domingo, 19 de março de 2017

NUDISTAS CONTRA PELADÕES


O nudismo tradicional pode estar chegando ao fim na Alemanha, local do nascimento do mesmo. Organizado em associações de naturistas com áreas privativas, o movimento queixa-se hoje dos que tiram a roupa em qualquer lugar para tomar sol.

A sociedade muda com tanta rapidez, que o que parecia progressista tempos atrás, em pouco tempo acaba com um certo ranço conservador. A situação não está fácil para o movimento nudista, conhecido na Alemanha pela sigla FKK (FreiKörperKultur). Suas associações perdem filiados, seus membros envelhecem. Ao mesmo tempo, o liberalismo moderno tirou a nudez de praias isoladas e clubes exclusivos, expondo-a em locais públicos - e não apenas na publicidade em outdoors.
O resultado é um exibicionismo de pele nua, em qualquer lago natural ou artificial, e até em muitos parques das cidades. Foram-se os tempos em que o Englischer Garten, de Munique, era o único reduto nudista na capital da Baviera. Ou seja, o nudismo se disseminou.
Quem acha que os nudistas se alegrariam com isso, está completamente enganado. "Eles só querem saber de nadar nus", diz o bávaro Walter Nussbaumer, presidente da Associação para a Liberdade de Vida

O naturista alemão Oswalt Kolle com a família, em clube nudista nos anos 70. Kolle ficou conhecido por seus programas de tevê, prestando esclarecimentos sobre sexo.

Ovelhas negras: os nudistas sem carteirinha
O tom é de desprezo pelos "nudistas selvagens" de hoje, que tiram a roupa em público e não têm carteirinha, isto é, não estão filiados a nenhuma organização. Isso porque de trás do nudismo alemão há toda uma concepção de vida - dizem os que o praticam. Quem se filia a uma das associações, em que a união familiar e a prática de esportes têm grande destaque, não está fazendo nada proibido ou condenável socialmente.
"A nudez é expressão de liberdade. Nus, somos iguais entre iguais", diz Nussbaumer, acrescentando uma vantagem desconhecida pelos brasileiros: "Sem calções ou maiôs molhados, não pegamos nenhuma doença nos rins." O que também nem todos os brasileiros sabem, é que fundar associações é um dos passatempos mais comuns dos alemães.
O representante nudista faz questão de diferenciar entre os "verdadeiros naturistas", adeptos da livre cultura física - a tradução literal de FKK - dos demais "peladões", que não compartem os mesmos nobres objetivos e ainda por cima podem denegrir a imagem do movimento nudista com seu comportamento inconveniente, uma vez que a maioria dos mortais não separa uns de outros. "Damos grande importância à moral. E não há nada de erotismo quando 200 pessoas pulam juntas praticando esporte", acrescenta, no que qualquer brasileiro lhe daria razão.
E, no entanto, o protesto denota um saudosismo dos bons velhos tempos, em que os simples nomes dos "paraísos da FKK", como a Ilha de Sylt, no norte, ou Pupplinger Au, às margens do Rio Isar, na Baviera, já despertavam cochichos. Sem falar na curiosidade de estrangeiros em geral, latinos e brasileiros especialmente, ansiosos de conhecer as praias nudistas.

Pudor, o ponto de partida
Na Alemanha, a média de idade nas associações nudistas já supera os 50 anos. O número de filiados está em torno de 50 mil, com tendência a diminuir. A origem do movimento remonta ao século 19, mais precisamente a 1839, com a publicação de um livro sobre a cultura física ao ar livre, que foi o ponto de partida para o nudismo. Que seu autor se chamasse Heinrich Pudor pode até parecer irônico a quem desconheça a concepção naturista. Os nazistas proibiram a FKK. Em 1949, ressurgiu a associação Deutsche Bund für Freikörperkultur, em Kassel.

Em um congresso, nos anos 70, seus adeptos assim definiram sua concepção de vida: "O naturismo é uma forma de vida em harmonia com a natureza. Ele se expressa na nudez comunitária, aliada ao respeito próprio, ao próximo, aos que pensam diferente e ao meio ambiente." A nudez seria um "fator de equilíbrio" nos seres humanos, ao livrá-los das tensões, que têm origem nos tabus e provocações da sociedade.

TODA NUDEZ SERÁ PERDOADA? PEQUENA HISTÓRIA DO NATURISMO.





