Sofia e o estabelecimento do Império Latino são até hoje motivos de tensão, ainda que o primeiro tenha sido repudiado pelo Papa Inocêncio à época, só sendo todavia emitidas desculpas oficiais por João Paulo II, aceites por Bartolomeu I de Constantinopla.

            Tentou-se restabelecer a união no Segundo Concílio de Lyon (em 1274) e no Concílio de Florença (em 1439). Foram feitas pressões para um restabelecimento da comunhão neste segundo, ainda que canonicamente contestáveis e recebidas com oposição por personalidades como São Marcos de Éfeso, mas a união acabou se desfazendo com a Queda de Constantinopla. Algumas comunidades ortodoxas fatalmente entrariam em comunhão em períodos diferentes, juntas formando parte da Igreja Católica Orienta.

            Entre 1341 e 1351, foram congregados um série de concílios, coletivamente conhecidos como Quinto Concílio de Constantinopla, afirmando a ortodoxia da teologia hesicasta de São Gregório Palamas, condenando o racionalismo do filósofo Barlaão da Calábria. Alguns ortodoxos chamam a este, o Nono Concílio Ecumênico.

            Em 1453, Constantinopla cai nas mãos do Império Otomano, que fatalmente toma quase todos os Balcãs. O Egito era tomado pelo islamismo desde o século VIII, mas a Ortodoxia ainda era forte na Rússia, que passaria a ser referida como Terceira Roma. O Patriarca de Constantinopla tem autoridade administrativa sobre os rumes do Império Otomano, que permite certa liberdade de culto no Império. No Império Russo, a Igreja Ortodoxa Russa era uma instituição desconectada do Estado até 1666, com a deposição do Patriarca Nikon (conhecido pelas reformas que levaram ao cisma dos velhos crentes), influenciada por Aleixo I.

            Sob o jugo otomano, os cristãos ortodoxos, organizados sob o millet romano, experienciaram um congelamento da antes florescente atividade missionaria, além de eventuais mártires e uma hierarquia crescentemente corrompida em decorrência das pesadas taxações impostas pelos otomanos. O berat, a aprovação do sultão para o ocupante do posto de Patriarca Ecumênico, por exemplo, era frequentemente vendido àquele que oferecesse mais dinheiro, e muitos patriarcas foram depostos e restituídos por questões financeiras: dos 159 patriarcas que ocuparam o trono durante o período otomano, apenas 21 tiveram mortes naturais enquanto exerciam o pontificado, enquanto 105 foram retirados pelos turcos, 27 abdicaram (frequentemente por coação externa) e 6 sofreram mortes violentas. Por outro lado, o poder do Patriarca de Constantinopla teve sua máxima extensão histórica como a subjugação de outros povos ortodoxos sob domínio turco, com o restante da Tetrarquia, ainda que canonicamente autocéfala, tendo extrema influência turca, e as igrejas da Bulgária e Sérvia gradualmente passando para o domínio direto de Constantinopla. Adicionalmente, a estrutura de imperium in império dos milletler permitiu que as identidades locais ortodoxas fossem preservadas através dos séculos, de forma que a partir do início do século XIX algumas culturas fossem restauradas como estados-nações independentes.

 

Idade Contemporânea

            No século XVIII, a Igreja Ortodoxa volta a estar presente no Hemisfério Ocidental, com a chegada de missionários russos ao Alasca em 1867, então parte do Império Russo. Mesmo no atual estado estadunidense do Alasca, 12,5% da população se declara ortodoxa. Em 1721, Pedro I abole o Patriarcado e transforma a Igreja em um instituição estatal, o que só é interrompido com Revolução de Outubro. O ressurgimento da posição no entanto, não duraria muito com o Patriarcado sendo extinto pelo governo comunista após a morte do Patriarca Tikhon. Em 1943, no entanto, o Patriarcado foi reconstituído por Joseph Stalin. Ainda haveria perseguições sob Khrushchev, que chegou a fechar 12.000 igrejas. Menos de 7.000 permaneciam ativas à altura de 1982. Hoje, de acordo com os dados de 2016, a Igreja Ortodoxa Russa dispões de cerca de 35 mil paróquias pelo mundo.

