William Shakespeare – Nascido em Stratford-upon-Avon, condado de Warwickshire, ao sul de Birmingham, Inglaterra no ano de 1564, sendo batizado no dia 26 de abril deste ano e falecido no mesmo local em 23 de abril de 1616. Foi um poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo. É chamado frequentemente de poeta nacional da Inglaterra e de “Bardo do Avon” (ou simplesmente “The Bard”, “O Bardo”[1]). De suas obras, incluindo aquelas em colaboração, restaram até os dias de hoje 38 peças, 154 sonetos, dois longos poemas narrativos, e mais alguns versos esparsos, cujas autorias, no entanto, são ainda disputadas. Suas peças foram traduzidas para todas as principais línguas modernas e são mais encenadas que as de qualquer outro dramaturgo. Muito de seus textos e temas permanecem vivos até nossos dias, sendo revisitados com frequência, especialmente no teatro, na televisão, no cinema e na literatura.
Shakespeare nasceu e foi criado em
Stratford-upon-Avon. Aos 18 anos casou-se com Anne Hathaway, com quem teve três
filhos: Susanna e os gêmeos Hamnet e Judith. Entre 1585 e 1592, William começou
uma carreira bem-sucedida em Londres como ator, escritor e um dos proprietários
da companhia de teatro chamada LordChamberlain’sMen, (em português: Homens do
Lorde Camareiro), mais tarde conhecida com King’sMen. Acredita-se que ele tenha
retornado a Stratford em torno de 1613, morrendo três anos depois. Restaram
poucos registros da vida privada de Shakespeare, e existem muitas especulações
sobre assuntos como a sua aparência física, sexualidade, crenças religiosas, e
se algumas das obras que lhe são atribuídas teriam sido escritas por outros
autores.
Shakespeare produziu a maior parte
de sua obra entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças eram principalmente
comédias e obras baseadas em eventos e personagens históricos, gêneros que ele
levou ao ápice da sofisticação e do talento artístico ao fim do século XVI. A
partir de então escreveu apenas tragédias até por volta de 1608, incluindo Hamlet,
Rei Lear e Macbeth, consideradas algumas das obras mais importantes na língua
inglesa. Na sua última fase, escreveu um conjunto de peças classificadas como
tragicomédias ou romances, e colaborou com outros dramaturgos. Diversas de suas
peças foram publicadas, em edições com variados graus de qualidade e precisão,
durante sua vida. Em 1623, John Hemingesand Henry Condell, dois atores e
antigos amigos de Shakespeare, publicaram o chamado “First Folio”, uma
coletânea de suas obras dramáticas que incluía todas as peças (com exceção de
duas) reconhecidas atualmente como sendo de sua autoria.
Shakespeare foi um poeta e
dramaturgo respeitado em sua própria época, mas sua reputação só viria atingir
o nível em que se encontra nos dias atuais no século XIX. Os românticos,
especialmente, aclamaram a genialidade de Shakespeare, e os vitorianos idolatraram-no
como um herói, com uma reverência que George Bernard Shaw chamava de
“bardolatria”. No século XX sua obra foi adotada e redescoberta repetidamente
por novos movimentos, tanto na academia quanto na performance. Suas peças
permanecem extremamente populares hoje em dia e são estudadas, encenadas e
reinterpretadas constantemente, em diversos contextos culturais e políticos,
por todo o mundo.
Identidade
Está envolta em grande polêmica,
muito continua ainda por saber sobre William Shakespeare – quem foi, por onde
andou ou com quem se dava. Não faltam teorias – uns dizem que era Francis
Bacon, a Rainha Elizabeth I disfarçada e até um francês chamado Jacques Pierre.
Mas, se não o virmos como tendo uma vida própria, a mais credível é que seria
um pseudônimo de Christopher Marlowe. Pois, este último, que era igualmente um
poeta e dramaturgo seu contemporâneo, que emprega nos seus versos um estilo ou
estrutura muito similar, parece ter sido provado que terá trabalhado na
composição de algumas peças de teatro atribuídas a Shakespeare.
Tal como era uso da época, há
evidências de uma nova fonte da qual ele terá retirado ideias e até frases de
um livro escrito no final de 1500 por George North, uma figura presente na
corte inglesa, denominado “A Brief Discourse of Rebellion and Rebels” (“Um Breve
Discurso de Rebelião e Rebeldes”).