A nudez está inserida no contexto histórico da humanidade e era vista e tratada com naturalidade. É possível reconhecer a nudez em diversas passagens históricas. Um bom exemplo disso é a Bíblia Sagrada que descreve: “Adão e Eva viviam no paraíso: e ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam” (Gênesis 2,25).


Na Grécia Antiga, no século VIII a.C., os esportes eram praticados por homens despidos; e durante o Império Romano, dos séculos II ao IV, todos juntos, sem distinção de sexo ou classe social, se banhavam nus, nas termas públicas. No período do Renascimento há presença de corpos nus na pintura, na escultura e nos milhares e belíssimos afrescos das paredes das igrejas. Tudo era muito natural.


Na arte, a nudez sempre esteve presente como representação de força, liberdade, poesia, sensualidade, maternidade e expressão, não somente carnal, mas espiritual do ser humano. Ao longo do tempo, o conceito de nudez foi transformado e passou a se relacionar com a vergonha, com o pudor e com o tabu.
É possível encontrar relatos de práticas de nudismo até meados do século XVI. Mas com a crescente influência das religiões cristãs, a nudez foi condenada e excluída da sociedade, ganhando assim conotações que a diferem do natural e sendo relacionada à malícia e perversão.
O culto à nudez como filosofia de vida relacionada ao naturismo começou na Alemanha, e foi esta iniciativa que pavimentou o caminho para os milhões que praticam o nudismo hoje em vários continentes como o Europeu, Americano, Asiático... A Alemanha permanece como a força motriz na base do movimento e tem milhares de praticantes ativos, estando entre os países que mais praticam a filosofia no mundo.


Acredita-se que no início do século XX surgiu o naturismo moderno. Em 1903, o alemão Richard Ungewitter publicou o livro “Da Nudez”, sendo o primeiro autor a escrever sobre os fundamentos do movimento naturista.  Em Berlim, na Alemanha, Adolf Koch, um professor que lecionava em um bairro operário iniciou com seus alunos a prática de exercícios físicos ao ar livre e completamente nus, com a finalidade de promover melhorarias a saúde. Notou-se que os alunos ficaram mais corados, saudáveis e alegres. Satisfeitos, os pais se entusiasmaram e também adotaram a prática. O movimento, chamado inicialmente de Nudismo, foi crescendo e recebeu o nome de Frei Körper Kultur – FKK, que significa Culto ao Corpo Livre. O nome Naturismo só aparece a partir da década de 50.

Em 1906, surge na Alemanha o primeiro campo oficial para a prática: além de praticarem exercícios físicos despidos, a alimentação se baseava no vegetarianismo. Nos anos seguintes, o movimento começa a se espalhar pela Europa, conquistando inúmeros adeptos. Neste período destaca-se a Ilha do Levante, na França, fundada em 1926 pelos médicos e irmãos Duvalier, onde praticavam a helioterapia (tratamento das doenças pela luz do sol) como método de cura.




Foi após a Segunda Guerra Mundial que o naturismo começa a ser difundido também nos Estados Unidos e se propaga, com adeptos por todo mundo. Com a expansão da prática, em 1953, em Montalivet na França, foi fundada a Federação Internacional de Naturismo – INF com o intuito de defender os interesses dos que praticam essa filosofia de vida.

Atualmente, a França é o país onde o naturismo é mais difundido. Tem cerca de 150 praias, 320 clubes, várias revistas e publicações sobre o assunto e estima-se que existam 10 milhões de naturistas franceses.




sábado, 18 de março de 2017

GUILHOTINA: A DEMOCRATIZAÇÃO DA MORTE


Luiz XVI sendo guilhotinado na França Revolucionária
No século XVIII, as desigualdades sociais na França poderiam ser notadas nos mais diferentes meios e hábitos daquele povo. Até na hora de sofrer algum tipo de punição, os membros da nobreza desfrutavam de privilégios que não se estendiam às outras parcelas da população. Em geral, os nobres poderiam ser executados pela ação de uma espada ou de um machado. Em contrapartida, os populares morriam esquartejados, enforcados ou eram queimados vivos.

Essa situação se transformou no ano de 1789, quando os membros do Terceiro Estado realizaram um protesto exigindo a elaboração de uma constituição para o país. Do ponto de vista político, o estabelecimento de um novo conjunto de leis seria elaborado para que os antigos privilégios nobiliárquicos fossem extintos e que as leis fossem igualmente aplicadas entre todos os cidadãos da França. Foi nesse momento que a guilhotina apareceu em terras francesas.

