segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Reforma na Reforma - O Avivamento de Finney nos Estados Unidos

 



CHARLES GRANDISON FINNEY



            Nascido em Warren, Lichfield, Connecticut, Estados Unidos em 29 de agosto de 1792 e falecido em Oberlin, Ohio, Estados Unidos em 16 de agosto de 1875. Foi um pregador, professor, teólogo, abolicionista e avivalista estadunidense, um dos líderes do Segundo Grande Despertar[1] (Second Great Awakening).


            Finney era o mais jovem dos quinze filhos de um típico casal de fazendeiros. Frequentou a escola até os quinze ou dezesseis anos de idade, quando foi considerado capaz de lecionar na mesma instituição e nos mesmos moldes pelos quais fora formado. Sua grande estatura, olhar penetrante, pendor musical e espírito de liderança logo lhe granjearam o reconhecimento da comunidade.

            Mais tarde ingressou como aprendiz num escritório de advocacia, onde pretendia estudar para tornar-se um advogado, em Adams[2], tendo resignado à profissão após sua conversão e atendido ao chamado para tornar-se um pregador do Evangelho.


          Antes de sua conversão Finney era um ativo membro da maçonaria tornando-se depois um forte oponente da entidade, tendo escrito um extenso livro atacando-a, intitulado “The Character, Claims and Practical Workings of Free Masonry” (“O Caráter, Pretensões e Funcionamento Prático da Maçonaria”). Havia alcançado o terceiro grau como Mestre Maçom, em oito anos. Veio depois afirmar que parte de seu juramento como maçom era imoral e a maçonaria era perigosa ao governo civil, comprovando isto com o assassinato do antimaçom William Morgan[3].

           Assim, com a idade de vinte e nove anos, sob a orientação do pastor George Washington Gale[4], formou-se ministro da Igreja Presbiteriana, embora desde o começo já tivesse muitas divergências acerca de doutrinas fundamentais pregadas por aquela denominação.

           George Washington Gale foi o ministro mais influente na evolução cristã da teologia sistemática de Finney. Ao longo da história, a teologia cristã evoluiu reagindo contra algumas de suas características questionáveis existentes no pensamento evangélico. A teologia da salvação de Charles Finney foi uma reação contra as baixas expectativas da teologia da salvação do realismo e do senso comum escocês ensinada por George Washington Gale. A fim de compreender as ideias teológicas na época em que Finney estava aprendendo com George Washington Gale, é útil olhar para a evolução do “Calvinismo Nova Luz Americano[5]” que conduziu até aquela época.


            Convertido ao evangelismo introduziu inovações no ministério religioso, tais como a censura pública nominal de pessoas durante o sermão, a permissão da manifestação das mulheres em cultos para ambos os gêneros e outros. Era também famoso por realizar seus sermões de improviso.

            Finney acreditava que o Espírito Santo era uma influência imediata na regeneração (como fez Nettleton[6]), e recomendava aos fiéis “refazer-se com um novo coração” como Nettleton, porém não por causa de uma ótica que era causadora da fé, mas sim conseqüência da fé salvadora. Os estudantes do “Calvinismo da Nova Luz” deveriam ler “O Arrependimento Genuíno não Precede a Regeneração” de Nettleton, para aprender que o autor se opôs aos métodos de Finney, não à sua teologia. Este livro foi escrito em 1855, cinco anos antes da Guerra Civil Americana[7], que foi o ponto de mudança da “Sala de Inquérito Calvinista da Nova Luz”. Antes da Guerra Civil, o objetivo da “Sala de Inquérito” era diagnosticar e direcionar os que buscavam o processo de arrependimento. “Se eles não possuírem benevolência desinteressada, considerada o padrão ouro da evidência inicial da regeneração e da habitação do Espírito Santo”, o ministro tentaria ajudá-los a “se arrepender e se submeter a Deus”. Este sistema era chamado de “Melhor Sistema”, para “Teste de Evidência Bíblica de Salvação”. 



      Após a Guerra Civil, por várias razões, os “Calvinistas da Nova Luz” começaram a usar o “Bist, Sistema”, ou, “Teste de Crença nas Escrituras na Sala de Inquérito”. Quando “a fé é vista como uma força metafísica em vez de um relacionamento com a “Pessoa” de Deus, o caminho a heresia começa”. Este processo evolutivo terminaria na heresia da “Regeneração Decisória[8]” em 1914, quando Billy Sunday[9] eliminou a “Sala de Inquérito” e começou a chamar todos os que se apresentavam em uma chamada de altar de convertidos. Mas a estrada da heresia calvinista da Nova Luz começou logo após o “Primeiro Grande Despertar[10]”, quando os ministros tentaram se livrar das embaraçosas "afeições religiosas”.



           Em 1832 mudou-se para a cidade de Nova Iorque, onde pastoreou na Chatham Street Chapel, e mais tarde fundo e pastoreou no Broadway Tabernacle (atualmente chamada de Broadway United Church of Christ).

            Ao largo de sua atividade como evangelizador popular, Finney envolveu-se com o movimento abolicionista. Já em 1821 negara comunhão a traficantes de escravos em suas Igrejas.


          Em 1835 mudou-se para Ohio onde atuou como professor de teologia e depois presidente (reitor) do Oberlin College (no período de 1851 -1866).

            Faleceu em 16 de agosto de 1875. Encontra-se sepultado em Westwood Cemetery, Oberlin, Ohio nos Estados Unidos.

            Sua pregação converteu milhares de pessoas, embora creiam que poucas perseveraram na fé. Finney foi ordenado em uma Igreja Presbiteriana. Após discordar do calvinismo, Finney aceitou o arminianismo[11] (embora alguns o identifiquem como seguidor de Pelágio[12]), ganhando oposição dos calvinistas. Fundou o colégio Oberlin, Ohio, cidade onde morreu em 1875. Deixou dezenas de sermões e uma obra de teologia sistemática. Sua teologia influenciou o pentecostalismo, especialmente o Batismo no Espírito Santo após a conversão.

Site: O Evangélico Sacramento Graham. Disponível em:http://www.christianebooks.com/george_washington_gale_bio.html.Acesso em 12 de dez. 2021

Wikipédia. Acesso em 12 de 2021.


[1] Segundo Grande Despertar – ocorrido no período compreendido nas décadas de 1790 a 1840, foi a segunda onda de revivificação religiosa ocorrida nos Estados Unidos e consistia na salvação pessoal renovada, que se experimentava em reuniões de reavivamento da fé. Dentre os principais líderes, encontravam-se Charles Grandison Finney, Lyman Beecher, Barton Stone, Peter Cartwright, Asahel Nettleton, James Finley e William Miller. O movimento encorajava uma atitude evangélica ativa, que depois eclodiram na vida estadunidense através de pleitos como a reforma no sistema prisional, sufrágio feminino, movimento abolicionista e outros. Fonte: Wikipédia. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Segundo_Grande_Despertar. Acesso em 10 de dez. 2021.

 


[2]  Adams City – é uma comunidade do Condado de Adams, Colorado, Estados Unidos. Wikipédia. Acesso em 11 de dez. 2021.

 

[3]  William Morgan – nascido no estado da Vírgínia em 1774. Através de uma série de revezes da vida, acabou mudando-se em 1821, para Batávia, no Estado de Nova Iorque, a menos de 100 quilômetros de Palmyra, junto com sua esposa então de 18 anos, Lucinda Pendlenton Morgan. Por causa de conflitos pessoais mal documentados, Morgan anunciou no começo de 1826 que havia escrito, e estava prestes a publicar, um livro expositório sobre os rituais maçônicos iniciais, incluindo os sinais, as palavras-chaves, e os apertos de mão secretos da fraternidade (famosamente) secreta da maçonaria. No dia 11 de setembro de 1826, Morgan foi preso por dívidas em haver, embora discuta se a prisão tenha sido legal e/ou justificada. No dia seguinte, um amigo foi até onde estava preso em Canandaigua (a 20 quilômetros de Palmyra) pagar sua fiança, e tomando uma carruagem, viajaram até o Forte Niágara, a 100 quilômetros de Batávia, onde o rio Niágara desemboca no lago Ontário, chegando lá no próximo dia. Depois disso, não se tem nenhuma outra notícia confiável sobre o paradeiro de William Morgan. Rapidamente boatos espalharam-se por todo o estado, e depois para todo o país, que Morgan havia sido sequestrado e assassinado pelos maçons por causa de seu livro ainda não publicado. Alguns meses depois de seu desaparecimento David Miller publicou o livro de Morgan com o título “Ilustrações da Maçonaria por Membro da Fraternidade que Dedicou Trinta Anos ao Assunto”. A publicação do livro aliado aos rumores de que Morgan havia sido assassinado por maçons justamente para proteger os segredos maçônicos, rapidamente espalhou a notoriedade infâmia para a Fraternidade, tanto em Nova Iorque como por todos os Estados Unidos. Editoriais em jornais e livros denunciavam a Ordem, e leis e/ou projetos de lei antimaçônicas proliferaram. O livro em si tornou-se um best-seller. E, ainda, neste furor, criou-se um movimento formal antimaçônico, influenciando a política americana pelas próximas décadas, inclusive levando até a formação oficial de um partido político antimaçônico que conseguiu alguns sucessos nas eleições presidenciais de 1828 e 1832. Fonte: Site Vozes Mórmons. Disponível em: https://vozesmormons.org/2012/12/11/maconaria-e-mormons-lojas-e-templos-morgan-e-smith/. Acesso em 11 de dez. 2021.

 


[4] George Washington Gale -  1789 – 1861. George Washington Gale foi educado no Seminário Teológico de Princeton por Archibald Alexander. George Washington Gale ensinou teologia a Finney em Princeton por dois anos, antes de Finney ser licenciado para pregar. George Washington Gale foi o ministro mais influente na evolução teológica de Finney.  Porém, Finney rebelou-se contra a baixa expectativa de evidências de regeneração inerentes ao realismo do senso comum escocês, ensinada por George Washington Gale. A fim de compreender as ideias teológicas na época em que Finney estava aprendendo teologia com George Washington Gale, é útil observar a evolução do Calvinismo Nova Luz Americano que conduziu até aquela época.

