sábado, 4 de março de 2017

UMA ILHA DUAS IRLANDAS

Irlanda: uma História de Luta.

Guerreiros Celtas

A Irlanda tem uma história longa e complexa, definida por invasão, conflito, resistência e independência. Desde os primeiros colonos até os dias de hoje, o povo irlandês é reconhecido por seu espírito forte e senso de independência. Os celtas, que chegaram da Europa continental por volta de 250 a.C., eram o grupo dominante na ilha. O cristianismo teve um grande impacto no desenvolvimento da Irlanda e do povo irlandês. Saint Patrick (São Patrício) é apontado como o primeiro a levar o cristianismo para a ilha e se tornou o santo padroeiro do país após a sua morte. Os Vikings da Escandinávia foram os primeiros grandes invasores. Eles viajavam em navios para atacar os mosteiros irlandeses e roubar o tesouro cristão, como cruzes de ouro e decorações. Dessa forma, estabeleceram cidades ao longo da costa para servirem como centros de comércio.
Em 1500, Henry VII tornou-se o primeiro rei inglês a se declarar rei da Irlanda, apreendendo grande parte da terra para destinar aos novos colonos ingleses que começaram a chegar. A partir dessa época houve grandes conflitos entre os nativos católicos e os colonos protestantes, resultando em milhares de mortes no decorrer dos anos.
Durante a década de 1840, a Irlanda sofreu um terrível desastre: as plantações de batata não vingaram por quatro anos consecutivos e não houve colheita. A fome irlandesa foi a pior crise de alimentos em toda a Europa nesse período; cerca de um milhão de pessoas morreram e mais um milhão emigrou para a Grã-Bretanha, Estados Unidos, Canadá e Austrália.

Os irlandeses continuaram a lutar pela independência e em 21 de janeiro de 1919, os políticos locais estabeleceram um novo parlamento nacional conhecido como “Dáil Éireann”. O IRA (Irish Republican Army) guerrilhou contra os policiais britânicos por dois anos e meio após essa data, até que, percebendo que não seria capaz de derrotar os irlandeses, o governo britânico propôs um acordo: a Irlanda do Norte, com sua maioria protestante, iria continuar a fazer parte da Grã-Bretanha e os 26 condados do sul se tornariam um país independente, com seu próprio governo, mas com o rei britânico permanecendo como o chefe de estado. Assim, o Tratado Anglo-Irlandês foi assinado em 06 de dezembro de 1921, estabelecendo duas irlandas separadas. O tratado dividiu o povo irlandês e uma guerra civil eclodiu entre aqueles que eram a seu favor e os que estavam contra ele. A guerra acabou sendo vencida pelo grupo que apoiava o tratado e a divisão tem permanecido uma característica da política irlandesa até hoje, com os principais partidos políticos sendo decorrentes dessa época. Em 1949, a Irlanda encerrou sua ligação política com a Grã-Bretanha e declarou-se “República da Irlanda”. Em 1960 houve um novo surto de conflito armado para acabar com a divisão da Irlanda. Em 1969, o governo britânico colocou soldados nas ruas da Irlanda do Norte para manter os católicos e protestantes separados. O IRA iniciou uma campanha de tiro e bombardeio na Irlanda do Norte e na Grã-Bretanha continental, com a intenção de forçar o governo britânico a abandonar seu domínio sobre a Irlanda do Norte. Essa campanha durou 25 anos e contou com a formação de grupos de milícias protestantes para lutar contra o IRA e os católicos. Mais de três mil pessoas de ambos os lados do conflito foram mortas.
Em 1985, os governos britânico e irlandês anunciaram uma cooperação mais estreita para assuntos relacionados à Irlanda do Norte e, em 1993, emitiram uma declaração conjunta em que a Irlanda do Norte só se uniria à República da Irlanda quando seu povo votasse livremente para assim o fazer. Em agosto de 1994, o IRA anunciou o fim da sua campanha de violência na Irlanda do Norte e Grã-Bretanha.

Foi assinado o “Acordo da Sexta-Feira Santa” ou “Acordo Belfast”, em 10 de Abril de 1998, que reforçou a cooperação entre a Irlanda e a Grã-Bretanha sobre questões relacionadas à Irlanda do Norte.


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