 


 

A guilhotina foi um instrumento utilizado durante a Revolução Francesa para aplicar a pena de morte por decapitação. O aparelho é constituído de uma grande armação reta (aproximadamente 4 m de altura) na qual é suspensa uma lâmina losangular pesada (de cerca de 40 kg). As medidas e peso indicados são os das normas francesas. A lâmina é guiada à parte superior da armação por uma corda, e fica mantida no alto até que a cabeça do condenado seja colocada sobre uma barra que a impede de se mover. Em seguida, a corda é liberada e a lâmina cai de uma distância de 2,3 metros, seccionando o pescoço da vítima.

Foi o médico francês Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814) que sugeriu o uso deste aparelho na aplicação da pena de morte. Guillotin considerava este método de execução mais humano do que o enforcamento ou a decapitação com um machado. Na realidade, a agonia do enforcado podia ser longa: em certas decapitações, o machado não cumpria seu papel ao primeiro golpe, o que aumentava consideravelmente o sofrimento da vítima. Guillotin estimava que a instantaneidade da punição era a condição necessária e absoluta de uma morte decente.

Mas não foi ele o inventor desse aparelho de cortar cabeças, usado muitos séculos antes. Guillotin, na verdade, apenas sugeriu sua volta na Revolução Francesa como eficiente método de execução humana. O aparelho serviu para decapitar 2794 "inimigos da Revolução" em Paris. Sua primeira inspiração teria surgido diante de uma gravura do alemão Albrecht Dürer, feita no século XVI, na qual o ditador romano Tito Mânlio decapita seu próprio filho com um aparelho semelhante a uma guilhotina. Há registros de que, durante a Idade Média, equipamentos de cortar cabeças já funcionavam na Alemanha. A partir do século XVI, na Inglaterra e na Escócia, surgiram versões mais aperfeiçoadas. Elas dariam origem à guilhotina francesa.

No primeiro projeto de guilhotina, havia uma lâmina horizontal. Foi o doutor Louis, célebre cirurgião da época, que recomendou, em um relatório entregue em 7 de março de 1792, a construção de um aparelho a lâmina oblíqua, única maneira de matar todos os condenados com certeza e rapidez, o que era impossível com uma lâmina horizontal.

Calculam-se 40 mil vítimas da guilhotina entre 1792 e 1799. No período do Terror, entre (1793 e 1795), constataram-se 15 mil mortes na guilhotina.

 


  • 25 de abril de 1792 o operário Nicolas Jacques Pelletier foi o primeiro condenado à guilhotina.
  • 21 de janeiro de 1793: Luís XVI ex-rei da França
  • 16 de outubro de 1793: Maria Antonieta, rainha da França
  • 5 de abril de 1794: Georges Jacques Danton
  • 8 de maio de 1794: Antoine Lavoisier, químico francês, considerado o criador da Química moderna.
  • 17 de Julho de 1794: As Carmelitas de Compiègne
  • 28 de julho de 1794 (10 termidor do ano II): Maximilien de Robespierre.
  • 25 de fevereiro de 1922: Henri Désiré Landru mois, assassino de dez mulheres e de um menino.
  • 17 de junho de 1939: Eugen Weidmann, assassino de seis pessoas (última execução pública na França)
  • 25 de maio de 1946: Marcel Petiot, assassino de pelo menos 27 pessoas.
  • Novembro de 1972: execução de Claude Buffet e Roger Bontemps (por sequestro seguido do assassinato dos sequestrados)
  • 28 de julho de 1976: execução de Christian Ranucci, acusado de matar uma criança.
  • 10 de setembro de 1977, em Marselha: última execução, a de Hamida Djandoubi pela tortura seguida do assassinato de uma mulher de 21 anos.
    Estas três últimas execuções contribuíram a pôr um fim à pena de morte na França, que foi abolida em 1981 pela Assembleia Nacional sob proposta de François Mitterrand e Robert Badinter. Em particular a de Christian Ranucci, pois certos elementos sugeriam que ele fosse talvez inocente do crime pelo qual fora acusado e condenado.

COMO SURGIRAM ESQUERDA E DIREITA?

O termo esquerda, direita e centro surgiram durante o período da Convenção na Revolução Francesa. Ele foi criado a partir do lugar em que cada facção política se assentava nesta assembleia.


