ALEXANDRE I DA RÚSSIA
Alexandre I – Nascido em São Petersburgo em 23 de dezembro
de 1777 e falecido em Taganrog em 1º de dezembro de 1825. Foi czar[1]
(imperador) da Rússia de 1801 até sua morte, também sendo o primeiro russo a
ser Rei da Polônia e Grão-Duque da Finlândia. Era filho do czar Paulo I e sua
esposa Sofia Doroteia de Württemberg, ascendendo ao trono após o assassinato do
pai. Alexandre, tanto como grão-duque
quanto imperador, muitas vezes usava de retórica liberal, porém manteve as
práticas absolutistas da Rússia durante toda sua vida. Logo no início do seu
reinado Alexandre realizou pequenas reformas sociais e depois grande reformas
educacionais, também prometendo reformas constitucionais e sobre a servidão,
porém nunca fez nenhuma proposta concreta. Na segunda metade de seu reinado ele
ficou cada vez mais arbitrário, reacionário e temerário de conspirações.
Alexandre expulsou professores estrangeiros das escolas russas e a educação
passou ser mais religiosa e politicamente conservadora.
Internacionalmente, ele governou o
Império Russo durante o conturbado período das Guerras Napoleônicas. Ele mudou
de lado várias vezes entre 1804 e 1812, passando de pacificador neutro, aliando
de Napoleão Bonaparte até inimigo do imperador francês. Ele se aliou ao Reino
Unido em 1805 na Terceira Coligação, porém devido sua derrota na Batalha de
Austerlitz ele trocou de lado e aliou-se com a França através dos Tratados de
Tilsit. Alexandre junto a Rússia ao Bloqueio Continental e travou pequenos
conflitos com os britânicos. Entretanto, ele e Napoleão nunca conseguiram
concordar em alguma coisa, especialmente acerca da Polônia, e a aliança acabou
ruindo em 1810. Seu triunfo militar veio dois anos depois, quando a invasão
francesa da Rússia terminou em desastre levando à queda de Napoleão pouco
depois na Batalha das Nações. Ao fim do período napoleônico, Alexandre formou a
Santa Aliança a fim de suprimir movimentos revolucionários na Europa.
Alexandre se casou em 1793 com a
princesa Luísa de Baden, com quem teve duas filhas que morreram jovens: Maria e
Isabel. Ele morreu sem herdeiros no final de 1825, devido a ter contraído tifo,
ou malária, apesar de rumores que teria fabricado sua morte e se transformando
num monge na Sibéria que apareceram posteriormente a sua morte. Seu falecimento
causou grande confusão, com seu irmão Constantino abdicando de seu direito de
sucessão e fazendo com que militares se rebelassem na Revolta Dezembrista
contra seu outro irmão, que posteriormente sucederia Alexandre como Nicolau I.
Reinado de Alexandre I
Imperador e autocrata de todas as
Rússias desde 1801, foi muito influenciado por sua avó, a imperatriz Catarina
II da Rússia, que o tirou do país para educa-lo, e o considerava seu sucessor.
Primeiro filho do grão-duque Paulo Petrovich, futuro Paulo I, e da grã-duquesa
Maria Feodorovna, nascida princesa de Wüttemberg.
Tornou-se czar após o assassinato de
seu pai, em 23 de março de 1801. Foi coroado na Catedral da Dormição (igreja
principal da Rússia Moscovita) no Kremlin em 15 de setembro de 1801.
Sua avó Catarina II era seguidora,
em termos, dos princípios iluministas, e convidou o filósofo francês Denis
Diderot para ser seu tutor particular. Diderot não aceitou, a imperatriz
convidou como preceptor o cidadão suíço Fréderic-César La Harpe, que, em termos
de pensamento filosófico, seguia as ideias de Jean-Jacques Rousseau, era republicano
por convicção e um excelente educador que inspirou afeto em seu aluno e ajudou
a moldar permanentemente sua mente mantendo-a flexível e aberta. Alexandre é
considerado uma das mais interessantes figuras do seu século, autocrata e
jacobino, místico e homem do mundo, natureza complexa, extremamente popular em
todos os níveis da sociedade. Iniciou reformas administrativas, educativas,
científicas, no regime da servidão.
Seu reinado foi marcado por uma
política externa flutuante. Aliado da Inglaterra e do Império Austríaco na
coalizão de 1805 contra a França revolucionária, participou da Terceira
Coligação contra Napoleão Bonaparte, mas as forças russo-austríacas foram
vencidas em Austerlitz (1805). Fez aliança com o Reino da Prússia mas depois
das derrotas de Eylau e Friedland (1807) se viu obrigado a assinar o Tratado de
Tilsit, tornando-se aliado de Napoleão. Declarou guerra à Inglaterra e aderiu
ao Bloqueio Continental.
Atacou, então, a Suécia, para obter
a Finlândia (1808). Renovou hostilidade contra o Império Otomano, continuadas
até a Paz de Bucareste (1812). O ressentimento russo com o sistema continental
dominado pelos franceses provocou a invasão da Rússia (1812). Havia retomado em
1811 a luta contra Napoleão, com isso causou a invasão de seu país pelos
franceses, o que fez a Europa levantar-se contra o invasor. Embora retornasse à
capital antes da derrota russa em Borodino (setembro de 1812), Alexandre tomou
parte ativa na destruição do exército retirante de Napoleão em Dresden e
Leipzig em 1813. Entrou em Paris, em 1814, com os aliados, visitou triunfante
Londres. Após a campanha da Rússia, desastrosa para os franceses, participou da
Sexta Coligação em 1813 e, caindo Napoleão, contribuiu para a restauração da
dinastia dos Bourbons. Alexandre comandou o exército russo na campanha contra
Napoleão. Após o fracasso da Campanha da Rússia, em 1812, participou da
libertação da Europa (Batalha das Nações em 1813 e Campanha da França em 1814).
Em 1815, inspirou a Santa Aliança da
Europa Cristã, com os soberanos do Império Austríaco e do Reino da Prússia.
Queria resgatar o poder das dinastias absolutistas europeias. No Congresso de
Viena, em 1815, recebeu a Polônia, assumiu o trono, deu-lhe uma nova
constituição.
O Período Final
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Madame von Krudener |
Desde a invasão da Rússia, se
tornara profundamente religioso. Lia a Bíblia diariamente e rezava muito.
