quarta-feira, 3 de outubro de 2018

ALEXANDER VON HUMBOLDT: O INDIANA JONES ALEMÃO



        

Friedrich Wilhelm Heinrich Alexander von Humboldt, o barão de Humboldt, nasceu em Berlim, reino da Prússia, em 14 de setembro de 1769 e morreu nesta mesma cidade em 6 de maio de 1959, era mais conhecido como Alexander von Humboldt, foi um geógrafo, naturalista e explorador nascido na Prússia, atual Alemanha. Foi o irmão mais jovem do ministro e linguista prussiano Wilhelm von Humboldt.

         Alexander von Humboldt foi um cientistas de uma polivalência que poucas vezes se observou. Ele desenvolveu (e se especializou em) diversas áreas: foi etnógrafo, antropólogo, físico, geógrafo, geólogo, mineralogista, botânico, vulcanólogo e humanista, tendo lançado as bases de ciências como a Geografia, Geologia, Climatologia e Oceanografia. Apesar de ter pesquisado diversas coisas em seus mínimos detalhes, sempre fez com uma visão geral e imparcial.
        

Com catorze anos de idade, fixou-se em Berlim para continuar seus estudos e, mais tarde, frequentou as universidades de Frankfurt (Oder) e Göttingen, onde cursou Filosofia, História e Ciências Naturais.

         Em 1789, com apenas vinte anos de idade, fez sua primeira viagem de caráter científico, passando pelos Países Baixos, Alemanha e Inglaterra, e principalmente ao longo das margens do rio Reno, seguindo Georg Forster, um naturalista que acompanhou o Capitão Cook em sua viagem ao redor do mundo. O resultado de toda essa exploração científica foi uma obra intitulada Observações Sobre os Basaltos do Reno.
        

Sua viagem exploratória pela América Central e América do Sul (1799 – 1804) e pela Ásia Central (1829) tornaram-no mundialmente conhecido ainda antes da sua morte. Sua principal obra é o Kosmos, uma condensação do conhecimento científico de sua época. Sua obra Ansichten der Natur também foi bastante popular.

         Sua correspondência científica com colegas cientistas compõe-se de 35 mil cartas, das quais aproximadamente 12.500 estão arquivadas.
        
Schiller, Wilhelm,
Alexander von Humboldt e Goethe em Jena
.
Além das ciências naturais, foi também um influente mecenas da literatura. Humboltd apoiou os poetas e escritores Heinrich Heine, Ludwig Tieck e Klaus Groth. Entre seus amigos e conhecidos estavam Matthias Claudius, Carl Friedrich Gauss, Jacob e Wilhelm Grimm, August Wilhelm Sclegel, assim como Johann Wolfgang von Goethe e Friedrich Schiller.
         Entre 1799 e 1804, von Humboldt viajou pela América do Sul, explorando-a e descrevendo-a pela primeira vez de um ponto de vista científico. Nos cinco volumes da sua obra Kosmos, ele tentou elaborar uma descrição física do mundo. Humboldt apoiou (e colaborou com) outros cientistas, entre os quais Justus von Liebig e Louis Agassiz.
        

Como resultado de suas explorações, von Humboldt descreveu diversos aspectos geográficos e espécies que eram até então desconhecidos dos europeus. Espécies denominadas em sua homenagem incluem:

> Pinguim de Humboldt
> Phragmipedium humboldtii – uma orquídea
> Quercus humboldtii – Carvalho sul-americano
> Conepatus humboldtii – Espécie de cangambá
> Annona humboldtii – Espécie de arbusto
> Utricularia humboldtii – Planta carnívora
> Geranium humboldtii – um gerânio
> Salix humboldtiana – salgueiro (árvore)
> Nymphoides humboldtiana – Planta aquática

        

Aspectos e acidentes geográficos denominados em sua homenagem incluem a corrente de Humboldt, o rio Humboldt, a cadeia de montanhas East and West Humboldt Range, os condados estado-unidenses de Humbolt County, na Califórnia e Humboldt County, no Iowa e o parque Humboldt no lado oeste de Chicago. Além disso, o mar lunar Mare Humboldtianum foi assim denominado em sua homenagem bem como o asteroide 54 Alexandra.



A FUNDAÇÃO ALEXANDER VON HUMBOLDT
        

Após sua morte, seus amigos e colegas criaram a Fundação Alexander von Humboldt (Stiftung em alemão) para manter o generoso apoio de Humboldt a jovens cientistas. Apesar de a dotação inicial ter se perdido durante a hiperinflação alemã dos anos vinte, e novamente após a Segunda Guerra Mundial, a fundação tem recebido apoio do governo alemão e tem um papel importante na atração de pesquisadores estrangeiros à Alemanha possibilitando também a pesquisadores alemães trabalhares no estrangeiro por um determinado período.