Vida
Primeiros anos
William Shakespeare era filho de
John Shakespeare, um bem-sucedido luveiro e subprefeito de Stratford (depois
comerciante de lãs), vindo de Snitterfild, e Mary Arden, filha afluente de um
rico proprietários de terras. Embora a sua data de nascimento seja
desconhecida, admite-se a de 23 de abril de 1564 com base no registro de seu
batizado, a 26 do mesmo mês, devido ao costume, à época, de se batizarem as
crianças três dias após o nascimento. Shakespeare foi o terceiro filho de uma
prole de oito e o mais velho a sobreviver.
Muitos concordam que William foi
educado em uma excelente grammar schools da época, um tipo de preparação para a
universidade. No entanto, Park Honan conta, em “Shakespeare, Uma Vida”, que
John foi obrigado a tirá-lo desta escola, quando William deveria ter quinze ou
dezesseis anos (algumas fontes citam doze anos). Na década de 1570, John passou
a ter um declínio econômico que o impossibilitou junto aos credores e da
sociedade. Acredita-se que, por causa disso, o jovem Shakespeare possuiu uma
formação colegial incompleta. Segundo certos biógrafos, Shakespeare precisou
trabalhar cedo para ajudar a família, aprendendo, inclusive, a tarefa de
esquartejar bois e até abater carneiros.
Em 1582, aos 18 anos de idade,
casou-se com Anne Hathaway, uma mulher de 26 anos, que estava grávida. Há
fontes que dizem que Shakespeare queria ter uma vida mais favorável ao lado de
uma esposa rica. O casal teve uma filha, Susanna, e dois anos depois, os gêmeos
Hamnet e Judith.
Após o nascimento dos gêmeos, há
pouquíssimos vestígios históricos a respeito de Shakespeare, até que ele é
mencionado com parte da cena teatral de Londres em 1592. Devido a isso,
estudiosos referem-se aos anos de 1586 a 1592 como os “Anos Perdidos de
Shakespeare”.
As tentativas de explicar por onde
andou William Shakespeare durante esses seis anos foram motivo pelo qual
surgiram dezenas de anedotas envolvendo o dramaturgo. Nicholas Rowe, o
primeiro biógrafo de Shakespeare, conta que ele fugiu de Stratford para Londres
devido a uma acusação envolvendo o assassinato de um veado numa caça furtiva,
em propriedade alheia (provavelmente de Thomas Lucy). Outra história do século
XVIII é a de que Shakespeare começou uma carreira teatral com os
Lord Chaberlains.
Londres e a Carreira Teatral
Foi em Londres onde se atribuiu a
Shakespeare seus momentos de maiores oportunidades para destaque. Não se sabe
de exato quando Shakespeare começara a escrever, mas alusões contemporâneas e
registros de performances mostram que várias de suas peças foram representadas
em Londres em 1592. Neste período, o contexto histórico favorecia o
desenvolvimento cultural e artístico, pois a Inglaterra vivia os tempos de ouro
sob o reinado da rainha Elizabeth I. O teatro deste período, conhecido como
teatro elisabetano, foi de grande importância e primor para os ingleses da alta
sociedade. Na época, o teatro também era lido, e não apenas assistido e
encenado. Havia companhias que compravam obras de autores em voga e depois
passava a vender o repertório às tipografias. As tipografias imprimiam os
textos e vendiam a um público leitor que crescia cada vez mais. Isso fazia com
que as obras ficassem em domínio público.
Biógrafos sugerem que sua carreira
deve ter começado em qualquer momento a partir de meados dos anos 1580. Ao lado
do The Globe, haveria um matadouro, onde aprendizes do açougue deveriam
trabalhar. Ao chegar em Londres, há uma tradição que diz que Shakespeare não
tinha amigos, dinheiro e estava pobre, completamente arruinado. Segundo um
biógrafo do século XVIII, ele foi recebido pela companhia, começando num
serviço pequeno, e logo fora subindo de cargo, chegando provavelmente à
carreira de ator. Há referências que apresentam Shakespeare como um cavalariço.