Deixara-se influenciar em Paris pelos pensamentos místicos de uma visionária,
Bárbara Juliana Krüdener chamada de Madame von Krudener, que se considerava
profetisa enviada ao czar por Deus. Teve influência curta mas profunda pois o
czar nunca mais abandonaria seu fervor religioso. Voltando à Rússia, a partir de 1818,
demonstrou políticas retrógradas e reacionárias que o alienaram do povo. Desde
que Napoleão Bonaparte fora derrotado em 1812, surgiram sociedades secretas
pela Rússia exigindo a abolição da servidão. Um desses movimentos, um grupo de
nobres insatisfeitos chamados dezembristas, pediam também o fim da autocracia.
Sua liga idealista (Santa Aliança) se tornara uma aliança dos monarcas contra
os povos, depois dos encontros de Aachen, Opava, Liubliana e Verona – campeões
do despotismo defensores de uma ordem mantida pela força das armas.
Alexandre mesmo ficou golpeado pelo
motim de seu regimento Semenovski e pensou detectar a presença de radicalismo
revolucionário nas tropas. O que marcou o fim de seus sonhos liberais. Todas as
rebeliões lhe pareceram então doravante revoltas contra Deus. Chocou o povo
russo ao recusar apoio aos gregos, povo da mesma religião ortodoxa, ao se
levantarem contra o Império Otomano, mantendo o argumento que eram rebeldes
como outros. O chanceler austríaco, príncipe Klemens Wenzel von Metternich, a
quem o czar deixou a direção dos negócios europeus, aproveitou-se de seu estado
de espírito. Tinha mesmo abandonado os assuntos do país a seu favorito
Arakcheev.
A morte da única filha muito amada,
uma enorme inundação em São Petersburgo, em 1824, e o descontentamento com os
regimentos de seu exército, levaram-no à Crimeia, para tentar recuperar a
saúde. Sua coroa passara a pesar muito e não escondia da família e dos amigos o
desejo de abdicar. Quando a czarina adoeceu, Taganrog, aldeia do mar de Azov,
parecia um destino ideal. Mas o czar contraiu malária, ou tifo, durante uma
viagem de inspeção e morreu. Sua morte repentina, seu misticismo, a
perplexidade da corte e a recusa de permitir a abertura de seu caixão ajudaram
a criar a lenda de sua “partida” para um refúgio siberiano. Alexandre I faleceu
em 1º de dezembro de 1825 e está atualmente sepultado na Fortaleza de São Pedro
e São Paulo, em São Petersburgo na Rússia.
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Nicolau I da Rússia |
Em seu governo Alexandre I anexou a
Transcaucásia da Pérsia (1813) e a Bessarábia após a guerra contra o Império
Otomano (1812). Aboliu muitos castigos bárbaros, melhorou as condições de vida
dos servos e fomentou a educação. Após sua morte foi sucedido por seu irmão
Nicolau.
Casamento e Descendência
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Isabel Alexeievna (Luísa de Baden) |
Alexandre I casou-se aos 16 anos, em
São Petersburgo, em 9 de outubro de 1793, com Luísa de Baden, de 14 anos (rebatizada
na Rússia como Isabel Alexeievna). Ela era filha do marquês Carlos Luís,
Príncipe Hereditário de Baden, irmão de Carlos de Baden, no qual em 1806
casou-se com Estefânia de Beauharnais, filha adotiva de Napoleão. Seu casamento
foi muito infeliz. Extremamente popular, ela se converteu a religião ortodoxa.
Graciosa e culta, deixou um diário, documento precioso. Tiveram duas filhas que
morreram na infância:
1. Maria
Alexandrovna Romanova, nascida em 29 de maio de 1799 e falecida em 8 de julho
de 1800 – rumores diziam dela ser filha de Adam Czartoryski – morreu com apenas
um ano;
2. Isabel
Alexandrovna Romanova, nascida em 15 de novembro de 1806 e falecida em 12 de
maio de 1808 – rumores diziam dela ser filha de Alexei Okhotnikov – morreu com
uma infecção.
Com a aristocrata polonesa Maria
Narishkine, filha do príncipe Czetwertynski, Alexandre I teve:
1. Zenaida
Narishkin, nascida em 19 de dezembro de 1807 e falecida em 18 de junho de 1810
– morreu com 4 anos;
2. Emanuel
Narishkin, nascido em 30 de julho de 1813 e falecido em 31 de dezembro de 1901
ou em 13 de janeiro de 1902 – casado com Catherine Novossiltzev – sem
descendência e com paternidade não confirmada.
Com Sophia Sergeievna Vsevolozhskaya,
teve:
1. Nikolai
Yevgenyevich Lukash, nascido em 11 de dezembro de 1796 e falecido em 20 de
janeiro de 1868 – casou-se com a princesa Alexandra Lukanichna guidianova –
teve quatro filhos do primeiro casamento e um filho do segundo casamento;
Com Marguerite-Josephine Weimer,
teve:
1. Maria
Alexandrovna Parijskaia, nascida em 19 de março de 1814 e falecida em 1874 –
casou-se com Vassili Joukov – com descendência.
Com uma mãe desconhecida, teve:
1. Wilhelmine
Alexandrine Pauline Alexandrov, nascida em 1816 e falecida em 4 de junho de
1863 – casou-se com Ivan Arduser von Hohendachs – com descendência.
Com Veronica Dzierzanowska, teve:
1. Gustaw
Ehrenberg, nascido em 14 de fevereiro de 1818 e falecido em 28 de setembro de
1895 – casou-se pela primeira vez com Felicite Pantcherow – sem descendência.
Casou-se pela segunda vez com Emilie Pantcherow – teve um filho.
Com Barbara Tourkestanov, Princesa
de Tourkestanova, teve:
1. Maria
Tourkestanova, Princesa de Tourkestanova, nascida em 20 de março de 1819 e
falecida em 19 de dezembro de 1843 – morreu com 24 anos, sem descendência;
2. Nicolas Vassilievich
Isakov, nascido em 10 de fevereiro de 1821 e falecido em 25 de fevereiro de
1891 – casado com Ana Petrovna Lopukhina – teve uma descendente de Eudóxia
Lopukhina – e com descendência.
Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Alexandre_I_da_R%C3%BAssia. Acesso em
31 de jan. 2022.
ALEXANDRE II DA RÚSSIA
Alexandre II – nascido em Moscou em 29 de abril de 1818 e
falecido em São Petersburgo em 13 de março de 1881, cognominado de “o
Libertador” pela Reforma Emancipadora de 1861, foi o Imperador (czar) da Rússia
de 1855 até seu assassinato. Era o filho mais velho do czar Nicolau I e sua esposa
a princesa Carlota da Prússia.