 


[5] Calvinismo Nova Luz Americano – era um movimento no início da Nova Inglaterra (Colônias Inglesas na América) onde era praticado principalmente o Congregacionalismo, que por volta do século XVIII raramente se via como ponta de lança da Reforma na América. Porém uma onda de avivamento, conhecido como o Grande Despertar, varreu a Nova Inglaterra no início da década de 1720, dividindo os fiéis em Calvinistas Nova Luz (New Light – calvinistas evangélicos) e os denominados Velha Luz (Old Light – mais moderados) e uma crescente minoria chamando a si mesmos de Batistas. Quase todos os europeus nas 13 colônias eram protestantes, mas as denominações a serem escolhidas eram bastante diversificadas, presbiterianos, luteranos, batistas, anglicanos, reformados holandeses, menonitas e quakers. Enquanto a Igreja da Inglaterra (Anglicana) era a igreja oficial estabelecida e apoiada pelo governo, nas colônias e Chesapeake, alemães e escoceses não anglicanos migraram para o sul das 13 colônias, enquanto nas colônias entre o sul e o norte (médias) os batistas estavam fazendo suas primeiras conversões, inclusive no sul. Embora a maioria dos escravos eram afroamericanos nascidos no final do século XVIII, eles praticavam religiões africanas enquanto alguns tornaram-se cristãos nos avivamentos deste século. O Cisma Nova Luz era uma divisão nas denominações presbiterianas e congregacional em meados da década de 1750, principalmente sobrea assuntos práticos da experiência cristã. O cisma com os presbiterianos ocorreu em 1741, quando os Olds Lights, que tomavam predominantemente whisky – que era uma herança holandesa – foram expulsos na facção Nova Luz, assim com o seu fundo puritano inglês, nasceu o “Grande Despertar” e reviveu uma interpretação mais experimental da vida cristã. Organizaram os novos presbitérios para o lado de New Brunswick e Londonderry. Ambas as partes se professavam como calvinistas tradicionais e tinham como doutrina o puritanismo, mas diferiam substancialmente em suas implicações práticas. Ministros Olds Lights, interpretavam o calvinismo de forma racionalista, alegando que a realização de uma teologia mais ortodoxa era mais importante para a vida cristã. Para eles um decreto soberano de Deus determinou quem foram os eleitos, e não a crença teológica correta, o modo de vida seria a grande prática da salvação. A frouxidão moral era muitas vezes estava no resultado da ênfase de algumas experiências religiosas, levando vários pastores Old Night a julgamento por presbitérios que consideravam suas vidas imorais devido a persistente embriaguez.  E, contraste, os membros do Calvinismo de Novas Luzes como William e Gilbert Tennent salientaram a piedade puritana como indispensável para a teologia calvinista. Eles pregaram a erradicação do pecado, ensinando seus ouvintes que a verdadeira fé em Cristo exigia um experiência de conversão vital levando à obediência moral e à santidade pessoal. Gilbert Tennent, em “Perigo de um Ministério não Convertido”, sustentou que alguns clérigos Old Light não foram regenerados, e incentivou os crentes a buscar alimento espiritual em outro lugar. Membros Old Lights responderam que os New Lights eram culpados de “entusiasmo” e acusações difamatórias. Que a pregação itinerante e seu encorajamento de leigos para pressionar os membros da igreja nas experiência da New Light, violando, assim, o presbiterianismo. Durante o cisma os New Lights experimentaram um crescimento dramático e fundaram o College of New Jersey (Princeton) para educar os seus ministros. Enquanto isso, os Old Lights falharam em seus esforços educacionais, diminuindo em número. Em 1758 as inciativas dos Calvinistas Nova Luz produziram uma reunião em condições mais favoráveis a esse grupo. Os Congregacionalistas também experimentaram o cisma durante o Grande Despertar. Depois de George Whitefield e das excursões evangelísticas de Gilbert Tennent em 1740 – 1741 trouxeram um reavivamento geral para a Nova Inglaterra, onde a pregação incendiária de James Davenport e o incitamento de excessos emocionais trouxeram afiadas represálias aos membros do Old Ligth. Charles Chauncey argumentou que os avivamentos não eram obra de Deus, por causa das explosões emocionais, que não seriam produzidas pelo Espírito Santo. Avivamentos carregados de novo entusiasmo com o antinomianismo (termo criado por Martinho Lutero, é definido como uma declaração que, sob dispensação do Evangelho da Graça a lei moral é de nenhum uso ou obrigação, porque somente a fé é necessária para a salvação), ele alegou que a religião, ao invés de pertencer às emoções do homem, apela principalmente para a compreensão e o julgamento. Jonathan Edwards defendeu o reavivamento, admitindo que os casos de desordem doutrinária e eclesiástica existiram, mas argumentou que os crentes podiam distinguir entre os despertares genuínos e os falsificados, examinando se eles traziam o amor a Cristo, a Escritura, e da verdadeira oposição ao mal. Edwards definiu a essência da verdadeira religião como “afeições sagradas”. A experiência religiosa não se limita à mente. Quando regenerado pelo Espírito Santo, todo o ser – coração e mente, vontade e afeições – estarão comprometidos. Este cisma ajudou Edwards e seus seguidores a reviver um calvinismo equilibrado e vital. Chauncey e outros Old Lights, por outro lado, romperam com o calvinismo e começaram a defender o arminianismo e, por fim o Unitarismo (religião liberal). Fonte: Hoffecker,W.A. Elwell Evangelical Dictionary. Disponível em: https://mb-softy/believe/tcc/newlight.htm Acesso em 12 de dez. 2021.


 

[6] Asahel Nettleton – Jonathan Edwards foi um dos personagens mais conhecidos da história americana por ser um grande pregador da palavra de Deus durante um período do século XVIII conhecido mais tarde como “O Grande Despertar”. Muitas centenas, provavelmente milhares, de pessoas professaram a fé evangélica em toda a Nova Inglaterra e ao longo da costa leste em um suposto e extraordinário “derramamento do Espírito Santo”. No século seguinte, grandes despertares espirituais ocorreram novamente ao longo de um período de cerca de trinta anos ou mais, com concentrações de reavivamento no início de 1800 até a década de 1830 e além. Também existiram falsos “reavivamentos” e conversões foram “levantadas” junto às supostas operações do Espírito. No Segundo Grande Despertar, um dos homens que pregou um Evangelho puro, sem excessos emocionais ou inovações heréticas, era um pastor chamado Asahel Nettleton. Nascido numa família de fazendeiros de Connecticut no ano em que a Guerra pela Independência chegou ao fim, em 1783, Asahel viveu uma vida relativamente humilde e de princípios morais sólidos, estudando e memorizando o Catecismo de Westminster sendo considerado um cidadão honrado e honesto. Mais tarde, enfatizou que era um pobre pecador perdido o tempo todo, e lutou contra a partir do reconhecimento de sua perdição. Na idade de 18 anos, o robusto fazendeiro, após um intenso estudo das Escrituras, arrependeu-se de seus pecados e confiou somente em Cristo para a salvação. Sua conversão em 1801 foi atribuída à proclamação do Evangelho naquela parte do estado nos primeiros dias do Segundo Grande Despertar. Mal poderia Nettleton saber que estava começando uma obra espiritual que produziria uma pregação poderosa para as próximas gerações de crentes em Connecticut, Nova Iorque e na Inglaterra. Frequentou o Yale College, onde se destacou, e de onde entrou no ministério do Evangelho em seu estado natal. Seu ministério de púlpito resultou em tantas conversões que o jovem pregador foi convidado a falar especialmente em igrejas sem pastores. Ele viria para uma cidade e viveria lá por um tempo para sentir as necessidades espirituais das pessoas. Ele era conhecido por sua forte pregação doutrinária calvinista e penetrante aplicação pessoal e prática. Nunca pregou em qualquer lugar que não fosse primeiro convidado e evitou “entusiasmo e zelo equivocado”. Nettleton viajou por onze anos, pregando três vezes na maioria dos domingos e três vezes durante a semana, além de visitar as pessoas em suas casas. No dia 27 de fevereiro de 1820, mais de 1.400 pessoas se reuniram na minúscula Stillwater, Nova Iorque, para ouvir Nettleton pregar. Ele havia falado recentemente na pequena igreja presbiteriana na cidade vizinha de Malta, e muitas pessoas professaram sua fé na doutrina Cristã. Nettleton ficou na área e mais tarde relatou que “cento e três pessoas se apresentaram publicamente como sacrifício vivo ao senhor”, na reunião de Stillwater. Nos meses seguintes, ele contou que mais de oitocentas almas, num raio de vinte e quatro milhas “nasceram no reino de Cristo”. Um observador afirmou que o deserto espiritual anteriormente árido em torno de Stillwater “foi agora convertido em um campo frutífero”. Nettleton sempre associou a uma igreja próxima, então os convertidos tinham uma assembléia estabelecida com a qual se identificavam e se associavam como membros. Nos anos seguintes, observou-se com freqüência que o fruto do ministério de Nettleton manteve o curso e perseverou na fé, havendo novas e reais conversões. Ele contraiu cólera em 1822 e ficou doente demais para viajar por dois anos, durante os quais escreveu vários hinos, vários deles ainda hoje cantados nas igrejas reformadas. Nettleton foi informado de outros pregadores que estavam reivindicando milhares de conversões, mas usando “novas medidas” para obter “decisões por Cristo”. Ele foi incentivando outros pastores Congregacionalistas e Presbiterianos a assistir às reuniões lideradas pelo inovador Charles Grandinson Finney. Grande controvérsia dividiu as igrejas quando o “finneyismo” varreu “o distrito queimado” do oeste e centro de Nova Iorque e também Ohio. Nettleton observou que as inovações e novas medidas foram desvios radicais na teologia bíblica e na pregação do Evangelho, enfatizando a autonomia humana e o “livre-arbítrio”, que poderiam ser manipulados em decisões e confirmados pelo avanço de ações físicas. Nettleton se distanciou de Finney e dos outros pregadores que se tornaram seus coadjutores. Nettleton reafirmou que a salvação era resultado da operação do Espírito Santo no coração dos homens, capacitando-os a crer – o mesmo Evangelho dos Apóstolos, dos Reformadores Protestantes e dos Pregadores Puritanos do passado. Asahel Nettleton morreu em 1844 após uma longa temporada de dor e sofrimento, mas até o fim continuou a afirmar que “era doce confiar no Senhor” Fonte: Site Landmark Events: Disponível em: https://landmarkevents.org/asahel-nettleton-and-the-second-great-awakening-1820/. Acesso em 11 de dez. 2021.

