quarta-feira, 19 de abril de 2017

A ALEMANHA ANTES DA UNIFICAÇÃO




Antes da unificação, o território germânico estava fragmentando em 39 estados que formavam a Confederação Germânica. A Confederação era governada por uma assembleia com representantes de todos os estados. Porém, eram os representantes dos maiores estados, Prússia e Áustria, que tinham maior poder e acabam por decidir quase tudo.
    Havia também um conflito de interesses entre Áustria e Prússia. Enquanto a Áustria era contrária a unificação, a Prússia era favorável, pois pretendia aumentar seu poder sobre o território germânico e ampliar o desenvolvimento industrial.


    Em 1834, a Prússia liderou a criação do Zollverein (união aduaneira dos Estados Germânicos) com o objetivo de facilitar o comércio entre os Estados e incentivar o desenvolvimento industrial. Grande parte dos estados entrou nesta união, porém a Áustria optou por ficar de fora. A criação desta união fez aumentar muito o poder da Prússia e diminuir o da Áustria na Confederação.




A Confederação Germânica (Deutscher Bund, em alemão) foi uma associação política e econômica (a Zollverein, a partir de 1834) dos principais territórios de língua alemã, criada no Congresso de Viena de 1815, sob hegemonia austríaca, que sucedeu ao milenar Sacro Império Romano-Germânico, dissolvido em 1806 pelas invasões napoleônicas.
A entidade era uma confederação fraca de 39 Estados, com uma dieta em Frankfurt, instalada no Palais Thurn und Taxis, que representava apenas os soberanos, não os povos daqueles territórios. O tamanho e influência de cada Estado variava consideravelmente:


·         O Império Austríaco e o Reino da Prússia eram os maiores e mais importantes membros da confederação. Grandes partes de seus territórios e de suas forças armadas não foram incluídas na confederação, o que permitia a ambos atuar como países independentes; por exemplo, durante as guerras com a Dinamarca, Áustria e Prússia não combateram sob a bandeira da confederação. Ambas possuíam um voto cada na dieta.
·         Dois Estados-membros eram governados por soberanos estrangeiros: os reis da Dinamarca, dos Países Baixos e do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda (até 1837) eram membros da Confederação Germânica na qualidade, respectivamente, de duque de Holstein e rei de Hanôver. Cada um detinha um voto cada na dieta.
·         Seis outros Estados contavam um voto cada na dieta: os reis da Baviera, Saxônia e Vurtemberga, o príncipe-eleitor do Hesse e os grão-duques de Baden e do Hesse.
·         23 membros menores compartilhavam cinco votos na dieta.
· As cinco cidades livres de Lübeck, Frankfurt, Bremen e Hamburgo compartilhavam um voto na dieta.
As suas fronteiras eram aproximadamente as mesmas fronteiras do Sacro-Império por alturas da Revolução Francesa, excetuando o território que corresponde hoje à Bélgica. Os seus membros, drasticamente reduzidos a cerca de 30 em relação aos mais de 200 que constituíam o Sacro-Império, dispunham de plena soberania e comprometiam-se a uma defesa mútua, mantendo em conjunto uma série de fortalezas no Luxemburgo, em Mogúncia, Rastatt, Ulm e Landau. Os assuntos políticos, naturalmente limitados devido à grande autonomia dos estados-membros, discutiam-se na dieta federal, sob presidência austríaca, de Frankfurt.


Foi dissolvida em 1866 após a vitória prussiana na Guerra Austro-Prussiana - causada pela rivalidade entre estes dois Estados na disputa pela hegemonia política sobre os territórios de língua alemã - e substituída pela Confederação da Alemanha do Norte (Norddeutscher Bund), estrutura análoga, mas sob hegemonia prussiana e excluindo a Áustria. O posterior Império Alemão (Deutsches Reich), proclamado em 1871, integrou os membros da liga à excepção da Áustria, Luxemburgo, Limburgo e Liechtenstein.
Os países atuais, cujos territórios estavam total ou parcialmente localizados dentro das fronteiras da Confederação Germânica (1815–1866), são:
·         Alemanha (todos os estados),
·         Áustria (todos os estados exceto Burgenland)
·         Luxemburgo (todo o território)
·         Liechtenstein (todo o território)
·         Países Baixos (província de Limburgo - A província juntou-se à confederação depois de 1839)
A Confederação Germânica