Era conhecido por suas reformas
liberais e modernizantes, através das quais procurou renovar a cristalizada
sociedade russa. Em 19 de fevereiro de 1861, decretou o fim da servidão na
Rússia. Foram libertados, ao todo, 22,5 milhões de camponeses servos –
preservando-se, todavia, a propriedade dos latifúndios.
Primeiros Anos
Nascido em Moscou, Alexandre era o
filho mais velho do czar Nicolau I da Rússia e da princesa Carlota da Prússia,
filha do rei Frederico Guilherme III da Prússia e da princesa Luísa de
Mecklemburgo-Strelitz. Os seus primeiros anos de vida não faziam prever o seu
potencial. Até à altura que subiu ao trono em 1855, com trinta e sete anos de
idade, poucos imaginavam que Alexandre II ficaria para a história por ter posto
em prática as reformas mais difíceis na Rússia desde o reinado de Pedro, o
Grande, sendo considerado como um dos melhores governantes que o império alguma
vez viu.
No período da sua vida em que foi
príncipe herdeiro, a atmosfera intelectual de São Petersburgo não estava
receptiva a qualquer tipo de mudança: a
liberdade de expressão e qualquer tipo de iniciativa privada estava a ser
reprimidos ferozmente. A censura pessoal e oficial era algo comum e criticar as
autoridades era considerado uma ofensa grave. Cerca de vinte e seis anos
depois, Alexandre teve a oportunidade de implantar mudanças, contudo acabaria
por ser assassinado em público pela organização terrorista Narodnaya Volya (A
Vontade do Povo).
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Vasily Zhukovsky |
A sua educação como futuro czar foi
levada a cabo sob a supervisão de Vasily Zhukovsky, um poeta liberal romântico
e tradutor de talento e incluiu um conjunto de várias disciplinas, bem como
aprendizagem das principais línguas europeias. A sua suposta falta de interesse
por assuntos militares que foi detectada por vários historiadores resultou dos
efeitos que a amarga Guerra da Crimeia teve na sua família e no país inteiro.
Também visitou muitos países proeminentes da Europa ocidental. Enquanto
czarevich, Alexandre tornou-se o primeiro herdeiro Romanov a visitar a Sibéria.
Reinado
Alexandre II subiu ao trono após a
morte do seu pai em 1855. O primeiro ano do seu reinado foi dedicado à
continuação da Guerra da Crimeia e, após a queda de Sebastopol, às negociações
de paz lideradas pelo seu conselheiro de confiança, o príncipe Gorchakov. O
país estava exausto e tinha sido humilhado pela guerra. Havia subornos, roubos
e corrupção por todo o lado. Encorajado pela opinião pública, o czar deu início
a um período de reformas radicais que incluíram uma tentativa de fazer com que
a aristocracia que possuía terra não controlasse tanto os pobres, uma atitude
que tinha como objetivo desenvolver os recursos naturais russos e reformar
todos os setores da administração. Em 1867, Alexandre vendeu a província do Alasca
aos Estados Unidos por sete milhões de dólares (o equivalente a cerca de 200
milhões de dólares nos dias de hoje) depois de ter reconhecido a dificuldade
que tinha em defende-la da Grã-Bretanha e do Canadá.
Emancipação dos Servos
Pouco depois de concluir as
negociações de paz, foram levadas a cabo mudanças importantes na legislação que
regia a indústria e o comércio e a nova liberdade concedida permitiu a produção
de um grande número de empresas de confiança duvidosa. Foram feitos planos para
construir uma grande rede de estradas de ferro em parte com o objetivo de
desenvolver os recursos naturais do país e em parte para aumentar o seu poder
de defesa e ataque.
A questão da existência da servidão
foi abordada com coragem, aproveitando uma petição que tinha sido apresentada
pelos proprietários de terras polacos nas províncias lituanas no sentido de
melhorar a sua relação com os servos (de forma mais satisfatória para os
proprietários), o czar autorizou a formação de comitês para melhorar as
condições dos camponeses, e criou as bases para que essa melhora fosse eficaz.
A este passo seguiu-se outro ainda
mais significante. Sem consultar seus conselheiros habituais, Alexandre ordenou
que o Ministério do Interior enviasse uma circular aos governadores provinciais
da Rússia ocidental (a servidão era rara noutras partes do império), em que havia
uma cópia com instruções que tinham também sido enviadas ao governador-geral da
Lituânia e que elogiava as supostas intenções generosas e patrióticas dos
proprietários de terras na Lituânia, sugerindo que talvez outros proprietários
de outras províncias devessem ter o mesmo desejo. A sugestão foi levada a cabo
e assistiu-se à formação de comitês para a emancipação em todas as províncias
onde ainda não existiam servidão.
A emancipação não era uma questão
meramente humanitária capaz de ser resolvida instantaneamente pelo ucasse
(decreto do czar) imperial. Tinha muitos problemas complicados que afetavam
profundamente o futuro econômico, social e político da nação.
Alexandre teve de escolher entre as
medidas distintas que lhe eram recomendadas e decidir se os servos se tornariam
trabalhadores da agricultura dependentes econômica e administrativamente dos
seus senhores ou se tornaram numa classe de proprietários comunitários
independentes.
O imperador deu o seu apoio ao
segundo projeto e os camponeses russos tornaram-se um dos últimos grupos da
Europa a deixar o velho sistema de servidão.
Os criadores do manifesto da
emancipação foram o irmão de Alexandre, o grão-duque Constantino Nikolaevich,
Yakov Rostovtsev e Nikolay Milyutin. A 3 de março de 1861, seis anos depois de
subir ao trono, a lei da emancipação foi assinada e publicada.
Outras Reformas
Em resposta à derrota desastrosa
sofrida pela Rússia em 1856 durante a Guerra da Crimeia e aos avanços na área
militar que estavam a acontecer noutros países europeus, o governo russo
reorganizou o exército e a marinha dando-lhes novas armas. As mudanças incluíram
o recrutamento militar obrigatório, que começou a 1.º de janeiro de 1874. Os
homens de todas as províncias, ricos ou pobres, tinham que prestar serviço
militar. Outras reformas militares incluíram criar uma reserva no exército e de
um sistema de distritos militares (que ainda era usado um século depois), a
construção de estradas de ferro estratégicas e uma maior importância na
educação militar dos oficiais. O castigo corporal e a marcação de soldados a
fogo foram banidos.
