sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

CROMWELL e a História de uma Cabeça Decepada

 


A Cabeça Decepada de CROMWELL

 

            Sem dúvida entre as mais controversas figuras da história britânica existe um lugar de destaque reservado ao General e Chefe de Estado, Oliver Cromwell[1]. Ele ficou conhecido por liderar o Exército do Parlamento na Guerra Civil Inglesa[2], alimentada pelos seus desentendimentos com o Rei Carlos I[3] a respeito de reformas que visavam diminuir o poder real. Cromwell era um ferrenho anti monarquista, desejava manter os poderes reais em xeque e em mais de um momento tentou abolir a realeza de uma vez por todas. Ele coordenou os esforços da Revolução, foi um comandante obstinado e chegou a liderar as tropas pessoalmente em sangrentas batalhas contra as forças legalistas.


Oliver Cromwell visita o corpo de Carlos I
           Quando seu lado emergiu vitorioso da Revolução, seu papel foi fundamental no julgamento real. Em 1649, ele conseguiu algo até então jamais ocorrido na Europa, executar um rei. Em 1653 Cromwell se sagrou Lorde Protetor da Inglaterra, Irlanda e Escócia, negando se tornar, ele próprio, aquilo que tanto detestava: um Monarca. Por pouco a coroa não foi parar em sua cabeça, mas ele se manteve fiel aos seus princípios. Sua morte e a jornada posterior de seus restos mortais (principalmente sua cabeça) se mostrariam um acontecimento tão estranho e cheio de reviravoltas quanto foi sua turbulenta vida.


            O triunfo de Oliver Cromwell se encerraria com sua morte no ano de 1658. Ele recebeu um luxuoso funeral, seu corpo foi cuidadosamente embalsamado e então colocado numa câmara de honra na Abadia de Westminster[4] onde ironicamente muitos reis e rainhas foram sepultados ao longo dos séculos. Para os aliados do Lorde Protetor, seu corpo seria pranteado pelos seus seguidores, admirado pelos seus feitos e enaltecido pelas vitórias. Mas não foi o que aconteceu.


Carlos II
            Em 1660, os Legalistas que haviam se exilado no exterior retornaram para a Inglaterra e reconquistaram o poder. Carlos II[5] se tornou o novo Rei e não esqueceu a ousadia dos revolucionários; ele desejava vingança a qualquer custo. Aqueles que participaram do julgamento e da execução real foram caçados sem piedade. Os capturados foram arrastados para masmorras e torturados com requintes de crueldade para entregar outros. O rancor do sucessor era tamanho que em alguns casos, parentes, amigos e até empregados dos conspiradores também acabaram presos e executados. A sede de sangue era tanta que mesmo crianças sofreram perseguições, sendo mandadas para o exílio ou em alguns casos jogadas de embarcações para morrerem afogadas. Seu único crime era descender de algum conspirador. Carlos II, no entanto não se conformava em não poder se vingar do causador de tudo aquilo. Cromwell estava morto e não havia nada que ele pudesse fazer para extrair dele sua vingança. Ou será que havia?




            O Rei ordenou que o cadáver de seu desafeto fosse removido de onde havia sido depositado com todas honras. A ordem era remover o corpo e dar a ele o tratamento que um condenado teria. Primeiro o cadáver foi retirado do caixão e atirado no chão. Ele foi amarrado em uma corda e arrastado sendo ofendido, cuspido e vilipendiado pelos cidadãos compelidos a agir dessa maneira por um decreto real. Aquele que se negasse a participar dessa humilhação poderia ser considerado um traidor. Ao chegar a uma praça onde execuções ocorriam, o corpo foi surrado e então enforcado. Ele permaneceu pendurado da manhã até a madrugada, quando foi descido, colocado num patíbulo e decapitado. Mas nem isso foi o bastante!