 


[7] Guerra Civil Americana – Conflito ocorrido nos Estados Unidos de 1861 a 1865 e colocou em oposição os estados do sul (escravistas) contra os do norte (abolicionistas). No início da década de 1860 os Estados Unidos já eram uma nação de progresso notável, pronta para assumir um lugar de destaque no cenário econômico e político mundial. Só que questões internas emperravam o desenvolvimento do país para patamares mais altos. O sul do país possuía diferenças econômicas e sociais gritantes em relação ao norte. Tais diferenças se explicam em grande parte pela forma inicial de colonização das duas regiões, onde no norte houve a prática de uma ocupação de permanência, onde os colonos tinham o objetivo de fazer das terras que ocupavam sua morada definitiva (Colônias de Povoamento). Enquanto que no sul, o sistema de colonização foi similar ao daquele empregado em Cuba e no Brasil, com o predomínio das grandes propriedades dedicadas a monocultura (plantation), utilização de trabalho escravo (que já naquela época havia sido abolida no norte) e extrema dependência dos produtos industrializados importados (Colônias de Exploração). Com o avanço da segunda onda da Revolução Industrial as restrições em relação à escravidão ficavam cada vez mais fortes, mas os grandes fazendeiros produtores do sul se recusavam a abrir mão de sua fonte de trabalho barata. A divisão norte/sul e estados escravocratas / estados livres ficava cada vez mais polarizada em todos os pontos da sociedade, impactando o debate político: colocando a questão dos Estados Unidos seguir o caminho do sul escravocrata ou o caminho do norte cosmopolita e industrial. A questão foi resolvida pelas armas que ocasionou a chamada Guerra Civil Americana. O estopim definitivo do confronto armado foi a eleição de Abraham Lincoln, um republicano favorável à libertação dos escravos no sul. Com Lincoln eleito, a Carolina do Sul é o primeiro estado a se separar, em 24 de dezembro de 1860. No ano seguinte, os outros estados de economia e filosofia política similar iriam acompanhar a Carolina do Sul, formando os Estados Confederados da América. O norte, sob o governo de Lincoln, permanece inerte, assistindo aos movimentos dos Confederados, liderados por Jefferson Davis. Porém, em 1861, o conflito se inicia com o ataque do sul ao Forte Sumter, provocando a reação da União (os estados do norte). Logo as disparidades se fazem claras, e o resultado da industrialização do norte prova-se eficaz na vitória da guerra. Equipados com os mais modernos armamentos, inclusive canhões de longo alcance e até mesmo os primeiros submarinos, o norte vai desde o início minando as forças confederadas, que, baseadas na cavalaria, acabam contando mesmo apenas com a bravura de seus combatentes, entre eles o famoso general Robert E. Lee, que mesmo em várias ocasiões de desvantagem, conseguiu importantes vitórias para o sul. Em 1864, porém, já ficava evidente a vitória do norte, e o sul não conseguia vencer mais nenhuma batalha resistindo apenas mais um longo ano. Em 1865, Lincoln dá a tão sonhada liberdade aos escravos dos territórios liberados do sul, entrando para a história dos EUA como líder corajoso e determinado num dos momentos mais difíceis dos anais deste país. Ele, no entanto, não viveria para colher os frutos de seus esforços, sendo assassinado dentro de um teatro, por um ator simpatizante da causa sulista. Fonte: The Civil War. Disponível em: http//www.sonofthesouth.net/ Acesso em 19 set. 2011. Fonte: Site Infoescola. Disponível em: https://www.infoescola.com/historia/guerra-civil-americana/. Acesso em 11 de dez. de 2021.

 


[8] Regeneração Decisória – a aplicação dos conceitos de Finney a respeito de como se aplicar a expiação, a partir da rejeição do calvinismo ortodoxo dos antigos presbiterianos e congregacionalistas, onde ele argumentou tenazmente contra a crença de que o novo nascimento é um dom de Deus, insistindo que “a regeneração consiste na atitude do próprio pecador mudar sua decisão, sua intenção, sua preferência e sua escolha definitiva; ou mudar do egoísmo para o amor e a benevolência”, impulsionado pela influência moral do comovente exemplo de Cristo. “A pecaminosidade original, a regeneração física e todos os dogmas resultantes e similares a estes se opõem ao Evangelho e são repulsivos à inteligência humana”. Não levando em conta o pecado original, a expiação vicária (o sangue de Jesus derramado pelos pecados dos seres humanos, - no lugar deles) e o caráter sobrenatural do novo nascimento, Finney prosseguiu adiante e atacou “o artigo pelo qual a igreja mantém-se de pé ou cai” – a justificação gratuita exclusivamente pela fé. Os reformadores protestantes insistiam, com base em textos bíblicos, que a justificação (do grego “declarar justo”) era um veredicto forense (isto é, “judicial’). Em outras palavras, enquanto o catolicismo romano sustentava que a justificação era um processo para tornar melhor uma pessoa má, os reformadores argumentavam que a justificação era um pronunciamento ou uma declaração de que alguém  possuía a retidão de outra pessoa (ou seja, Cristo). Portanto, a justificação era um veredicto perfeito, outorgado de uma vez por todas, declarando que alguém permanecia íntegro desde o início da vida cristã, e não em qualquer outra etapa desta. As palavras-chaves da doutrina evangélica eram “forense” (significando “judicial”) e “imputação” (lançar na conta de alguém) opondo-se à idéia de “infusão” de “justiça na alma da pessoa”. Finney declara: “É impossível e absurdo que os pecadores sejam declarados legalmente justos... Conforme veremos, há várias condições, mas apenas um fundamento, para a justificação dos pecadores. Já dissemos que não existe uma justificação no sentido forense ou judicial, e sim uma justificação fundamentada na ininterrupta, perfeita e universal obediência à lei. Isto, sem dúvida, é negado por aqueles que asseveram que a justificação evangélica, ou a justificação de pecadores arrependidos, possui o caráter de uma justificação forense ou judicial. Eles apegam à máxima judicial de que aquilo que um homem faz através de outro é considerado como sendo feito por ele mesmo; portanto, a lei considera a obediência de Cristo como nossa, com base no fato de que Ele a obedeceu por nós”. A isto o próprio Finney respondeu: “ A doutrina de uma justiça imputada, ou seja, que a obediência de Cristo à lei foi reputada como nossa, fundamenta-se em uma suposição  falsa e sem lógica” Afinal de contas, a justiça de Cristo “poderia justificar somente a Ele mesmo. Jamais poderia ser imputada a nós... Era naturalmente impossível para Ele obedecer à lei em nosso favor”. Esta “interpretação da expiação como base na justificação dos pecadores tem sido uma ocasião de tropeços para muitos”. O conceito de que a fé é a única condição de justificação expressa “um ponto de vista antinomiano” disse Finney. “Veremos que a perseverança na obediência até ao fim é também uma condição para a justificação”. Além disso, a “santificação presente, no sentido de plena consagração a Deus, é outra condição... da justificação. Alguns teólogos transformaram a justificação em uma condição para a santificação, ao invés de fazerem da santificação uma condição para a justificação. Porém, conforme observaremos, este é um conceito errado sobre justificação”. Cada ato de pecado exige “uma nova justificação”. Referindo-se “aos elaboradores da Confissão de Fé de Westminster” e ao ponto de vista de uma justiça imputada, Finney admirou-se, afirmando: “Se isto não é antinomianismo, não sei o que é”. Essa imputação legal era irracional para ele, por isso concluiu: “Considero estes dogmas como fantasiosos, descrevendo mais um romance do que um sistema teológico”. Na seção em que falou contra a Assembléia de Westminster, ele finalizou dizendo: “As relações entre o antigo ponto de vista da justificação e ponto de vista da depravação é óbvio. Os membros da Assembleia sustentam, conforme já vimos que a constituição do homem, em todas as suas partes e faculdades, é pecaminosa. Naturalmente, um retorno à santidade pessoal, no presente, no sentido de uma completa conformidade com a lei de Deus, na opinião deles, não pode ser uma condição para justificação. Eles precisam ter uma justificação enquanto ainda permanecem em certo grau de pecado. Portanto, um método foi inventado para que os olhos da lei e de seu doador sejam retirados do pecador e focalizados em seu Substituto, que obedeceu perfeitamente a lei”. Finney chamou essa doutrina de “outro evangelho”. Insistindo que a descrição realística de Paulo em Romanos 7 refere-se à vida do apóstolo antes que ele houvesse atingido a “perfeita santificação”, Finney ultrapassou Wesley ao argumentar em favor da possibilidade da santificação completa nesta vida. John Wesley dizia que é possível para o crente atingir plena santificação, mas, quando reconheceu que o melhor dos crentes peca, ele acomodou-se à realidade dos fatos afirmando que a experiência da “perfeição cristã” era uma questão de coração e não de ações. Em outras palavras, um crente pode ser aperfeiçoado em amor, de modo que este amor se torne a única motivação para as suas atitudes, enquanto ocasionalmente comete erros. Finney rejeitou esta opinião e insistiu que a justificação está condicionada a perfeição completa e total, ou seja, a “inteira conformidade à lei de Deus”, e o crente pode fazer isso; mas, quando ele transgride em algum ponto, uma nova justificação é exigida. Conforme ressaltou eloquentemente B.B. Warfield, o teólogo de Princeton, há duas religiões na história da raça humana: o paganismo – do qual o pelagismo é uma expressão – e a redenção sobrenatural. Juntamente com Warfield e outros que com seriedade advertiram seus irmãos sobre os erros de Finney e seus sucessores, também temos de avaliar as idéias amplamente heterodoxas dos protestantes americanos. Com raízes no avivalismo de Finney, talvez o protestantismo liberal e o protestantismo evangélico, afinal de contas, não estejam tão afastados um do outro! As “Novas Medidas” de Finney, semelhantes às do moderno Movimento de Crescimento da Igreja, tornaram a escolha do homem e as emoções o centro do ministério da igreja, ridicularizam a teologia e substituíram a pregação de Cristo por uma pregação voltada a conversões. Com base no moralismo natural advogado por Finney, as campanhas políticas e sociais dos cristãos alicerçam sua fé na humanidade e em seus próprios recursos para a salvação de si mesma. Ecoando um pouco de deísmo, Finney declarou: “Na vida espiritual nada existe além das capacidades naturais; ela consiste totalmente no correto exercício dessas capacidades. É apenas isto e nada mais. Quando a humanidade se torna verdadeiramente religiosa, as pessoas são capacitadas a demonstrar esforços que eram incapazes de manifestar antes. Exercem apenas capacidades que tinham antes, e utilizavam de maneira errônea, e agora as empregam para a glória de Deus”. Deste modo, visto que o novo nascimento é um fenômeno natural, o mesmo ocorre ao avivamento: “Um avivamento não é um milagre, tampouco depende deste, em qualquer sentido; é simplesmente um resultado do filosófico, da correta utilização dos meios estabelecidos, assim como qualquer outro resultado produzido pelo emprego destes meios”. A crença de que o novo nascimento e um avivamento dependem necessariamente da atividade divina era perniciosa para Finney. Ele disse: “Nenhuma doutrina é mais perigosa do que esta para o progresso da igreja, e nada pode ser mais absurdo”. Quando os líderes do Movimento de Crescimento de Igreja reivindicam que a teologia impede o crescimento da igreja e insistem que, não importando o que determinada igreja acredita em particular, o crescimento é uma questão de seguir princípios adequados, estes líderes estão demonstrando seu débito a Finney.  Quando os líderes do movimento Vineyard exaltam a iniciativa subcristã de Finney, bem como o gritar, a desordem, o falar alto, o rir e outros fenômenos estranhos, com base na idéia de que “isto funciona” e que devemos julgar a verdade destas coisas pelos frutos produzidos, esses líderes estão seguindo idéias de Finney e de Wiliam James, o pai do pragmatismo americano. Este último declarou que uma verdade precisa ser julgada de acordo com “seu valor na prática”. Deste modo, na teologia de Finney, Deus não é soberano, o homem não é pecador por natureza, a expiação realmente não é um pagamento pelo pecado, a justificação por meio da imputação é um insulto à razão e à moralidade, o novo nascimento é apenas o resultado da utilização de técnicas  bem-sucedidas, e o avivamento é o resultado natural de campanhas inteligentes. Em sua recente introdução à edição do bicentenário da “Teologia Sistemática” de Finney, Harry Conn recomenda o pragmatismo de Finney: “Muitos servos de Deus procuram o evangelho que ‘funciona’; sinto-me feliz em declarar que o acharão nesta obras”, Conforme Whitney R. Cross cuidadosamente documentou em seu livro, “The Burned – Over District; The Social and Intellectual History of Enthusiastic Religion in Western New York, 1800 – 1850”, todo o território em que com mais freqüência se realizam os avivamentos de Finney era também o berço dos cultos perfeccionistas que infestaram aquele século. Um evangelho que “funciona” hoje, para os zelosos perfeccionistas, apenas cria os supercrentes iludidos e esgotados de amanhã. É desnecessário dizer que a mensagem de Finney é radicalmente contrária a fé evangélica, assim como as diretrizes fundamentais de movimentos vistos ao nosso redor, que demonstram as marcas de Finney: o avivalismo, o perfeccionismo e o emocionalismo pentecostal, e as tendências anti-intelectuais e antidoutrinárias do fundamentalismo e evangelismo moderno. Foi por intermédio do “Movimento da Vida Superior” (“Higher Life Moviment”), do final do século XIX e início do século XX, que o perfeccionismo de Finney chegou a dominar o recém-nascido movimento dispensionalista através de Lewis Sperry Chafer, fundador do Seminário de Dallas e autor de “He That Is Spiritual” (“Aquele que é Espiritual”). Finney, entretanto, não é o único responsável; ele é mais um produto do que um produtor. Apesar disso, a influência que ele exerceu e continua exercendo é abrangente. O Avivalista não apenas abandonou o princípio fundamental da Reforma (a justificação), tornando-se um rebelde contra o cristianismo evangélico, como também rejeitou as doutrinas que têm sido acreditadas por católicos e protestantes (tais como o pecado original e a expiação vicária). Por isso, Finney na é simplesmente um arminiano, mas um pelagiano. Ele não é apenas um inimigo do protestantismo evangélico, mas também do cristianismo histórico, no mais abrangente sentido da palavra. Com Finney ocorreu um grave afastamento do cristianismo bíblico que foi promovido através do avivalismo americano. Este afastamento levou os crentes por caminhos perigosos e distorcidos, porém, numa de suas afirmativas, Finney estava absolutamente correto: o evangelho afirmado e defendido pelos teólogos de Westminster (os quais ele atacou diretamente) e por todos os evangélicos é “outro evangelho” no sentido de ser distinto daquele que Finney proclamava. Site Ministério Fiel: Disponível em: https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-legado-de-charles-finney/. Acesso em 12 de dez. 2021. 



