quarta-feira, 19 de abril de 2017

ESCRAVISMO PORTUGUÊS



Sites sobre o escravismo nos territórios coloniais portugueses:

Angola:
https://www.publico.pt/mundo/noticia/-angola-o-grande-produtor-de-escravos-1729882

Cabo Verde:
https://www.publico.pt/mundo/noticia/de-cabo-verde-a-angola-na-rota-da-escravatura-em-cinco-paises-1729858

Moçambique:
https://www.publico.pt/mundo/noticia/mocambique-a-escravatura-nao-desaparece-com-tratados-1729884

Guiné-Bissau:
https://www.publico.pt/mundo/noticia/-guinebissau-alimentava-o-comercio-de-escravos-de-cabo-verde-1729883

São Tomé e Príncipe:
https://www.publico.pt/mundo/noticia/em-sao-tome-e-principe-a-escravatura-durou-ate-a-independencia-1729886


O ENCONTRO DE ALEXANDRE COM DIÓGENES.

 Escultura do encontro entre Alexandre e o filósofo cínico Diógenes na cidade grega de Corinto.

Conta-se que, certa feita, Alexandre da Macedônia, o Grande, após triunfar sobre os gregos e entrar em Atenas como conquistador, ali soube da existência daquele considerado um verdadeiro sábio pelos atenienses, o mais sábio dentre os homens: Diógenes de Sínope. Segundo relataram ao Grande, Diógenes fora pupilo do célebre Antístenes de Atenas, por sua vez fundador do Cinismo e notável discípulo de ninguém menos do que o próprio Socrátes. Diógenes era natural de Sínope (hoje, uma cidade da Turquia), mas quando questionado sobre sua naturalidade, se havia ou não nascido em Atenas, respondia simplesmente que era “uma criatura natural do cosmos, e não de uma cidade nem de um estado”.


Conforme as lendas que cercam seu nome, Diógenes, por desprezar praticamente tudo o que considerava mundano, vivia em trapos e perambulava pelas ruas atenienses carregando uma pequena lamparina acesa. Diógenes falava que estava a procurar pelo menos um homem de verdade, um que vivesse por si mesmo, que não fosse apenas membro de um rebanho. Acabou capturado por piratas e posto a venda como escravo. No mercado, foi comprado por um nobre que lhe incumbiu da instrução de seus dois filhos.


Ao perguntar onde poderia encontrar o tal sábio, Alexandre escutou que Diógenes morava num barril, nas proximidades de um porto, diziam. Alexandre, sabendo da enigmática busca empreendida por aquele estranho sábio, apressou-se em procurá-lo. Encontrando Diógenes sentado no chão ao lado de seu barril, tomando sol, o imperador, extasiado, apressou-se em lhe dizer: “Sou Alexandre, aquele que conquistou todas as terras. Peça-me o que quiser que eu lhe darei. Palácios, terras, honrarias, escravos ou tesouros jamais vistos. O que você quer, ó Sábio?”. Diógenes, levantou os olhos e respondeu: “Senhor, apenas não tire de mim o que não pode me dar”.



Percebendo que se posicionara entre Diógenes e o sol, Alexandre, perplexo ante a profundidade do que havia escutado, se retirou daquele lugar, deixando também a Capital grega, para nunca mais voltar.

Alexandre, o Grande, é considerado o maior conquistador da história. Diógenes, por sua vez, é considerado o maior entre os filósofos Cínicos.



Imagem: Escultura do encontro entre Alexandre e o filósofo cínico Diógenes na cidade grega de Corinto.