     Enquanto o corpo era desmembrado e preparado para ser mandado para várias cidades inglesas, a cabeça de Cromwell foi estacada em um poste de carvalho com 12 metros de altura erigido diante de Westminster Hall[6]. Lá serviria como uma macabra lembrança para todos que desafiassem a Monarquia.



           A cabeça permaneceu no mesmo lugar por incríveis 20 anos, uma lembrança mórbida a que muitos reputavam histórias assombrosas. O fantasma decapitado de Cromwell era visto frequentemente, vagando pelos arredores, seus passos ecoando pelos corredores desertos e pelas ruelas adjacentes. Uma lenda muito difundida afirmava que o grande poste atraía raios e que em pelo menos uma ocasião Westminster Hall se incendiou na véspera do aniversário da morte de Cromwell. Havia o perturbador rumor de que se uma pessoa encarasse o crânio em uma noite de lua cheia, estaria fadado a ter uma morte medonha em menos de um mês. Boatos sobre pessoas que haviam sido vítimas dessa maldição se multiplicavam e muitos estavam dispostos a evitar as órbitas vazias da caveira nessas noites enluaradas.


       Mas a verdadeira jornada da cabeça começaria oficialmente em 1685, quando uma violenta tempestade atingiu Londres e derrubou o poste de carvalho fazendo o crânio se soltar do prego e rolar até os pés de um guarda. Esse sentinela, cuja identidade permaneceu desconhecida, decidiu apanhar o objeto macabro e escondê-lo num vão dentro da chaminé de sua casa. Enquanto isso, uma busca pelo crânio era conduzida com uma recompensa sendo oferecida para quem recuperasse o artefato. O guarda, temia ser punido por ter pego o crânio e por isso resolveu guardar segredo.


           Quando estava perto da morte, ele confidenciou a sua filha e genro a responsabilidade pelo sumiço do crânio e o paradeiro deste que ainda se encontrava na lareira. O crânio foi então recuperado e vendido para um colecionador particular. Ele então desapareceu até meados de 1710 quando ressurgiu na coleção de um homem chamado Claudius Du Puy[7], que possuía em um Gabinete de Curiosidades composto por vários itens mórbidos. O crânio era um de seus objetos mais importantes, o último resquício de Oliver Cromwell.


          Du Puy afirmava que o crânio tinha estranhas propriedades e que uma pessoa podia se comunicar com o espírito de Cromwell que se encontrava preso na peça. Ele havia sido peça central em sessões de contato com os mortos e dizem, até em missas negras. O colecionador faleceu em 1738 e o crânio desapareceu novamente após um assalto a propriedade de Du Puy que estava fechada após a sua morte.




Máscara Mortuária de Cromwell
          A Cabeça de Cromwell ficaria desaparecida da história e permaneceria esquecida por muitas décadas. Ninguém sabia onde ela havia ido parar e ninguém realmente parecia se importar, mas em 1780 ela surgiu uma vez mais na coleção particular de Samuel Russel, um ator itinerante que exibia o macabro objeto para quem quisesse pagar algumas moedas para vê-lo. Russel dizia que havia adquirido o crânio de uma pessoa que lhe devia dinheiro e que esta havia contado a ele como ela havia sido roubada da casa de Du Puy. Ele a aceitou como pagamento de uma dívida.

            Enquanto a maioria das pessoas via o crânio como uma mórbida curiosidade, um ourives chamado James Cox[8] viu na peça uma oportunidade de enriquecer. Ele comprou de Russel a peça por cerca de 100 libras (aproximadamente 5600 libras em valores atuais) e tratou de espalhar o rumor de que ela tinha poderes sobrenaturais. Diziam que o objeto revelava visões do passado e do futuro, que falava na mente de seu dono e que conhecia muitos segredos dos bastidores do poder. Um dos rumores mais interessantes envolvia a localização de um grande tesouro que supostamente havia sido coletado por Cromwell em seus dias como Lorde Protetor. Ninguém jamais havia encontrado esse tesouro e acreditava-se que, com a devida persuasão, o crânio poderia ser convencido a revelar seu paradeiro.