[9] Billy Sunday – William Ashley Sunday – Nascido em 19 de novembro de 1862 em Story County, Iowa, EUA e falecido em 6 de novembro de 1935 em Chicago, Illinois, EUA enterrado no Cemitério Forest Home, Forest Park em Illinois. Nasceu numa família pobre de Iowa e passou alguns anos na Casa de Órfãos dos Soldados de Iowa, antes de trabalhar em biscates e jogar em times locais de corrida e beisebol. Sua velocidade e agilidade proporcionaram-lhe a oportunidade de jogar beisebol nas ligas principais por oito anos, onde era um rebatedor mediano e um bom defensor conhecido por sua corrida de base. Convertendo-se ao cristianismo evangélico na década de 1880, Sunday trocou o beisebol pelo ministério cristão. Ele gradualmente desenvolveu suas habilidades como evangelista de púlpito no meio oeste e então, durante o início do século 20, ele se tornou o evangelista mais famoso da nação com seus sermões coloquiais e entrega frenética. Realizou campanhas amplamente divulgadas nas maiores cidades dos Estados Unidos, e atraiu as maiores multidões de qualquer evangelista antes do advento dos sistemas de som eletrônicos. Ele também ganhou muito dinheiro e foi bem-vindo nas casas dos ricos e influentes. Sunday foi um forte defensor da Lei Seca, e sua pregação provavelmente desempenhou um papel significativo na adoção da Décima Oitava Emenda em 1919. Apesar das dúvidas sobre sua renda, nenhum escândalo jamais tocou no Sunday. Ele era sinceramente dedicado à esposa, que também administrava suas campanhas, mas seus três filhos o decepcionaram. Seu público diminuiu durante a década de 1920, à medida que Sunday envelhecia, os avivamentos religiosos se tornaram menos populares e fontes alternativas de entretenimento surgiram. No entanto, Sunday continuou a pregar e continuou a ser um defensor ferrenho do cristianismo conservador até sua morte. Em uma tarde de domingo em Chicago, durante a temporada de beisebol de 1886 ou 1887, o Billly Sunday e vários de seus companheiros estavam na cidade em seu dia de folga. Em uma esquina, eles pararam para ouvir uma equipe de pregação do evangelho da Missão Jardim do Pacífico. Atraído pelos hinos que ouvira sua mãe cantar, Sunday começou a assistir aos cultos na missão. Depois de conversar com uma dama da sociedade que trabalhava lá, no Sunday - depois de alguma luta de sua parte - decidiu se tornar cristão. Começou a frequentar a famosa Igreja Presbiteriana de Jefferson Park, uma congregação acessível tanto para o Ball Park quanto para seu quarto alugado. Embora se socializasse com seus companheiros de equipe e às vezes bebesse, Sunday nunca bebia muito. Em sua autobiografia, ele disse: "Nunca bebi muito. Nunca fiquei bêbado, exceto quatro vezes na minha vida ... Eu costumava ir aos salões com os jogadores de beisebol, enquanto eles bebiam highballs (whisky Bourbon, soda, gelo e limão), gins e cerveja, eu tomaria limonada.” Após sua conversão, Sunday denunciou a bebida, os xingamentos e os jogos, e ele mudou seu comportamento, o que foi reconhecido tanto por companheiros de equipe quanto por fãs. Pouco tempo depois, Sunday começou a falar nas igrejas e nos Associações Cristãs de Moços (YMCA). Na primavera de 1891, Sunday recusou um contrato de beisebol de 3.500 dólares por ano para aceitar uma posição no Chicago YMCA por 83 dólares por mês. O cargo de Sunday no YMCA era Secretário Adjunto, mas a posição envolvia uma grande quantidade de trabalho ministerial. Provou ser uma boa preparação para sua carreira evangelística posterior. Por três anos, Sunday visitou os enfermos, orou com os perturbados, aconselhou os suicidas e visitou os salões para convidar os participes para as reuniões evangelísticas. Em 1893, Sunday se tornou o assistente de tempo integral de J. Wilbur Chapman, um dos evangelistas mais conhecidos nos Estados Unidos na época. Chapman era bem educado e se vestia meticulosamente, "suave e urbano". Pessoalmente tímido, como Sunday, Chapman impunha respeito no púlpito tanto por causa de sua voz forte quanto por seu comportamento sofisticado. O trabalho de Sunday como assessor de Chapman era preceder o evangelista às cidades nas quais ele deveria pregar, organizar reuniões de oração e coros e, em geral, cuidar dos detalhes necessários. Quando as tendas eram usadas, Billy Sunday costumava ajudar a erguê-las. Ao ouvir Chapman pregar noite após noite, recebeu um valioso curso de homilética (arte de pregar, ou seja, utilizar os princípios da retórica com a finalidade específica de falar sobre o conteúdo da Bíblia). Chapman também avaliou as próprias tentativas de Sunday de pregação evangelística e mostrou a ele como fazer um bom sermão. Além disso, Chapman encorajou o desenvolvimento teológico de Sunday, especialmente enfatizando a importância da oração e ajudando a "reforçar o compromisso de Billy com o cristianismo bíblico conservador". Quando Chapman inesperadamente voltou ao pastorado em 1896, Sunday começou por conta própria a pregar, começando com reuniões na pequena Garner, Iowa. Nos doze anos seguintes, Billy Sunday pregou em aproximadamente setenta comunidades, a maioria delas em Iowa e Illinois. Sunday se referiu a essas cidades como o "circuito do querosene" porque, ao contrário de Chicago, a maioria ainda não estava eletrificada. As cidades muitas vezes reservavam reuniões dominicais informalmente, às vezes enviando uma delegação para ouvi-lo pregar e, em seguida, telegrafando-o enquanto ele realizava cultos em outro lugar. Sunday também aproveitou sua reputação como jogador de beisebol para gerar publicidade para suas reuniões. Em 1907, em Fairfield, Iowa, Billy Sunday organizou os pregações locais em dois times de beisebol e agendou um jogo entre eles. O domingo chegou vestido com seu uniforme profissional e jogou dos dois lados. Embora o beisebol fosse seu principal meio de publicidade, Sunday também contratou um gigante de circo para servir como arrumador. Quando ele começou a atrair multidões maiores do que as que podiam ser acomodadas em igrejas rurais ou prefeituras, armou tendas de lona alugadas. Novamente, Sunday fez grande parte do trabalho físico de colocá-los, manipular as cordas durante as tempestades e cuidar de sua segurança dormindo com eles à noite. Só em 1905 ele estava bem de vida o suficiente para contratar seu próprio vanguardista. Em 1906, uma tempestade de neve em outubro em Salida, Colorado, destruiu a tenda de Sunday - um desastre especial porque os avivalistas eram normalmente pagos com uma oferta voluntária no final de suas reuniões. Depois disso, ele insistiu que as cidades construíssem para ele tabernáculos temporários de madeira às suas custas. A construção dos tabernáculos era comparativamente cara (embora a maior parte da madeira pudesse ser recuperada e revendida no final das reuniões), e os habitantes locais tinham que providenciar o dinheiro com antecedência. Essa mudança na operação de Sunday começou a empurrar as finanças da campanha para o primeiro plano. Pelo menos no início, levantar tabernáculos proporcionou boas relações públicas para as próximas reuniões, à medida que os habitantes da cidade se reuniam no que era efetivamente um gigantesco barracão. Billy Sunday construiu um bom relacionamento ao participar do processo, e os tabernáculos também eram um símbolo de status, porque anteriormente haviam sido construídos apenas para grandes evangelistas como Chapman. Onze anos na carreira evangelística Sunday e sua esposa foram levados ao limite emocional. Longas separações exacerbaram seus sentimentos naturais de inadequação e insegurança. Como produto de uma infância que poderia muito bem ser descrita como uma série de perdas, ele era extremamente dependente do amor e do incentivo de sua esposa. Por sua vez, Nell achava cada vez mais difícil lidar com as responsabilidades domésticas, as necessidades de quatro filhos (incluindo um recém-nascido) e o bem-estar emocional à distância de seu marido. Seu ministério também estava se expandindo e ele precisava de um administrador, um trabalho para o qual sua esposa se adequava perfeitamente. Em 1908, os Sundays decidiram confiar seus filhos a uma babá para que Nell pudesse gerenciar as campanhas de avivamento. Nell Sunday transformou a organização out-of-the-back-pocket(fora do bolso traseiro) de seu marido em um "fenômeno de renome nacional". Novos funcionários foram contratados, e na campanha de Nova York de 1917, os Sundays tinham uma equipe paga de vinte e seis pessoas. Havia músicos, zeladores e homens de vanguarda; mas os Sundays também contratavam professores da Bíblia de ambos os sexos, que, entre outras responsabilidades, realizavam reuniões diurnas em escolas e lojas e incentivavam seu público a comparecer aos principais serviços do tabernáculo à noite. Os mais importantes desses novos membros da equipe foram Homer Rodeheaver, um excepcional líder musical e diretor musical que trabalhou com os Sundays por quase vinte anos, e Virginia Healey Asher, que (além de cantar regularmente duetos com Rodeheaver) dirigiu os ministérios femininos, especialmente o evangelização das jovens trabalhadoras. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Billy_Sunday. Acesso em: 12 de dez. 2021.