            Com o ateísmo de Estado dos regimes comunistas que se implantaram em nações com presença ortodoxa como na Europa Oriental, regiões asiáticas da União Soviética e China, a Igreja Ortodoxa sofreu fortemente com perseguição e censura, o caso mais drástico provavelmente sendo o da Albânia de Enver Hoxha, declarada oficialmente ateísta e tendo sua igreja nacional fechada entre 1967 e 1992. Em outros países, no entanto, como na Romênia, a Igreja teve relativa liberdade, apesar do forte controle por parte da polícia e de experiências como as tentativas de lavagem cerebral de crentes na prisão de Pitesti o que por fim seria rigorosamente punido pelo Estado.

            Com a queda das ditaduras comunistas na Europa Oriental, começaram pela Albânia em 1986 e depois por uma queda abrupta de todas as restantes entre 1989 e 1992, as jurisdições da Igreja Ortodoxa oprimidas por estes regimes começaram a tomar mais liberdade. Em 2007, a Igreja Ortodoxa Russa no Exterior, que separara do Patriarcado de Moscou após o Patriarca Sérgio de Moscou, na prisão, jurar aliança ao Estado Comunista, restaurou a comunhão. Em 2016, em Creta, foi congregado um Concílio Pan-Ortodoxo como planejado desde os anos 60.

 

Diferenças para outras confissões

            Apesar de católicos romanos e ortodoxos terem uma história comum, que começa com a fundação da Igreja primitiva e com a difusão do cristianismo pelos apóstolos uma série de dificuldades ocasionou o progressivo distanciamento entre o Bispo de Roma e os Patriarcas. Primeiro veio a quebra da unidade política. Com a divisão do Império Romano em 395, a queda do império Romano do Ocidente em 476 e o fracasso da tentativa de Justiniano de reunificar o império a partir de 535, o Oriente e o Ocidente deixaram de ter o mesmo governo. A partir do século VII, com a ascensão do islamismo, as trocas econômicas e os contatos por via marítima entre o Império Bizantino, de língua grega, e o Ocidente, de língua latina, tornaram-se mais difíceis, e a unidade cultural se deteriorou.

            Em que pesem diferenças teológicas, organizativas e de espiritualidade não desprezáveis, a Igreja Ortodoxa é, em muitos aspectos, semelhante à Igreja Católica: preserva os sete sacramentos (ainda que reconheça outros sacramentos e o número exato de sete tenha sido emprestado dos catecismos católicos romanos), o respeito a ícones e o uso de vestes litúrgicas no seus cultos (denominados de Divina Liturgia). Seu fieis são chamados de cristãos ortodoxos.

 

Culto

            De forma geral, a Igreja Ortodoxa está fortemente associada ao rito bizantino, ainda que este traga variações locais. Até o século XVII, havia consideráveis diferenças entre os ritos eslavos e os bizantinos, mas reformas do Patriarca Nikon de Moscou diminuíram tal variedade, aproximando drasticamente o uso pela Igreja Ortodoxa Russa daquele encontrado em livros litúrgicos de procedência constantinopolitana, gerando recensão crescentemente introduzida em outras igrejas eslavas em decorrência da influência russa sobre ortodoxos sob jugo otomano.

            Esta medida, contudo, não privou a Igreja Ortodoxa de sua diversidade litúrgica original. A Igreja Ortodoxa Georgiana, por exemplo, preserva alguns traços de suas práticas anteriores à introdução do rito bizantino no país, como formas particulares de iconografia e canto polifônico, crescentemente reforçadas por esta igreja como forma de reafirmação nacional. A instituição dos Edinoverie, velhos crentes admitidos na Igreja Rússia oficial a partir do século XVIII, reintroduziu as práticas pré-nikonianas na Igreja. Ainda, o fenômeno da Ortodoxia de rito ocidental a partir do século XIX reabriu as portas para diversos ritos romanos adaptados, estes não praticados por ortodoxos desde o fim do Mosteiro de Amálfion no século XIII, reduto beneditino no Monte Atos.

            O ano litúrgico ortodoxo, pelas particularidades de seus desenvolvimentos locais e por escolhas (por vezes arbitrárias) de inclusão, tem uma forma geral rígida, mas com grande variedade de detalhes em cada recensão.