As facções políticas da Convenção na Revolução Francesa:

            GIRONDINOS – eram deputados representantes da alta burguesia e ganharam essa dominação porque a maioria de seus membros era procedente de uma região chamada Gironda. Defendiam a consolidação da monarquia constitucional e censitária e a moderação revolucionária, condenando os excessos populares. Como seus deputados sentavam a direita no plenário da Convenção, foram denominados também de Partido da Direita.

            PLANÍCIE OU PANTANO – este grupo também era composto por membros da alta burguesia, mas não apresentava convicções políticas definidas, oscilando entre a moderação e o radicalismo. Sentavam-se no centro da Convenção e é por isso que hoje os grupos políticos de posições moderadas costumeiramente são denominados de Centro.

            MONTANHESES – este grupo congregava a pequena burguesia e os sans-culottes, tendo esse nome por ocuparem o lugar mais alto do edifício. Seus expoentes mais conhecidos eram Marat, Danton e Robespierre. Boa parte de seus deputados, que se sentavam à esquerda, no plenário da Convenção, ficou conhecida como republicanos radicais e eram também chamados de jacobinos.





sexta-feira, 17 de março de 2017

A HISTÓRIA DO HOMEM PRIMITIVO - UM RESUMO PARA CRIANÇAS, ADOLESCENTES E ADULTOS


Muitos são os filmes e desenhos que apresentam dinossauros, tiranossauros e outros elementos da família rex.  Por isso não é de se duvidar que algumas crianças e até mesmos jovens cheguem a acreditar que seres humanos e grandes répteis são contemporâneos.
Ledo engano, pois quando surgiram os homens por volta de 2 milhões de anos os gigantões já haviam desaparecidos da face do planeta ficando apenas seus fósseis.

Aproveitando a deixa coloco aqui um texto sobre a "Pré-História) termo muito usado, porém muito discutível. Inclusive o modo como é datado em três períodos (paleolítico, mesolítico e neolítico) pode ser questionado e trocado por outros períodos conforme o olhar do historiador.



Conceito de Pré-História


A pré-história é definida como um período anterior ao aparecimento da escrita. Portanto, esse período é anterior há 4000 a.C, pois foi por volta deste ano que os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme.
                Foi uma importante fase, pois o homem conseguiu vencer as barreiras impostas pela natureza e prosseguir com o desenvolvimento da humanidade na Terra. O ser humano foi desenvolvendo, aos poucos, soluções práticas para os problemas da vida. Com isso, inventando objetos e soluções a partir das necessidades. Ao mesmo tempo foi desenvolvendo uma cultura muito importante. Esse período pode ser dividido em três fases: Paleolítico, Mesolítico e Neolítico.

Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada
                Nesta época, o ser humano habitava cavernas, muitas vezes tendo que disputar este tipo de habitação com animais selvagens. Quando acabavam os alimentos da região em que habitavam, as famílias tinham que migrar para outra região. Desta forma, o ser humano tinha uma vida nômade (sem habitação fixa). Vivia da caça de animais de pequeno, médio e grande porte, da pesca e da coleta de frutos e raízes. Usavam instrumentos e ferramentas feitos a partir de pedaços de ossos e pedras. Os bens de produção eram de uso e propriedade coletiva.
Nesta fase, os seres humanos se comunicavam com uma linguagem pouco desenvolvida, baseada em pouca quantidade de sons, sem a elaboração de palavras.
Uma das formas de comunicação eram as pinturas rupestres. Através deste tipo de arte, o homem trocava ideias e demonstrava sentimentos e preocupações cotidianas.

Mesolítico
Neste período intermediário, o homem conseguiu dar grandes passos rumo ao desenvolvimento e à sobrevivência de forma mais segura. O domínio do fogo foi o maior exemplo disto. Com o fogo, o ser humano pôde espantar os animais, cozinhar a carne e outros alimentos, iluminar sua habitação além de conseguir calor nos momentos de frio intenso. Outros dois grandes avanços foram o desenvolvimento da agricultura e a domesticação dos animais. Cultivando a terra e criando animais, o homem conseguiu diminuir sua dependência com relação a natureza. Com esses avanços, foi possível a sedentarização, pois a habitação fixa tornou-se uma necessidade.
                Neste período ocorreu também a divisão do trabalho por sexo dentro das comunidades. Enquanto o homem ficou responsável pela proteção e sustento das famílias, a mulher ficou encarregada de criar os filhos e cuidar da habitação.