A Confederação Germânica, 1815–1866
·         República Tcheca (todo o território)
·         Eslovênia (exceto Prekmurje)
·         Polônia (Cujávia-Pomerânia, Lubúsquia, Baixa Silésia, Opole, parte da Voivodia da Silésia); temporariamente: Território de Posen (atual Poznań), anteriormente sudeste da Prússia, anteriormente cidade livre de Danzig (atual Gdansk)
·         Bélgica (comunidade belga germanófoba e alguns outros territórios no leste da província de Liège); a província de Luxemburgo deixou a Confederação quando aderiu à Bélgica em 1839
·         Itália (as regiões autônomas do norte: Friul-Veneza Júlia e Trentino-Alto Ádige/Südtirol)
·         Croácia (condado da Ístria)
·         Dinamarca
Os membros da Confederação Germânica foram aqueles estados membros que, a partir de 20 de junho de 1815, fizeram parte da Confederação Germânica, que durou, com algumas alterações nos estados-membros, até 24 de agosto de 1866, sob a presidência do Casa imperial austríaca dos Habsburgo, que era representado por um presidente austríaco enviado para a Dieta Federal na Frankfurt.

Quando unida, o seu território praticamente coincidiu com o que restava do Sacro Império Romano-Germânico depois que Napoleão Bonaparte decretou o seu fim; com exceção das duas grandes potências rivais, os Habsburgo e a Prússia, e a margem esquerda ocidental do Reno (que a França tinha anexado). Os outros estados-membros ou os seus precursores, estão na maioria hoje presentes na configuração da atual Alemanha, e faziam parte da Confederação do Reno.
1.  O Império Austríaco (sem o Reino da Hungria, Transilvânia, Bucovina e Croácia, que se tornou o reino apostólico da Hungria dentro da Monarquia Dual do Danúbio, o Reino Lombardo-Vêneto (constituindo as partes perdidas para a Itália em 1859 - 1866), os reinos da Dalmácia e da Galiza)
1. Arquiducado da Áustria (dividida em Alta Áustria e Baixa Áustria em 1849)
2. Reino da Boêmia
3. Ducado de Hemprich
4. Ducado de Carniola
5. Litoral (composto pela Gorizia e Gradisca, Ístria e Trieste)
6. Marca da Morávia
7. Grão-Ducado de Salzburgo
8. Ducado da Alta e Baixa Silésia
9. Ducado da Estíria
10.            Condado do Tirol
11.            Vorarlberg
2.  O Reino da Prússia (sem PoznańPrússia Oriental e Prússia Ocidental)
1. Província de Brandemburgo
2. Província da Pomerânia
3. Província do Reno (até 1822, Grão-Ducado do Baixo Reno e Jülich-Cleves-Berg)
4. Província da Saxônia
5. Província da Silésia
6. Província de Vestfália
3.  O Reino da Baviera (o terceiro maior membro)
4.  O Reino de Hanôver
5.  O Reino da Saxônia
6.  O Reino da Ilíria
7.  O Reino de Württemberg
8.  O eleitorado de Hesse
9.  O Grão-Ducado de Baden
10.              O Grão-Ducado de Hesse
11.              O Grão-Ducado de Luxemburgo (perdeu mais de metade do seu território, a oeste para a Bélgica na cisão do Reino Unido dos Países Baixos, em 1839, e, assim, tornando o Ducado de Limburgo um membro.)
12.              O Grão-Ducado de Mecklemburgo-Schwerin
13.              O Grão-Ducado de Mecklemburgo-Strelitz
14.              O Grão-Ducado de Saxe-Weimar-Eisenach
15.              O Ducado de Anhalt-Dessau (Ducado de Anhalt de 1863)
16.              O Ducado de Bernburg-Anhalt (em 1863)
17.              O Ducado de Köthen-Anhalt (em 1847)
18.              O Ducado de Brunsvique-Luneburgo, ou de Brunsvique, por um curto período
19.              O Ducado de Holstein (em união pessoal com o Reino da Dinamarca, não era um ex-membro da Confederação do Reno)
1. O Ducado de Schleswig (em união pessoal com o Reino da Dinamarca, não foi um antigo membro do Sacro Império Romano-Germânico ou da Confederação do Reno. Os separatistas (pró-Alemães) governadores de Schleswig-Holstein (1848-51) uniram Schleswig à confederação. Este ato não foi reconhecido pelo governo dinamarquês, e o acordo de paz em 1851 especificou que Schleswig não era um membro.
20.              O Ducado de Lauenburgo
21.              O Ducado de Limburgo (tornou-se membro em 1839 a título de compensação pelas perdas territoriais do Grão-Ducado do Luxemburgo que foram causados pela ruptura do Reino Unido da Holanda.)
22.              O Ducado de Nassau
23.              O Ducado de Saxe-Gota-Altemburgo (a 1825)
24.              O Ducado de Saxe-Coburgo-Saalfeld (Ducado de Saxe-Coburgo-Gota de 1826)
25.              O Ducado de Saxe-Meiningen
26.              O Ducado de Saxe-Hildburghausen (Ducado de Saxe-Altemburgo de 1826)
27.              O Ducado de Oldemburgo (Grão-Ducado de 1829)
28.              O Condado de Hesse-Homburgo (a partir de 1817)
29.              O Principado de Schwarzburg-Sondershausen
30.              O Principado de Schwarzburg-Rudolstadt
31.              O Principado de Hohenzollern-Hechingen (a 1850)
32.              O Principado de Liechtenstein
33.              O Principado de Hohenzollern-Sigmaringen (a 1850)
34.              O Principado de Waldeck
35.              O Principado de Reuss Linha Maior
36.              O Principado de Reuss Linha Menor
37.              O Principado de Schaumburgo-Lippe
38.              O Principado de Lippe
39.              A Cidade Livre de Lübeck
40.              A Cidade Livre de Frankfurt
41.              A Cidade Livre de Bremen (ainda hoje um estado federal constitutivo da Alemanha)
42.              A Cidade Livre de Hamburgo (ainda hoje um estado federal constitutivo da Alemanha)