 

Comunhão Ortodoxa

            A Igreja Ortodoxa é formada pela comunhão plena de catorze jurisdições eclesiásticas autocéfalas (mais a Igreja Ortodoxa na América, apenas parcialmente reconhecida) que professam a mesma fé e, com algumas variantes culturais, praticam basicamente os mesmos ritos. O chefe espiritual das Igrejas Ortodoxas é o Patriarca de Constantinopla, embora este seja um título mais honorífico, uma vez que os patriarcas de cada uma dessas igrejas são independentes. Desta forma, diz-se que o Patriarca de Constantinopla é o primeiro entre iguais. A maior parte das igrejas ortodoxas usa o rito bizantino.

            A Igreja Ortodoxa para os ortodoxo, o chefe único e líder da Igreja, e sem intermediários, representantes ou legatários, é o próprio Jesus. A autoridade suprema na Igreja Ortodoxa é o Santo Sínodo, que se compõe de todos os patriarcas chefes das igrejas autocéfalas e dos arcebispos primazes das igrejas autônomas, que se reúnem por chamada do Patriarca Ecumênico de Constantinopla.

            A autoridade suprema regional em todos os patriarcados autocéfalos e igrejas ortodoxas autônomas é da competência do Santo Sínodo local. Uma igreja autocéfala possui o direito a resolver todos os seus problemas internos com base na sua própria autoridade, tendo também o direito de remover qualquer dos seus bispos, incluindo o próprio patriarca, arcebispo ou metropolitana que presida esta igreja.

 

Jurisdições

            As jurisdições que formam a Igreja Ortodoxa, com algumas das respectivas igrejas autônomas e exarcados. Os quatro primeiros são os mais antigos patriarcas, que carregam a tradição da pentarquia. Os cinco seguintes são os pequenos patriarcas, posteriormente reconhecidos pelo Patriarca de Constantinopla. As seis últimas igrejas são autocéfalas, mas não têm seus líderes reconhecidos como patriarcas.

           

            PATRIARCADO DE CONSTANTINOPLA

                        à Igreja Ortodoxa Filandesa

                        à Igreja Ortodoxa Apostólica Estoniana (autonomia reconhecida                         por Constantinopla, mas não por Moscou).

           

            PATRIARCADO DE ALEXANDRIA

           

            IGREJA DE ANTIÓQUIA

           

            PATRIARCADO DE JERUSALÉM

                        à Igreja Ortodoxa do Sinai

           

            PATRIARCADO DA BULGÁRIA (autocefalia reconhecida em 927)

 

            PATRIARCADO DA GEÓRGIA (autocefalia reconhecida em 1008)

 

            PATRIARCADO DA SÉRVIA (autocefalia reconhecida em 1119)

                        à Arquidiocese de Ocrida

 

            PATRIARCADO DE MOSCOU (autocefalia reconhecida em 1589).

                        à Igreja Ortodoxa Ucraniana (autonomia reconhecida por Moscou, mas não por Constantinopla).

                        à Igreja Ortodoxa Japonesa (autonomia reconhecida por Moscou, mas não por Constantinopla).

                        à Igreja Ortodoxa Chinesa (autonomia reconhecida por Moscou, mas não por Constantinopla; situação excepcional).

           

            PATRIARCA DA ROMÊNIA

 

            IGREJA ORTODOXA POLONESA

 

            IGREJA ORTODOXA DO CHIPRE

 

            IGREJA DA GRÉCIA

 

            IGREJA ORTODOXA ALBANESA

 

            IGREJA ORTODOXA TCHECA E ESLOVACA

 

            IGREJA ORTODOXA NA AMÉRICA (reconhecida como autocéfala pela Russa, a Búlgura, a Georgiana, a Polonesa e a Tcheca e Eslovaca).

 

            IGREJA ORTODOXA DA UCRÂNIA (reconhecida como autocéfala por Constantinopla, Alexandria, Igreja da Grécia e Igreja do Chipre).

 

            Entre as igrejas sem-autônomas existe a Igreja Ortodoxa Cretense, Igreja Ortodoxa Estoniana, Igreja Ortodoxa da Letônia e a Igreja Ortodoxa Russa no Exterior.

            Entre as igrejas não reconhecidas, seja por cisma ou não reconhecimento de seu auto-governo por nenhuma instituição senão elas mesmas:

 

            IGREJA ORTODOXA MACEDÔNIA cuja autocefalia é objeto de oposição pela IGREJA SÉRVIA e não mantém reações com outras jurisdições.