JUVENTUDE

        
Pintura do pequeno Humboldt com sua mãe Maria Elisabeth
Com nove anos de idade, após a morte de seu pai, Alexander e seu irmão Wilhelm, dois anos mais velho, são criados pela mãe, Maria Elizabeth von Colomb, no Castelo de Tegel, nos arredores de Berlim.
         O segundo tutor dos Humboldt, Gottlob Christian Kunth, tem um papel importante na vida de Alexander. Ele transmite aos irmãos Humboldt sólida bases de história, matemática e línguas. Alexander demonstra grande interesse pela história natural.
        
Wilhelm von Humboldt
Enquanto Wilhelm demonstra uma robusta constituição, grande facilidade de aprendizagem e se orienta à alta função pública, Alexander aprende com dificuldade, orientando-se para uma formação em Economia, que ele estuda durante seis meses na Universidade de Frankfurt (Oder). Um ano mais tarde, em 25 de abril de 1789, ele se matricula na Universidade de Göttingen.
         Em Göttingen tem aulas de física e química com Georg Christoph Lichtenberg, Christian Gottlob Heyne e Johann Friedrich Blumenbach. Durante suas férias de 1789 ele deu uma demonstração de suas proezas posteriores em uma excursão científica que subiu o Reno que originou o estudo Mineralogische Beobachtungen über eineige Basalte am Rhein – Observações mineralógicas sobre alguns Basaltos do Reno (Brunswick, 1790).
         Alexander von Humboldt estudou ainda o comércio e línguas estrangeiras em Hamburgo, Geologia em Freiberga com Abraham Gottlob Werner; anatomia em Jena com Justus Christian Loder; astronomia e uso de instrumentos científicos com Franz Xavier von Zach e J. G. Köhler. Suas pesquisas sobre a vegetação das minas de Freiberg levaram à publicação, em 1793, do seu Florae Fribergensis Specimen; e os resultados de uma prolongada série de experiências sobre o fenômeno da irritabilidade muscular, então recém descoberta por Galvani, foram condensados no seu Versuche über die gereizte Muskel-und Nervenfaser (Berlin, 1797), enriquecido de um tradução francesa com notas de Blumenbach.

VIAGENS E TRABALHOS NA EUROPA
        

Em 1794 foi admitido na intimidade da famosa sociedade de Weimar, e desde junho de 1795 contribuiu ao novo periódico de Schiller, Die Horen, uma alegoria filosófica intitulada Die Lebenskraft, oder der rhodische Genius. No verão de 1790 fez uma visita rápida à Inglaterra em companhia de Foster. Em 1792 e 1797 esteve em Viena; em 1795 realizou uma viagem de caráter geológico e botânico na Suíça e na Itália. Durante este tempo, obteve um posto público como assessor de minas em Berlim, em 29 de fevereiro de 1792.

         Diante da ignorância dos mineradores, que não sabem distinguir um mineral de uma rocha sem valor, Humboldt abre uma escola de formação de mineradores, que ele financia com seu próprio dinheiro que o Ministro von Heinitz lhe enviará para reembolsar suas despesas. Humboldt realiza também pesquisas para melhorar a segurança das minas.
        


Apesar de o serviço público ser por ele considerados um aprendizado ao serviço da ciência, ele cumpriu suas tarefas com tanta habilidade e zelo que não somente foi promovido a postos superiores no seu departamento, como também recebeu diversas missões diplomáticas importantes.

         Em 1795 von Heinitz propõe a Humboldt o cobiçado posto de Diretor de Minas da Silésia, no sudeste da Prússia. Humboldt recusa e abandona o serviço público.
         A morte de sua mãe, em 19 de novembro de 1796, deixa-o livre para seguir seu destino, no que aguarda uma oportunidade de pôr em prática seus planos de viagem.

A EXPEDIÇÃO PELA AMÉRICA LATINA
        

O almirante Louis Antoine de Bougainville, célebre navegador e explorador, propõe a Humboldt participar de uma expedição pela América do Sul, México, Califórnia, através do Pacífico, e depois ao Polo Sul. Bougainville será substituído por Baudin. Uma guerra com a Áustria leva o Diretório a anular a expedição.

        

O botânico Aimé Bonpland deveria, como Humboldt, participar da expedição de Baudin. Eles se tornam amigos e se decidem se juntar à expedição científica que segue as tropas de Napoleão no Egito. O barco que deveriam tomar jamais aportou em Marselha, aonde eles tinham ido espera-lo. Decide, então, ir para a Espanha e embarcar em um navio para Esmirna. Durante as seis semanas de viagem, Humboldt realiza meticulosas medidas geográficas.

         Humboldt é apresentado ao rei e à rainha da Espanha, obtendo um passaporte com o selo real, que garante aos viajantes a assistência das autoridades que eles encontrarem.
         Bonpland torna-se oficialmente secretário de Humboldt. Os dois são os primeiros a efetuar uma exploração científica digna deste nome. O objetivo de Humboldt durante a viagem às Américas é descobrir a interação das forças da natureza e as influências que o ambiente geográfico exerce sobre a vida vegetal e animal. Com essas poderosas recomendações, eles embarcam no Pizarro na Corunha em 5 de junho de 1799.
        

