domingo, 30 de janeiro de 2022

SAINT-JUST - O ARCANJO DA REVOLUÇÃO FRANCESA


Louis Antoine Léon de Saint-Just – Nascido em 25 de agosto de 1767, em Decize, Nièvre e falecido em 28 de julho de 1794, Paris. Foi um aspirante a literato, pensador e político revolucionário francês. Foi eleito para a Convenção em 5 de outubro de 1792, e votou pela execução do rei. Seu discurso em favor da execução do monarca é considerado um dos mais importantes e eloquentes do processo, e foi determinante para condenação de Luís XVI. Em 30 de maio de 1793 foi eleito membro do Comitê de Salvação Pública, onde destaca como um dos líderes. Nesta fase, desenvolve teorias sobre o governo revolucionário, e se torna um dos defensores da política do Terror. Foi denunciado no tribunal da Convenção dos Girondinos, e pelos extremistas e moderados de seu próprio partido, os Montanheses. Depois, encarregado da reorganização do exército, fez ali um extraordinário trabalho. Toda sua ação política visava criar uma “democracia” de pequenos proprietários, de trabalhadores e artesãos, fiéis à República. Foi guilhotinado em 28 de julho de 1794. Por sua intransigência durante o período do Terror, foi apelidado “arcanjo do Terror” e “arcanjo da Revolução”.

            Filho de Louis Jean de Saint-Just de Richebourg (1716 – 1777), um capitão da cavalaria, condecorado com a ordem de Saint-Louis; e de Marie-Anne Robinot (1736 -1791), filha de um notário. Saint-Just tinha duas irmãs mais novas, Louise-Marie-Anne de Saint-Just de Richebourg e Marie-Françoise-Victoire de Saint-Just de Richebourg. Depois de frequentar a escola de sua pequena cidade, Saint-Just foi internado de 1779 a 1785 no colégio Saint-Nicolas dês Oratoriens em Soissons (hoje em dia Colégio Saint-Just), um estabelecimento tombado onde seu tio e seu pai já haviam estudado e onde ele se aproxima de filhos da classe rica e dominante da província. Depois de ter fugido da casa materna para ir a Paris após uma discussão, ele foi internado numa casa correcional, na rue de Picpus, de setembro de 1786 a março de 1887, após uma lettre de cachet (carta de cachê)[i] obtida contra ele por sua mãe. O episódio da casa de correição provavelmente influenciou seu poema “Organt” (“Órgão”), uma crítica à monarquia absoluta e à Igreja, às vezes de caráter pornográfico e na tradição cínica, publicado na primavera de 1769. Depois se tornou escrivão do procurador Maître Dubois de Soissons, matriculou-se em outubro de 1787 na Faculdade de Direito de Reims, que Brissot e Danton já tinham frequentado, antes de retornar no ano seguinte a Blérancourt, onde permaneceu até setembro de 1792.

            Saint-Just assiste aos primeiros movimentos da Revolução Francesa em Paris, depois parte para se juntar à família em Blérancourt, onde se torna tenente-coronel da guarda nacional em julho de 1789. O contato com a população rural contribui para sua formação como homem político ele acaba por se envolver com os problemas locais.



            Revolucionário de caráter exaltado participa da Festa da Confederação, em 1790, e faz parte do cortejo que escoltou Luís XVI, após sua tentativa de fuga. Conhece Robespierre, para quem escreve uma primeira carta em agosto de 1790, e acaba por tornar-se um dos seus partidários mais próximos. Junto com Couthon, eles formam o “triumvirat” mais temido durante a Revolução Francesa. Assim como Robespierre, Saint-Just é fascinado pela cultura greco-romana (de onde se origina a ideia de democracia e a de república).

            Foi eleito deputado em 1791 na Assembleia Legislativa, mas recusam-lhe o direito de assumir o cargo em função de sua idade (24 anos). Eleito em 1792 para a Convenção, onde é o caçula, ele se torna rapidamente um de seus principais oradores. No processo contra Luís XVI ele profere as célebres frases: “Não se pode reinar inocentemente” e “Todo rei é um rebelde ou um usurpador”. Sua retórica impecável, inspirada em Rousseau, e seu rigor contra os inimigos da Revolução fazem dele não só a voz dos da Montanha, mas, na sequência, do Comitê de Salvação Pública, contra os Girondinos. Ele acaba por tornar-se um dos articuladores da queda dos dantonistas e dos hebertistas.



            Durante a crise de Termidor, ele tenta, com Barère, restabelecer o consenso dentro dos comitês, organizando a reunião do 5 Termidor. Nesta ocasião, ele é incumbido de ler um relatório diante da Convenção, sobre as horas que sacudiram o governo revolucionário. Mas o discurso de Robespierre diante da Assembleia, no 8 Termidor, acelera o desfecho da crise.

            No dia seguinte, ele é interrompido logo no início de seu discurso, por Tallien e a prisão de seu grupo é decretada. Libertado graças à insurreição de Paris, ele é preso pelas tropas fiéis à Convenção na manhã de 10 Termidor e é guilhotinado com os principais partidários de Robespierre, à tarde, sem direito a julgamento.



            “L’Esprit de La Revolution et de La Constitution de France” (1790 – 1791). Nesta obra, Saint Just expõe suas reflexões sobre a Revolução Francesa e a base das ideias que ele desenvolvera em 1792. O texto que fez sucesso no meio político, de acordo com as palavras de Bertrand Barère, é uma defesa da monarquia constitucional. Além disso, é notória a influência que Montesquieu e Rousseau tiveram sobre estes pensadores revolucionários.

            “Les Fragments d’Institutions Républicaines” (1793 – 1794). “Du Droit Social ou Principes Du Droit Naturel” (“De La Nature de L’état Civil de La Cité ou Les Règles de L’indépendance Du Gouvernemente” de 1791 – 1792). “Arlequin-Diogène”, peça de teatro (1787). “Organt”, poema (1787 – 1789).

 

Wikipédia. Disponível em:  https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Louis_Antoine_L%C3%A9on_de_Saint-Just. Acesso em 30 de jan. de 2022.



[i] Lettres de cachet – Eram cartas assinadas pelo rei da França, assinado por um de seus ministros, e fechado com o selo real ou o cachet. Eles continham ordens diretamente do rei, muitas vezes para impor ações arbitrárias e julgamentos que não podiam ser apelados. No caso dos corpos organizados, as letras de cachet foram emitidas com o objetivo de evitar a montagem ou a realização de algum outro ato definido. Os estados provinciais foram convocados desta maneira, e foi por uma carta de cachet, ou mostrando pessoalmente em uma lei de justiça, que o rei ordenou a um parlamento que registre uma lei, apesar da recusa do Parlamento em passá-la. As mais conhecidas cartas de cachet, no entanto, eram penais, pelo qual um sujeito foi condenado sem julgamento e sem uma oportunidade de defesa para prisão em prisão estadual ou prisão comum, confinamento em um convento ou hospital, transporte para as colônias, ou expulsão para outra parte do reino, ou do reino completamente. Os ricos às vezes compraram essas letras para dispor de indivíduos indesejados. Fonte: Site Educalingo. Disponível em: https://educalingo.com/pt/dic-en/lettre-de-cachet. Acesso em 30 de jan. 2022.


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