Uma nova administração judicial
(1864), baseada no modelo francês, introduziu o mandato de segurança. Também
entram em vigor um novo código penal e um sistema civil e criminal mais
simplificado. O poder judicial foi reorganizado de forma a incluir julgamentos
em tribunal aberto com juízes nomeados para o resto da vida, um sistema de
jurados e a criação de justiças da paz para lidar com pequenos crimes em nível
local. A burocracia de Alexandre instituiu
um sistema elaborado de autogoverno local (zemstvo) para distritos rurais (1864)
e grandes cidades (1870), com assembleias eleitorais que tinha um poder
restrito de cobrar impostos e uma nova polícia rural e municipal foi criada sob
a direção do Ministério do Interior.
Supressão dos Movimentos Separatistas
No início dos seu reinado, Alexandre
II proferiu a conhecida expressão “Não sonhem” dirigida aos polacos que
habitavam o Congresso Polaco, o ocidente da Ucrânia, a Lituânia, a Letônia e a
Bielorrússia. O resultado desta declaração foi a Revolta de Janeiro de 1863 e
1864 que foi suprimida depois de dezoito meses de luta. Centenas de polacos foram executados
e milhares foram deportados para a Sibéria. O preço da supressão foi o apoio
russo para a unificação alemã. Anos mais tarde, a Alemanha e a Rússia
tornar-se-iam inimigas.
Encorajamento do Nacionalismo Finlandês
Em 1863, Alexandre II restabeleceu o
Diet da Finlândia e deu início a várias reformas que aumentavam a autonomia
finlandesa da Rússia incluindo a criação da sua própria moeda, o markka. A
liberalização das indústrias levou a um aumento do investimento estrangeiro no
país e ao seu desenvolvimento industrial.
Finalmente, a elevação do finlandês
de língua dos camponeses a língua oficial da nação, com o mesmo estatuto do
sueco, criou oportunidades para uma maior fatia da sociedade. Alexandre III é
ainda chamado de “O Bom Czar” na Finlândia.
Estas reformas podem ser vistas como
resultado da crença de que as reformas eram mais fáceis de testar num país
pouco populoso e homogêneo do que em toda a Rússia. Podem também ter sido uma
recompensa pela lealdade da população contrária ao ocidente durante a Guerra da
Crimeia e a Revolta Polaca. Encorajar o nacionalismo finlandês e a sua língua
pode também ser considerado como uma tentativa de afastar o país da Suécia.
O Reinado Durante a Guerra Russo-Caucasiana
Foi durante o reinado de Alexandre
II que a Guerra Russo-Caucasiana atingiu seu ponto mais crítico. Pouco antes do
final da guerra com a vitória russa, o exército russo, seguindo ordens do czar,
tentou eliminar os montanhistas naquilo que muitos historiadores apelidaram de
“limpeza”.
Casamento e Descendência
Durante os seus dias de solteiro,
Alexandre realizou uma visita à Inglaterra em 1838. Embora fosse apenas um ano
mais velho que a rainha Vitória, a sua corte foi de curta duração. Vitória
casou-se com o seu primo alemão, o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gotha em
fevereiro de 1840. A 16 de abril de 1841, com vinte e três anos de idade,
Alexandre casou-se em São Petersburgo com a princesa Maria de Hesse e Reno que
adotou o nome de Maria Alexandrovna, a partir do momento que se converteu à
Igreja Ortodoxa.
Maria era legalmente filha do
grão-duque Luís II de Hesse-Darmstadt e da princesa Guilhermina de Baden, mas
havia rumores a afirmar que a czarina era, na verdade, filha do amante de
Guilhermina, o barão August von Senarclens de Grancy, Alexandre conhecia esta
questão da paternidade.
Deste casamento nasceram seis filhos
e duas filhas: Alexandra Alexandrovna, Nicolau Alexandrovich, Alexandre III da
Rússia, Vladimir Alexandrovich, Aleixo Alexandrovich, Maria Alexandrovna,
Sérgio Alexandrovich, Paulo Alexandrovich.
Durante seu casamento, Alexandre II
teve muitas amantes, das quais teve pelo menos sete filhos. Alguns deles são:
Antoniette Bayer, fruto de sua relação como Wilhelmine Bayer; Michael-Bogdan
Oginski, com sua amante, a condessa Olga Kakinvskaya; Joseph Raboxicz.
Com a morte de Maria Alexandrovna,
Alexandre II casou-se coma a sua amante Catarina Dolgorukov de que já tinha 4
filhos: Jorge Alexandrovich Romanov Yurievsky; Olga Alexandrovna Romanove
Yurievsky; Boris Alexandrovich Yurievsky e Catarina Alexandrovna Romanov
Yurievsky.
Tentativas de Assassinato
Em 1866, houve uma tentativa para
matar Alexandre em São Petersburgo levada a cabo por Dmitry Karakozov. Para
comemorar o fato de ter escapado por pouco à morte (à qual se viria referir
como o acontecimento de 4 de abril de 1866), foram construídas igrejas e
capelas em muitas cidades russas. Viktor Hartman, um arquiteto russo, chegou
mesmo a desenhar um portão monumental (que nunca chegou a ser construído) para
comemorar o acontecimento.
Na manhã de 20 de abril de 1879,
Alexandre estava a fazer uma caminhada até à Praça dos Guardas e encontrou-se
com Alexandre Solviev, um antigo estudante de trinta e três anos. Tendo visto
um revólver ameaçador nas suas mãos o imperador fugiu em ziguezague. Soloviev
disparou cinco vezes, mas não acertou o alvo. Foi enforcado em 28 de maio,
depois de ser condenado à morte.
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Stepan Khalturin |
O estudante agiu sozinho, mas
sabia-se que existiam vários revolucionários que queriam matar Alexandre. Em
dezembro de 1879, o grupo terrorista “A Vontade do Povo” (“Narodnaya Volya”),
que queria provocar uma revolução social, fez explodir a linha de comboio que
ligava Livadia a Moscou, mas não conseguiram atingir o comboio do imperador.
Na noite de 5 de fevereiro de 1880,
Stephan Khaturin, que também pertencia a “Narodnaya Volya”, colocou uma
bomba-relógio debaixo da sala de jantar do Palácio de Inverno, na sala de
descanso dos guardas que ficava no andar debaixo. Por ter chegado atrasado para
o jantar, o imperador não ficou ferido, mas houve vários mortos e cerca de
trinta feridos.