          Cox negociou o crânio com dois irmãos conhecidos como Hughes que acreditavam no ocultismo e que imaginavam, seriam capazes de convencer o espírito de Cromwell a revelar a localização de seu tesouro perdido. Os Hughes teriam contratado médiuns e espiritualistas para estabelecer comunicação com o espírito, patrocinaram rituais e até se valeram da ajuda de bruxos, mas até onde se sabe, seus planos não foram bem sucedidos. Seja porque o Lorde Protetor se negou a colaborar, ou mais provável, que a história fosse balela, eles morreram na miséria. No final de suas vidas, os irmãos tentaram promover uma exibição do crânio e de outras peças que pertenceram a Cromwell, mas eles não recuperaram seu investimento original.

            Os Hughes morreram em datas próximas em meados de 1810 e a cabeça desapareceu num limbo de mistérios uma vez mais. Supostamente a filha de um dos irmãos Hughes conseguiu vender a cabeça e essa foi parar então nas mãos de Josiah Henry Wilkinson em 1815. Ele ao menos tratou o objeto com um pouco mais de respeito. Ao invés de exibi-la simplesmente a deixou guardada em uma caixa de madeira com palha e serragem. O estranho objeto passou de geração para geração da família, tratado como uma herança peculiar.





 

           Enquanto isso, outras cabeças apareceram, com seus donos afirmando se tratarem da verdadeira cabeça de Oliver Cromwell. Disputas e acusações a respeito de farsantes se aproveitando da história se tornaram algo corriqueiro. Em dado momento, haviam mais de cinco cabeças supostamente pertencentes ao Lorde Protetor espalhadas pela Inglaterra. Finalmente em 1911, uma rigorosa análise feita por cientistas do Instituto Real de Arqueologia examinou as cabeças. A conclusão foi que o item genuíno em poder da Família Wilkinson era o autêntico. O mesmo estudo foi realizado uma segunda vez em 1934, confirmando o laudo original.


Horace Wilkinson


            Apenas no ano de 1960 é que a longa odisseia da cabeça de Oliver Cromwell se encerraria de uma vez por todas. Um dos descendentes de Wilkinson, o Dr. Horace Norman Stanley Wilkinson, decidiu dar um descanso decente à cabeça. Em 25 de março de 1960, a cabeça foi colocada em uma caixa de metal e enterrada em local secreto no campus do Sidney Sussex College, em um local conhecido apenas por alguns poucos indivíduos afim de evitar a ação de ladrões de sepulturas.

E assim, depois de séculos, a cabeça do Lorde Protetor enfim pode descansar.

 

Fonte:

Blog Mundo Tentacular

http://mundotentacular.blogspot.com/2020/08/a-estranha-jornada-da-cabeca-de-oliver.html

