sábado, 18 de março de 2017

GUILHOTINA: A DEMOCRATIZAÇÃO DA MORTE


Luiz XVI sendo guilhotinado na França Revolucionária
No século XVIII, as desigualdades sociais na França poderiam ser notadas nos mais diferentes meios e hábitos daquele povo. Até na hora de sofrer algum tipo de punição, os membros da nobreza desfrutavam de privilégios que não se estendiam às outras parcelas da população. Em geral, os nobres poderiam ser executados pela ação de uma espada ou de um machado. Em contrapartida, os populares morriam esquartejados, enforcados ou eram queimados vivos.

Essa situação se transformou no ano de 1789, quando os membros do Terceiro Estado realizaram um protesto exigindo a elaboração de uma constituição para o país. Do ponto de vista político, o estabelecimento de um novo conjunto de leis seria elaborado para que os antigos privilégios nobiliárquicos fossem extintos e que as leis fossem igualmente aplicadas entre todos os cidadãos da França. Foi nesse momento que a guilhotina apareceu em terras francesas.

 


 

A guilhotina foi um instrumento utilizado durante a Revolução Francesa para aplicar a pena de morte por decapitação. O aparelho é constituído de uma grande armação reta (aproximadamente 4 m de altura) na qual é suspensa uma lâmina losangular pesada (de cerca de 40 kg). As medidas e peso indicados são os das normas francesas. A lâmina é guiada à parte superior da armação por uma corda, e fica mantida no alto até que a cabeça do condenado seja colocada sobre uma barra que a impede de se mover. Em seguida, a corda é liberada e a lâmina cai de uma distância de 2,3 metros, seccionando o pescoço da vítima.

Foi o médico francês Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814) que sugeriu o uso deste aparelho na aplicação da pena de morte. Guillotin considerava este método de execução mais humano do que o enforcamento ou a decapitação com um machado. Na realidade, a agonia do enforcado podia ser longa: em certas decapitações, o machado não cumpria seu papel ao primeiro golpe, o que aumentava consideravelmente o sofrimento da vítima. Guillotin estimava que a instantaneidade da punição era a condição necessária e absoluta de uma morte decente.

Mas não foi ele o inventor desse aparelho de cortar cabeças, usado muitos séculos antes. Guillotin, na verdade, apenas sugeriu sua volta na Revolução Francesa como eficiente método de execução humana. O aparelho serviu para decapitar 2794 "inimigos da Revolução" em Paris. Sua primeira inspiração teria surgido diante de uma gravura do alemão Albrecht Dürer, feita no século XVI, na qual o ditador romano Tito Mânlio decapita seu próprio filho com um aparelho semelhante a uma guilhotina. Há registros de que, durante a Idade Média, equipamentos de cortar cabeças já funcionavam na Alemanha. A partir do século XVI, na Inglaterra e na Escócia, surgiram versões mais aperfeiçoadas. Elas dariam origem à guilhotina francesa.

No primeiro projeto de guilhotina, havia uma lâmina horizontal. Foi o doutor Louis, célebre cirurgião da época, que recomendou, em um relatório entregue em 7 de março de 1792, a construção de um aparelho a lâmina oblíqua, única maneira de matar todos os condenados com certeza e rapidez, o que era impossível com uma lâmina horizontal.

Calculam-se 40 mil vítimas da guilhotina entre 1792 e 1799. No período do Terror, entre (1793 e 1795), constataram-se 15 mil mortes na guilhotina.

 


  • 25 de abril de 1792 o operário Nicolas Jacques Pelletier foi o primeiro condenado à guilhotina.
  • 21 de janeiro de 1793: Luís XVI ex-rei da França
  • 16 de outubro de 1793: Maria Antonieta, rainha da França
  • 5 de abril de 1794: Georges Jacques Danton
  • 8 de maio de 1794: Antoine Lavoisier, químico francês, considerado o criador da Química moderna.
  • 17 de Julho de 1794: As Carmelitas de Compiègne
  • 28 de julho de 1794 (10 termidor do ano II): Maximilien de Robespierre.
  • 25 de fevereiro de 1922: Henri Désiré Landru mois, assassino de dez mulheres e de um menino.
  • 17 de junho de 1939: Eugen Weidmann, assassino de seis pessoas (última execução pública na França)
  • 25 de maio de 1946: Marcel Petiot, assassino de pelo menos 27 pessoas.
  • Novembro de 1972: execução de Claude Buffet e Roger Bontemps (por sequestro seguido do assassinato dos sequestrados)
  • 28 de julho de 1976: execução de Christian Ranucci, acusado de matar uma criança.
  • 10 de setembro de 1977, em Marselha: última execução, a de Hamida Djandoubi pela tortura seguida do assassinato de uma mulher de 21 anos.
    Estas três últimas execuções contribuíram a pôr um fim à pena de morte na França, que foi abolida em 1981 pela Assembleia Nacional sob proposta de François Mitterrand e Robert Badinter. Em particular a de Christian Ranucci, pois certos elementos sugeriam que ele fosse talvez inocente do crime pelo qual fora acusado e condenado.

Um comentário:

  1. os pré-comunistas da revolução francesa inventaram a guilhotina.

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