Assassinato
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Conde Loris-Melikov |
Após a última tentativa de
assassinato em fevereiro de 1880, o conde Loris-Melikov foi nomeado chefe da
Comissão Executiva Suprema e recebeu mais poderes para combater os
revolucionários. As propostas de Loris-Melikov iriam incluir a criação de uma
espécie de parlamento e o imperador pareceu concorda com ele, contudo estes
planos nunca foram concretizados.
A 13 de março de 1881, Alexandre foi
vítima de uma conspiração para o assassinar em São Petersburgo.
Como se sabia, todos os domingos,
durante vários anos, o imperador ia visitar Mikhailovsky Manège para assistir à
chamada militar. Viajava e regressava do Manège numa carruagem fechada
acompanhada de seis cossacos e mais um sentado ao lado do cocheiro. A carruagem
do czar era seguida por dois trenós que levavam, entre outros, o chefe da
polícia e o chefe dos guardas do imperador. A viagem, como sempre, fez-se pelo Canal
de Catarina e por cima da ponte Pevchesky. A estrada era apertada e tinha
passeios para os peões de ambos os lados. Um movem membro do Narodnaya Volya,
Nikolai Rysakov carregava uma pequena embalagem branca embrulhada num lenço de
pano. “Após um momento de hesitação, atirei a bomba. Atirei-a para debaixo dos
cascos dos cavalos pensando que iria explodir debaixo da carruagem (...) A
explosão atirou-me contra a cerca.”
Embora a explosão tenha matado um
dos cossacos e ferido o condutor e pessoas que passavam na rua com gravidade,
apenas conseguiu provocar danos na carruagem à prova de bala, um presente do
imperador Napoleão III de França. O czar saiu abalado, mas ileso. Rysakov foi
capturado quase em seguida. O chefe da polícia, ouviu Rysakov a gritar para
outra pessoa que estava no meio da multidão. Os guardas cossacos imploram ao
imperador que deixasse imediatamente o local em vez de ir ver o dano causado
pela explosão.
Apesar de tudo, um segundo membro
jovem da organização terrorista, Ignaty Grinevitsky que estava perto da cerca
do canal, ergueu ambos os braços e atirou algo para os pés do czar.
Alegadamente, Alexandre teria
gritado: “Ainda é cedo demais para agradecer a Deus”. Dvorzhitsky escreveu mais
tarde:
“Fiquei
surdo após a explosão, queimado, ferido e fui atirado para o chão. De repente,
por entre o fumo e o nevoeiro da neve, ouvi a voz de Sua Majestade a gritar:
‘Ajuda!’ Juntando todas as forças que tinha, levantei-me e corri até ao czar.
Sua Majestade estava meio deitado, meio sentado, apoiado no seu braço direito.
Pensando que ele estava apenas gravemente ferido, tentou levantá-lo, mas as
pernas do czar estavam destruídas e o sangue escorria delas. Vinte pessoas,
feridas de várias maneiras, estavam estendidas no passeio da rua. Algumas conseguiam
levantar-se, outras rastejavam, outras ainda tentavam sair debaixo dos corpos
que tinham caído em cima delas. Espalhados pela neve estavam detritos e sangue
e podiam ver-se fragmentos de roupas, dragonas, sabres e pedaços sangrentos de
carne humana”.
Mais tarde descobriu-se que havia um
terceiro bombista na multidão. Ivan Emlyanov estava pronto agarrando uma mala
de mão que tinha uma bomba que seria usada se as outra duas tivessem falhado.
Alexandre foi levado de trenó até o
Palácio de Inverno e depois para o seu escritório onde, ironicamente, quase
exatamente vinte anos tinha assinado o documento que tinha libertado os servos.
Alexandre estava a perder muito sangue, tinha as pernas destruídas, o estomago
aberto e o rosto mutilado. Vários membros da família real apressaram-se para o
local.
O imperador recebeu a comunhão e a
extrema unção. Quando perguntaram ao médico que estava de serviço, Sergey
Botkin, quanto tempo de vida lhe restava, ele respondeu: “No máximo quinze
minutos”. Às três e meia da tarde a bandeira pessoal de Alexandre II foi
baixada pela última vez.
Consequências
O assassinato de Alexandre II
provocou um retrocesso no movimento de reforma. Umas das últimas ideias do
imperador tinha sido criar planos para um parlamento eleito, ou Duma, que
ficaram completos na véspera da sua morte, mas ainda não tinham sido apresentados
ao povo russo. Alexandre tinha planejado revelar seu planos para a criação da
Duma quarenta e oito horas depois. Se tivesse vivido mais algum tempo, a Rússia
poderia ter seguido o caminho da monarquia constitucional em vez do longo
caminho de opressão que se seguiu com o reinado de seu filho. A primeira ação
que Alexandre III tomou após a coroação foi rasgar esses planos. A Duma só
viria a ser criada em 1905, quando o neto de Alexandre II, Nicolau II, foi
pressionado a instaurá-la após a Revolução Russa de 1905.
Uma segunda consequência do
assassinato foi o início dos pogroms e a legislação antijudaica.
Uma terceira consequência foi a
supressão das liberdade civis na Rússia e o regresso de forte repressão
policial, após alguma liberalização durante o reinado de Alexandre II. O
assassinato do czar foi testemunhado em primeira-mão pelo seu filho, o futuro
Alexandre III e pelo seu neto, o futuro Nicolau II, que viriam a governar a
Rússia e prometeram que não teriam o mesmo destino. Ambos usaram a Okhrana para
prender protestadores e acabar com grupos supostamente rebeldes, criando mais
supressão de liberdades pessoais do povo Russo.
Finalmente, o assassinato inspirou
os anarquistas a promover uma propaganda de ação, o uso de grandes atos de
violência para incitar a revolução.
Fonte:
Wikipédia. Disponível em:https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Alexandre_II_da_R%C3%BAssia. Acesso em
31 de jan. 2022.
ALEXANDRE III DA RÚSSIA
Alexandre III – Nascido em São Petersburgo em 10 de março de
1845 e falecido em 1º de novembro na Livadia, Crimeia, no Império Russo. Foi o
czar (imperador) da Rússia de 1881 até sua morte. Era o segundo filho do czar
Alexandre II com sua esposa, a czarina Maria Alexandrovna.
Alexandre era um grande conservador
e reverteu várias das reformas liberais realizadas por seu pai.
Características
Alexandre nasceu em São Petersburgo,
sendo o segundo filho do czar Alexandre II da Rússia e da sua esposa Maria Alexandrovna.