Acessado em: 7 de dez. 2021


[1] Oliver Cromwell – Nascido em Huntingdon, condado de Cambridgeshire, Anglia Oriental, Inglaterra em 25 de abril de 1599 e falecido no Palácio de Whitehall, Londres em 3 de setembro de 1658. Foi um militar e líder político inglês e, mais tarde, Lord Protector. Nascido no meio da nobreza rural, os primeiros quarenta anos de sua vida são pouco conhecidos. Após passar por uma conversão religiosa na década de 1630, Cromwell tornou-se puritano independente, assumindo uma posição, no geral, tolerante, face aos protestantes do seu tempo. Um homem intensamente religioso – auto denominado de Moisés puritano – ele acreditava profundamente que Deus era seu guia nas suas vitórias. Cromwell foi eleito membro do parlamento pelo círculo eleitoral de Hungingdon em 1628, e por Cambridge, no Pequeno (1640) e Longo Parlamentos (1640 -1649). Participou da Guerra Civil Inglesa, ao lado dos Parlamentaristas. Chamado de “Old Ironside”, foi rapidamente promovido da liderança de uma simples tropa de cavalaria para um dos comandantes principais do New Model Army, onde desempenhou um papel de destaque na derrota das forças realistas. Foi um dos signatários da sentença de morte do rei Carlos I em 1649, e, como membro do Rump Parliament (1649 – 1653), dominou a Comunidade da Inglaterra. Foi escolhido para assumir o comando da campanha inglesa na Irlanda durante 1649 – 1650. As suas forças derrotaram a coligação entre os Confederados e os Realistas, e ocuparam o país – terminando, assim, com as Guerras Confederadas Irlandesas. Durante este período, foram redigidas uma série de Leis Penais contra os católicos romanos (uma minoria significativa na Inglaterra e na Escócia, mas uma grande maioria na Irlanda), e grande parte das suas terras foram confiscadas. Cromwell também liderou uma campanha contra o exército escocês entre 1650 e 1651, liderando os “Roundheads” contra os Cavalheiros (Cavaliers), saindo vitorioso principalmente pelo fato do seu exército ter um modelo chamado “New Model Army” que tinha uma hierarquia baseada na meritocracia, ou seja, as altas patentes só eram alcançadas por merecimento. A 20 de abril de 1653, dissolveu o Rump Parliament pela força, instituindo uma assembleia, de curta duração, conhecida como Paramento Barebones, antes de ser convidado pelos seus pares para liderar como “Lorde Protetor” da Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda, a partir de 16 de dezembro de 1653. Como governante, esteve à frente de uma política exterior muito agressiva e eficaz. Depois de sua morte (por malária) em 1658, foi sepultado na Abadia de Westminster mas, após a tomada do poder pelos monarquistas, em 1660, o seu corpo foi retirado da sepultura, pendurado por correntes e decapitado. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Oliver_Cromwell. Acesso em 6 de dez. de 2021.

 

[2] Guerra Civil Inglesa – aconteceu durante a Revolução Inglesa, foi uma guerra civil entre os partidários do rei Carlos I da Inglaterra e do Parlamento, liderado por Oliver Cromwell. Começou em 1642 e acabou com a condenação à morte de Carlos I, em 1649. Antes da revolução, o poder do rei era absolutista, uma vez que contestá-lo era um sacrilégio. Depois da revolução, o poder do rei se viu reduzido, onde o rei existe e reina, mas não governa, quem governa é o Primeiro-Ministro, através do parlamento. Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_Inglesa. Acesso em 10 de dez. de 2021.

Batalha de Naseby
 

[3] Carlos I – Nascido em Dunfermline, Fife, Escócia em 19 de novembro de 1600 e falecido em Londres, Inglaterra em 30 de janeiro de 1649. Foi rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1625 até sua execução. Era o segundo filho do rei Jaime VI da Escócia e sua esposa Ana da Dinamarca; quando seu pai herdou o trono inglês em 1603, Carlos se mudou para a Inglaterra, onde passou a maior parte da vida. Ele se tornou herdeiro aparente, quando seu irmão Henrique Frederico morreu. Uma tentativa malsucedida e impopular tentou casar Carlos com uma princesa espanhola em 1623. Dois anos depois se casou com a francesa Henriqueta Maria. Depois de sua sucessão, Carlos começou uma luta pelo poder contra o parlamento inglês, tentando obter uma receita enquanto o parlamento tentava restringir sua prerrogativa real. Ele acreditava no direito divino dos reis e achou que podia governar de acordo com sua consciência. Muitos de seus súditos eram contra suas políticas, particularmente suas interferências nas igrejas inglesa e escocesa e o aumento de impostos sem o consentimento parlamentar, vendo suas ações como de um monarca absoluto tirano. As políticas religiosa de Carlos, junto com seu casamento com uma católica, geraram antipatia e desconfiança entre grupos reformistas como os puritanos e calvinistas, que o viam como muito católico. Ele apoiava clérigos controversos como Ricardo Montagu e William Laud quem Carlos nomeou Arcebispo da Cantuária, falhando em ajudar forças protestantes durante a Guerra dos Trinta Anos. Suas tentativas de forçar reformas religiosas na Escócia gerou as Guerras dos Bispos, aumentou a oposição dos parlamentos inglês e escocês e ajudou a precipitar sua queda. A partir de 1641, Carlos lutou contra as forças dos dois parlamentos na Guerra Civil Inglesa. Depois de ser derrotado em 1645, ele se entregou para forças escocesas que o entregaram para o parlamento inglês. Carlos se recusou a aceitar as exigências de uma monarquia constitucional protestante e temporariamente fugiu em novembro de 1647. Recapturado na ilha de Wight criou uma aliança com a Escócia, porém o Exército Novo de Oliver Cromwell consolidou seu controle na Inglaterra no final de 1648. Carlos foi julgado, condenado e executado por traição em janeiro de 1649. A monarquia foi abolida e uma república foi declarada. O Interregnum inglês terminou em 1660 e a monarquia foi restaurada com seu filho Carlos II. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_I_de_Inglaterra.  Acesso em 6 de dez. de 2021.

