História de Buda e origem do budismo
Por ANDREA ALVES
O Budismo nasceu na
Índia, no séc. VI a.C., com Buda Shakyamuni. Siddhartha Gautama – “Aquele cujo
Desígnio será alcançado” (nome de origem do Buda Shakyamuni) nasceu ao norte da
Índia (atualmente Nepal) como um rico príncipe pertencente à família real dos
Sákyas. Durante a gravidez, a rainha Maya, mãe de Sidarta, sentia um
contentamento tão profundo que inspirou o rei se voltar para as práticas
espirituais, encorajando a ação benevolente e compassiva em todos ao seu redor.
Na primavera, a rainha deu à luz nos Jardins de Lumbini, sob uma árvore em
flor, e faleceu pouco tempo depois.
Criado sob os
preceitos das antigas religiões indianas (naquele tempo, a Índia era um
território muito rico nas práticas espiritualistas – Yoga já era praticado como
ciência espiritualista -, bem como nas ciências como matemática e filosofia),
Sidarta foi cercado de belezas e prazeres pelo pai que, temendo que seu único
filho deixasse o lar em busca da verdade, o protegeu da visão de qualquer
sofrimento.
Quando o príncipe
Sidarta atingiu a maioridade, atendeu o desejo de seu pai de se casar,
escolhendo a sábia e virtuosa princesa Gopa, cuja mão conquistou mostrando-se
mestre nas artes e ciências mundanas, como os esportes (luta, corrida, natação,
arte de cavalgar…), as artes (pintura, escultura, música instrumental, canto,
dança…) e o comércio.
Além de tais
habilidades, Sidarta tinha completo domínio da magia, dos mistérios da
natureza, astrologia, escrituras tradicionais indianas, debate, ritos
religiosos e Yoga. Gopa espelhava as qualidades do príncipe, com pureza de coração, indiferente ao
luxo e à ostentação. Eles viveram em deleite, nas mais elegantes moradias.
Aos 29 anos, durante
quatro passeios aos jardins fora dos muros da cidade real, o príncipe teve
quatro visões que transformaram sua vida: um velho homem, abandonado por sua
família; um homem desfigurado pela doença e dominado pela dor; um corpo sem
vida a caminho do sepultamento, seguido pelos pesarosos parentes; e um
tranquilo asceta concentrado na liberação. (Lembrando que o conceito de
“liberação” ou “iluminação” já era praticado pelas filosofias da época, como o
Yoga). Profundamente impressionado com a inevitabilidade do sofrimento e
inspirado pela serenidade do asceta, o príncipe resolveu renunciar a seu reino
para buscar o fim do sofrimento. O coração e a mente de Sidarta abriram-se
completamente e ele abraçou o inevitável sofrimento de que os seres humanos
padecem.
Partiu a cavalo com seu amigo e cocheiro Chandaka, a caminho da estupa do Buda
anterior, Kasyapa, onde o príncipe trocou suas vestes reais pelas roupas em
farrapos de um mendigo. Cortou seus cabelos, signo de sua condição real,
rompendo simbolicamente os laços com a vida anterior. Mandou que o amigo
retornasse ao palácio e foi em busca do “incriado, imorredouro, imperturbável”.
Por um tempo viveu só na montanha de Rajagrha, e depois foi atrás de cada
mestre do país, de cada filosofia, aprendendo seus ensinamentos, até que
continuou sua busca espiritual por si só.
Viveu em lugares
ermos e praticou as mais severas austeridades, como comer apenas um grão de
arroz. Através de tais práticas, alcançou níveis de consciência muito
expandidos, embora temporários, e desenvolveu extraordinário poder de
determinação, mostrados em cada pedido de seu pai para que regressasse.
Compelido pela
compaixão dos seres em sofrimento, abandonou a prática de austeridades, aceitou
o prato de arroz com leite oferecido por uma donzela, e sentou-se solitário sob
a árvore bodhi, a algumas
milhas ao sul da vila de Gaya. Ali, fez voto de não se levantar até que tivesse
atingido completa e perfeita iluminação. Sem se distrair ou seduzir com os
deuses do medo e do prazer, Sidarta, naquela noite, compreendeu as operações
internas do samsara, o ciclo de nascimento e morte, as vidas passadas de todos
os seres e observou o karma em operação.
Compreendeu os
padrões de sofrimento, o emaranhado de suas causas e condições e a maneira de
trazê-las a um fim. Torna-se um Buddha, o completamente desperto.
Após sete semanas, o
Desperto levantou-se de sob a árvore bodhi e dirigiu-se ao Parque das Gazelas
em Varanasi, onde residiam seus antigos seguidores. Pelos 45 anos seguintes, o
Buddha viajou extensamente ensinando o Dharma a centenas de milhares de seguidores.
Durante o octogésimo
ano de vida do senhor Buda, chegou o tempo de seu último ensinamento: Conclamou
seus seguidores a buscarem a verdade por si mesmos e a agarrarem-se à verdade
como uma lâmpada e a um refúgio. Depois de pronunciar suas últimas palavras –
“Monges, a decadência é inerente a todas as coisas compostas”, o Desperto
entrou em Paranirvana, fundindo-se com o inconcebível onipresente Dharmakaya.
Pelas mãos de seus
discípulos, o budismo firma-se
como filosofia e religião em diversas vertentes, que dão continuidade aos
ensinamentos do Buddha.
A fonte deste texto é
do budismo Vajraya, escola tibetana. ‘Caminhos para a Iluminação’ do Instituto Nyingma.
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