 

            A METRÓPOLE DA BESSARÁBIA, proclamada autônoma dentro da Romena, mas objeto de oposição por parte da Russa.

 

            Dentre as igrejas não reconhecidas, existiam o PATRIARCADO DE KIEV e a IGREJA ORTODOXA AUTOCÉFALA UCRANIANA, que foram integradas na IGREJA ORTODOXA DA UCRÂNIA pelo concílio de unificação ocorrido em 15 de dezembro de 2018, que voou pela unificação das jurisdições ortodoxas ucranianas existentes: a IGREJA ORTODOXA UCRANIANA (PATRIARCADO DE KIEV), a IGREJA ORTODOXA AUTOCÉFALA UCRANIANA e uma parcela da IGREJA ORTODOXA UCRANIANA obediente ao PATRIARCADO DE MOSCOU. Em outubro de 2018, o PATRIARCADO DE CONSTANTINOPLA anulou a excomunhão de seu clero em passo para a declaração de autocefalia dos ortodoxos ucranianos, pelo que a IGREJA ORTODOXA RUSSA, sob cujo Sínodo está a IGREJA ORTODOXA UCRANIANA canônica rompeu a comunhão com Constantinopla. Outra ruptura parcial de comunhão ocorreu entre Antióquia e Jerusalém desde abril de 2014, em virtude da discordância sobre qual das duas teria jurisdição sobre o Katar.

 

DIÁSPORA

No Brasil

            A Igreja Ortodoxa é presente no Brasil tanto por imigrantes e seus descendentes quanto por comunidades inteiras de brasileiros convertidos. A primeira Divina Liturgia do país da qual se tem registro foi celebrada em 1897, com a primeira paróquia, a Igreja da Anunciação à Nossa Senhora, construída em São Paulo em 1904 pela comunidade sírio-libanesa e presidida pelo Arquimandrita Silvestros As-Seghir como vicariato patriarcal da Igreja de Antioquia, emergindo da mesma comunidade. Em 1958, esta comunidade seria elevada ao status de arquidiocese, com Dom Ignatios Ferzli presidindo-a como o primeiro bispo residente no país.

            Hoje existem paróquias das igrejas de Antioquia (tanto pela Arquidiocese Ortodoxa Antioquina de São Paulo e Todo o Brasil quanto por Vicariato Patriarcal), da Russa, do Patriarcado Ecumênico (tanto pela Arquidiocese Grega quanto pela Eparquia Ucraniana), da Polonesa e da Sérvia no país. As duas últimas comunidades são basicamente compostas por brasileiros convertidos, mas estes também se encontram presentes nas outras, que recebem brasileiros e fazem atividade missionária pelo país. O censo demográfico do Brasil de 2010 contou 131.571 cristãos ortodoxos no Brasil.

            Há paróquias perfeitamente canônicas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Distrito Federal, Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Ceará. Há quatro bispos diocesanos residentes no país: Dom Chrisóstomo Muniz Freire, Dom Ambrósio Cubas, Dom Damaskinos Mansour e Dom Jeremias Ferens. Há ainda outros bispos residentes no exterior com jurisdição direta sobre o Brasil, além de um vicariato patriarcal de Antioquia no Rio de Janeiro.

 

Em Portugal

            Apesar de toda a Europa Ocidental ser clamada como território canônico próprio pelo Patriarcado Ecuménico, existem em Portugal, além da presença da Igreja Grega sob o omofório deste Patriarca, a Igreja Ortodoxa Búlgara, a Russa e a Romena. O XV Recenseamento Geral da População de Portugal contou 56.550 ortodoxos no país dentre a população com 15 anos ou mais, apesar de, como no caso do Brasil, fazer-se necessário atentar-se para grupos que não são parte da Igreja, como a dita Igreja Católica Ortodoxa Lusitana. Não há bispos residentes em Portugal em comunhão com o restante da Igreja, apesar de já ter havido no passado, antes de os bispos da Igreja Ortodoxa Polonesa no país separar-se do Sínodo.