Retirado do grupo do Facebook: História e Historiografia

terça-feira, 18 de abril de 2017

ALGO SOBRE LUXEMBURGO


Luxemburgo, oficialmente Grão-Ducado do Luxemburgo é um pequeno Estado soberano situado na Europa Ocidental, limitado pela Bélgica, França e Alemanha. Luxemburgo tem uma população de pouco mais de meio milhão de pessoas e uma área de aproximadamente 2586 km².
Sendo uma democracia representativa parlamentar com um grão-duque como monarca constitucional, Luxemburgo é o único grão-ducado ainda existente. O país tem uma economia altamente desenvolvida, com um dos maiores PIB per capita do mundo. A sua importância histórica e estratégica remonta aos tempos da sua fundação, como uma fortaleza romana, no início da Idade Média. Foi um importante bastião espanhol enquanto a Espanha foi a principal potência europeia, influenciando todo o hemisfério ocidental e para além dos séculos XVI e XVII.
Luxemburgo é um membro fundador da União Europeia, NATO, OCDE, Nações Unidas, Benelux e da União da Europa Ocidental, o que reflete o consenso político em favor da coesão econômica, política e integração militar. A Cidade de Luxemburgo, a capital e maior cidade, é sede de várias instituições e sedes da União Europeia.
Luxemburgo está no ponto de encontro entre a Europa Românica e a Europa Germânica, empregando costumes de cada uma das diferentes tradições. Trata-se de um país trilíngue, onde o alemão, o francês e o luxemburguês são línguas oficiais. Embora seja um Estado laico, a religião predominante no país é o Catolicismo.



A história de Luxemburgo começa com a aquisição de Lucilinburhuc (hoje Castelo de Luxemburgo) por Siegfried, conde de Ardennes, em 963. Em torno desta fortaleza, localizada num promontório, uma cidade foi desenvolvida gradualmente, que se tornou o centro de um pequeno estado de grande valor estratégico. Nos séculos XIV e XV os três primeiros membros da Casa de Luxemburgo reinaram sucessivamente como Sacro Imperador Romano. Em 1437, a Casa de Luxemburgo sofreu uma crise sucessória, precipitado pela falta de um herdeiro masculino para assumir o trono, que levou a venda do território para Filipe, o Bom de Borgonha. Nos séculos seguintes, a fortaleza de Luxemburgo foi continuamente ampliada e reforçada pelos seus sucessivos ocupantes, das casas dos Bourbons, Habsburgo, Hohenzollern e da França, entre outros. Após a derrota de Napoleão em 1815, Luxemburgo foi disputada entre a Prússia e os Países Baixos. O Congresso de Viena formou o Grão-Ducado de Luxemburgo, em sua união com a Holanda. Luxemburgo também se tornou um membro da Confederação Alemã, como uma fortaleza confederada ocupada por tropas prussianas.


A Revolução Belga de 1830-1839 reduziu o território de Luxemburgo por mais da metade, enquanto os predominantemente francófonos da parte ocidental do país foram transferidos para a Bélgica. A independência de Luxemburgo foi reafirmada em 1839 pelo Primeiro Tratado de Londres. No mesmo ano, Luxemburgo juntou-se a Zollverein.  A independência e neutralidade de Luxemburgo foram novamente afirmada pelo Segundo Tratado de Londres em 1867, após a Crise de Luxemburgo, que quase levou à guerra entre a Prússia e a França. Depois do último conflito, a fortaleza da confederação foi desmantelada.


Rei dos Países Baixos se manteve Chefe de Estado, bem como Grão-Duque do Luxemburgo, mantendo sua união entre os dois países até 1890. Com a morte de Guilherme III, o trono holandês passou a sua filha Guilhermina, enquanto em Luxemburgo (tempo em que o trono era restrito aos herdeiros do sexo masculino pelo Pacto da Família Nassau) passou a Adolfo de Nassau-Weilburg.
Luxemburgo foi invadido e ocupado pela Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial, mas foi autorizado a manter a sua independência e mecanismos políticos. Foi novamente invadido e sujeito à ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial em 1940, e foi formalmente anexada ao Terceiro Reich, em 1942.
Durante a II Guerra Mundial, Luxemburgo abandonou sua política de neutralidade, quando se juntou aos Aliados na luta contra a Alemanha. Seu governo, exilado em Londres, criou um pequeno grupo de voluntários que participaram na invasão da Normandia. Tornou-se um membro fundador da Organização das Nações Unidas em 1946 e da NATO em 1949. Em 1957, Luxemburgo se tornou um dos seis países fundadores da Comunidade Econômica Europeia (mais tarde União Europeia), e em 1999, aderiu ao euro. Em 2005, um referendo sobre o tratado da UE, que estabelece uma constituição para a Europa, teve lugar em Luxemburgo.