Em personalidade tinha muito poucas
semelhanças com o seu pai de coração mole e liberal e ainda menos com seu
tio-avô Alexandre I, conhecido por ser requintado, filosófico, sentimental e
gracioso. Apesar de ser um apreciador entusiástico de ballet, ao czarevictch
Alexandre Alexandrovitch faltavam o requinte e a elegância necessários aos
membros da realeza. De fato, Alexandre orgulhava-se do fato de ser feito da
mesma textura forte que caracterizava a maioria dos seus súditos. A sua
honestidade cega, modos abruptos temperados por vezes de mau-humor,
encaixavam-se perfeitamente na sua estatura gigantesca. Alexandre era também
conhecido pela sua grande força física. A sua educação não foi dada no sentido
de suavizar essas características.
Testemunho do artista Aleksandr
Benois sobre a personalidade de Alexandre III:
“Depois de uma atuação do ballet “Czar Kanday” no Teatro
Mariinsky, vi-o pela primeira vez o czar. Fiquei impressionado com o seu
tamanho e, embora fosse desajeitado e pesado, continuava a ser uma figura
poderosa. De fato, havia nele algo de “muzhik” (mujique – camponês russo). A
expressão dos seus olhos brilhantes também me impressionou. Enquanto ele
passava por onde eu estava, levantou a cabeça por um segundo e, até hoje,
recordo-me do que senti quando nossos olhos se cruzaram. Era um olhar frio como
o aço, no qual havia algo ameaçador, até assustador e atingiu-me como um golpe.
Um olhar do czar! O olhar de um homem que estava acima de todos os outros, mas
que carregava um fardo monstruoso e vivia cada minuto com medo pela sua vida e
pela vida de todos os que lhe eram queridos. Em anos posteriores encontrei-me
com o imperador várias vezes e não me senti nem um pouco tímido. Em certas
ocasiões o czar Alexandre III chegava a ser gentil, simples e até... caseiro”.
Educação
Durante os primeiros vinte anos da
sua vida, Alexandre tinha poucas perspectivas para suceder o trono russo, uma
vez que tinha um irmão mais velho (o czarevich Nicolau Alexandrovich) que
parecia ter uma saúde e textura fortes. Mesmo quando os seu irmão mostrou os
primeiros sinais de que a sua saúde se estava a deteriorar, a possibilidade de
que o herdeiro poderia morrer nunca foi levada a sério. Nicolau ficou noivo da
gentil princesa Dagmar da Dinamarca em 1864.
Sob estas circunstâncias, os maiores
esforços de educação foram dirigidos para Nicolau e Alexandre recebeu apenas a
formação básica dada a um grão-duque da época, que não ia além de uma educação
secundária com uma formação básica em línguas como o francês, o inglês e o
alemão e muita prática militar.
Como Czarevich
|
Constantino Pobedonostsev |
Alexandre tornou-se herdeiro
aparente ao trono depois da morte súbita do seu irmão mais velho em 1865. Foi a
partir dessa altura que começou a estudar os princípios das leis e
administração sob a orientação de Constantino Pobedonostsev que era, na época,
um professor de direito civil na Universidade de Moscou e que, mais tarde (em
1880) se tornou Procurador Chefe do Concílio Sagrado. Pobedonostsev não fez com que o seu
aluno se interessasse muito por estudos abstratos ou por dissertações
intelectuais extensas, mas influenciou o tipo de reinado de Alexandre III,
mondando a mentalidade do jovem para acreditar no zelo da Igreja Ortodoxa
Russa, vista como um fator essencial do patriotismo russo.
No seu leito de morte, o irmão mais
velho de Alexandre, Nicolau, terá expressado o desejo de que sua noiva, a
princesa Dagmar da Dinamarca, se casasse com o irmão mais novo, o que aconteceu
no dia 9 de novembro de 1866. A união foi feliz e permaneceu forte até o fim.
Ao contrário de seus parente, Alexandre III nunca teve amantes.
Durante os anos em que o seu pai
continuou no trono, Alexandre nunca teve um papel proeminente em público, mas
deixou bem claro que tinha as suas próprias ideias e que elas não coincidiam
com as práticas do governo de Alexandre II. Mais tarde, pai e filho
afastaram-se devido às suas diferenças políticas e também ao ressentimento que
o futuro czar sentia pelo pai, devido à longa relação que este mantinha com
Catarina Dolgorukov, a sua amante mais antiga, de quem tinha filhos ilegítimos,
mesmo enquanto a sua mãe, a imperatriz (czarina), sofria de uma saúde frágil.
Para o horror de Alexandre e de toda a corte, o czar acabaria mesmo por se
casar com a sua amante apenas um mês depois da morte de sua primeira esposa.
Reinado
Política Interna
No dia em que Alexandre II foi
assassinado, tinha acabado de assinar um decreto que definia a criação de uma
comissão consultiva com poderes para aconselhar o monarca. No entanto, quando
subiu ao trono, Alexandre III, seguindo o conselho de Pobedonostsev, seu amigo
pessoal, decidiu cancelar o decreto antes da sua publicação, deixando bem claro
que o sistema de governo autocrático não seria limitado.
Todas as reformas internas levadas a
cabo por Alexandre III tiveram como objetivo reverter as políticas liberais que
foram implementadas durante o reinado do seu pai. O novo imperador acreditava
que, ao manter-se fiel à Igreja Ortodoxa, à autocracia e ao nacionalismo (uma
ideologia que tinha sido introduzida pelo seu avô, o czar Nicolau I), iria
salvar a Rússia da agitação revolucionária. O ideal político de Alexandre era
uma única nacionalidade, língua e religião, assim como uma única forma de
administração. Tentou levar a cabo esta ideia instituindo o ensino obrigatório
da língua russa por todo o império, incluindo a súditos alemães, polacos e de
outras nacionalidades que viviam na Rússia (com exceção dos finlandeses),
padronizando a Igreja Ortodoxa Oriental, destruindo o que restava das
instituições alemãs, polacas e suecas em algumas províncias, e enfraquecendo o
judaísmo através da perseguição de judeus. Esta política de perseguição foi
legitimada através das “Leis de Maio”, publicadas em 1882, que ditaram a
expulsão dos judeus de zonas rurais e dos Shtetl (mesmo apesar de existirem
zonas de assentamento judeu na Rússia) e restringiu as profissões que estes
podiam exercer.
Alexandre III enfraqueceu os poderes
dos zemstva (assembleias regionais eleitas que tinham um sistema semelhante aos
conselhos paroquiais britânicos) e colocou a administração das comunidades
camponesas sob a supervisão dos proprietários de terras, nomeados pelo governo.