Durante a navegação, Humboldt efetua medidas astronômicas, meteorológicas, de magnetismo, de temperatura e de composição química do mar.

         Fazem uma escala de seis dias em Tenerife para a ascensão do pico do Teide e aterram em Cumaná (Venezuela) em 16 de julho. Lá, na noite de 11 para 12 de novembro, Humboldt observa uma extraordinária chuva de meteoros (as Leônidas), que constitui o ponto inicial da nossa percepção da periodicidade do fenômeno; depois disso, ele segue com Bonpland para Caracas. Na América, sente uma revolta pela maneira com que se vendem e se avaliam os escravos, mesmo se ´nas possessões espanholas onde eles são mais bem tratados.
        

Em fevereiro de 1800 deixa a costa com o intuito de explorar o curso do rio Orinoco. Essa viagem, que durou quatro meses e cobriu mais de 2.750 quilômetros de terra inabitada, selvagem e inóspita, teve como resultado a descoberta da existência de uma comunicação entre os sistemas hidrográficos do Orinoco e do rio Amazonas (canal Casiquiare), e a determinação exata do ponto de bifurcação. Humboldt e Bonpland não foram os primeiros europeus a tomar essa rota, mas o rigor dos seus dados e das descrições que realizaram fez com que não existisse mais dúvidas sobre a existência de uma passagem navegável entre os dois rios.

        

Recolhem diversos espécimes de animais e plantas desconhecidos, e Humboldt anota meticulosamente a temperatura do rio, do solo e do ar, assim como a pressão atmosférica, a inclinação magnética, a longitude e a latitude. Em Calabozo, algumas enguias elétricas foram capturadas por Alexander von Humboldt e Aimé Bonpland por volta de 19 de março de 1800. Os pesquisadores receberam choques elétricos violentos durante suas experiências.

         Em 24 de novembro os dois amigos parte para Cuba e depois de uma estada de alguns meses retornam para Cartagena.
         Humboldt descobre que Baudin deixou a França e deve chegar em Lima, no Peru. Para evitar a ausência dos alísios, Humboldt e Bonpland decidem continuar por via terrestre ao longo dos Andes, passando doze meses em altitude através dos vulcões. Eles têm os pés em sangue, mas recusa fazer como a aristocracia local: serem transportados em cadeiras fixas nas costas de índios.
        

Subindo o curso do Magdalena e atravessando os picos gelados dos Andes, chegam em Quito em 6 de janeiro de 1802. Durante essa estada, escalaram o Pichincha e o Chimborazo e terminaram em uma expedição às fontes do Amazonas, a caminho de Lima, onde chegam em 22 de outubro de 1802.

         Humboldt ganha um renome mundial ao escalar o Chimborazo, pico considerado na época como o mais alto do mundo.
        

Em Callao, Humboldt observa o trânsito de Mercúrio em 9 de novembro e estuda as propriedades fertilizantes do guano, cuja introdução na Europa muito se deveu às suas obras. Uma viagem tumultuada, sob uma tempestade, levou-os para o México, onde residiram durante um ano. Humboldt e seus companheiros passaram o ano de 1803 a percorrer o México. Humboldt escreverá seu Ensaio Político sobre o Reino da Nova Espanha, o primeiro ensaio geográfico regional, no qual ele relata sumariamente suas viagens. No México estuda o calendário asteca.

         Ele embarca em seguida para Havana, a fim de recuperar suas coleções lá depositadas havia mais de três anos.

PASSAGEM PELOS ESTADOS UNIDOS
        
Thomas Jefferson
Estimando seu dever saudar o presidente Thomas Jefferson, Humboldt prolonga sua viagem e vai em companhia de Bonpland e do jovem equatoriano Carlos de Montúfar – que viria a se tornar um dos libertadores do Equador – para a Filadélfia, até pouco capital do país, onde é acolhido pela Sociedade Americana de Filosofia, criada sobre o modelo da Royal Society de Londres.
         Humboldt passa a maior parte do seu tempo com membros da sociedade. Bonpland e Montúfar, não falando o inglês, têm um papel de figurantes. Humboldt encontra Jefferson, com que discute sobre história natural, costumes diferentes de acordo com o país e as maneiras de melhorar o nível de vida. Os dois homens se entendem tão bem que Jefferson convida Humboldt a passar sua estada na Filadélfia na casa dele. Eles zarparam para a Europa na embocadura do Delaware, chegando em Bordeaux em 3 de agosto de 1804.



RESULTADOS DA EXPEDIÇÃO LATINO-AMERICANA
        


A expedição de Humboldt e Bonpland, com uma duração de cinco anos, custou a Humboldt um terço de suas economias. Foi uma das mais notáveis expedições científicas de todos os tempos, com uma massa de dados de um valor científico inestimável, ainda mais valiosa que os espécimes que eles puderam recolher.