Ele dividiria seu emprego entre tomar conta dos cavalos dos espectadores do
teatro, atuar no palco e auxiliar nos bastidores. Segundo Rowe, Shakespeare
entrou no teatro como ponto, encarregado de avisar os atores o momento de
entrarem em cena. O então cavalariço provavelmente tinha vontade mesmo era de
atuar e de escrever.
Seu talento limitante como ator
teria o inspirado a conhecer como funcionava o teatro e seu poeta interior foi
floreando, floreando, foi lembrando dos textos dos mestres dramáticos da
escola, e começou a experimentar como seria escrever para o teatro. Desde 1594,
as peças de Shakespeare foram realizadas apenas pelo Lorde Chamberlain’s Men.
Com a morte de Elizabeth I, em 1603, a companhia passou a atribuir uma patente
real ao novo rei, James I da Inglaterra, mudando seu nome para King’s Men.
Todas as fontes marcam o ano de 1599
como o ano da fundação oficial do Globe Theatre. Fundado por James Burbage,
ostentava uma insígnia de Hércules sustentando o globo terrestre. Registros de
propriedades, compras, investimentos de Shakespeare o tornou um homem rico.
William era sócio do Globe, um edifício que tinha forma octogonal, com abertura
no centro. Não existia cortina e, por causa disso, os personagens mortos deveriam
ser retirados por soldados, como mostra-se em Hamlet. Inclusive, todos os
papéis eram representados pelos homens, sendo os mais jovens os encarregados de
fazerem papéis femininos. Em 1597, fontes dizem que ele comprou a segunda maior
casa em Stratford, a New Place. De 1601 a 1608, especula-se que ele esteve
motivado para escrever Hamlet, Otelo e Macbeth. Em 1613, O GlobeTheatre foi
destruído pelo fogo. Alguns biógrafos dizem que foi durante a representação da
peça Henry VIII.
Shakespeare teria estado bem cansado
e por esse motivo resolveu desligar-se do Globe e voltar para Stratford, onde a
família o esperava.
Últimos Anos e Morte
Após 1606 e 1607, Shakespeare
escreveu peças menores, que jamais são atribuídas como suas. Após 1613, suas
últimas três obras foram colaborações, talvez com John Fletcher, que
sucedeu-lhe com o cargo de dramaturgo no King’s Men. Escreveu a sua última peça,
“A Tempestade” terminada somente em 1613.
Então, Rowe foi o primeiro biógrafo
a dizer que Shakespeare teria voltado para Stratford algum tempo antes de sua
morte: mas a aposentadoria de todo o trabalho era rara naquela época; e
Shakespeare continuou a visitar Londres. Em 1612, foi chamado como testemunha
em processo judicial relativo ao casamento de sua filha Susanna. Em março de
1613, comprou uma casa no priorado de Blackfriars (Frades Negros); a partir de
novembro de 1614, ficou várias semanas em Londres ao lado de seu genro John
Hall.
William Shakespeare morreu em 23 de
abril de 1616, mesmo dia do seu aniversário. Susanna havia se casado com um
médico, John Hall, em 1607, e Judith tinha se casado com Thomas Quiney, um
vinificador, dois meses antes da morte do pai. A morte de Shakespeare segue
misteriosa ainda nos dias de hoje. No entanto, é óbvio que existam diversas
anedotas. A que mais se propagou é a de que Shakespeare estaria com uma forte
febre, causada pela embriaguez. Recebendo a visita de Bem Jonson e de Michael
Drayton, Shakespeare bebeu demais e, segundo diversos biógrafos, seu estado se
agravou.
Admite-se que Shakespeare deixou
como herança sua segunda melhor cama para a esposa. Sabe-se, entretanto, que a
“Second bestbed”, no testamento, é simplesmente a cama de casal, sendo a melhor
cama, conforme os costumes da época, a do quarto de hóspedes. Ao que parece, o
testamento não teria sido redigido pelo dramaturgo, que só assinou; certas
expressões religiosas fizeram recentemente descobrir-se que se trata de uma
fórmula legal, então em uso e até prescrita. Em sua vontade, ele deixou a maior
parte de sua propriedade à sua filha mais velha, Susanna. Essa herança intriga
biógrafos e estudiosos porque, afinal, como Anne Hathaway aguentara viver mais
ou menos vinte anos cuidando de seus filhos, enquanto Shakespeare fazia fortuna
em Londres? O escritor Anthony Burgess tem uma explicação ficcional sobre o
assunto. Em “Nada como o Sol”, um livro de sua autoria, ele cita Shakespeare
espantado em um quarto diante de seu irmão Richard e de sua esposa Anne:
estavam nus e abraçados.