 


[4] Abadia de Westminster – formalmente denominadas Igreja Colegiada de São Pedro em Westminster, é uma grande igreja em arquitetura predominantemente gótica na cidade de Westminster, Londres, Inglaterra, a oeste do Palácio de Westminster. É um dos edifícios religiosos mais notáveis do Reino Unido e o local tradicional de coroação e sepultamento dos monarcas ingleses e, posteriormente britânicos. O edifício em si era uma igreja monástica beneditina até a dissolução do mosteiro em 1539. Entre 1540 e 1556, a abadia tinha o status de catedral. Desde 1560, o prédio não é mais uma abadia ou catedral, tendo o status de “Royal Peculiar” da Igreja Anglicana – uma igreja responsável diretamente pelo soberano. De acordo com a tradição relatada pela primeira vez por Sulcard em cerca de 1080, uma igreja fundada no local (então conhecida como Thorn Ey [Ilha Thorn]) no século VII, na época de Mellitus, um bispo de Londres. A construção atual começou em 1245, por ordem do rei Henrique III. Desde a coroação de Guilherme, o Conquistador (William), em 1066, todas as coroações de monarcas ingleses e britânicos estão na Abadia de Westminster. Houve 16 casamentos reais na abadia desde 1100. Como local de enterro de mais de 3,3 mil pessoas, geralmente de destaque predominante na história britânica (incluindo pelo menos dezesseis monarcas, oito primeiros-ministros, poetas laureados, atores, cientistas e líderes militares e o Guerreiro Desconhecido), a Abadia de Westminster às vezes é descrita como “Valhalla da Grã-Bretanha”, depois da construção de um icônico salão funerário da mitologia nórdica. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Abadia_de_Westminster.  Acesso em 10 de dez. de 2021.

 