        

Humboldt e Bonpland percorreram, durante sua expedição através das Américas, um total de 9.650 quilômetros, tanto a pé, como a cavalo ou em canoas. A expedição atravessou as terras dos atuais Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Cuba e México (foi impedido de permanecer no Brasil, pois os portugueses consideraram-no um possível espião alemão, após encontrarem-no em terras brasileiras perto da fronteira venezuelana). A característica que torna essa expedição absolutamente excepcional é que ela foi levada a cabo sem nenhum interesse comercial, sua única motivação foi o desejo de conhecimento e a curiosidade.

        


Durante sua expedição pelas Américas de 1799 a 1804, ele precisou latitudes e longitudes, melhorou mapas, identificou 60.000 plantas, das quais 6.300 até então desconhecidas, desenvolveu a geografia das plantas e descreveu a corrente que levou mais tarde seu nome, a corrente de Humboldt.

        

Graças à sua excepcional expedição, Humboldt pode ser considerado como tendo lançado as bases das ciências físicas da geografia e da meteorologia. Pelo seu estudo (em 1817) das isotermas, ele sugeriu a ideia e entreviu os métodos de comparação das condições climáticas de vários países. Ele primeiramente investigou a taxa de decaimento da temperatura média com o aumento da altitude acima do nível do mar, e forneceu, pelas suas questões e pesquisas sobre a origem das tempestades tropicais, a primeira pista para a detecção da lei, mais complicada, governando as perturbações atmosféricas em altas latitudes. Seu ensaio sobre a geografia das plantas foi baseado na, então, recente ideia de estudar como as condições físicas variadas alteram a distribuição da vida. Sua descoberta da diminuição da intensidade do campo magnético terrestre dos polos ao equador foi comunicada ao Instituto de Paris em uma dissertação por ele lida em 7 de dezembro de 1804, e sua importância foi atestada pelo rápido surgimento de reivindicações rivais. Seus serviços à Geologia basearam-se principalmente no seu atento estudo dos vulcões do Novo Mundo. Ele mostrou que eles se classificavam naturalmente em grupos lineares, presumidamente correspondendo a vastas fissuras subterrâneas, e, pela sua demonstração da origem ígnea de rochas cuja origem era anteriormente considerada aquosa, ele contribuiu imensamente para a eliminação dessas hipóteses errôneas.

        
Joseph Louis Gay-Lussac
A condensação e a publicação da massa enciclopédica de materiais – científicos, políticos e arqueológicos – coletados por ele durante sua ausência da Europa eram a sua preocupação mais urgente. Antes de se atacar a essa tarefa gigantesca, no entanto, fez uma rápida visita à Itália com Gay-Lussac com o intuito de investigar a lei da declinação magnética e uma estadia de dois anos e meio na sua cidade natal.


ACLAMAÇÃO DE HUMBOLDT
        

Com exceção de Napoleão Bonaparte, Humboldt era então o homem mais famoso da Europa. Aplausos acolhiam-no em todos os lugares aonde ia. Academias, nacionais e estrangeiras, estavam ansiosas para tê-lo entre seus membros.

         Em janeiro de 1808, Humboldt é enviado a Paris pelo rei da Prússia, acompanhado pelo príncipe Wilhelm, para tentar negociar uma diminuição do valor das indenizações de guerra. Desde que a França invadiu a Prússia, Humboldt não recebe mais as rendas de seus domínios. Ele vive em Paris em um quarto mobiliado, que divide com Gay-Lussac, não dormindo mais do que três ou quatro horas por dia. Em Paris, ele tem a firme intenção de assegurar a cooperação científica necessária para publicar seu grande trabalho. Essa tarefa colossal, que ele inicialmente estimou em dois anos, acabou durando 22 anos, e ainda assim ficou incompleta.
        

Ele é espionado pela polícia francesa, pois é alemão e sua correspondência privada reflete as opiniões políticas dos salões parisienses. Humboldt escreve entre mil a duas mil cartas por ano. Acaba passando dezoito anos em Paris, durante os quais publica seu Voyage Interminable sur l’Amérique du Sud – Viagem Interminável pela América do Sul.

         Em 1826 recebe uma carta do rei da Prússia ordenando-o deixar Paris. Ele pode somente passar 4 meses de férias por ano na cidade-luz. Em Berlim, Humboldt é aparentemente detestado por suas ideias liberais.
        

Em 1828 obtém bastante sucesso ao dar cursos na universidade e, mais tarde, conferências diante de um público mais vasto. Em Berlim, a comunidade científica não costumava realizar reuniões científicas, como era o caso de Paris, para a confrontação e discussão de ideias. Humboldt organiza uma reunião da Associação Científica em Berlim à qual participam 600 dos mais renomados cientistas.