Os restos mortais de Shakespeare
foram sepultados na igreja da Santíssima Trindade (Holy Trinity Church) em
Stratford-upon-Avon. Seu túmulo mostra uma estátua vibrante, em pose de literário,
mais vivo que nunca. A cada ano, na comemoração de seu nascimento, é colocada
uma nova pena de ave na mão direita da estátua. Acredita-se que Shakespeare
temia o costume em sua época, em que provavelmente havia a necessidade de
esvaziar as sepulturas mais antigas para abrir espaços às novas e, por isso, há
um epitáfio na sua lápide, que anuncia a maldição de quem mover seus ossos:
“Bom amigo, por Jesus,
Abstém-te de profanar o corpo aqui enterrado
Bendito seja o homem que respeite estas pedras,
E maldito o que remover meus ossos.”
(Epitáfio na tumba de Shakespeare)
Após a morte de Shakespeare, a
Inglaterra passou por alguns importantes momentos políticos e religiosos. Jaime
I morreu em 27 de março de 1625, em Theobalds House, e tão logo sua morte foi
anunciada, Carlos I seu filho com Ana da Dinamarca, assumiu o reinado. É válido
lembrar que, com a morte de Elizabeth I, Shakespeare e os demais dramaturgos da
época não foram prejudicados. Jaime I, o sucessor da rainha, contribuiu para o
florescimento artístico e cultural inglês; era um apaixonado por teatro.
Em 1649, a Câmara dos Comuns cria
uma corte para o julgamento de Carlos I. Era a primeira vez que um monarca
seria julgado na história da Inglaterra. No dia 29 de janeiro do mesmo ano,
Carlos I foi condenado à morte por decapitação. Ele foi decapitado no dia
seguinte. Foi enterrado no dia 7 de fevereiro na Capela de Saint George do
Castelo de Windsor em uma cerimônia privada.
Nota: é bem conhecida a coincidência
das datas de morte de dois dos grandes escritores da humanidade, Miguel de
Cervantes e William Shakespeare (ambos com data de falecimento em 23 de abril
de 1616). Porém, é importante notar que o Calendário Gregoriano já era
utilizado na Espanha desde o século XVI, enquanto que na Inglaterra sua adoção
somente ocorreu em 1751.
Peças
Os estudiosos costumam dividir em
quatro períodos a carreira de dramaturgia de Shakespeare. Até meados de 1590,
escreveu principalmente comédias influenciados por modelos das peças romanas e
italianas. O segundo período iniciou-se em 1595, com a tragédia “Romeu e
Julieta” e terminou com “A Tragédia de Júlio César”, em 1599. Durante esse
tempo, escreveu o que são consideradas suas grandes comédias e histórias. De
1600 a 1608, o que chamam de “período sombrio”, Shakespeare escreveu suas mais
prestigiadas tragédias: “Hamlet”, “Rei Lear” e Macbeth. E de aproximadamente
1608 a 1613, escrevera principalmente tragicomédias e romances.
Os primeiros trabalho encenados de
Shakespeare são “Ricardo III” e as três partes de “Henry V”, escritas em 1590,
adiantados durante uma moda para o drama histórico. É difícil datar as
primeiras peças de Shakespeare, mas estudiosos de seus textos sugerem que “A
Megera Domada”, “A Comédia de Erros” e “Titus Andronicus” pertencem também ao primeiro
período. Suas primeiras histórias, parecem dramatizar os resultados destrutivos
e fracos ou corruptos do Estado e têm sido interpretadas como uma justificação
para as origens da dinastia Tudor. Suas composições foram influenciadas por
obras de outros dramaturgos isabelinos, especialmente Thomas Kyd e Christopher
Marlowe, pelas tradições do teatro medieval e pelas peças de Sêneca. A “Comédia
dos Erros” também foi baseada em modelos clássicos.