[5] Carlos II – Nascido em Londres em 29 de maio de 1630 e falecido em Londres em 6 de fevereiro de 1685. Foi rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1660 até sua morte. Seu pai Carlos I foi executado no Palácio de Whitehall em 31 de janeiro de 1649, no auge da Guerra Civil Inglesa. O parlamento escocês o proclamou rei, porém Oliver Cromwell o derrotou na Batalha de Worcester, em 3 de setembro de 1651 e Carlos fugiu para a Europa continental. Cromwell se transformou no governante da Inglaterra, Escócia e Irlanda; Carlos passou nove anos em exílio na França, Províncias Unidas (República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixo) e nos Países Baixos Espanhóis. Após a morte de Cromwell em 1658, uma crise política resultou na restauração da monarquia, com Carlos sendo convidado a retornar a Grã-Bretanha. Em 29 de maio de 1660, seu aniversário de trinta anos, ele foi recebido em Londres com grande aclamação pública. Depois disso, todos os documentos legais foram datados como se ele tivesse sucedido seu pai em 1649. O parlamento inglês aprovou leis conhecidas como Código Clarendon, criado para fortalecer a posição da restabelecida Igreja Anglicana. Ele concordou com o código, mesmo sendo a favor de uma política de tolerância religiosa. A principal questão estrangeira do início de seu reinado foi a Segunda Guerra Anglo-Holandesa. Em 1670, assinou o Tratado Secreto de Dover, uma aliança com o seu primo Luís XIV de França. O rei francês concordava em auxiliar o inglês na Terceira Guerra Anglo-Holandesa e pagar uma pensão a Carlos, em troca Carlos prometia se converter ao catolicismo em uma data futura não especificada. Ele tentou em 1672 introduzir a liberdade religiosa aos católicos e dissidentes protestantes, com sua Real Declaração de Indulgência, porém o parlamento inglês forçou sua retirada. Em 1679, as revelações de Tito Oates sobre um suposto “Complô Papista” iniciaram a Crise da Exclusão quando descobriu que o irmão do rei, Jaime, o Duque de Iorque e Albany era um católico. A crise viu o surgimento de partidos Whig pró-exclusão e Tory antiexclusão. Carlos se aliou aos Tories e, após a descoberta de uma conspiração para mata-lo junto com o irmão em 1683, alguns líderes Whigs foram mortos ou exilados. Carlos dissolveu o parlamento em 1681, reinando sozinho até morrer em 1685. Não teve nenhum filho com sua esposa Catarina de Bragança, apesar de ter reconhecido vários ilegítimos, sendo assim sucedido por seu irmão Jaime. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_II_de_Inglaterra. Acesso em 6 de dez. de 2021.

 


[6] Westminster Hall – Palácio de Westminster ou Casas do Parlamento -  é o palácio londrino onde estão instaladas as duas Câmaras do Parlamento do Reino Unido (a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns). O palácio fica situado na margem norte do rio Tâmisa, no Borough da Cidade de Westminster próximo de outros edifícios governamentais ao longo da Whitehall. O palácio é um dos maiores parlamentos do mundo, constituindo um dos ex-libris de Londres, o que faz dele um dos edifícios existentes a conterem mais de 1.000 salas, 100 escadarias, e 5 Km de corredores. Apesar de a maior parte da construção datar do século XIX, entre os edifícios originais do Palácio encontra-se o Westminster Hall, usado atualmente para importantes cerimônias públicas, tal como os Funerais de Estado, e a Torre das Jóias (Jewel Tower). A tutela do Palácio de Westminster e do seu recinto foi exercida durante séculos pelo representante da Rainha, o Lorde-Camareiro Mor (Lord Great Chamberlain). Por acordo com a Coroa, o controle passou para as duas câmaras em 1965. Certas salas de cerimônia continuam sob a alçada do Lorde-Camareiro Mor. Depois de um incêndio em 1834, as atuais Casas do Parlamento foram construídas nos 30 anos seguintes. Foram obras do arquiteto Sir Charles Barry (1795 – 1860) e do seu assistente Augustus Welby Pugin (1812 – 1852). O desenho incorporou o Westminster Hall e o que restava da capela de Santo Estevão. Todos os cidadãos britânicos têm o direito tradicional de pedir para se avistarem com os seus membros do Parlamento, encontrando-se no elaboradíssimo Salão Central (Central Lobby). Durante as sessões parlamentares é possível assistir aos debates a partir da Galeria dos Estranhos (Stranger’s Galleries). Até a rainha está sujeita a restrições. Durante a Abertura Solene do Parlamento (State Opening of Parliamente) a soberana deve sentar-se no trono entre os Lordes enquanto o Primeiro-Ministro e os membros do Gabinete são convidados a entrar pela Câmara dos Comuns – um costume que remonta à intrusão arbitrária de Carlos I para pedir a prisão de cinco membros do Parlamento, tendo, no entanto, falhado no seu propósito. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_de_Westminster. Acesso em 10 de dez. 2021. 