EXPLORAÇÃO NA RÚSSIA
        

Em 1827, o ministro russo das finanças pede a Humboldt sua opinião sobre a emissão de moedas de platina. Como o preço da platina era instável, Humboldt se mostra desfavorável à ideia e sugere estudar as minas dos Urais. Em março de 1829, ano dos seus 60 anos, Humboldt viaja para a Rússia, com as despesas pagas pelo imperador, com Gustave Rose, professor de química e de mineralogia, C.G. Ehrenberg, naturalista e zoólogo, e um empregado doméstico. Na Rússia, ele é acolhido como uma importante personalidade oficial. Ele tem suas refeições com a família do czar. Ao deixar Moscou, juntam-se à expedição responsáveis da indústria mineira e burocratas das autoridades locais.


        

Humboldt passa um mês estudando as minas dos Urais. Graças à presença de filões de platina e de areias auríferas, ele prediz a existência de diamantes nos Urais. Humboldt e Rose investigam cada jazida de outro que encontram no microscópio. Foi o conde Polier, proprietário de tais jazidas, e a que Humboldt explicou sua teoria, que encontrou o primeiro diamante dos Urais.

        

A expedição atravessa a Sibéria até o Altai. Como de hábito, Humboldt realiza medições barométricas. Humboldt e seus companheiros retornam após seis meses de expedição e após terem percorrido aproximadamente 17.000 quilômetros. Humboldt estudou e simulou a colocação de uma rede de estações magnéticas e meteorológicas fazendo observações regulares e funcionando com aparelhos idênticos. Ele deixa aos cuidados de Rose e Ehrenberg a publicação dos resultados da expedição. Será somente anos mais tarde publicado seu Ásia Central (três volumes).


HUMBOLDT COMO DIPLOMATA
        

Entre 1830 e 1848, Humboldt foi frequentemente empregado em missões diplomáticas à corte de Luís Filipe I, com quem mantinha relações pessoais cordiais. A morte de seu irmão Wilhelm von Humboldt, que morreu em seus braços em 8 de abril de 1836, entristeceu os últimos anos de sua vida. Ao perder o irmão, Alexander lamentou ter “perdido metade de si mesmo”. A ascensão ao trono do príncipe Frederico Guilherme IV, após a morte de seu pai em junho de 1840, aumentou o seu favoritismo na corte. O novo rei solicitava-o frequentemente como conselheiro da corte. Humboldt utiliza sua função de conselheiro privado do rei para militar pela emancipação dos judeus e pela abolição do servilismo na Prússia, enquanto que o rei o utiliza como enciclopédia ambulante. A popularidade de Humboldt permanece grande, apesar das inimizades que ele adquire junto aos reacionários próximos do rei. Em 1857, a loucura que afeta o rei permite a Humboldt ter mais tempo para seus trabalhos.

         Em 1852, Humboldt recebe a medalha Copley da Royal Society de Londres.



O “KOSMOS”
        
Não é frequente que um homem adie seus 76 anos, e então execute com sucesso a coroação da obra da sua vida. No entanto, foi este o caso de Humboldt. Os primeiros dois volumes do Kosmos foram publicados, e basicamente elaborados, entre os anos de 1845 e 1847.
        
A ideia de um trabalho que deveria comunicar não somente uma descrição gráfica, mas principalmente uma concepção engenhosa do mundo físico que pudesse ser generalizada por detalhes e ressaltar detalhes através da generalização preenchia seu espírito havia mais de meio século. Tomou uma forma definida pela primeira vez em uma série de conferências por ele proferidas na Universidade de Berlim, no inverno de 1827-1828. Essas conferências constituíram, como nota seu último biógrafo, “o esboço para o grande afresco do Kosmos”.
        
O objetivo desta obra notável pode ser brevemente descrito como sendo a representação da unidade no meio da complexidade da natureza. Nessa obra, os grandes e vagos ideais do século XVIII são recuperados e combinados com as necessidades científicas do século XIX. Apesar de inevitáveis imperfeições, a tentativa foi eminentemente bem sucedida.
         Um estilo um pouco pesado e um tratamento às vezes pitoresco demais tornam a obra mais imponente que atraente ao leitor casual. Mas seu valor supremo consiste no fato de representar fielmente o reflexo da mente de um grande homem. Não existe maior elogio que possa ser feito a Alexander von Humboldt do que dizer que, ao tentar, e não em vão, representar o universo, ele conseguiu de maneira ainda mais perfeita representar a sua própria inteligência compreensiva.
        
A última década de sua longa vida – seus anos “improváveis”, como ele costumava chamá-los – foi dedicada à continuação de sua obra, cujos terceiro e quarto volumes foram publicados em 1850 – 1858, e um fragmento de um quinto postumamente em 1862. Nestes volumes, ele procurou detalhar de acordo com os ramos das ciências o que expusera de maneira geral no primeiro volume.
         Não obstante seu alto valor individual, é preciso admitir que, de um ponto de vista artístico, essas adições foram deformações. A ideia característica da obra, na medida em que uma ideia tão gigantesca pudesse ser transposta em forma literária, havia sido completamente desenvolvida nas suas partes iniciais, e a tentava de transformá-la em enciclopédia científica foi na verdade uma negação da motivação inicial.
        