[10] Primeiro Grande Despertar – Iniciado na década de 1730 e durando até cerca de 1740, embora bolsões de reavivamento tenham ocorrido em anos anteriores, especialmente entre o ministério de Solomon Stoddard, avô de Jonathan Edwards. A congregação de Edwards estava envolvida em um avivamento mais tarde chamado de “Reavivamentos de Fronteira” em meados da década de 1730, embora isso estivesse diminuindo em 1737. Mas, como observou o historiador religioso americano Sydney E. Ahlstrom, o Grande Despertar “ainda estava por vir, inaugurado pelo Grande Itinerante, o evangelista britânico George Whitefield. Whitefield chegou à Geórgia em 1738 e voltou em 1739 para uma segunda visita às colônias, fazendo uma “campanha triunfante do norte da Filadélfia a Nova Iorque e de volta ao sul. Em 1740, ele visitou a Nova Inglaterra, e “em todos os lugares que visitou, as consequências foram grandes e tumultuadas”. Ministros de várias denominações evangélicas protestantes apoiaram o Grande Despertar. Nas colônias intermediárias, ele influenciou não apenas as igrejas britânicas, mas também as holandesas e alemãs. Além disso, os estilos pastorais começaram a mudar. No final do período colonial, a maioria dos pastores lia seus sermões, que eram teologicamente densos e apresentavam um argumento ou interpretação teológica particular. Nathan O. Hatch argumenta que o movimento evangélico da década de 1740 desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do pensamento democrático, bem como na crença da imprensa livre e na defesa que a informação deve ser compartilhada completamente de forma imparcial e sem controles. Michal Choinski argumenta que o Primeiro Despertar marca o nascimento da “retórica do avivamento” americana entendida como “um modo particular de pregação em que o orador emprega e tem uma gama realmente ampla de padrões e estratégias comunicativas para iniciar conversões religiosas e regeneração espiritual entre os ouvintes”. Todas essas noções teológicas, sociais e retóricas deram início ao período da Revolução Americana. Isso contribuiu para criar uma demanda por liberdade religiosa. O Grande Despertar representou a primeira vez que afroamericanos abraçaram o Cristianismo em grande número. No final do século XVIII, o avivamento chegou às colônias inglesas da Nova Escócia, New Brunswick e Prince Edward Island, principalmente por meio dos esforços de Henry Alline e seu movimento “New Light”. Fonte: Site StringFixer. Disponível em: https://stringfixer.com/pt/Great_Awakening. Acessado em 11 de dez.2021.


[11] Arminianismo – era uma escola de pensamento soteriológica (doutrina da salvação), baseada sobre as ideias do holandês Jacobus Arminius (1560 – 1609) e seus seguidores históricos – os remonstrantes. A aceitação doutrinária se estende por boa parte do cristianismo desde os primeiros argumentos entre Atanásio e Orígenes, até a defesa de Santo Agostinho de Hipona do “Pecado Original”. O arminianismo holandês foi originalmente articulado na Remonstrância (1610) uma declaração teológica assinada por 45 ministros e apresentado ao Estado holandês. O Sínodo de Dort (1818 – 1819) foi chamado pelos estados gerais para mudar a Remonstrância. Os cinco pontos da Remonstrância afirma que: 1) A Eleição (e condenação no dia do julgamento) foi condicionada pela fé racional ou a não fé do homem. 2) A Expiação, embora qualitativamente suficiente a todos os homens, só é eficaz ao homem de fé; 3) Sem o auxílio do Espírito Santo, nenhuma pessoa é capaz de responder à vontade de Deus; 4) A Graça é resistível e; 5) Os crentes são capazes de resistir ao pecado, mas não estão fora da possibilidade de cair da graça. O ponto crucial do arminianismo remonstrante reside na afirmação de que a dignidade humana requer liberdade perfeita do arbítrio. Desde o século XVI, muitos cristãos incluindo os batistas (“History of the Baptists – terceira edição por Robert G. Torbert) tem sido influenciados pela visão arminiana. Também os metodistas, os Congregacionalistas das primeiras colônias da Nova Inglaterra nos séculos XVII e XVIII, e os universalistas e unitários nos séculos XVIII e XIX. O termo arminianismo é usado para definir aqueles que afirmam as crenças originadas por Jacobus Arminius, porém o termo também pode ser entendido de forma mais ampla para um agrupamento maior de ideias, incluindo as de Hugo Grotius, John Wesley e outros. Há duas perspectivas principais sobre como o sistema pode ser aplicado corretamente: arminianismo clássico, que vê em Arminius o seu representante; e o arminianismo wesleyano, que vê em John Wesley o seu representante. O arminianismo wesleyano é por vezes sinônimo de metodismo. Além disso, o arminianismo é muitas vezes mal interpretado por alguns dos seus críticos que o incluem no semipelagianismo ou no Pelagianismo, ainda que os defensores de ambas as perspectivas principais neguem veementemente essas alegações. Dentro do vasto campo da história da teologia cristã, o arminianismo está intimamente relacionado com o calvinismo (ou teologia reformada), sendo que os dois sistemas compartilham a mesma história e muitas doutrinas. No entanto, eles são frequentemente vistos como rivais dentro do Evangelicalismo por causa de suas divergências sobre os detalhes das doutrinas da predestinação e da salvação. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Arminianismo. Acessado em: 12 de dez. 2021.

 


[12] Pelagianismo – foi um conceito teológico que negava o pecado original, a corrupção da natureza humana, o servo arbítrio (arbítrio escravizado, cativo) e a necessidade da graça divina para a salvação. O termo é derivado de Pelágio da Bretanha. Todo homem é totalmente responsável pela sua própria salvação e, portanto, não necessita da graça divina. Segundo os pelagianos, todo homem nasce “moralmente neutro”, sendo capaz, por si mesmo, sem qualquer influência divina, de salvar-se quando assim o desejar. Uma das grandes disputas durante a Reforma Protestante versou sobre a natureza e a extensão do pecado original. No século V, Pelágio havia debatido ferozmente com Santo Agostinho de Hipona sobre esse assunto. Agostinho mantinha que o pecado original de Adão foi herdado por toda a humanidade e que, mesmo que o homem caído retenha a habilidade para escolher, ele está escravizado ao pecado e não pode não pecar. Por outro lado, Pelágio insistia que a queda de Adão afetara apenas Adão, e que se Deus exige das pessoas que vivam vidas perfeitas, ele também dá a habilidade moral para que elas possam fazê-lo e embora considerasse Adão como “um mau exemplo” para a sua descendência, suas ações não teriam consequências para a mesma, sendo o papel de Jesus definido pelos pelagianos como “um bom exemplo fixo” para o resto da humanidade (contrariando, assim, o mau exemplo de Adão), bem como proporciona uma expiação pelos seus pecados, tendo a humanidade em suma, total controle pelas suas ações, posteriormente Pelágio reivindicou que a graça divina era desnecessária para a salvação, embora facilitasse a obediência. As sentenças pronunciadas pelo papa Inocêncio I contra tal tese acabaram por classifica-la como heresia. Fonte: Wikipédia. Acesso em 6 de dez. de 2021.