 

Em Moçambique

            Há paróquias ortodoxas em Moçambique, todas no território eclesial da Igreja Ortodoxa Grega de Alexandria. Estas paróquias já estiveram, em momentos diferentes, sob a Metrópole de Johanesburgo e sob a Diocese do Zimbábue, mas existe desde 2006 uma Diocese de Maputo, hoje ocupada pelo Bispo João Tsaftarides. A primeira paróquia ortodoxa no sul da África foi edificada no país, o Templo Sagrado da Santa Trindade, a partir de 1876. A maior parte dos ortodoxos do país é de origem grega, mas há nativos convertidos. O Censo de 2007 contabilizou apenas as maiores denominações religiosas no país, deixando de lado a população ortodoxa.

 

 

FONTE: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Ortodoxa. Acesso em: 25 de fev. 2021.

 



[1] Cláusula Filioque. Filoque – em latim: “e (do) Filho” – é uma frase encontrada na versão do Credo Niceno-constantinopolitano em uso na Igreja Latina. Ela não está presente no texto grego desse credo como formulado originalmente no Primeiro Concílio de Constantinopla, onde se lê apenas que o Espírito Santo procede “do Pai”. Frequentemente diz-se que o primeiro caso conhecido da inserção da palavra Filioque na versão latina do Credo niceno-constantinopolitano ocorreu no Terceiro Concílio de Toledo (589) e que a sua inclusão a partir daí se espalhou espontaneamente por todo o Império dos Francos. No século IX, O Papa Leão III, ainda que aceitando doutrina da procedência do Espírito Santo do Pai e do Filho, se opôs à adoção da cláusula Filioque. Em 1014, porém, o canto do credo – com a Filioque – foi adotado na celebração da missa em Roma. A inserção foi inspirada pela doutrina tradicional no ocidente e encontrada também em Alexandra, que foi declarada dogmaticamente pelo Papa Leão I em 447, e que chamava filoquismo. A esta doutrina opõe-se à doutrina do Monopatrismo, formulada por Fócio, patriarca de Constantinopla que manteve a frase “que procede do Pai” do Credo niceno-constantinopolitano.    Os conflitos entre os defensores dessas duas doutrinas contribuíram para o Grande Cisma do Oriente de 1054 e ainda constituem um obstáculo para as tentativas de reunião das Igrejas Católica e Ortodoxa.

 


domingo, 5 de abril de 2020

NA ROYAL SOCIETY OF LONDON - DOCUMENTO BIOGRÁFICO SOBRE NEWTON QUE FAZ TAMBÉM A BIOGRAFIA DA SUPOSTA MAÇÃ.



   A história de como a maçã o inspirou a descobrir a teoria da gravidade, se encontrava, até então, nos arquivos da Royal Society de Londres, e agora já pode ser consultada na web.





   LONDRES – O manuscrito original de 100 páginas em que o biógrafo de Newton, William Stukeley(*), narrou o fato ocorrido em 1752 é um dos primeiros tesouros dos arquivos dos séculos XVII, XVIII e XIX. A história de como a maçã o inspirou a descobrir a teoria da gravidade, se encontrava, até então, nos arquivos da Royal Society de Londres, agora já pode ser consultada na web.
Royal Society em 1952. Cadê as mulheres?


   Por ocasião de seu 35.º aniversário, a prestigiosa instituição científica britânica resolveu disponibilizá-la na internet.

   Stukeley relata em suas “Memórias da vida de Isaac Newton” como um dia, depois de jantar na casa do genial cientista, ambos saíram para tomar chá à sombra das macieiras.



   “Newton me disse que se encontrava na mesma posição em que previamente lhe ocorrera a noção da gravidade. Foi motivada pela queda de uma maçã enquanto se encontrava sentado em estado contemplativo. Por que esta maçã sempre cai perpendicularmente no solo?”, questionou a si mesmo”, escreveu o físico britânico.



   O documento pode ser consultado, com outros seis manuscritos históricos digitalizados, na página “Turning the Pages” (http://royalsociety.org/Turning-the-Pages/). - Observação - tentei acessá-lo no dia 05/04/2020 às 10:15 e  a página dizia que não era possível acessar o documento.
   Na seleção se destacam também as contribuições do filósofo inglês John Locke a uma primeira versão da Constituição americana em 1681 ou o desenho de uma revolucionária ponte de ferro de Thomas Paine em 1789, assim como excepcionais ilustrações de história natural.
Fundada em 1660, a Royal Academy, uma das sociedades científicas mais antigas da Europa, celebra desde novembro passado seu 350.º aniversário com inúmeras ativades destinadas a promover a divulgação e a pesquisa.
FONTE: JB ONLINE
Data:18/01/2010