ESCRAVISMO PORTUGUÊS



Sites sobre o escravismo nos territórios coloniais portugueses:

Angola:
https://www.publico.pt/mundo/noticia/-angola-o-grande-produtor-de-escravos-1729882

Cabo Verde:
https://www.publico.pt/mundo/noticia/de-cabo-verde-a-angola-na-rota-da-escravatura-em-cinco-paises-1729858

Moçambique:
https://www.publico.pt/mundo/noticia/mocambique-a-escravatura-nao-desaparece-com-tratados-1729884

Guiné-Bissau:
https://www.publico.pt/mundo/noticia/-guinebissau-alimentava-o-comercio-de-escravos-de-cabo-verde-1729883

São Tomé e Príncipe:
https://www.publico.pt/mundo/noticia/em-sao-tome-e-principe-a-escravatura-durou-ate-a-independencia-1729886


O ENCONTRO DE ALEXANDRE COM DIÓGENES.

 Escultura do encontro entre Alexandre e o filósofo cínico Diógenes na cidade grega de Corinto.

Conta-se que, certa feita, Alexandre da Macedônia, o Grande, após triunfar sobre os gregos e entrar em Atenas como conquistador, ali soube da existência daquele considerado um verdadeiro sábio pelos atenienses, o mais sábio dentre os homens: Diógenes de Sínope. Segundo relataram ao Grande, Diógenes fora pupilo do célebre Antístenes de Atenas, por sua vez fundador do Cinismo e notável discípulo de ninguém menos do que o próprio Socrátes. Diógenes era natural de Sínope (hoje, uma cidade da Turquia), mas quando questionado sobre sua naturalidade, se havia ou não nascido em Atenas, respondia simplesmente que era “uma criatura natural do cosmos, e não de uma cidade nem de um estado”.