 



sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

CROMWELL e a História de uma Cabeça Decepada

 


A Cabeça Decepada de CROMWELL

 

            Sem dúvida entre as mais controversas figuras da história britânica existe um lugar de destaque reservado ao General e Chefe de Estado, Oliver Cromwell[1]. Ele ficou conhecido por liderar o Exército do Parlamento na Guerra Civil Inglesa[2], alimentada pelos seus desentendimentos com o Rei Carlos I[3] a respeito de reformas que visavam diminuir o poder real. Cromwell era um ferrenho anti monarquista, desejava manter os poderes reais em xeque e em mais de um momento tentou abolir a realeza de uma vez por todas. Ele coordenou os esforços da Revolução, foi um comandante obstinado e chegou a liderar as tropas pessoalmente em sangrentas batalhas contra as forças legalistas.


Oliver Cromwell visita o corpo de Carlos I
           Quando seu lado emergiu vitorioso da Revolução, seu papel foi fundamental no julgamento real. Em 1649, ele conseguiu algo até então jamais ocorrido na Europa, executar um rei. Em 1653 Cromwell se sagrou Lorde Protetor da Inglaterra, Irlanda e Escócia, negando se tornar, ele próprio, aquilo que tanto detestava: um Monarca. Por pouco a coroa não foi parar em sua cabeça, mas ele se manteve fiel aos seus princípios. Sua morte e a jornada posterior de seus restos mortais (principalmente sua cabeça) se mostrariam um acontecimento tão estranho e cheio de reviravoltas quanto foi sua turbulenta vida.


            O triunfo de Oliver Cromwell se encerraria com sua morte no ano de 1658. Ele recebeu um luxuoso funeral, seu corpo foi cuidadosamente embalsamado e então colocado numa câmara de honra na Abadia de Westminster[4] onde ironicamente muitos reis e rainhas foram sepultados ao longo dos séculos. Para os aliados do Lorde Protetor, seu corpo seria pranteado pelos seus seguidores, admirado pelos seus feitos e enaltecido pelas vitórias. Mas não foi o que aconteceu.


Carlos II
            Em 1660, os Legalistas que haviam se exilado no exterior retornaram para a Inglaterra e reconquistaram o poder. Carlos II[5] se tornou o novo Rei e não esqueceu a ousadia dos revolucionários; ele desejava vingança a qualquer custo. Aqueles que participaram do julgamento e da execução real foram caçados sem piedade. Os capturados foram arrastados para masmorras e torturados com requintes de crueldade para entregar outros. O rancor do sucessor era tamanho que em alguns casos, parentes, amigos e até empregados dos conspiradores também acabaram presos e executados. A sede de sangue era tanta que mesmo crianças sofreram perseguições, sendo mandadas para o exílio ou em alguns casos jogadas de embarcações para morrerem afogadas. Seu único crime era descender de algum conspirador. Carlos II, no entanto não se conformava em não poder se vingar do causador de tudo aquilo. Cromwell estava morto e não havia nada que ele pudesse fazer para extrair dele sua vingança. Ou será que havia?




            O Rei ordenou que o cadáver de seu desafeto fosse removido de onde havia sido depositado com todas honras. A ordem era remover o corpo e dar a ele o tratamento que um condenado teria. Primeiro o cadáver foi retirado do caixão e atirado no chão. Ele foi amarrado em uma corda e arrastado sendo ofendido, cuspido e vilipendiado pelos cidadãos compelidos a agir dessa maneira por um decreto real. Aquele que se negasse a participar dessa humilhação poderia ser considerado um traidor. Ao chegar a uma praça onde execuções ocorriam, o corpo foi surrado e então enforcado. Ele permaneceu pendurado da manhã até a madrugada, quando foi descido, colocado num patíbulo e decapitado. Mas nem isso foi o bastante!



     Enquanto o corpo era desmembrado e preparado para ser mandado para várias cidades inglesas, a cabeça de Cromwell foi estacada em um poste de carvalho com 12 metros de altura erigido diante de Westminster Hall[6]. Lá serviria como uma macabra lembrança para todos que desafiassem a Monarquia.



           A cabeça permaneceu no mesmo lugar por incríveis 20 anos, uma lembrança mórbida a que muitos reputavam histórias assombrosas. O fantasma decapitado de Cromwell era visto frequentemente, vagando pelos arredores, seus passos ecoando pelos corredores desertos e pelas ruelas adjacentes. Uma lenda muito difundida afirmava que o grande poste atraía raios e que em pelo menos uma ocasião Westminster Hall se incendiou na véspera do aniversário da morte de Cromwell. Havia o perturbador rumor de que se uma pessoa encarasse o crânio em uma noite de lua cheia, estaria fadado a ter uma morte medonha em menos de um mês. Boatos sobre pessoas que haviam sido vítimas dessa maldição se multiplicavam e muitos estavam dispostos a evitar as órbitas vazias da caveira nessas noites enluaradas.


       Mas a verdadeira jornada da cabeça começaria oficialmente em 1685, quando uma violenta tempestade atingiu Londres e derrubou o poste de carvalho fazendo o crânio se soltar do prego e rolar até os pés de um guarda. Esse sentinela, cuja identidade permaneceu desconhecida, decidiu apanhar o objeto macabro e escondê-lo num vão dentro da chaminé de sua casa. Enquanto isso, uma busca pelo crânio era conduzida com uma recompensa sendo oferecida para quem recuperasse o artefato. O guarda, temia ser punido por ter pego o crânio e por isso resolveu guardar segredo.


           Quando estava perto da morte, ele confidenciou a sua filha e genro a responsabilidade pelo sumiço do crânio e o paradeiro deste que ainda se encontrava na lareira. O crânio foi então recuperado e vendido para um colecionador particular. Ele então desapareceu até meados de 1710 quando ressurgiu na coleção de um homem chamado Claudius Du Puy[7], que possuía em um Gabinete de Curiosidades composto por vários itens mórbidos. O crânio era um de seus objetos mais importantes, o último resquício de Oliver Cromwell.


          Du Puy afirmava que o crânio tinha estranhas propriedades e que uma pessoa podia se comunicar com o espírito de Cromwell que se encontrava preso na peça. Ele havia sido peça central em sessões de contato com os mortos e dizem, até em missas negras. O colecionador faleceu em 1738 e o crânio desapareceu novamente após um assalto a propriedade de Du Puy que estava fechada após a sua morte.




Máscara Mortuária de Cromwell
          A Cabeça de Cromwell ficaria desaparecida da história e permaneceria esquecida por muitas décadas. Ninguém sabia onde ela havia ido parar e ninguém realmente parecia se importar, mas em 1780 ela surgiu uma vez mais na coleção particular de Samuel Russel, um ator itinerante que exibia o macabro objeto para quem quisesse pagar algumas moedas para vê-lo. Russel dizia que havia adquirido o crânio de uma pessoa que lhe devia dinheiro e que esta havia contado a ele como ela havia sido roubada da casa de Du Puy. Ele a aceitou como pagamento de uma dívida.

            Enquanto a maioria das pessoas via o crânio como uma mórbida curiosidade, um ourives chamado James Cox[8] viu na peça uma oportunidade de enriquecer. Ele comprou de Russel a peça por cerca de 100 libras (aproximadamente 5600 libras em valores atuais) e tratou de espalhar o rumor de que ela tinha poderes sobrenaturais. Diziam que o objeto revelava visões do passado e do futuro, que falava na mente de seu dono e que conhecia muitos segredos dos bastidores do poder. Um dos rumores mais interessantes envolvia a localização de um grande tesouro que supostamente havia sido coletado por Cromwell em seus dias como Lorde Protetor. Ninguém jamais havia encontrado esse tesouro e acreditava-se que, com a devida persuasão, o crânio poderia ser convencido a revelar seu paradeiro.




          Cox negociou o crânio com dois irmãos conhecidos como Hughes que acreditavam no ocultismo e que imaginavam, seriam capazes de convencer o espírito de Cromwell a revelar a localização de seu tesouro perdido. Os Hughes teriam contratado médiuns e espiritualistas para estabelecer comunicação com o espírito, patrocinaram rituais e até se valeram da ajuda de bruxos, mas até onde se sabe, seus planos não foram bem sucedidos. Seja porque o Lorde Protetor se negou a colaborar, ou mais provável, que a história fosse balela, eles morreram na miséria. No final de suas vidas, os irmãos tentaram promover uma exibição do crânio e de outras peças que pertenceram a Cromwell, mas eles não recuperaram seu investimento original.

            Os Hughes morreram em datas próximas em meados de 1810 e a cabeça desapareceu num limbo de mistérios uma vez mais. Supostamente a filha de um dos irmãos Hughes conseguiu vender a cabeça e essa foi parar então nas mãos de Josiah Henry Wilkinson em 1815. Ele ao menos tratou o objeto com um pouco mais de respeito. Ao invés de exibi-la simplesmente a deixou guardada em uma caixa de madeira com palha e serragem. O estranho objeto passou de geração para geração da família, tratado como uma herança peculiar.





 

           Enquanto isso, outras cabeças apareceram, com seus donos afirmando se tratarem da verdadeira cabeça de Oliver Cromwell. Disputas e acusações a respeito de farsantes se aproveitando da história se tornaram algo corriqueiro. Em dado momento, haviam mais de cinco cabeças supostamente pertencentes ao Lorde Protetor espalhadas pela Inglaterra. Finalmente em 1911, uma rigorosa análise feita por cientistas do Instituto Real de Arqueologia examinou as cabeças. A conclusão foi que o item genuíno em poder da Família Wilkinson era o autêntico. O mesmo estudo foi realizado uma segunda vez em 1934, confirmando o laudo original.


Horace Wilkinson


            Apenas no ano de 1960 é que a longa odisseia da cabeça de Oliver Cromwell se encerraria de uma vez por todas. Um dos descendentes de Wilkinson, o Dr. Horace Norman Stanley Wilkinson, decidiu dar um descanso decente à cabeça. Em 25 de março de 1960, a cabeça foi colocada em uma caixa de metal e enterrada em local secreto no campus do Sidney Sussex College, em um local conhecido apenas por alguns poucos indivíduos afim de evitar a ação de ladrões de sepulturas.