Toca Raul!!! Blog do Raul Marinho

A verdadeira história da maçã de Newton

Posted in Uncategorized by Raul Marinho on 19 janeiro, 2010
Acessado em 05/04/2020.
“Um belo dia, estava Newton sentado embaixo de uma macieira quando, ploft!, eis que uma maçã lhe cai sobre a cabeça. No susto, disse o físico: ‘Eis aqui a Teoria da Gravidade!'”. É mais ou menos assim que a fábula da maçã newtoniana encontra-se gravada no imaginário das pessoas. Ocorre que, em verdade, a história não é bem essa. Para começo de conversa, Newton nunca escreveu sobre o incidente com a maçã, e pode ser que ele nunca tenha ocorrido de fato.
   Mais de 20 anos após a morte de Newton, um tal William Stukeley (*) escreveu a biografia do físico num livro chamado “Memórias de Sir Isaac Newton”, que agora está disponível no original. Neste documento, a história está assim:
"Ele estava lá em estado contemplativo, e uma maçã caiu. Ele questionou por que a maçã sempre desce perpendicularmente ao chão. Por que não vai para os lados, para cima? Por que sempre em direção ao centro da Terra? Seguramente, a razão é que a Terra a atrai. Deve existir um poder de atração na matéria."



Este fato teria ocorrido por volta de 1660, e a biografia fora escrita  em 1752, o que faz muito improvável que a história da maçã tenha de fato ocorrido desta maneira.


Newton e a decomposição da luz.



Por meio de um simples experimento Isaac Newton percebeu a dispersão da luz branca, ou seja, conseguiu visualizar que se a mesma incidisse sobre um prisma de vidro, totalmente polido, dava origem a inúmeras outras cores. Foi a partir daí que esse cientista começou seus estudos sobre as cores dos corpos. Muitos anos antes de Newton, já se tinha a ideia de que a luz branca dava origem a um feixe colorido quando atravessava um prisma de vidro. No entanto, nessa época tinha-se a ideia de que o aparecimento das cores a partir da luz branca acontecia em razão das impurezas que a mesma recebia quando incidia sobre o prisma de vidro.

Isaac Newton curioso em descobrir por que tal acontecimento ocorria, pegou um prisma totalmente polido e o colocou frente a um orifício que ele mesmo fizera na janela do seu quarto. Com esse feito, ele percebeu que a luz branca, proveniente do Sol, se dispersava em feixes coloridos e a esse conjunto de cores chamou spectrum. Newton não era a favor da ideia de que esse colorido surgia devido a impurezas existentes no prisma. Assim sendo, realizou novo experimento onde deixava apenas uma cor passar através de um segundo prisma. Com isso, verificou que o mesmo não adicionava nada ao feixe de luz que incidia sobre ele. Dessa forma, o físico lançou a hipótese de que a luz não era pura, mas sim formada pela mistura ou superposição de todas as cores do espectro, e concluiu ainda que a luz se decompõe por causa da refração que sofre ao passar de um meio para outro com índices de refração diferentes.

Além de fazer o estudo sobre a dispersão da luz, Newton teorizou sobre as cores dos corpos. Segundo ele “as cores de todos os corpos são devidas simplesmente ao fato de que eles refletem a luz de uma certa cor em maior quantidade do que as outras”. Essa teoria teve grande oposição no meio científico, fato esse que levou Isaac Newton a publicar seus trabalhos sobre a óptica somente muitos anos mais tarde.


(*) Este é o cavalheiro que deu uma floreada na história da maçã e do Newton. William Stukeley foi um clérigo anglicano e antiquário inglês que foi pioneiro na investigação arqueológica dos monumentos pré-históricos de Stonehenge e Avebury. Stukeley era amigo de Isaac Newton e estava entre os primeiros biógrafos de Newton.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

MAPA ATUALIZADO DO COVID-19 (CORONA VÍRUS) NO MUNDO, 02/04/2020


Você pode acompanhar a propagação do Coronavírus no mundo através do site:


Mapa do Coronavírus no mundo.

Provavelmente, no próximo boletim de informação sobre o número de casos do coronavírus, o mundo ultrapassará mais de um milhão de casos.