[7] Claude Dupuy – Nascido em Paris em 1545 e faleceu em Paris em 1.º de dezembro de 1594. Foi um jurista, bibliófilo, filólogo e humanista francês. Figura chave no círculo de humanistas e historiadores franceses centralizados em torno de Jacques Cujas e Jacques-Auguste de Thou. Claude Dupuy formou uma grande biblioteca de manuscritos que foi herdada pelos seus filhos Pierre, erudito notável, e o humanista Jacques Dupuy. Quando este morreu, em 1657, os livros e manuscritos passaram para a Coleção Real e hoje fazem parte da Biblioteca Nacional da França. Todas essas obras são identificadas hoje como o Codex Puteanus. Entre seus escritos mais célebre estão os manuscritos das Epístolas de São Paulo, em grego e latim, alé de uma coleção de notações tironianas. Entre outras raridades encontram-se também manuscritos do século IX de Estácio (século I d.C.), a obra Apologeticum de Tertuliano e um códex do século V da Terceira Década de Lívio (século I d.C. – II d.C.). Estes escritos tinham pertencido à Abadia de Corbie, e foram adquiridos não se sabe por que meios. Claude Dupuy não se interessava por Iluminuras, ele dava preferência a textos bons, corretos, e escritos com elegância. Ele os lia, e algumas vezes fazia anotações sobre eles. Infelizmente, morreu muito cedo para publicar os resultados de suas pesquisas, porém, sua vasta correspondência com Gian Vicenzo Pinelli (1535 – 1601) foi editada por Anna maria Rauge. Pierre Dupuy – Nascido em Agen, França em 14 de novembro de 1582 e falecido em Paris em 15 de novembro de 1651. Foi um jurista, erudito e bibliotecário real francês. Era filho do humanista e bibliófilo Claude Dupuy. Mathieu Molé (1584 – 1656), primeiro presidente do Parlamento de Paris, para fazer um levantamento sobre os documentos que constituíam até aquela época o que eles chamavam de Trésor des Chartes (Cartas do Tesouro). Este trabalho levou onze anos para ser realizado. Este inventário dos manuscritos está preservado no original e em cópia na Biblioteca Nacional da França, sendo que existem transcrições nos arquivos nacionais de Paris, no salão de registros de Londres, e em outras partes do mundo. A classificação feita por Dupuy é ainda vista com respeito, porém, o inventário foi parcialmente substituído pela publicação do Inventário do Tesouro em 1863. Dupuy também publicou, junto com seu irmão Jacques e o amigo Nicolas Rigault (1577 – 1654) a “História de Jacques Auguste de Thou” (1620). Os dois irmãos, então, adquiriram de Rigault o posto de guardiães da Biblioteca Real, criando, a seguir, o catálogo da biblioteca. Durante o trabalho de criação do catálogo, Dupuy fez o registro do gigante acervo de documentos não publicados, que lhe fornecem material para muitas obras de excelente qualidade. Estas obra se tornaram importantes contribuições para a história das relações entre a igreja e o Estado na Idade Média. Foram escritas do ponto de vista gálico, isto é, em favor dos direitos da coroa em questões temporais e políticas, e isto explica a demora da publicação posterior à morte de Dupuy. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Claude_Dupuy. E ver também https://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Dupuy. Acesso em 10 de dez. 2021.

 