Conforme as lendas que cercam seu nome, Diógenes, por desprezar praticamente tudo o que considerava mundano, vivia em trapos e perambulava pelas ruas atenienses carregando uma pequena lamparina acesa. Diógenes falava que estava a procurar pelo menos um homem de verdade, um que vivesse por si mesmo, que não fosse apenas membro de um rebanho. Acabou capturado por piratas e posto a venda como escravo. No mercado, foi comprado por um nobre que lhe incumbiu da instrução de seus dois filhos.


Ao perguntar onde poderia encontrar o tal sábio, Alexandre escutou que Diógenes morava num barril, nas proximidades de um porto, diziam. Alexandre, sabendo da enigmática busca empreendida por aquele estranho sábio, apressou-se em procurá-lo. Encontrando Diógenes sentado no chão ao lado de seu barril, tomando sol, o imperador, extasiado, apressou-se em lhe dizer: “Sou Alexandre, aquele que conquistou todas as terras. Peça-me o que quiser que eu lhe darei. Palácios, terras, honrarias, escravos ou tesouros jamais vistos. O que você quer, ó Sábio?”. Diógenes, levantou os olhos e respondeu: “Senhor, apenas não tire de mim o que não pode me dar”.



Percebendo que se posicionara entre Diógenes e o sol, Alexandre, perplexo ante a profundidade do que havia escutado, se retirou daquele lugar, deixando também a Capital grega, para nunca mais voltar.

Alexandre, o Grande, é considerado o maior conquistador da história. Diógenes, por sua vez, é considerado o maior entre os filósofos Cínicos.



Imagem: Escultura do encontro entre Alexandre e o filósofo cínico Diógenes na cidade grega de Corinto.

Retirado do grupo do Facebook: História e Historiografia

terça-feira, 18 de abril de 2017

ALGO SOBRE LUXEMBURGO


Luxemburgo, oficialmente Grão-Ducado do Luxemburgo é um pequeno Estado soberano situado na Europa Ocidental, limitado pela Bélgica, França e Alemanha. Luxemburgo tem uma população de pouco mais de meio milhão de pessoas e uma área de aproximadamente 2586 km².
Sendo uma democracia representativa parlamentar com um grão-duque como monarca constitucional, Luxemburgo é o único grão-ducado ainda existente. O país tem uma economia altamente desenvolvida, com um dos maiores PIB per capita do mundo. A sua importância histórica e estratégica remonta aos tempos da sua fundação, como uma fortaleza romana, no início da Idade Média. Foi um importante bastião espanhol enquanto a Espanha foi a principal potência europeia, influenciando todo o hemisfério ocidental e para além dos séculos XVI e XVII.
Luxemburgo é um membro fundador da União Europeia, NATO, OCDE, Nações Unidas, Benelux e da União da Europa Ocidental, o que reflete o consenso político em favor da coesão econômica, política e integração militar. A Cidade de Luxemburgo, a capital e maior cidade, é sede de várias instituições e sedes da União Europeia.
Luxemburgo está no ponto de encontro entre a Europa Românica e a Europa Germânica, empregando costumes de cada uma das diferentes tradições. Trata-se de um país trilíngue, onde o alemão, o francês e o luxemburguês são línguas oficiais. Embora seja um Estado laico, a religião predominante no país é o Catolicismo.



A história de Luxemburgo começa com a aquisição de Lucilinburhuc (hoje Castelo de Luxemburgo) por Siegfried, conde de Ardennes, em 963. Em torno desta fortaleza, localizada num promontório, uma cidade foi desenvolvida gradualmente, que se tornou o centro de um pequeno estado de grande valor estratégico. Nos séculos XIV e XV os três primeiros membros da Casa de Luxemburgo reinaram sucessivamente como Sacro Imperador Romano. Em 1437, a Casa de Luxemburgo sofreu uma crise sucessória, precipitado pela falta de um herdeiro masculino para assumir o trono, que levou a venda do território para Filipe, o Bom de Borgonha. Nos séculos seguintes, a fortaleza de Luxemburgo foi continuamente ampliada e reforçada pelos seus sucessivos ocupantes, das casas dos Bourbons, Habsburgo, Hohenzollern e da França, entre outros. Após a derrota de Napoleão em 1815, Luxemburgo foi disputada entre a Prússia e os Países Baixos. O Congresso de Viena formou o Grão-Ducado de Luxemburgo, em sua união com a Holanda. Luxemburgo também se tornou um membro da Confederação Alemã, como uma fortaleza confederada ocupada por tropas prussianas.