O ILUMINISMO E AS HOSTES BOLSONARISTAS E A GLOBOZO

Globozo - O que a Globo teria a perder com a eleição de Jair Bolsonaro?
Simplesmente: NADA!


    Embora o Iluminismo seja estudado em história no 8.º ou 9.º ano, dependendo da grade curricular e do planejamento de cada professor, é bom, em tempos de fake news, deixar bem claro os conceitos, começaremos com o de Iluminismo:

    "Iluminismo – movimento que expressou, em última instância, a ascensão da burguesia e de sua ideologia; representou a culminância de um processo que iniciou no Renascimento (quando a razão foi usada para descobrir o mundo através do racionalismo) e que no século XVIII adquiriu um aspecto essencialmente crítico, quando os homens passaram a usar a razão para entenderem a si mesmos no contexto da sociedade. Foi nos clubes, nos cafés e, sobretudo, nos salões literários que esse espírito se generalizou. A filosofia iluminista voltou-se para o estudo da natureza e da sociedade. O uso da razão era considerado indispensável à compreensão dos fenômenos naturais e sociais. Segundo os iluministas, até a crença devia ser racionalizada. Por isso, eram deístas, i.e., acreditavam que Deus está presente na natureza e, como o homem faz parte da natureza. Ele também se encontra presente no coração do próprio homem que pode descobri-lo através da razão. A Igreja tornava-se, assim, uma instituição dispensável – para encontrar Deus, bastava levar uma vida piedosa e cheia de virtudes. A Igreja era criticada por sua intolerância, ambição política e pela inutilidade das ordens monásticas. Diziam os iluministas que assim como há leis que regulam os fenômenos da natureza, também as relações entre os homens são reguladas por leis naturais. Consideravam o homens todos bons e iguais perante a natureza e, que a desigualdade existente entre eles, era provocada pelos próprios homens, i.e., pela sociedade. Para corrigir essa desigualdade achavam que era preciso modificar a sociedade, dando a todos liberdade de expressão e de culto, e proteção contra a escravidão, a injustiça, a opressão e as guerras". (ARRUDA, 1990, pp. 117 – 116).

Século das Luzes
         "A filosofia do século XVII inaugurara as principais vertentes do pensamento moderno: de um lado, o racionalismo, que, partindo de Descarte (1596 – 1650), pretendia reduzir todo o conhecimento científico a ideias claras e distintas, sob a inspiração das matemáticas; de outro, o empirismo inglês, que desde Francis Bacon (1561 – 1626), mostrava que todas as ideias se originavam na experiência sensível, nada havendo no intelecto que antes não houvesse existido nos sentidos. Apesar de divergirem quanto à origem do conhecimento, essas duas correntes concordavam num ponto fundamental: a verdade é obra do homem. Consequentemente, o critério de legitimidade dos conhecimentos seria a evidência – inteligível ou sensível – e não a autoridade. O desvendamento dos segredos da realidade estaria ao alcance das condições humanas, naturais, de conhecimento: abolia-se o sentido de mistério que envolvera a visão de mundo medieval e em seu lugar colocava-se a noção de problema, como algo que poderia ser resolvido desde que para tanto se dispusesse do instrumento metodológico adequado."(MONTESQUIEU, 1985 - pp. VII e VIII)

Um presidente do tempo do onça!
    Infelizmente, para o Brasil e para os brasileiros, as eleições que levaram ao poder Jair Bolsonaro e sua panelinha de conservadores, reacionários e revisionistas, quando não simplesmente baba-ovos do poder, o nosso querido Brasil parece ter voltado para o período Ptolomaico, onde acreditava-se que a Terra era chata ou plana. Inclusive o ministro astronauta das ciências e tecnologia Marcos Pontes teve que afirmar aos bolsonaristas pelas redes sociais e jornais que a Terra era redonda ou Geoide (achatada nos polos).

    "SÃO PAULO - O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, compartilhou em uma rede social na noite desta terça-feira, 21/01/2020, uma foto para "provar" que a Terra não é plana e, sim, redonda.
    "Para quem ainda acha que a Terra é plana, veja segunda foto. kkk", publicou Pontes no Twitter ao compartilhar um post do Centro de Voos Espaciais George C. Marshall, da Agência Espacial Americana, a Nasa.