As clássicas comédias de
Shakespeare, contendo plots (centro da ação, o núcleo da história) duplos e
sequências cênicas de comédia, cederam, em meados de 1590, para uma atmosfera
romântica em que se encontram suas maiores comédias. “Sonhos de uma Noite de
Verão” é uma mistura de romance espirituoso, fantasia, e envolve também a baixa
sociedade. A sagacidade das anotações de “Muito Barulho por Nada”, a excelente
definição da área rural de “Como Gostais”, e as alegres sequências cênicas de
“Noite de Reis” completam essa sequência de ótimas comédias. Após a peça lírica
“Ricardo II”, escrito quase inteiramente em versículos, Shakespeare introduziu
em prosa as histórias depois de 1590, incluindo Henry VI, parte I e II, e Henry
V.
Seus personagens tornam-se cada vez
mais complexos e alternam entre o cômico e o dramático ou o grave, ou o
trágico, expandindo, dessa forma, suas próprias identidades. Esse período entre
essas tais alternações começa e termina com duas tragédias: “Romeu e Julieta”,
sem dúvida alguma sua peça mais famosa e a história sobre a adolescência, o
amor e a morte; e “Júlio César”. O “período trágico” durou de 1600 a 1608,
embora durante esse interregno ele tenha escrito também a peça cômica “Medida
por Medida”. Muitos críticos acreditam que as maiores tragédias de Shakespeare
representam o pico de sua arte. Seu primeiro herói, Hamlet, provavelmente é o
personagem shakespeariano mais discutido do que qualquer outro, em especial
pela sua frase “Ser ou não ser, eis a questão”. Ao contrário do reflexivo e
pensativo Hamlet, os heróis das tragédias que se seguiram, em especial “Otelo”
e “Rei Lear”, são precipitados demais e mais agem do que pensam. Essa
precipitações sempre acabam por destruir o herói e frequentemente aqueles que
ele ama. Em “Otelo”, o vilão Iago acaba assassinando sua mulher inocente, por
que é apaixonado. Em “Rei Lear”, o velho rei comete o erro de abdicar de seus
poderes provocando cenas que levam ao assassinato de sua filha e à tortura e a
cegueira do Conde de Glócester. Segundo o crítico Frank Kermode, “a peça não
oferece nenhum personagem divino ou bom, e não supre da audiência qualquer tipo
de alívio de sua crueldade”. Em “Macbeth”, a mais curta e compacta tragédia
shakespeariana, a incontrolável ambição de Macbeth e sua esposa, Lady Macbeth,
de assassinar o rei legítimo e usurpar seu trono, até à própria culpa de ambos
diante deste ato, faz com que os dois se destruam. Portanto, Hamlet seria seu
personagem mais admirado. Hamlet reflete antes da ação em si, é inteligente,
perceptivo, observador, profundamente proprietário de uma grande sabedoria
diante dos fatos. Suas últimas e grandes tragédias, “Antônio e Cleópatra” e
“Coriolano” contêm algumas das melhores poesias de Shakespeare e foram
consideradas as tragédias de maior êxito pelo poeta e crítico T.S. Eliot.
No seu último período, Shakespeare
centrou-se na tragicomédia e no romance completando suas três mais importantes
peças dessa fase: “Cimbelino”, “Conto de Inverno” e “A Tempestade”, e também
“Péricles, Príncipe de Tiro”. Menos sombrias do que as tragédias, essas quatro
peças revelam um tom mais grave da comédia que costumavam produzir na década de
1590, mas seus personagens terminavam com reconciliação e o perdão dos seus
erros. Certos comentadores veem essa mudança de estilo como uma forma de visão
da vida mais serena por parte de Shakespeare. Shakespeare colaborou com mais
dois trabalhos, “Henry VIII” e “Dois Parentes Nobres”, provavelmente com John
Fletcher.
Performances
Ainda não está claro para as
companhias as datas exatas de quando Shakespeare escreveu suas primeiras peças.