E assim, depois de séculos, a cabeça do Lorde Protetor enfim pode descansar.

 

Fonte:

Blog Mundo Tentacular

http://mundotentacular.blogspot.com/2020/08/a-estranha-jornada-da-cabeca-de-oliver.html

Acessado em: 7 de dez. 2021


[1] Oliver Cromwell – Nascido em Huntingdon, condado de Cambridgeshire, Anglia Oriental, Inglaterra em 25 de abril de 1599 e falecido no Palácio de Whitehall, Londres em 3 de setembro de 1658. Foi um militar e líder político inglês e, mais tarde, Lord Protector. Nascido no meio da nobreza rural, os primeiros quarenta anos de sua vida são pouco conhecidos. Após passar por uma conversão religiosa na década de 1630, Cromwell tornou-se puritano independente, assumindo uma posição, no geral, tolerante, face aos protestantes do seu tempo. Um homem intensamente religioso – auto denominado de Moisés puritano – ele acreditava profundamente que Deus era seu guia nas suas vitórias. Cromwell foi eleito membro do parlamento pelo círculo eleitoral de Hungingdon em 1628, e por Cambridge, no Pequeno (1640) e Longo Parlamentos (1640 -1649). Participou da Guerra Civil Inglesa, ao lado dos Parlamentaristas. Chamado de “Old Ironside”, foi rapidamente promovido da liderança de uma simples tropa de cavalaria para um dos comandantes principais do New Model Army, onde desempenhou um papel de destaque na derrota das forças realistas. Foi um dos signatários da sentença de morte do rei Carlos I em 1649, e, como membro do Rump Parliament (1649 – 1653), dominou a Comunidade da Inglaterra. Foi escolhido para assumir o comando da campanha inglesa na Irlanda durante 1649 – 1650. As suas forças derrotaram a coligação entre os Confederados e os Realistas, e ocuparam o país – terminando, assim, com as Guerras Confederadas Irlandesas. Durante este período, foram redigidas uma série de Leis Penais contra os católicos romanos (uma minoria significativa na Inglaterra e na Escócia, mas uma grande maioria na Irlanda), e grande parte das suas terras foram confiscadas. Cromwell também liderou uma campanha contra o exército escocês entre 1650 e 1651, liderando os “Roundheads” contra os Cavalheiros (Cavaliers), saindo vitorioso principalmente pelo fato do seu exército ter um modelo chamado “New Model Army” que tinha uma hierarquia baseada na meritocracia, ou seja, as altas patentes só eram alcançadas por merecimento. A 20 de abril de 1653, dissolveu o Rump Parliament pela força, instituindo uma assembleia, de curta duração, conhecida como Paramento Barebones, antes de ser convidado pelos seus pares para liderar como “Lorde Protetor” da Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda, a partir de 16 de dezembro de 1653. Como governante, esteve à frente de uma política exterior muito agressiva e eficaz. Depois de sua morte (por malária) em 1658, foi sepultado na Abadia de Westminster mas, após a tomada do poder pelos monarquistas, em 1660, o seu corpo foi retirado da sepultura, pendurado por correntes e decapitado. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Oliver_Cromwell. Acesso em 6 de dez. de 2021.

 

[2] Guerra Civil Inglesa – aconteceu durante a Revolução Inglesa, foi uma guerra civil entre os partidários do rei Carlos I da Inglaterra e do Parlamento, liderado por Oliver Cromwell. Começou em 1642 e acabou com a condenação à morte de Carlos I, em 1649. Antes da revolução, o poder do rei era absolutista, uma vez que contestá-lo era um sacrilégio. Depois da revolução, o poder do rei se viu reduzido, onde o rei existe e reina, mas não governa, quem governa é o Primeiro-Ministro, através do parlamento. Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_Inglesa. Acesso em 10 de dez. de 2021.

Batalha de Naseby
 

[3] Carlos I – Nascido em Dunfermline, Fife, Escócia em 19 de novembro de 1600 e falecido em Londres, Inglaterra em 30 de janeiro de 1649. Foi rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1625 até sua execução. Era o segundo filho do rei Jaime VI da Escócia e sua esposa Ana da Dinamarca; quando seu pai herdou o trono inglês em 1603, Carlos se mudou para a Inglaterra, onde passou a maior parte da vida. Ele se tornou herdeiro aparente, quando seu irmão Henrique Frederico morreu. Uma tentativa malsucedida e impopular tentou casar Carlos com uma princesa espanhola em 1623. Dois anos depois se casou com a francesa Henriqueta Maria. Depois de sua sucessão, Carlos começou uma luta pelo poder contra o parlamento inglês, tentando obter uma receita enquanto o parlamento tentava restringir sua prerrogativa real. Ele acreditava no direito divino dos reis e achou que podia governar de acordo com sua consciência. Muitos de seus súditos eram contra suas políticas, particularmente suas interferências nas igrejas inglesa e escocesa e o aumento de impostos sem o consentimento parlamentar, vendo suas ações como de um monarca absoluto tirano. As políticas religiosa de Carlos, junto com seu casamento com uma católica, geraram antipatia e desconfiança entre grupos reformistas como os puritanos e calvinistas, que o viam como muito católico. Ele apoiava clérigos controversos como Ricardo Montagu e William Laud quem Carlos nomeou Arcebispo da Cantuária, falhando em ajudar forças protestantes durante a Guerra dos Trinta Anos. Suas tentativas de forçar reformas religiosas na Escócia gerou as Guerras dos Bispos, aumentou a oposição dos parlamentos inglês e escocês e ajudou a precipitar sua queda. A partir de 1641, Carlos lutou contra as forças dos dois parlamentos na Guerra Civil Inglesa. Depois de ser derrotado em 1645, ele se entregou para forças escocesas que o entregaram para o parlamento inglês. Carlos se recusou a aceitar as exigências de uma monarquia constitucional protestante e temporariamente fugiu em novembro de 1647. Recapturado na ilha de Wight criou uma aliança com a Escócia, porém o Exército Novo de Oliver Cromwell consolidou seu controle na Inglaterra no final de 1648. Carlos foi julgado, condenado e executado por traição em janeiro de 1649. A monarquia foi abolida e uma república foi declarada. O Interregnum inglês terminou em 1660 e a monarquia foi restaurada com seu filho Carlos II. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_I_de_Inglaterra.  Acesso em 6 de dez. de 2021.

 


[4] Abadia de Westminster – formalmente denominadas Igreja Colegiada de São Pedro em Westminster, é uma grande igreja em arquitetura predominantemente gótica na cidade de Westminster, Londres, Inglaterra, a oeste do Palácio de Westminster. É um dos edifícios religiosos mais notáveis do Reino Unido e o local tradicional de coroação e sepultamento dos monarcas ingleses e, posteriormente britânicos. O edifício em si era uma igreja monástica beneditina até a dissolução do mosteiro em 1539. Entre 1540 e 1556, a abadia tinha o status de catedral. Desde 1560, o prédio não é mais uma abadia ou catedral, tendo o status de “Royal Peculiar” da Igreja Anglicana – uma igreja responsável diretamente pelo soberano. De acordo com a tradição relatada pela primeira vez por Sulcard em cerca de 1080, uma igreja fundada no local (então conhecida como Thorn Ey [Ilha Thorn]) no século VII, na época de Mellitus, um bispo de Londres. A construção atual começou em 1245, por ordem do rei Henrique III. Desde a coroação de Guilherme, o Conquistador (William), em 1066, todas as coroações de monarcas ingleses e britânicos estão na Abadia de Westminster. Houve 16 casamentos reais na abadia desde 1100. Como local de enterro de mais de 3,3 mil pessoas, geralmente de destaque predominante na história britânica (incluindo pelo menos dezesseis monarcas, oito primeiros-ministros, poetas laureados, atores, cientistas e líderes militares e o Guerreiro Desconhecido), a Abadia de Westminster às vezes é descrita como “Valhalla da Grã-Bretanha”, depois da construção de um icônico salão funerário da mitologia nórdica. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Abadia_de_Westminster.  Acesso em 10 de dez. de 2021.

 


[5] Carlos II – Nascido em Londres em 29 de maio de 1630 e falecido em Londres em 6 de fevereiro de 1685. Foi rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1660 até sua morte. Seu pai Carlos I foi executado no Palácio de Whitehall em 31 de janeiro de 1649, no auge da Guerra Civil Inglesa. O parlamento escocês o proclamou rei, porém Oliver Cromwell o derrotou na Batalha de Worcester, em 3 de setembro de 1651 e Carlos fugiu para a Europa continental. Cromwell se transformou no governante da Inglaterra, Escócia e Irlanda; Carlos passou nove anos em exílio na França, Províncias Unidas (República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixo) e nos Países Baixos Espanhóis. Após a morte de Cromwell em 1658, uma crise política resultou na restauração da monarquia, com Carlos sendo convidado a retornar a Grã-Bretanha. Em 29 de maio de 1660, seu aniversário de trinta anos, ele foi recebido em Londres com grande aclamação pública. Depois disso, todos os documentos legais foram datados como se ele tivesse sucedido seu pai em 1649. O parlamento inglês aprovou leis conhecidas como Código Clarendon, criado para fortalecer a posição da restabelecida Igreja Anglicana. Ele concordou com o código, mesmo sendo a favor de uma política de tolerância religiosa. A principal questão estrangeira do início de seu reinado foi a Segunda Guerra Anglo-Holandesa. Em 1670, assinou o Tratado Secreto de Dover, uma aliança com o seu primo Luís XIV de França. O rei francês concordava em auxiliar o inglês na Terceira Guerra Anglo-Holandesa e pagar uma pensão a Carlos, em troca Carlos prometia se converter ao catolicismo em uma data futura não especificada. Ele tentou em 1672 introduzir a liberdade religiosa aos católicos e dissidentes protestantes, com sua Real Declaração de Indulgência, porém o parlamento inglês forçou sua retirada. Em 1679, as revelações de Tito Oates sobre um suposto “Complô Papista” iniciaram a Crise da Exclusão quando descobriu que o irmão do rei, Jaime, o Duque de Iorque e Albany era um católico. A crise viu o surgimento de partidos Whig pró-exclusão e Tory antiexclusão. Carlos se aliou aos Tories e, após a descoberta de uma conspiração para mata-lo junto com o irmão em 1683, alguns líderes Whigs foram mortos ou exilados. Carlos dissolveu o parlamento em 1681, reinando sozinho até morrer em 1685. Não teve nenhum filho com sua esposa Catarina de Bragança, apesar de ter reconhecido vários ilegítimos, sendo assim sucedido por seu irmão Jaime. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_II_de_Inglaterra. Acesso em 6 de dez. de 2021.