PEQUENA HISTÓRIA DO BUDISMO

História de Buda e origem do budismo
Por ANDREA ALVES



O Budismo nasceu na Índia, no séc. VI a.C., com Buda Shakyamuni. Siddhartha Gautama – “Aquele cujo Desígnio será alcançado” (nome de origem do Buda Shakyamuni) nasceu ao norte da Índia (atualmente Nepal) como um rico príncipe pertencente à família real dos Sákyas. Durante a gravidez, a rainha Maya, mãe de Sidarta, sentia um contentamento tão profundo que inspirou o rei se voltar para as práticas espirituais, encorajando a ação benevolente e compassiva em todos ao seu redor. Na primavera, a rainha deu à luz nos Jardins de Lumbini, sob uma árvore em flor, e faleceu pouco tempo depois.
Criado sob os preceitos das antigas religiões indianas (naquele tempo, a Índia era um território muito rico nas práticas espiritualistas – Yoga já era praticado como ciência espiritualista -, bem como nas ciências como matemática e filosofia), Sidarta foi cercado de belezas e prazeres pelo pai que, temendo que seu único filho deixasse o lar em busca da verdade, o protegeu da visão de qualquer sofrimento.
Quando o príncipe Sidarta atingiu a maioridade, atendeu o desejo de seu pai de se casar, escolhendo a sábia e virtuosa princesa Gopa, cuja mão conquistou mostrando-se mestre nas artes e ciências mundanas, como os esportes (luta, corrida, natação, arte de cavalgar…), as artes (pintura, escultura, música instrumental, canto, dança…) e o comércio.
Além de tais habilidades, Sidarta tinha completo domínio da magia, dos mistérios da natureza, astrologia, escrituras tradicionais indianas, debate, ritos religiosos e Yoga. Gopa espelhava as qualidades do príncipe, com pureza de coração, indiferente ao luxo e à ostentação. Eles viveram em deleite, nas mais elegantes moradias.
Aos 29 anos, durante quatro passeios aos jardins fora dos muros da cidade real, o príncipe teve quatro visões que transformaram sua vida: um velho homem, abandonado por sua família; um homem desfigurado pela doença e dominado pela dor; um corpo sem vida a caminho do sepultamento, seguido pelos pesarosos parentes; e um tranquilo asceta concentrado na liberação. (Lembrando que o conceito de “liberação” ou “iluminação” já era praticado pelas filosofias da época, como o Yoga). Profundamente impressionado com a inevitabilidade do sofrimento e inspirado pela serenidade do asceta, o príncipe resolveu renunciar a seu reino para buscar o fim do sofrimento. O coração e a mente de Sidarta abriram-se completamente e ele abraçou o inevitável sofrimento de que os seres humanos padecem.
Partiu a cavalo com seu amigo e cocheiro Chandaka, a caminho da estupa do Buda anterior, Kasyapa, onde o príncipe trocou suas vestes reais pelas roupas em farrapos de um mendigo. Cortou seus cabelos, signo de sua condição real, rompendo simbolicamente os laços com a vida anterior. Mandou que o amigo retornasse ao palácio e foi em busca do “incriado, imorredouro, imperturbável”. Por um tempo viveu só na montanha de Rajagrha, e depois foi atrás de cada mestre do país, de cada filosofia, aprendendo seus ensinamentos, até que continuou sua busca espiritual por si só.
Viveu em lugares ermos e praticou as mais severas austeridades, como comer apenas um grão de arroz. Através de tais práticas, alcançou níveis de consciência muito expandidos, embora temporários, e desenvolveu extraordinário poder de determinação, mostrados em cada pedido de seu pai para que regressasse.
Compelido pela compaixão dos seres em sofrimento, abandonou a prática de austeridades, aceitou o prato de arroz com leite oferecido por uma donzela, e sentou-se solitário sob a árvore bodhi, a algumas milhas ao sul da vila de Gaya. Ali, fez voto de não se levantar até que tivesse atingido completa e perfeita iluminação. Sem se distrair ou seduzir com os deuses do medo e do prazer, Sidarta, naquela noite, compreendeu as operações internas do samsara, o ciclo de nascimento e morte, as vidas passadas de todos os seres e observou o karma em operação.
Compreendeu os padrões de sofrimento, o emaranhado de suas causas e condições e a maneira de trazê-las a um fim. Torna-se um Buddha, o completamente desperto.