O trabalho e a precisão de Humboldt nunca foram mais visíveis do que durante a concepção deste último troféu à sua genialidade. Tampouco apoiou-se somente em seus próprios trabalhos; deveu grande parte do que conseguiu à sua rara capacidade de assimilar ideias e aproveitar a cooperação de terceiros. Humboldt estava tão pronto a receber reconhecimento quanto a dá-lo. As notas do Kosmos são repletas de citações loquazes em que ele, de certa maneira, reconhece suas “dívidas” intelectuais.

DOENÇA E MORTE
         
Máscara Mortuária de Humboldt
Em 24 de fevereiro de 1857 Humboldt teve uma crise de apoplexia leve, que não deixou traços perceptíveis. Foi somente durante o inverno de 1858 – 1859 que suas forças começaram a diminuir, e, em 6 de maio, ele morreu tranquilamente, quatro meses antes de completar seus noventa anos.
         As honras que lhe foram reservadas durante sua vida seguiram-no após a morte. Seus restos mortais, antes de serem enterrados no mausoléu familiar de Tege, foram transportados em funerais nacionais pelas ruas de Berlim, e recebidos pelo príncipe regente, a cabeça descoberta, na porta da catedral. O primeiro centenário de seu nascimento foi celebrado em 14 de setembro de 1869, com igual entusiasmo no Novo e Velho Mundo, e os numerosos monumentos erigidos e as novas regiões descobertas denominadas em sua honra testemunham a difusão universal de sua fama e popularidade.

CONTRIBUIÇÕES DE HUMBOLDT À CIÊNCIA
        
Os textos sul-americanos de Humboldt compreenderam trinta volumes publicados em trinta anos. Compõem-se de livros científicos, atlas, tratados de geografia e economia sobre Cuba e o México, uma narrativa de suas viagens e um Examen Critiqué de l’Histoire de la Géographie du Nouveau Continent (Exame Crítico da História e da Geografia do Novo Continente). Humboldt escreveu seus textos científicos em colaboração com outros cientistas. Dedicou o volume consagrado à Geologia a seu amigo Goethe.
        
Em seu Kosmos, cujo objetivo era de comunicar a excitação intelectual e as necessidade prática da pesquisa científica, ele descreve em cinco volumes todos os conhecimentos da época sobre os fenômenos terrestres e celestes. Atribui-se a Humboldt a invenção de novas expressões como isodinâmica, isotermas, isóclinas, jurássico e tempestade magnética. Ele lançou as bases da Geografia Física e da Geofísica, notadamente da sismologia. Ele demonstra que não pode haver conhecimento se experimentação verificável.


PUBLICAÇÕES

BIOBRAFIAS
        
A mais recente e elogiada biografia de Humboldt é “A Invenção da Natureza” de Andres Wulf, eleita melhor livro de não ficção de 2015 segundo o New York Times, The Guardian e Time. Uma boa biografia de Humboldt é a do professor Karl Bruhns (três volumes, Leipizig, 1872), traduzida para o inglês por Misses Lassel em 1873. Breves notas à sua carreira são fornecidas por A. Dove em Allgemeine Deutsche Biographie, e por S. Gunther em Alexander von Humboldt (Berlin, 1900).
OBRAS
         Le Voyage aux Régions Exinoxiales du Nouveau Continent, fait em 1799 – 1804, par Alexandre de Humboldt et Aimé bonpland (Paris, 1807) composto de 30 fólios e quatro volumes, englobando um número considerável de obras subordinadas, mas importantes, entre as quais podem-se encontrar, inclusive no site da Biblioteca Nacional Francesa:

·         Vue des Cordillères et monuments des peuples indigènes de l'Amérique (2 vols. fólio, 1810);
·         Examen critique de l'histoire de la géographie du Nouveau Continent (1814-1834);
·         Atlas géographique et physique du royaume de la Nouvelle Espagne (1811);
·         Essai politique sur le royaume de la Nouvelle Espagne (1811);
·         Essai sur la géographie des plantes (1805, hoje muito raro); e
·         Relation historique (1814-1825), uma narração não terminada de suas viagens, incluindo o Essai politique sur l'île de Cuba.
         Outras de suas publicações são, inclusive que podem ser encontradas no Projekt Gutenberg-DE
·         Nova genera et species plantarum (7 vols. fólio, 181 5?1825), contendo descrições de mais de 4500 espécies de plantas coletadas por Humboldt e Aimé Bonpland, compilado principalmente por Karl Sigismund Kunth;
·         J. Oltmanns ajudou na preparação do Recueil d'observations astronomiques (1808);
·         Cuvier, Latreille, Valenciennes e Gay-Lussac cooperaram no Recueil d'observations de zoologie et d'anatomie comparée (1805-1833).
·         Ansichten der Natur (Stuttgart e Tübingen, 1808) de Humboldt teve três edições ao longo da sua vida, e foi traduzido em praticamente todas as línguas européias.
         Os resultados de sua viagem asiática foram publicados em Fragments de géologie et de climatologie asiatiques (2 vols., 1831), e em Asie centrale (3 vols., 1843), uma expansão da obra anterior. As notas e documentos lidos por ele diante de sociedades científicas, ou contribuições a periódicos científicos, são numerosos demais para especificação.
         Sem se esquecer do KOSMOS – Entwurf einer Physischen Weltbescheibung (1845 – 1862) sendo encontrado na internet em: Kurt Stübers Online Bibliothek (em alemão), Posner Memorial Collection, e Biblioteca Nacional Francesa.