A Revolução Belga de 1830-1839 reduziu o território de Luxemburgo por mais da metade, enquanto os predominantemente francófonos da parte ocidental do país foram transferidos para a Bélgica. A independência de Luxemburgo foi reafirmada em 1839 pelo Primeiro Tratado de Londres. No mesmo ano, Luxemburgo juntou-se a Zollverein.  A independência e neutralidade de Luxemburgo foram novamente afirmada pelo Segundo Tratado de Londres em 1867, após a Crise de Luxemburgo, que quase levou à guerra entre a Prússia e a França. Depois do último conflito, a fortaleza da confederação foi desmantelada.


Rei dos Países Baixos se manteve Chefe de Estado, bem como Grão-Duque do Luxemburgo, mantendo sua união entre os dois países até 1890. Com a morte de Guilherme III, o trono holandês passou a sua filha Guilhermina, enquanto em Luxemburgo (tempo em que o trono era restrito aos herdeiros do sexo masculino pelo Pacto da Família Nassau) passou a Adolfo de Nassau-Weilburg.
Luxemburgo foi invadido e ocupado pela Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial, mas foi autorizado a manter a sua independência e mecanismos políticos. Foi novamente invadido e sujeito à ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial em 1940, e foi formalmente anexada ao Terceiro Reich, em 1942.
Durante a II Guerra Mundial, Luxemburgo abandonou sua política de neutralidade, quando se juntou aos Aliados na luta contra a Alemanha. Seu governo, exilado em Londres, criou um pequeno grupo de voluntários que participaram na invasão da Normandia. Tornou-se um membro fundador da Organização das Nações Unidas em 1946 e da NATO em 1949. Em 1957, Luxemburgo se tornou um dos seis países fundadores da Comunidade Econômica Europeia (mais tarde União Europeia), e em 1999, aderiu ao euro. Em 2005, um referendo sobre o tratado da UE, que estabelece uma constituição para a Europa, teve lugar em Luxemburgo.