Após sete semanas, o Desperto levantou-se de sob a árvore bodhi e dirigiu-se ao Parque das Gazelas em Varanasi, onde residiam seus antigos seguidores. Pelos 45 anos seguintes, o Buddha viajou extensamente ensinando o Dharma a centenas de milhares de seguidores.
Durante o octogésimo ano de vida do senhor Buda, chegou o tempo de seu último ensinamento: Conclamou seus seguidores a buscarem a verdade por si mesmos e a agarrarem-se à verdade como uma lâmpada e a um refúgio. Depois de pronunciar suas últimas palavras – “Monges, a decadência é inerente a todas as coisas compostas”, o Desperto entrou em Paranirvana, fundindo-se com o inconcebível onipresente Dharmakaya.

Pelas mãos de seus discípulos, o budismo firma-se como filosofia e religião em diversas vertentes, que dão continuidade aos ensinamentos do Buddha.
A fonte deste texto é do budismo Vajraya, escola tibetana. ‘Caminhos para a Iluminação’ do Instituto Nyingma.



domingo, 16 de abril de 2017

HISTÓRIA DA CRUZ VERMELHA


O Comitê Internacional da Cruz Vermelha é o membro fundador do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. A organização foi fundada em Genebra, Suíça, em 1863, onde até os dias atuais está sediada. Tendo começado como uma pequena organização de assistência a soldados feridos, o Comitê Internacional é atualmente uma das organizações mais respeitadas do mundo, tendo exercido um importante papel no desenvolvimento da proteção à dignidade humana desde sua criação.


O Comitê Internacional da Cruz Vermelha é o corpo do Movimento Internacional mais honrado, tendo sido premiado três vezes com o Prêmio Nobel da Paz (em 1917, 1944, e 1963) por seus trabalhos.


Até meados do século XIX não existia um corpo organizado e bem-estabelecido de assistência médica para os feridos em confrontos, tampouco instituições seguras e protegidas para acomodar pessoas feridas. Em junho de 1859, o suíço Henry Dunant viajou para a Itália para encontrar-se com o imperador francês Napoleão III, com a intenção de discutir as dificuldades em fazer negócios na Algéria, então ocupada pela França. Quando ele desembarcou em Solferino, na noite de 24 de junho, Dunant testemunhou a batalha de Solferino, um confronto da Segunda Guerra de Independência Italiana. Em um único dia, 40 mil soldados morreram ou foram deixados feridos no campo de batalha. Dunant ficou chocado pelo final da batalha, com o sofrimento dos soldados feridos, e a falta de atendimento médico para os feridos. Com isso, Dunant abandonou completamente a intenção original de sua viagem, e por vários dias dedicou-se a ajudar com o tratamento dos feridos. Dunant sucedeu em organizar assistência, através da motivação da população local para ajudar sem discriminação. Quando Dunant voltou para Genebra, sua cidade natal, decidiu escrever um livro, chamado A Memory of Solferino, que ele publicou com fundos próprios em 1862. Ele enviou cópias do livro para políticos e militares importantes em toda a Europa. Além de tratar sobre suas experiências em Solferino, Dunant também advogou explicitamente a formação de um sistema voluntário nacional de assistência, para colaborar no cuidado médico dos feridos em guerra. Além disso, Dunant também pediu pelo desenvolvimento de tratados internacionais para garantir a proteção de médicos neutros e hospitais de campo para os soldados feridos em batalha.