CORRESPONDÊNCIA DE HUMBOLDT
        
Desde sua morte, uma parte considerável de suas correspondências tem se tornado pública. A primeira delas, em ordem cronológica e de importância, são suas Briefe an Varnhagen von Enze (Leipzig, 1860). Elas foram seguidas rapidamente de Briefwechsel mit einem jungen Freunde (Friedrich Althaus, Berlin, 1861); Briefwechsel mit Heinrich Berghaus (2vols., Jena, 1863); Correspondance scientifique e littéraire (2 vols., Paris, 1865 - 1869); Lettres à Marc-Aug. Pictet, publicadas em Le Globe, tomo VII. (Genebra, 1868); Briefe an Bunsen (Leipzig, 1869); Briefe zwischen Humboldt und Gauss (1877); Briefe an seinen Bruder Wilhelm (Stuttgart, 1880); Jugendbriefe an W. G. Wegener (Leipzig, 1896); além de outras coleções de menor importância. Uma edição das principais obras de Humboldt foi publicada em Paris por Também. Morgand (1864 - 1866). Veja também: Karl von Baer, Bulletin de l'acad. des sciences de St-Pétersbourg, XVII. 529 (1859); R. Murchison, Proceedings, Geog. Society of London, VI. (1859); L. Agassiz, American Jour. of Science, XXVIII. 96 (1859); Proc. Roy. Society, X. XXXIX.; A. Quetelet, Annuaire de l'acad. des sciences (Bruxelas, 1860), p. 97; J. Mädler, Geschichte der Himmelskunde, II. 113; J.C.Houzeau, Bibl. astronomique, II. 168. (A. M. C.)



quinta-feira, 27 de setembro de 2018

MAURÍCIO TRAGTENBERG: UM SOCIALISTA LIBERTÁRIO




         Maurício Tragtenberg nasceu em Getúlio Vargas em 4 de novembro de 1929 e morreu em São Paulo em 17 de novembro de 1998, foi um sociólogo e professor brasileiro.
        
Filho de uma família judaica e camponesa, seus avós emigraram para o Brasil e instalaram-se no interior do Rio Grande do Sul através de um projeto de colonização que tinha o financiamento da Companhia Judaica de Colonização. Cultivavam uma agricultura de subsistência e vendiam o excedente para o mercado.
         Maurício começou a “ler, escrever e contar” em uma escola pública de Erebango (depois Erechim), que funcionava em um galpão. Sua família muda-se para Porto Alegre e ele passa a frequentar o Grupo Escolar Luciana de Abreu (em plena época do Estado Novo), mas logo a família transfere-se para São Paulo, instalando-se no bairro do Bom Retiro. Maurício passa a frequentar uma escola ortodoxa judaica e além das matérias comuns do primário, estudava o hebraico e iídiche (que é uma mistura de várias línguas, incluindo o hebraico, mas surgiu do alemão medieval como forma de comunicação entre os judeus que não pudessem ser compreendidos pelos cristãos.
        
O jovem Tragtenberg à direita
Ainda muito jovem começou a trabalha, após a morte do pai. Filiou-se ao Partidos Comunista do Brasil, mas foi expulso com base em um artigo que proibia ao militante contato direto ou indireto com trotskistas ou com a obra de Leon Trotsky, autor por ele lido e relido. Torna-se dirigente do recém fundado Partido Socialista Revolucionário (PSR), então seção brasileira da IV Internacional (fundada por Leon Trotsky) junto com inúmeros camaradas como Hermínio Sacchetta, Febus Gikovate, Alberto da Rocha Barros, Vítor Azevedo, Patrícia Galvão (Pagu), Florestan Fernandes, entre outros.
        
Trabalhou no Departamento das Águas de São Paulo, onde teve toda a sua experiência prática com a burocracia, posteriormente criticada em seu livro Burocracia e Ideologia. Neste período frequentava a Biblioteca Municipal Mário de Andrade, onde lhe foi possível ler o que lhe interessava e discutir assuntos diversos com um grupo de intelectuais que também frequentava a Biblioteca, entre eles Antônio Cândido, que o convenceu a prestar vestibular na USP.
         Escreveu o ensaio Planificação – Desafio do Século XX, que seria posteriormente transformado em livro. Com a aceitação desse texto pela Universidade, habilita-se a prestar o vestibular. Aprovado, começa a frequentar o curso de Ciências Sociais. Um ano depois prestou novamente vestibular – desta vez para o curso de História, que concluiu. Durante a Ditadura Militar escreveu sua tese de doutorado em Política, também pela USP. Começou então a se dedicar à carreira de professor, lecionando na graduação e pós-graduação de universidades como PUC-SP, USP, UNICAMP e da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV).
        