 


[6] Westminster Hall – Palácio de Westminster ou Casas do Parlamento -  é o palácio londrino onde estão instaladas as duas Câmaras do Parlamento do Reino Unido (a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns). O palácio fica situado na margem norte do rio Tâmisa, no Borough da Cidade de Westminster próximo de outros edifícios governamentais ao longo da Whitehall. O palácio é um dos maiores parlamentos do mundo, constituindo um dos ex-libris de Londres, o que faz dele um dos edifícios existentes a conterem mais de 1.000 salas, 100 escadarias, e 5 Km de corredores. Apesar de a maior parte da construção datar do século XIX, entre os edifícios originais do Palácio encontra-se o Westminster Hall, usado atualmente para importantes cerimônias públicas, tal como os Funerais de Estado, e a Torre das Jóias (Jewel Tower). A tutela do Palácio de Westminster e do seu recinto foi exercida durante séculos pelo representante da Rainha, o Lorde-Camareiro Mor (Lord Great Chamberlain). Por acordo com a Coroa, o controle passou para as duas câmaras em 1965. Certas salas de cerimônia continuam sob a alçada do Lorde-Camareiro Mor. Depois de um incêndio em 1834, as atuais Casas do Parlamento foram construídas nos 30 anos seguintes. Foram obras do arquiteto Sir Charles Barry (1795 – 1860) e do seu assistente Augustus Welby Pugin (1812 – 1852). O desenho incorporou o Westminster Hall e o que restava da capela de Santo Estevão. Todos os cidadãos britânicos têm o direito tradicional de pedir para se avistarem com os seus membros do Parlamento, encontrando-se no elaboradíssimo Salão Central (Central Lobby). Durante as sessões parlamentares é possível assistir aos debates a partir da Galeria dos Estranhos (Stranger’s Galleries). Até a rainha está sujeita a restrições. Durante a Abertura Solene do Parlamento (State Opening of Parliamente) a soberana deve sentar-se no trono entre os Lordes enquanto o Primeiro-Ministro e os membros do Gabinete são convidados a entrar pela Câmara dos Comuns – um costume que remonta à intrusão arbitrária de Carlos I para pedir a prisão de cinco membros do Parlamento, tendo, no entanto, falhado no seu propósito. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_de_Westminster. Acesso em 10 de dez. 2021. 



[7] Claude Dupuy – Nascido em Paris em 1545 e faleceu em Paris em 1.º de dezembro de 1594. Foi um jurista, bibliófilo, filólogo e humanista francês. Figura chave no círculo de humanistas e historiadores franceses centralizados em torno de Jacques Cujas e Jacques-Auguste de Thou. Claude Dupuy formou uma grande biblioteca de manuscritos que foi herdada pelos seus filhos Pierre, erudito notável, e o humanista Jacques Dupuy. Quando este morreu, em 1657, os livros e manuscritos passaram para a Coleção Real e hoje fazem parte da Biblioteca Nacional da França. Todas essas obras são identificadas hoje como o Codex Puteanus. Entre seus escritos mais célebre estão os manuscritos das Epístolas de São Paulo, em grego e latim, alé de uma coleção de notações tironianas. Entre outras raridades encontram-se também manuscritos do século IX de Estácio (século I d.C.), a obra Apologeticum de Tertuliano e um códex do século V da Terceira Década de Lívio (século I d.C. – II d.C.). Estes escritos tinham pertencido à Abadia de Corbie, e foram adquiridos não se sabe por que meios. Claude Dupuy não se interessava por Iluminuras, ele dava preferência a textos bons, corretos, e escritos com elegância. Ele os lia, e algumas vezes fazia anotações sobre eles. Infelizmente, morreu muito cedo para publicar os resultados de suas pesquisas, porém, sua vasta correspondência com Gian Vicenzo Pinelli (1535 – 1601) foi editada por Anna maria Rauge. Pierre Dupuy – Nascido em Agen, França em 14 de novembro de 1582 e falecido em Paris em 15 de novembro de 1651. Foi um jurista, erudito e bibliotecário real francês. Era filho do humanista e bibliófilo Claude Dupuy. Mathieu Molé (1584 – 1656), primeiro presidente do Parlamento de Paris, para fazer um levantamento sobre os documentos que constituíam até aquela época o que eles chamavam de Trésor des Chartes (Cartas do Tesouro). Este trabalho levou onze anos para ser realizado. Este inventário dos manuscritos está preservado no original e em cópia na Biblioteca Nacional da França, sendo que existem transcrições nos arquivos nacionais de Paris, no salão de registros de Londres, e em outras partes do mundo. A classificação feita por Dupuy é ainda vista com respeito, porém, o inventário foi parcialmente substituído pela publicação do Inventário do Tesouro em 1863. Dupuy também publicou, junto com seu irmão Jacques e o amigo Nicolas Rigault (1577 – 1654) a “História de Jacques Auguste de Thou” (1620). Os dois irmãos, então, adquiriram de Rigault o posto de guardiães da Biblioteca Real, criando, a seguir, o catálogo da biblioteca. Durante o trabalho de criação do catálogo, Dupuy fez o registro do gigante acervo de documentos não publicados, que lhe fornecem material para muitas obras de excelente qualidade. Estas obra se tornaram importantes contribuições para a história das relações entre a igreja e o Estado na Idade Média. Foram escritas do ponto de vista gálico, isto é, em favor dos direitos da coroa em questões temporais e políticas, e isto explica a demora da publicação posterior à morte de Dupuy. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Claude_Dupuy. E ver também https://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Dupuy. Acesso em 10 de dez. 2021.

 

[8] James Cox (cerca de 1723 – 1800) – Foi um inventor, joalheiro e empresário britânico e também proprietário Museu de Cox. Mais conhecido por criar autômatos engenhosos e relógios mecânicos, incluindo o relógio de Cox, movido por pressão atmosférica, o relógio Peacock e o Cisne de Prata. A carreira de Cox como joalheiro começou em 1751, e seus autômatos foram projetados por artistas como Joseph Nollekens e Johann Zoffany. Na década de 1760, John Joseph Merlin tornou-se seu aprendiz. Embora ele se proclamou ourives, ele empregou vários joalheiros e fabricantes que podem ter feito muito trabalho; que ele nunca foi membro da guilda do ourives confirma mais a alegação de que ele subcontratou trabalho. Cox se especializou em intricados objetos de relógio incrustados de ouro, prata e joias, conhecidos como “canções de canto”. Seu mercado principal era o Extremo Oriente, especialmente a Índia e China, e o imperador chinês Qialong, possuía um de seus autômatos, em forma de carruagem. A popularidade de Cox foi importante para o comércio britânico: o comércio de chá garantiu que as importações britânicas superassem em muito suas exportações para a China, e Cox ajudou a corrigir o desequilíbrio. Suas “canções de canto” inicialmente reduziram o déficit comercial britânico, mas no início dos anos de 1770 Cox estava preso com um grande e um mercado oriental inundado. Ele liquidou parte de seu estoque na Christie’s em 1772 e usou o estoque restante para iniciar seu museu. Na década de 1770, Cox gerenciou um museu privado no Great Room em Spring Gardens, em Londres. Ele estava exibindo seus produtos desde pelo menos 1769, embora o museu oficial tenha sido inaugurado apenas em fevereiro de 1772. O local fica perto do Arco do Almirantado e estaria entre as salas de exibição mais populares de Londres no próximo meio século. O Cox’s Museum era tão memorável que era costume referir-se à sala como “anteriormente o Cox’s Museum”, e durante a execução do museu de 1772 a 1776 a exibição de Cox eclipsou todas as outras exposições. Sua habilidade em publicidade, sem dúvida, desempenhou um papel na construção da popularidade do museu. Cox produziu vários catálogos e uma coleção de versos elogiando seu museu, que foram publicados pela primeira vez em vários jornais de Londres (alguns provavelmente foram plantados por Cox). O Cox’s Museum estava entre as exposições mais caras de Londres, e o preço supostamente era para limitar o número de visitantes por razões de segurança. O museu era popular entre as classes altas e literatas de Londres: James Boswell o visitou em 1772, por recomendação de Samuel Johnson, e Frances Burney encena um debate sobre os usos da arte em Cox’s em seu romance Evelina. O dramaturgo Richard Sheridan presta homenagem ao Cox’s Museum em The Rivals. Como proprietário do museu, Cox pode ter comprado a cabeça de Oliver Cromwell como uma curiosidade. Embora ele esperasse por patrocínio real e exibisse, como era comum, retratos reais no museu, Cox nunca alcançou seu objetivo. Em 1773, uma lei especial do Parlamento autorizou Cox a dividir sua coleção e vender as peças por sorteio. O museu foi removido de Spring Gardens em 1775 e depois de ser brevemente exibido na Mansion House pelo Lord Mayor, foi dissolvido e vendido por loteria em maio de 1775. Em 1778, Cox foi à falência pela segunda vez. Cox despachou seu filho John Henry para Cantão na China em 1782 para vender um estoque acumulada. Em Cantão, James e John Henry tornaram-se sócios de Daniel Beale e seu irmão Thomas na empresa Cox & Beale. Cox permaneceu no negócio como varejista, não mais como artista ou fabricante, até sua morte. Entre as obras mais conhecidas de Cox estão o Relógio do Pavão, agora no State Hermitage Museum em São Petersburgo, e o Silver Swan, construído por Cox Barnard Castle, Teesdale, Couty Durham. O cisne, que pode levantar o pescoço, virar a cabeça e (aparentemente) pegar peixes pequenos, ainda funciona, como é demonstrado diariamente. Na época da loteria de maio de 1775, um par de brincos de diamante atraiu muita atenção, com Cox se oferecendo para compra-lo de volta do vencedor por 5.000 libras. Um relógio musical desenhado por Cox, e anteriormente propriedade do Rei Farouk do Egito, foi vendido em 12 de dezembro de 2012 na Bohams London por 385.250 libras (577.547 dólares). Fonte: https://stringfixer.com/pt/James_Cox_(inventor). Acesso em: 10 de dez. 2021.


 


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