O Comitê dos Cinco
Em 9 de fevereiro de 1863, fundou-se o "Comitê dos Cinco", como uma comissão de investigação da Sociedade de Genebra para o Bem-estar Público. Seu objetivo era examinar a possibilidade das ideias de Dunant e organizar uma conferência internacional sobre sua possível implementação.
Os membros deste comitê, além de Henri Dunant, eram Gustave Moynier, advogado e presidente da Sociedade de Genebra para o Bem-estar Público; os médicos Louis Appia, que possuia experiência significativa como cirurgião de campo de batalha, e Théodore Maunoir, da Comissão de Higiene e Saúde de Genebra; e o General Dufour, general suíço. Oito dias depois, os cinco decidiram renomear o comitê de "Comitê Internacional para o Cuidado dos Feridos".
Em 22 de agosto de 1864, a conferência adotou a primeira Convenção de Genebra, "para a avaliação das condições dos feridos das forças armadas no campo de batalha". Representantes de 12 países e reinos assinaram a convenção: Baden, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Hesse, Itália, Países Baixos, Portugal, Prússia, Suíça, e Württemberg. A convenção continha dez artigos, estabelecendo pela primeira vez regras legais garantindo a neutralidade e a proteção para soldados feridos, membros de assistência médica e certas instituições humanitárias, no caso de um conflito armado. Além disso, a convenção definiu duas regras específicas para o reconhecimento oficial pelo Comitê Internacional, de uma sociedade nacional de ajuda:
·         A sociedade nacional deve ser reconhecida pelo governo de seu próprio país como uma sociedade de ajuda.
·         O governo nacional desta sociedade deve ser um membro da Convenção de Genebra.


Posteriormente no mesmo ano, o governo suíço convidou os governos de todos os países europeus, bem como Brasil, Estados Unidos e México, para uma conferência diplomática oficial. Dezesseis países enviaram um total de 26 delegados para Genebra. Entre 26 e 29 de outubro do mesmo ano, a conferência internacional organizada pelo comitê em Genebra discutiu possíveis métodos para melhorar serviços médicos no campo de batalha. A conferência foi atendida por 36 indivíduos: dezoito delegados oficiais de governos nacionais, seis delegados de outras organizações não-governamentais, sete delegados não-oficiais estrangeiros, e os cinco membros do comitê internacional. Na ocasião chegaram as seguintes resoluções:
·         A criação de sociedades nacionais de ajuda a soldados feridos;
·         A neutralidade e proteção para soldados feridos;
·         A utilização de forças voluntárias para assistência no campo de batalha;
·         A organização de conferências adicionais para fazer com que estes conceitos tornem-se oficiais em tratados internacionais;
·         A introdução de um símbolo comum de proteção para as forças médicas operando no campo de batalha - uma bandeira branca com uma cruz vermelha.

Após o estabelecimento da Convenção de Genebra, as primeiras sociedades nacionais foram fundadas na Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Oldemburgo, Prússia, e Wittemberg. Ainda em 1864, Louis Appia e Charles van de Velde, um capitão do Exército dos Países Baixos, tornou-se o primeiro delegado independente e neutro a trabalhar sob o símbolo da Cruz Vermelha em um conflito armado. Três anos depois, em 1867, a primeira Conferência Internacional das Sociedades de Enfermagem aos Feridos na Guerra foi realizada.


Ainda em 1867, Henry Dunant foi forçado a declarar falência, devido a falhas em seus negócios na Algéria, parcialmente porque o próprio Dunant negligenciou-os durante suas atividades para o Comitê Internacional. Isto resultou em controvérsia e negatividade entre a opinião pública. Além disso, Dunant possuía conflitos com Moynier. Estes fatores resultaram na expulsão de Dunant de sua posição como membro e secretário. Dunant foi também acusado de falência fradulenta, e um mandado de prisão foi feito contra ele. Dunant foi forçado a deixar a cidade, tendo nunca mais retornado à sua cidade natal. Nos anos seguintes, sociedades nacionais foram fundadas em quase todos os países da Europa.