Neolítico ou Idade da Pedra Polida
Nesta época o homem atingiu um importante grau de desenvolvimento e estabilidade. Com a sedentarização, a criação de animais e a agricultura em pleno desenvolvimento, as comunidades puderam trilhar novos caminhos. Um avanço importante foi o desenvolvimento da metalurgia. Criando objetos de metais, tais como, lanças, ferramentas e machados, os homens puderam caçar melhor e produzir com mais qualidade e rapidez. A produção de excedentes agrícolas e sua armazenagem, garantiam o alimento necessário para os momentos de seca ou inundações. Com mais alimentos, as comunidades foram crescendo e logo surgiu a necessidade de trocas com outras comunidades. Foi nesta época que ocorreu um intenso intercâmbio entre vilas e pequenas cidades. A divisão de trabalho, dentro destas comunidades, aumentou ainda mais, dando origem ao trabalhador especializado.


INGLATERRA - GRÃ BRETANHA - REINO UNIDO? QUAL A DIFERENÇA?


É comum entre os meus alunos confundirem Inglaterra, Grã-Bretanha e Reino Unido. Confesso também que, às vezes, como professor, uso indiscriminadamente um e outro termo para citar a Inglaterra. Dificilmente distinguimos aos educandos que foi a Inglaterra que lutava com as Tropas e Armada Napoleônica, ou era o Reino Unido? Ou a Grã-Bretanha.

Este artigo vem na direção de tentar diluir um pouco esta questão, mas sempre ficará uma ponta de dúvida, se a Escócia, a Irlanda ou mesmo o País de Gales estarão envolvidos no fato histórico, ou é exclusivo da Inglaterra.

Peço as devidas desculpas aos amigos Ingleses, Irlandeses e Escoceses que acessam este blog, aos quais esta duvida já deve estar a muito resolvida.


INGLATERRA

A Inglaterra é um dos países da Ilha chamada Grã-Bretanha, que está localizada mais ao sul e sudeste da mesma.



GRÃ-BRETANHA
A Grã-Bretanha é uma ilha que é constituída por Inglaterra, Escócia e País de Gales (Principado constituído de Parlamento Autônomo).



REINO UNIDO
O Reino Unido além de constituir as nações da Ilha da Grã-Bretanha também contém a Irlanda do Norte. Todos tem seu parlamento próprio e prestam obediência ao soberano (a) da Inglaterra.