No meio acadêmico Tragtenberg ficou conhecido como um autodidata (o que era apenas parcialmente verdadeiro, embora ele próprio costumasse alardear provocativamente, o seu “primário incompleto”). Preferia definir-se como um Socialista Libertário, ao contrário de “anarquista” e radical. Irreverente com relação aos símbolos e às artimanhas do poder autoritário, foi um intelectual independente e crítico em relação à burocracia acadêmica, que desprezava.
        
Fumante inveterado, suas classes eram frequentadas não só por alunos regulares mas também por numerosos ouvintes não matriculados. Por seu espírito rebelde e senso de humor frequentemente sarcástico, mas sobretudo por sua profunda generosidade intelectual. A compulsão pela palavra escrita somada à facilidade de guardar nomes e citações, fizeram-no ser lembrado por um saber enciclopédico. Para a professora doutora Dóris Accioly e Silva, da UNESP de Marília, e coorganizadora da biografia de Maurício Tragtenberg, o vasto conhecimento do filósofo era presenciado em sala de aula. “Ele não era popular entre os alunos. Falava muito, citava bastante gente e não seguia ordem cronológica nas explicações”.

        
Físico Marcelo Tragtenberg
Era casado com a atriz Beatriz Tragtenberg, com quem teve três filhos: o físico Marcelo Henrique Romano Tragtenberg, o músico Lívio Tragtenberg e a cantora lírica Lucila Romano Tragtenberg.



TRABALHOS PUBLICADOS
        
Deixou publicados pelo menos 8 livros e inúmeros artigos em jornais e revistas de grande circulação no país, abrangendo diversos assuntos como educação, política, sociologia, história e administração.
         Escreveu por vários anos a coluna “No Batente” para o jornal Notícias Populares, um tabloide popular de São Paulo.
        
Sua obra completa que inclui livros, artigos, apresentações, prefácios e textos esparsos está sendo editada pela Editora da UNESP, tendo sido publicados quatro volumes da coleção Maurício Tragtenberg – dirigida por Evaldo Amaro Vieira: Administração, Poder e Ideologia e o mais recente A Revolução Russa.


TEORIA DA PEDAGOGIA LIBERTÁRIA
        
Através de uma crítica incisiva ao modelo pedagógico burocrático, Tragtenberg chega à teoria da pedagogia libertária, que se expressa pelo questionamento de toda e qualquer relação de poder estabelecida no processo educativo e das estruturas que proporcionam as condições para que essas relações se reproduzam no cotidiano das instituições escolares.
         Em sua visão, a própria prática de ensino pedagógica-burocrática permite a dominação na medida em que reduz o aluno ao papel de mero receptáculo de conhecimento e fica uma hierarquia rígida e burocrática na qual o principal interessado encontra-se numa posição submissa. E nessa ordem o professor é o “símbolo vivo” da dominação.
        
Tragtenberg critica duramente a realidade das universidades, “a delinquência acadêmica”, que a seu ver, acabam exprimindo uma “concepção capitalista do saber” através da busca desenfreada por titulações, publicações, pontos. Paga-se para apresentar trabalhos a si mesmo ou aos poucos amigos que se revezam entre falantes e ouvintes, não interessando o conteúdo e a qualidade do que se publica, mas sim quantos pontos vale: também não importa se alguém lerá o artigo; que seja de preferência uma publicação em algum país vizinho, pois publicações internacionais valem mais pontos.



         Em resposta a tudo isso, a pedagogia libertária propõe uma série de mudanças nas instituições de ensino, fundadas na:
  • ·        Autogestão, gestão da educação pelos diretamente envolvidos no processo educacional e a “devolução do processo de aprendizagem às comunidades onde o indivíduo se desenvolve (bairro, local de trabalho);
  • ·        Autonomia do indivíduo, “o indivíduo não é um meio, é o fim em si mesmo. No Universo das coisas (mercadorias) tudo tem um preço, porém só o homem tem uma dignidade”, negação total de prêmios ou punições;
  • ·        Solidariedade, crítica permanente de todas as formas educativas que estimulam ou fundamentem-se na competição;
  • ·        Crítica a todas as normas pedagógicas autoritárias.

        
Essa proposta pedagógica pressupõe ainda: educação gratuita para todos, superação da divisão dos professores em categorias; liberdade de organização para os trabalhadores da educação.



OBRAS PUBLICADAS

> Planificação: Desafio do Século XX, 1967;
> Burocracia e Ideologia, 1974;
> Administração, Poder e Ideologia, 1980;
> Reflexões sobre o Socialismo, 1986;
> A Revolução Russa, 1988;

> Memórias de um Autodidata no Brasil, 1999;
> Escreveu a introdução do livro “Organismo Econômico da Revolução: a autogestão na Revolução Espanhola”, de Diego Abad de Santillán.




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