Estes “capitães de terra” (zemskiye nachalniki) eram temidos e odiados por
todas as comunidades camponesas do império. Estas ações enfraqueceram a nobreza
e o povo e fizeram com que o imperador se tornasse o controlador pessoal da
administração do império.
Todas estas políticas de Alexandre
III eram encorajadas por Konstantin Pobedonostsev, que foi o controlador da
Igreja na Rússia ao longo do seu mandato com Procurado do Santo Sínodo[2]
(entre 1880 e 1905) e que se tornou tutor do filho e herdeiro de Alexandre,
Nicolau. Tostói inspirou-se em Pobedonostsev para criar sua personagem
“Toporov” no romance “Ressurreição”. Outros conselheiros conservadores incluíam
o conde Dmitry Tolstoy, ministro da educação (e, mais tarde, da administração
interna) e Ivan Durnovo que sucedeu a Tostoy como ministro da administração
interna. Mikhail Katkov e outros jornalistas também apoiavam a política
autocrática do imperador.
Encorajados pelo fato de terem
conseguido assassinar o czar Alexandre II, o movimento Narodnaya Volya começou
a planejar o assassinato de Alexandre III. A Okhrana descobriu o golpe e cinco
dos conspiradores, incluindo Alexandre Ulyanov, irmão mais velho de Vladimir
Lênin, foram presos e enforcados a 20 de maio de 1887. A 29 de dezembro de
1888, o comboio imperial onde seguia Alexandre e sua família, descarrilou-se
num acidente em Borki. No momento em que ocorreu o acidente, a família imperial
encontrava-se no vagão restaurante. O telhado ruiu e Alexandre teria segurado
os seus destroços para que os seus filhos pudesse fugir para o exterior. Mais
tarde, muitos membros da família referiram que foi este episódio que despontou
a doença nos rins que viria a matar Alexandre.
A fome de 1891 e 1892 e a epidemia
de cólera que se seguiu contribuíram para o aumento da atividade liberal, uma
vez que o governo russo não conseguiu lidar com a crise e teve de dar permissão
aos zemstvos para ajudarem os súditos afetados. Entre outras personalidades da
época, Tostói ajudou a organizar cantinas de sopa e Anton Chekhov dirigiu
programas de prevenção de cólera em várias aldeias.
Relações Externas
Alexandre desprezava aquilo que via
como influência externa desnecessária em geral e influência alemã em
particular, por isso adotou princípios tipicamente nacionalista e tinha como
ideal uma Rússia homogênea em língua, administração e religião. Com tais ideias
e inspirações, nunca conseguia concordar com o pai que, apesar de ser também
patriota, tinha grande simpatias com os alemães, utilizando frequentemente a
língua alemã em conversas privadas, sendo várias vezes ridicularizado pelos
seus exageros e excentricidades e por basear a sua política externa na melhoria
das relações com o Reino da Prússia.
Este antagonismo tornou-se público
durante a Guerra Franco-Prussiana quando o czar Alexandre II da Rússia apoiou o
governo prussiano enquanto o czarevich não escondeu as suas simpatias pelo
governo francês. O antagonismo voltou a reaparecer numa moda intermitente
durante os anos de 1875 a 1879 quando a “Questão do Oriente” causou grande
entusiasmo entre a sociedade russa. No início, o czarevitch era mais eslavófilo
do que o governo, mas a sua natureza pragmática protegeu-o de muitos exageros
cometidos por outros e nenhuma das ilusões populares que o possam ter afetado
ultrapassaram a sua própria observação da situação na Bulgária onde ele
comandou uma parte do exército invasor.
Nunca sendo consultado em questões
políticas, Alexandre dedicou-se aos seus deveres militares e cumpriu-os de
forma consciente e não agressiva. Após muitos erros e desapontamentos, o
exército chegou a Constantinopla e foi assinado o Tratado de São Estêvão, mas
muito daquilo que se ganhou com o documento foi perdido no Congresso de Berlim.
Otto von Bismarck falhou e não conseguiu cumprir aquilo que era esperado dele
em segredo pelo czar.
Em troca do apoio russo, que o tinha
ajudado a criar o Império Alemão, pensava-se que ele ajudaria o Império Russo a
resolver a “Questão do Oriente” de acordo com os seus próprios interesse, mas
para surpresa e indignação do governo de São Petersburgo, ele preferiu atuar
como “separador honesto” no congresso e, pouco depois formou uma aliança coma
Áustria com o único objetivo de contrariar os propósitos russos na Europa do
Leste. O czrevith confirmou assim a posição
que tinha mantido durante a Guerra Franco-Prussiana e chegou rapidamente a
conclusão de que o melhor para a Rússia era recuperar rapidamente da sua
exaustão temporária e preparar-se para uma reorganização radical na marinha e
exército. Para apoiar as suas crenças, sugeriu que certas reformas deveriam ser
introduzidas.
Após o assassinato do seu pai,
Alexandre III foi aconselhado a deixar o Palácio de Inverno, em São
Petersburgo, uma vez que seria difícil manter a família em segurança nesse
edifício. Assim, Alexandre mudou-se para o Palácio de Gatchina, localizado a 30
quilômetros ao sul de São Petersburgo, que se tornou a sua residência
principal. A partir desse momento, as visitas de Alexandre a São Petersburgo
começaram a ser raras e sempre acompanhadas de grandes medidas de segurança e,
passou a preferir alojar-se no Palácio de Anichkov e não no Palácio de Inverno.
Na década de 1860, Alexandre
apaixonou-se profundamente por uma das damas de companhia de sua mãe, a
princesa Maria Elimovna Mesherskaya. Ao saber que o príncipe de Wittgenstein
tinha pedido sua amada em casamento na primavera de 1866, Alexandre disse aos
seus pais que estava preparado para prescindir dos seus direitos de sucessão
para se casar com a sua amada “Dusenka”. A 19 de maio de 1866, o czar Alexandre
II informou-o de que a Rússia tinha chegado a um acordo com os pais da princesa
Dagmar da Dinamarca para que os dois se casassem. Dagmar era sua prima em
décimo grau e noiva de seu irmão mais velho, Nicolau, que tinha morrido no ano
anterior.