    Pontes ficou famoso em 2006, quando a bordo de um foguete russo se tornou o primeiro astronauta brasileiro - e até hoje o único - a ir ao espaço. Durante oito dias, ele ficou no laboratório espacial, onde realizou uma série de experimentos para a Agência Espacial Brasileira (AEB)."
    Os bolsonaristas devem estar se perguntando se o Ministro Pontes é um agente da NASA/CIA/TRUMP ou um infiltrado do Kremlin, pseudo-comunista ateu? Talvez um petista disfarçado, afinal ele foi o único astronauta brasileiro a ir ao espaço, logo durante o governo Lula?



Site: Terra 23/01/2020
    Porém entre várias barbaridades anticientíficas, como, por exemplo, escolher livros didáticos que afirmam categoricamente que os dinossauros foram extintos pelo dilúvio, tese que foi derrubada por geólogos e paleontólogos nos séculos XVIII e XIX, última bossalidade foi insurgir-se contra a ciência mundial, a OMS e seu próprio ministério da saúde, recomendando que as pessoas não tinham nada a temer com uma "gripezinha" e que pessoas que tinham sido atlético como ele, não tinham nada a temer. De forma constrangedora, porém diblando as recomendações das autoridades sanitárias teve que se retratar da sua "gripezinha", mas continuou tendo contato com seu fiel eleitorado em frente do Palácio da Alvorada, inclusive hostilizando a imprensa.



A GLOBO E O PRESIDENTE.

Globozoleza e seus asseclas

   Os seguidores do presidente Bolsonaro costumam endemoniar a Rede Globo de Televisão e o Grupo Globa da miliardária família Marinho. Mostrar-se crítico ao presidente não significa que a Globo, prefira um futuro candidato de esquerda (se é que dá para chamar assim), essa instituição de informação cresceu e apoiou a ditadura militar. Talvez ela preferisse um candidato mais moderado, como FHC ou Aécio Neves, ou mesmo seu astro Luciano Huck, ou o governador Dória, porém Bolsonaro não causa perigo às instituições liberais (ditas "democráticas) e menos ainda às conservadoras.
   Bolsonaro nunca estatizaria ou coletivizaria os meios de produção - das quais a Globo faz parte - disseminando ideologia das classes burguesas, por que não dizer em nível global, e incentivando o consumismo desenfreado e depois fazendo comerciais pedindo a defesa do meio-ambiente.
   Bolsonaro nunca cassaria a concessão da Globo, que é uma concessão do Estado Brasileiro que é, teoricamente, o "dono do ar e das ondas das tvs".
O corajoso presidente Bolsonaro pode até não gostar da Globo, mas ele sabe que ela joga de acordo com o vento, quando o vento é mais conservador, ela é mais conservadora, quando o vento é mais liberal, ela é mais liberal, quando o vento é mais popular, ela é mais popular e quando o vento vem da esquerda, ela é contra, claro! 

    Resumindo em Poucas palavras, a Globo não teme Bolsonaro, e Bolsonaro vive a bater boca com a Globo. Por que? É simples, dá audiência, sejam panelaços contra ou a favor.

    O medo real que causa pesadelos a ambos é a questão da má distribuição de riquezas, como diz os Paralamas, "num mundo tão desigual"!

Como dizia Nelson Rodrigues, era muito difícil enxergar o óbvio ululante, aquele que está pulando na sua frente e que muitos fingem não ver e chamarão essa simples análise de analise simplista.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARRUDA, José Jobson de A. História Moderna e Contemporânea. Editora                      Ática S.A., 23.ª edição, 1990, São Paulo – SP.

GONÇALVES, Nelson. O Óbvio Ululante. Companhia das Letras, 4.ª reimpressão,         São Paulo - SP, 1993

MONTESQUIEU, Charles-Louis de Secondat, Barão de. Do Espírito das Leis.                   Introdução e notas Gonzague Truc; Tradução Fernando Henrique Cardoso e               Leôncio Martins Rodrigues. Coleção Os Pensadores. Abril S/A Cultural, 3.ª               edição, 1.985, São Paulo – SP. 

Veja também:

ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: DOIS MUNDOS, UM MESMO FASCÍNIO PELO PASSADO

Quando falamos em escavar o solo em busca de vestígios do passado, muitas pessoas imediatamente pensam em fósseis de dinossauros e utensílio...

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