O título da página da edição de 1594 de “Titus Andronicus” revela que a peça
havia sido encenada por três diferentes companhias. Após a peste negra de 1592
a 1593, as peças shakespeariana foram realizadas por sua própria empresa no The
Theatre e no The Curtain em Shoreditch, onde as multidões londrinas foram ver a
primeira parte de “Henry IV”. Depois de uma disputa com o caseiro, o teatro foi
desmantelado e a madeira usada para a construção do Globe Theatre, a primeira
casa de teatro construída por atores para atores. A maioria das peças
shakespearianas pós-1599 foram escritas para o Globe, incluindo “Hamlet”,
“Otelo” e “Rei Lear”.
Quanto a Lord Chamberlain’s Men, mudou
seu nome para King’s Men, em 1603, eles cultivaram uma relação especial com o
novo rei, James I. Embora as performances realizadas serem díspares, o
King’s Men realizou sete peças shakespearianas perante à corte, entre 1º de
novembro de 1604 e 31 de outubro de 1605, incluindo duas performances de “O
Mercador de Veneza”. Depois de 1608, ele a realizaram no teatro
Blackfriars Theatre. A mudança interior, combinada com a moda jacobina de
aprimorar a montagem dos palcos e cenários, permitiu com que Shakespeare
pudesse introduzir uma fase com dispositivos e recursos mais elaborados. Em
“Cibelino”, por exemplo, “Júpiter desce em trovão e relâmpagos, sentado em uma
águia e lança um raio”.
Os atores da empresa de Shakespeare
incluem o famoso Richard Burbage, William Kempe, Henry Condell e John Heminges.
Burbage desempenhou um papel de liderança em muitas performances das peças de
Shakespeare, incluindo “Richard III”, “Hamlet”, “Otelo” e “Rei Lear”. O popular
ator cômico Will Kempe encenou o agente Peter em “Romeu e Julieta” e também
encenou em “Muito Barulho Por Nada”. Kempe fora substituído na virada do século
XVI por Robert Armin, que desempenhou papéis como a de Touchstone em “Como
Gostais” e os palhaços no “Rei Lear”. Sabe-se que em 1613, sir Henry Wotton
encenou “Henry VIII” e foi nessa encenação que o Globe foi devorado por um
incêndio causado por um canhão. Imagina-se que Shakespeare, já retirado em
Stratford-upon-Avon, retornou para auxiliar na recuperação do prédio.
Imortalidade
Em 1623, John Heminges e Henry Condell
dois amigos de Shakespeare no King’s Men, publicaram uma compilação póstuma das
obras teatrais de Shakespeare, conhecida como “First Folio”. Contém 36 textos,
sendo que 18 impressos pela primeira vez. Não há evidências de que Shakespeare
tenha aprovado a edição, que o “First Folio” define como
“stol’n and surreptitious copies” (“cópias roubadas e clandestinas”). No entanto,
é nele em que se encontram um material extenso e rico do trabalho de
Shakespeare.
As peças shakespearianas são
peculiares, complexas, misteriosas e com um fundo psicológico espantoso. Uma
das qualidades do trabalho de Shakespeare foi justamente sua capacidade de
individualizar todos seus personagens, fazendo com que cada um se tornasse
facilmente identificado. Shakespeare também era excêntrico e se adaptava a
gêneros diferentes. Trabalhando com o sombrio e com e com o divertido ou
cômico, Shakespeare conseguiu chegar perto da unanimidade.
Estima-se que as obras de
Shakespeare influenciaram pelos menos 20 mil peças musicais que vão de óperas,
canções e outros ritmos. Shakespeare é também o dramaturgo mais
consis-tentemente adaptado nos palcos, em todo o século XX, havendo mais de 50
mil produções e adaptações em todo o globo. Em termos de tradução, vendas e
estudos Shakespeare só perde para a Bíblia, e fica à frente de tópicos como
comunismo, islamismo e judaísmo. Um artigo publicado diz que as três figuras
mais estudadas na história são Jesus, Napoleão e Hamlet.
Diversos filósofos e psicanalistas
estudaram as obras de Shakespeare e a maioria encontrou uma riqueza psicológica
e existencial. Entre eles, Arthur Schopenhauer, Freud e Goethe são os que mais
se destacam. No Brasil, Machado de Assis foi muito influenciado pelo
dramaturgo. Diversas fontes alegam que Bentinho, de “Dom Casmurro”, seja a
versão tropical de “Otelo”. A revolta dos canjicas, em “O Alienista”, é
provavelmente outra versão da revolta fracassada do Jack Cade, descrita em
“Henry IV. Na introdução de “A Cartomante”, Machado de Assis utiliza a frase
“há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe vossa vã filosofia”, frase
que pode ser encontrada em “Hamlet”.