Inicialmente, Alexandre recusou-se a
viajar para Copenhagen, afirmando que não amava Dagmar e que o seu desejo era
casar-se com Maria Elimovna Mesherskaya. Em resposta, o seu pai enfurecido
ordenou a Alexandre que partisse imediatamente para a Dinamarca e que pedisse a
princesa Dagmar em casamento. Alexandre apercebeu-se de não era livre de tomar
as suas próprias decisões e que o dever vinha sempre em primeiro lugar; a única
coisa que lhe restou fazer foi escrever no seu diário: “adeus, querida
Dusenka”. Maria foi obrigada a deixar a Rússia na companhia de sua tia, a
princesa Chernyshova. Quase um ano depois de chegar a Paris, Pavel Pavlovich
Demidov, 2º príncipe de San Donato, apaixonou-se por ela e os dois se casaram
em 1867. Maria acabaria por morrer ao dar luz ao seu filho, Elim Pavlovich Demidov,
3º príncipe de San Donato. Não se sabe qual terá sido a reação de Alexandre
quando soube do seu casamento e morte prematura.
Alexandre acabaria por se apaixonar
por Dagmar, que ao casar adotou o nome de Maria Feodorovna e os dois tiveram
seis filhos juntos, cinco dos quais chegaram à idade adulta: Nicolau (nascido
em 1868), Jorge (nascido em 1871), Xenia (nascida em 1875), Miguel (nascido em
1878) e Olga (nascida em 1882). Segundo relatos da época, Alexandre tinha uma
relação mais próxima com os seus dois filhos mais novos.
Todos os verões, os seus sogros, o
rei Cristiano IX e a rainha Luísa da Dinamarca, organizavam uma reunião
familiar nos palácios dinamarqueses de Fredensborg e Bernstorff, nas quais
Alexandre, Maria e os filhos se juntavam ao resto da família na Dinamarca. A
sua cunhada, a princesa de Gales, também se juntava a eles, vinda da
Grã-Bretanha, assim, como o rei Jorge I da Grécia e a rainha Olga, que era
prima direta de Alexandre e uma Romanov por nascimento. Ao contrário das medidas
de segurança às quais se encontravam sujeitos na Rússia, Alexandre e Maria
podiam passear em relativa liberdade quando se encontravam na Dinamarca. Em
certa ocasião, quando uma destas reuniões familiares estava prestes a terminar,
o czar teria dito ao príncipe e a princesa de Gales que os invejava, uma vez
que eles podam regressar para um lar feliz na Inglaterra, enquanto ele tinha
que voltar para sua prisão na Rússia. Na Dinamarca, podia divertir-se com os
seu filhos em poças cheias de lama, à procura de sapos, escapar-se para o pomar
do sogro para roubar maçãs, e pregar peças em seus familiares. Uma das suas
brincadeiras mais conhecidas foi ligar uma mangueira e aponta-la ao rei Óscar
II da Suécia.
Enquanto czarevich – e depois já
como czar – Alexandre tinha uma relação muito hostil com o seu irmão mais novo,
o grão-duque Vlademir Alexandrovich. A tensão entre os dois irmãos refletiu-se
posteriormente numa rivalidade entre as suas esposas, a czarina Maria
Feodorovna e a grã-duquesa Maria Pavlovna. Alexandre dava-se melhor com os seus
outros irmãos: Alexei (a quem nomeou almirante e depois grande almirante da
Marinha Russa), Sérgio (a quem nomeou governador de Moscou) e Paulo.
Apesar de não ter qualquer empatia
pela sua madrasta, a princesa Catarina Dolgorukov, Alexandre deu-lhe permissão
para continuar a viver no Palácio de Inverno durante algum tempo após o
assassinato do pai e deixou-a ficar com alguns pertences dele, incluindo o
uniforme coberto de sangue que estava a usar quando morreu e os seus óculos de
leitura.
Doença e Morte
Em 1894, Alexandre adoeceu com uma
doença de rins terminal (Nefrite). No outono desse ano, a cunhada de Maria
Feodorovna, a rainha Olga da Grécia, ofereceu a sua villa Mon Repos, na ilha de
Corfu, na esperança que o clima ameno ajudasse a melhorar a saúde do czar. No
entanto, quando chegaram à Crimeia, ficaram alojados no palácio de Maly, em
Livadia, uma vez que Alexandre estava demasiado fraco para continuar a viagem.
Reconhecendo que não restava muito tempo de vida ao czar, vários parentes
imperiais viajaram até Livadia. Até um conhecido clérigo da época, João de
Kronstadt, visitou o czar e deu-lhe a comunhão. A 21 de outubro, Alexandre
recebeu a noiva de Nicolau, a princesa Alexandra Feodorovna, que tinha viajado
de Darmstadt para receber a benção do czar. Apesar de estar muito fraco,
Alexandre insistiu em receber Alexandra vestido de uniforme, uma atividade que
o deixou exausto. Pouco depois, a sua saúde começou a deteriorar rapidamente. O
czar Alexandre III acabaria por morrer nos braços da sua esposa, no Palácio de
Maly, na Livadia, na tarde de 11 de novembro de 1894, aos 49 anos de idade. Foi
sucedido pelo filho mais velho, o czarevich Nicolau, que se tornou o czar
Nicolau II da Rússia. Os seus restos mortais forma levados
da Livadia a 18 de novembro e, depois de uma viagem por Moscou, foram
sepultados na Catedral de São Pedro e São Paulo, em São Petersburgo, a 20 de
novembro de 1894.
Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Alexandre_III_da_R%C3%BAssia. Acesso em 31 de jan. 2022.
[1] Czar – (em russo Tsar) significa
imperador. Foi o título utilizado pelos soberanos russos, no período de duração
do Império Russo, entre 1547 e 1917. O título foi adotado inicialmente pelo
imperador Ivã III. Ao assumir o título de czar, proclamou-se sucessor do último
imperador bizantino, morto na tomada de Constantinopla. Em seu governo, Moscou
passou a ser chamada Terceira Roma, sendo czar uma adaptação o título usado
pelos imperadores romanos “caesar”, do latim, que deu origem ao título de
imperador alemão como “Kaiser”.
[2] Sínodo – Um sínodo pode ser realizado
por qualquer denominação religiosa, sendo muito comum entre os cristãos.
Trata-se de uma reunião convocada pela autoridade eclesiástica. Etimologia da
palavra: sínodo tem origem no idioma grego – sýnodos – e quer dizer “caminhar
juntos”. Em um sínodo diocesano, trata-se de uma “assembleia de eclesiásticos”
e leigos “convocados pelo seu prelado ou outro superior” que se reúnem com o
propósito de “caminhar juntos”, seguindo um determinado plano. Fonte:
Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADnodo.
Acesso em 15 de fev. 2022.