quinta-feira, 16 de março de 2017

OS APUROS DA IGREJA CATÓLICA DURANTE A REVOLUÇÃO FRANCESA

A Revolução Francesa e a Religião Católica

Do Nucleo de Estudos Contemporâneo da UFF.
A Revolução Francesa marcou para Igreja Católica um dos períodos mais difíceis de sua história. Isto porque a Revolução não só propagou os ideais iluministas que incluíam um sentimento anticlerical e antirreligioso, como também exerceu na prática esses ideais, muitas vezes de forma violenta.
A França sempre teve uma posição de destaque na cristandade, desde os séculos medievais, da conversão dos francos ao catolicismo até a época em que a cidade francesa de Avignon abrigou a sede do papado. Foi também a França um dos maiores pontos de conflito entre católicos e protestantes. Tais fatos levaram a França a ser considerada por muitos papas como a “filha predileta da Igreja”. Às vésperas da Revolução, o país mostrava um quadro onde o catolicismo vivia o seu auge: a população participava dos ritos religiosos e o clero paroquial cuidava da vida religiosa da sociedade. Exercia grande influência na vida política, pois o poder absoluto do rei era garantido pelo direito divino, e o próprio clero possuía status de Estado. A religião católica influenciava também o tempo, com o calendário gregoriano que possuía festas e feriados cristãos. Por fim, era papel do clero presidir as atividades civis como os casamentos e os registros de nascimento e óbito. Era esse quadro que a revolução viria a mudar radicalmente.
A Revolução Francesa, em sua tentativa de acabar com as estruturas feudais ainda vigentes, colocou a Igreja Católica em uma difícil situação. Desde os primeiros passos da Assembleia Constituinte até a Constituição Civil do Clero, foram tomadas medidas capazes de levantar suspeitas de que a revolução era hostil ao clero. Uma das primeiras medidas dos revolucionários foi a supressão do dizimo e o confisco dos bens do clero, para saldar o déficit nacional. Essas medidas, a princípio, não causaram um conflito direto entre a Igreja e a Revolução.
O conflito só viria com a Constituição Civil do Clero e o juramento dos padres. Tal medida dividiu o clero francês: o clero constitucional, fiel à constituição, e o clero refratário, fiel ao papa. Este repudiava cada medida dos revolucionários, pois, além de perder o controle sobre o clero francês também perdeu suas possessões territoriais francesas na cidade de Avignon.
É possível afirmar que a Constituição Civil do Clero foi o divisor de águas nas relações entre a Religião Católica e o Estado revolucionário francês. Foi o juramento dos padres que estimulou a contrarrevolução na Vendéia e a guerrilha camponesa dos Chouans – a Chouannerie, da qual participaram o clero refratário e a aristocracia. Foi também a questão do juramento que desencadeou um movimento violento de ataques aos padres e aos templos. Além disso, subordinava o clero ao Estado rompendo os seus vínculos com o papa.
A Igreja ainda viria a perder suas áreas de influência na vida política e social. O rei Luís XVI, antes de ser decapitado, é obrigado a renunciar o seu “poder divino”, tornando-se um cidadão como outro qualquer. O clero deixa de presidir as atividades da vida civil como o casamento e os registros de certidões de nascimento e de óbito. É importante ressaltar que na tentativa de enterrar de vez a influência católica, o governo aboliu o calendário gregoriano acabando com os dias da semana, e consequentemente, eliminando as festas e feriados religiosos, inclusive o domingo, conhecido como “Dia do Senhor”. Para substituí-lo criou um novo calendário, conhecido como Calendário Republicano Francês, que marcaria o início da nova era da República Francesa dando uma nova nomenclatura aos meses e semanas de acordo com as estações do ano.
O período do Terror marca o início do movimento violento que se deu contra a Igreja Católica. Igrejas são apedrejadas, padres são forçados a abdicar, imagens religiosas são destruídas e o culto religioso passa a ser proibido. Podemos ainda citar as tentativas de substituir o culto religioso por um culto revolucionário, como o culto à razão e ao Ser Supremo. Esses cultos exaltavam a vitória da razão e da consciência sobre a dominação da Igreja. Sobre o culto ao Ser Supremo, Robespierre aparece como pontífice da religião do Estado na tentativa promover a união entre o sentimento revolucionário e o sentimento religioso.
Passado o período violento do Terror, com a queda de Robespierre, seguiu-se uma fase confusa para a religião. Os homens que o derrubaram eram anticlericais que participaram dessas perseguições. Contudo, a política da Convenção Termidoriana seguia a lógica do retorno da liberdade que o período do Terror havia negligenciado. A essa lógica de liberdade estava ligada à questão da liberdade de culto. No período que vai de 1795 a 1799, as Assembleias do Diretório agiam ora permitindo o retorno ao culto, ora regressando a uma política de perseguição.
Esse quadro só seria resolvido com Napoleão Bonaparte. No período do Consulado, Napoleão e o Papa Pio VI assinam uma Concordata que redefine as relações entre a Igreja e o Estado. Por essa Concordata a Igreja Católica era reconhecida na sua unidade e estatuto, a liberdade de culto era garantida e o catolicismo era aceito como a religião da maioria dos franceses. Contudo a Igreja ficava subordinada ao Estado, uma vez que a nomeação de bispos era feita pelo Consulado. Os territórios da Igreja, como Avignon, e seus bens também não são restituídos.
O último pilar do movimento de ataque a religião católica, o Calendário Republicano, foi extinto por Napoleão no Império, em 1805.
Cronologia:
·         04/08/1789 – Abolição dos direitos feudais e supressão do dizimo.
·         02/11/1789 – Confisco dos bens do clero para saldar déficit nacional.
·         12/07/1790 – Aprovada a Constituição Civil do Clero.
·         26/11/1790 – Decreto fixando o prazo de dois meses para o juramento dos padres em exercício à Constituição.
·         03/1793 à 03/1796 – Revolta da Vendéia e guerrilha camponesa dos Chouans
·         07/11/1793 (17 de Brumário do ano II) – Abjuração do bispo de Paris, marca o início da descristianização.
·         21/11/1793 (1 de Frimário do ano II) – Intervenção de Robespierre, refreando a descristianização violenta.
·         24/11/1793 (4 de Frimário do ano II) – Convenção Nacional adota o Calendário Republicano, determinando a data de 22/09/1792 como início do ano I da Republica.
·         07/05/1794 (18 de Floreal do ano II) – Relatório da Convenção que define as relações entre Estado e Igreja.
·         27/07/1794 (09 de Termidor do ano II) – Queda de Robespierre, sucedido por anticlericais que haviam participado da descristianização violenta.
·         18/08/1797 à 17/09/1797 (Frutidor do ano V) – Inicio da política de perseguição religiosa.
·         07/1801 – Concordata assinada entre Napoleão e o Papa Pio VI.
·         31/12/1805 – Abolição do Calendário Republicano por Napoleão.