Poemas
Em 1593 e 1594, quando os teatros
foram fechados por causa da peste, Shakespeare publicou dois poemas eróticos,
hoje conhecidos como “Vênus e Adônis” e “O Estupro de Lucrécia”. Ele os dedica
a Henry Wriothesley, o que fez com que houvesse várias especulações a respeito
dessa dedicatória. Em “Vênus e Adônis”, um inocente Adônis rejeita os avanços
sexuais de Vênus (mitologia greco-romana); enquanto que o segundo poema
descreve a virtuosa esposa Lucrécia que é violada sexualmente. Ambos os poemas,
influenciados pela obra “Metamorfoses”, do poeta latino Ovídio, demonstram a
culpa e a confusão moral que resultam numa determinada volúpia descontrolada.
Ambos tornaram-se populares e foram diversas vezes republicados durante a vida
de Shakespeare. Uma terceira narrativa poética, “A Lover’s Complaint” (“A
Reclamação de uma Amante”) em que uma jovem lamenta sua sedução por um
persuasivo homem que a cortejou, fora impresso na primeira edição do “Sonetos”
em 1609. A maioria dos estudiosos hoje em dia aceitam que fora Shakespeare quem
realmente escreveu o soneto “A Lover’s Complaint”. Os críticos consideram que
suas qualidades são finas e dirigidas por efeitos.
“Sonetos”
Publicado em 1609, a obra “Sonetos”
foi o último trabalho publicado de Shakespeare sem fins dramáticos. Os
estudiosos não estão certos de quando cada um dos 154 sonetos da obra foram
compostos, mas evidências sugerem que Shakespeare as escreveu durante toda sua
carreira para leitores particulares.
Ainda fica incerto se estes números
todos representam pessoas reais ou se abordam a vida particular de Shakespeare,
embora Wordsworth acredite que os sonetos abriram suas emoções. A edição de
1609 foi dedicada a “Mr. WH.” Creditado como o único procriados dos poemas. Não
se sabe se isso foi escrito por Shakespeare ou pelo seu editor Thomas Thorpe,
cuja sigla aparece no pé d pagina da dedicação; nem se sabe que foi Mr. WH.,
apesar de inúmeras teorias terem surgido a respeito.
Os críticos elogiam os sonetos e
comentar que são uma profunda meditação sobre a natureza do amor, a paixão
sexual, a procriação, a morte e o tempo.
Wikipédia. Disponível em:
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/William_Shakespeare.
Acesso em 2 de fev. 2022.
[1]Bardo – Também chamado de Aedo, na
Europa Antiga, era uma pessoa encarregada de transmitir histórias, mitos,
lendas e poemas de forma oral, cantando as histórias do seu povo em poemas
recitados Era simultaneamente músico, poeta, historiador e acessoriamente
moralista. Mais tarde seriam designados de trovadores e as tradições musicais e
literárias que transmitiam às gerações sucessivas dão origem ás canções de
gesta. O bardo usava frequentemente um alaúde para tocar suas melodias e
músicas, que contavam com na maioria das vezes uma história triste ou poemas
épicos, com acompanhamento de liras, crwth (é uma lira curvada, um tipo de
instrumentos de cordas, associado particularmente à música galesa arcaica, mas
antigamente muito tocada na Europa) ou de arpas. A música tradicional irlandesa
tem nos bardos a sua principal raiz. Também se encontram vestígios de sua arte
entre os cantadores ou cantores de gwerziou (música folclórica) bretões e nos
eisteddfodau (da cultura galesa, é um festival com várias competições
classificadas, inclusive de poesia e música, o termo é formado a partir de
eistedd, que significa sentar e fod, que significa ser, de acordo com
HywelTeifi Edwards, significa sentar-se juntos, definindo um encontro
competitivo entre bardos e menestréis, no qual o vencedor era escolhido por um
nobre ou patrono real) do País de Gales. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Bardo.
Acesso em 18 de fev. 2022.
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