PEQUENA HISTÓRIA DO BUDISMO

História de Buda e origem do budismo
Por ANDREA ALVES



O Budismo nasceu na Índia, no séc. VI a.C., com Buda Shakyamuni. Siddhartha Gautama – “Aquele cujo Desígnio será alcançado” (nome de origem do Buda Shakyamuni) nasceu ao norte da Índia (atualmente Nepal) como um rico príncipe pertencente à família real dos Sákyas. Durante a gravidez, a rainha Maya, mãe de Sidarta, sentia um contentamento tão profundo que inspirou o rei se voltar para as práticas espirituais, encorajando a ação benevolente e compassiva em todos ao seu redor. Na primavera, a rainha deu à luz nos Jardins de Lumbini, sob uma árvore em flor, e faleceu pouco tempo depois.
Criado sob os preceitos das antigas religiões indianas (naquele tempo, a Índia era um território muito rico nas práticas espiritualistas – Yoga já era praticado como ciência espiritualista -, bem como nas ciências como matemática e filosofia), Sidarta foi cercado de belezas e prazeres pelo pai que, temendo que seu único filho deixasse o lar em busca da verdade, o protegeu da visão de qualquer sofrimento.
Quando o príncipe Sidarta atingiu a maioridade, atendeu o desejo de seu pai de se casar, escolhendo a sábia e virtuosa princesa Gopa, cuja mão conquistou mostrando-se mestre nas artes e ciências mundanas, como os esportes (luta, corrida, natação, arte de cavalgar…), as artes (pintura, escultura, música instrumental, canto, dança…) e o comércio.
Além de tais habilidades, Sidarta tinha completo domínio da magia, dos mistérios da natureza, astrologia, escrituras tradicionais indianas, debate, ritos religiosos e Yoga. Gopa espelhava as qualidades do príncipe, com pureza de coração, indiferente ao luxo e à ostentação. Eles viveram em deleite, nas mais elegantes moradias.
Aos 29 anos, durante quatro passeios aos jardins fora dos muros da cidade real, o príncipe teve quatro visões que transformaram sua vida: um velho homem, abandonado por sua família; um homem desfigurado pela doença e dominado pela dor; um corpo sem vida a caminho do sepultamento, seguido pelos pesarosos parentes; e um tranquilo asceta concentrado na liberação. (Lembrando que o conceito de “liberação” ou “iluminação” já era praticado pelas filosofias da época, como o Yoga). Profundamente impressionado com a inevitabilidade do sofrimento e inspirado pela serenidade do asceta, o príncipe resolveu renunciar a seu reino para buscar o fim do sofrimento. O coração e a mente de Sidarta abriram-se completamente e ele abraçou o inevitável sofrimento de que os seres humanos padecem.
Partiu a cavalo com seu amigo e cocheiro Chandaka, a caminho da estupa do Buda anterior, Kasyapa, onde o príncipe trocou suas vestes reais pelas roupas em farrapos de um mendigo. Cortou seus cabelos, signo de sua condição real, rompendo simbolicamente os laços com a vida anterior. Mandou que o amigo retornasse ao palácio e foi em busca do “incriado, imorredouro, imperturbável”. Por um tempo viveu só na montanha de Rajagrha, e depois foi atrás de cada mestre do país, de cada filosofia, aprendendo seus ensinamentos, até que continuou sua busca espiritual por si só.
Viveu em lugares ermos e praticou as mais severas austeridades, como comer apenas um grão de arroz. Através de tais práticas, alcançou níveis de consciência muito expandidos, embora temporários, e desenvolveu extraordinário poder de determinação, mostrados em cada pedido de seu pai para que regressasse.
Compelido pela compaixão dos seres em sofrimento, abandonou a prática de austeridades, aceitou o prato de arroz com leite oferecido por uma donzela, e sentou-se solitário sob a árvore bodhi, a algumas milhas ao sul da vila de Gaya. Ali, fez voto de não se levantar até que tivesse atingido completa e perfeita iluminação. Sem se distrair ou seduzir com os deuses do medo e do prazer, Sidarta, naquela noite, compreendeu as operações internas do samsara, o ciclo de nascimento e morte, as vidas passadas de todos os seres e observou o karma em operação.
Compreendeu os padrões de sofrimento, o emaranhado de suas causas e condições e a maneira de trazê-las a um fim. Torna-se um Buddha, o completamente desperto.

Após sete semanas, o Desperto levantou-se de sob a árvore bodhi e dirigiu-se ao Parque das Gazelas em Varanasi, onde residiam seus antigos seguidores. Pelos 45 anos seguintes, o Buddha viajou extensamente ensinando o Dharma a centenas de milhares de seguidores.
Durante o octogésimo ano de vida do senhor Buda, chegou o tempo de seu último ensinamento: Conclamou seus seguidores a buscarem a verdade por si mesmos e a agarrarem-se à verdade como uma lâmpada e a um refúgio. Depois de pronunciar suas últimas palavras – “Monges, a decadência é inerente a todas as coisas compostas”, o Desperto entrou em Paranirvana, fundindo-se com o inconcebível onipresente Dharmakaya.

Pelas mãos de seus discípulos, o budismo firma-se como filosofia e religião em diversas vertentes, que dão continuidade aos ensinamentos do Buddha.
A fonte deste texto é do budismo Vajraya, escola tibetana. ‘Caminhos para a Iluminação’ do Instituto Nyingma.



Veja também:

ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: DOIS MUNDOS, UM MESMO FASCÍNIO PELO PASSADO

Quando falamos em escavar o solo em busca de vestígios do passado, muitas pessoas imediatamente pensam em fósseis de dinossauros e utensílio...

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