Textos de época:
 “A lei considera o casamento como sendo um contrato civil”. (Artigo 7 do Título II da Constituição Francesa de 1791).
A lei não reconhece os votos religiosos, nem qualquer outro compromisso que seja contrário aos direitos naturais, ou à Constituição”. (Constituição Francesa de 1791).
O novo calendário assim como suas instruções serão enviadas aos corpos administrativos, as municipalidades, aos tribunais, aos juizes de paz e a todos os oficiais públicos, aos mestres de todas as instituições e as sociedades populares. O conselho executivo provisório fará passar aos ministros, cônsules e outros agentes da França nos países estrangeiros”. (Artigo 13 do Decreto da Convenção Nacional sobre a instituição do Calendário Republicano).

Referências Bibliográficas:
·         Burke, Edmund. Reflexões sobre a Revolução Francesa, UNB, Brasília, 1969.
·         Furet, François. Pensando a Revolução Francesa, Paz e Terra, São Paulo, 1989 (2. ª edição).
·         Furet, François e Ozuf, Mona (orgs.). Dicionário Crítico da Revolução Francesa, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1989.
·         Hobsbawn, Eric. Ecos da Marselhesa: dois séculos revêem a Revolução Francesa, Companhia das Letras, São Paulo, 1996.
·         Lefebvre, Georges. 1789, O Surgimento da Revolução Francesa, Paz e Terra, São Paulo, 1989.
·         Michelet, Jules. História da Revolução Francesa, São Paulo, Companhia das Letras, 1989.
·         Soboul, Albert. A Revolução Francesa, Difel, Rio de Janeiro, 2003 (8. ª edição).
·         Vovelle, Michel. A revolução francesa contra a Igreja: da razão ao ser supremo, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1989.


Filmes:
Danton – O Processo da Revolução (1982), dirigido por Andrzej Wajda.
Sinopse: Na primavera de 1794, Danton (Gérard Depardieu) retorna a Paris e constata que o Comitê de Segurança, sob a incitação de Robespierre (Wojciech Pszoniak), inicia várias execuções em massa. O povo, que já passava fome, agora vive um medo constante, pois qualquer coisa que desagrade o poder é considerado um ato contrarrevolucionário. Nem mesmo Danton, um dos líderes da Revolução Francesa, deixa de ser acusado. Os mesmos revolucionários que promulgaram a Declaração de Direitos do Homem implantaram agora um regime onde o terror impera. Confiando no apoio popular, Danton entra em choque com Robespierre, seu antigo aliado, que detém o poder. O resultado deste confronto é que Danton acaba sendo levado a julgamento, onde a liberdade, a igualdade e a fraternidade foram facilmente esquecidas.

Casanova e a Revolução (La Nuit de Varennes) (1982), dirigido por Ettore Scola.
Sinopse: No início de outubro o rei Luís XVI é obrigado a viver em Paris. Os líderes da revolução julgam que no Palácio de Paris o rei estará sob maior vigilância; temem as ações contrarrevolucionárias. Depois de mais de um ano de reclusão, em junho de 1791, a família real foge de Paris em direção da Áustria, com a intenção de apoiar e fortalecer as ações austríacas contra a Revolução. O rei seria desculpado pela Assembleia Constituinte no mês seguinte e condenado somente um ano e meio depois, em janeiro de 1793.

Veja também:

ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: DOIS MUNDOS, UM MESMO FASCÍNIO PELO PASSADO

Quando falamos em escavar o solo em busca de vestígios do passado, muitas pessoas imediatamente pensam em fósseis de dinossauros e utensílio...

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