[8] James Cox (cerca de 1723 – 1800) – Foi um inventor, joalheiro e empresário britânico e também proprietário Museu de Cox. Mais conhecido por criar autômatos engenhosos e relógios mecânicos, incluindo o relógio de Cox, movido por pressão atmosférica, o relógio Peacock e o Cisne de Prata. A carreira de Cox como joalheiro começou em 1751, e seus autômatos foram projetados por artistas como Joseph Nollekens e Johann Zoffany. Na década de 1760, John Joseph Merlin tornou-se seu aprendiz. Embora ele se proclamou ourives, ele empregou vários joalheiros e fabricantes que podem ter feito muito trabalho; que ele nunca foi membro da guilda do ourives confirma mais a alegação de que ele subcontratou trabalho. Cox se especializou em intricados objetos de relógio incrustados de ouro, prata e joias, conhecidos como “canções de canto”. Seu mercado principal era o Extremo Oriente, especialmente a Índia e China, e o imperador chinês Qialong, possuía um de seus autômatos, em forma de carruagem. A popularidade de Cox foi importante para o comércio britânico: o comércio de chá garantiu que as importações britânicas superassem em muito suas exportações para a China, e Cox ajudou a corrigir o desequilíbrio. Suas “canções de canto” inicialmente reduziram o déficit comercial britânico, mas no início dos anos de 1770 Cox estava preso com um grande e um mercado oriental inundado. Ele liquidou parte de seu estoque na Christie’s em 1772 e usou o estoque restante para iniciar seu museu. Na década de 1770, Cox gerenciou um museu privado no Great Room em Spring Gardens, em Londres. Ele estava exibindo seus produtos desde pelo menos 1769, embora o museu oficial tenha sido inaugurado apenas em fevereiro de 1772. O local fica perto do Arco do Almirantado e estaria entre as salas de exibição mais populares de Londres no próximo meio século. O Cox’s Museum era tão memorável que era costume referir-se à sala como “anteriormente o Cox’s Museum”, e durante a execução do museu de 1772 a 1776 a exibição de Cox eclipsou todas as outras exposições. Sua habilidade em publicidade, sem dúvida, desempenhou um papel na construção da popularidade do museu. Cox produziu vários catálogos e uma coleção de versos elogiando seu museu, que foram publicados pela primeira vez em vários jornais de Londres (alguns provavelmente foram plantados por Cox). O Cox’s Museum estava entre as exposições mais caras de Londres, e o preço supostamente era para limitar o número de visitantes por razões de segurança. O museu era popular entre as classes altas e literatas de Londres: James Boswell o visitou em 1772, por recomendação de Samuel Johnson, e Frances Burney encena um debate sobre os usos da arte em Cox’s em seu romance Evelina. O dramaturgo Richard Sheridan presta homenagem ao Cox’s Museum em The Rivals. Como proprietário do museu, Cox pode ter comprado a cabeça de Oliver Cromwell como uma curiosidade. Embora ele esperasse por patrocínio real e exibisse, como era comum, retratos reais no museu, Cox nunca alcançou seu objetivo. Em 1773, uma lei especial do Parlamento autorizou Cox a dividir sua coleção e vender as peças por sorteio. O museu foi removido de Spring Gardens em 1775 e depois de ser brevemente exibido na Mansion House pelo Lord Mayor, foi dissolvido e vendido por loteria em maio de 1775. Em 1778, Cox foi à falência pela segunda vez. Cox despachou seu filho John Henry para Cantão na China em 1782 para vender um estoque acumulada. Em Cantão, James e John Henry tornaram-se sócios de Daniel Beale e seu irmão Thomas na empresa Cox & Beale. Cox permaneceu no negócio como varejista, não mais como artista ou fabricante, até sua morte. Entre as obras mais conhecidas de Cox estão o Relógio do Pavão, agora no State Hermitage Museum em São Petersburgo, e o Silver Swan, construído por Cox Barnard Castle, Teesdale, Couty Durham. O cisne, que pode levantar o pescoço, virar a cabeça e (aparentemente) pegar peixes pequenos, ainda funciona, como é demonstrado diariamente. Na época da loteria de maio de 1775, um par de brincos de diamante atraiu muita atenção, com Cox se oferecendo para compra-lo de volta do vencedor por 5.000 libras. Um relógio musical desenhado por Cox, e anteriormente propriedade do Rei Farouk do Egito, foi vendido em 12 de dezembro de 2012 na Bohams London por 385.250 libras (577.547 dólares). Fonte: https://stringfixer.com/pt/James_Cox_(inventor). Acesso em: 10 de dez. 2021.


 


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