Em 1876, o comitê adotou o nome "Comitê Internacional da Cruz Vermelha" (CICV), que é até o presente sua designação oficial. Cinco anos depois, a Cruz Vermelha dos Estados Unidos foi fundada, através dos esforços de Clara Barton. Mais e mais países assinaram a Convenção de Genebra, e iniciaram a respeitá-la na prática, durante conflitos armados. Em um período relativamente curto de tempo, a Cruz Vermelha ganhou grande popularidade e respeito, e as sociedades nacionais tornaram-se cada vez mais populares como uma via de trabalho voluntário.
Quando o primeiro Prêmio Nobel da Paz foi dado em 1901, o Comitê Nobel Norueguês optou por dar o prêmio em conjunto para Henry Dunant e Frédéric Passy, um pacifista internacional. Mais significante do que a honra do prêmio propriamente dito, a salva de congratulações oficiais da Cruz Vermelha para Dunant marcou a reabilitação de Henry Dunant, tendo representado um tributo que Dunant teve durante a formação da Cruz Vermelha. Dunant morreu nove anos depois em Heiden, Suíça. Moiyner havia morrido dois meses antes, tendo servido como presidente do Comitê por 46 anos, a presidência mais longa da organização até os tempos atuais.

Em 1906, a Convenção de Genebra de 1864 foi revisada pela primeira vez. Um ano depois, as Convenções de Haia estenderam o papel da Convenção de Genebra para conflitos navais, além de fornecer uma base legal sobre a assistência para prisioneiros de guerra. No aniversário de 50 anos do CICV, em 1914, pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial, 45 sociedades nacionais existiam no mundo. O movimento havia se espalhado para além da Europa e da América do Norte, com vários países da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Cuba, México, Peru, El Salvador, Uruguai e Venezuela) e da Ásia (China, Japão, Coreia e Sião), bem como a África do Sul na África, tendo assinado a Convenção de Genebra.


Com o início da Primeira Guerra Mundial, o CICV enfrentou enormes desafios que foram manejados através do trabalho em conjunto com as sociedades da Cruz Vermelha nacionais. Enfermeiros da Cruz Vermelha do mundo inteiro, incluindo dos Estados Unidos e do Japão, foram à Europa para suportar os serviços médicos das forças armadas dos países europeus envolvidos na guerra. Em 15 de outubro de 1914, imediatamente após o início da guerra, o CICV criou a Agência de Prisioneiros de Guerra Internacional, que, no final de 1914, empregava 1,2 mil pessoas, a maioria dos quais eram voluntários. No final da guerra, a Agência de Prisioneiros de Guerra havia transferido cerca de 20 milhões de cartas e mensagens, 1,9 milhões de pacotes, e cerca de 18 milhões de francos suíços, na forma de doações monetárias para prisioneiros de guerra de todos os países afetados. Além disso, devido à intervenção da Agência, cerca de 200 mil prisioneiros foram trocados entre os vários países afetados, com os prisioneiros podendo voltar aos seus respectivos países. A Agência manteve um "Índice de Cartas", registrando sete milhões de entradas - cartas - entre 1914 e 1923, com cada carta representando um prisioneiro ou uma pessoa desaparecida. O índice levou à identificação de cerca de dois milhões de prisioneiros de guerra, e permitiu o contato com as famílias dos últimos. O índice completo está presentemente localizado no Museu da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho Internacional, embora acesso ao índice seja severamente restrito. Ao longo da guerra, 524 campos de prisioneiros de guerra foram inspecionadas por 41 delegados do CICV.


Durante toda a guerra, o CICV monitorou a obediência dos países envolvidos com a Convenção de Genebra de 1907, e enviou denúncias sobre violações para cada país respectivos. Quando armas químicas foram usadas na guerra pela primeira vez na história, o CICV vigorosamente protestou contra o novo tipo de estratégia militar. Mesmo sem um mandato da Convenção de Genebra, o CICV tentou amenizar o sofrimento das populações civis afetadas pela guerra. Em territórios designados oficialmente como "territórios ocupados", o CICV poderia assistir a população civil na base das Convenções de Haia de 1907.


Entre 1916 e 1918, o CICV publicou um número de cartões postais com cenas dos campos de prisioneiros de guerra. As imagens mostravam os prisioneiros em atividades do dia-a-dia, tais como a distribuição de cartas provenientes de casa. A intenção do CICV era fornecer esperança para as famílias dos prisioneiros, e aliviar as incertezas que as famílias dos prisioneiros sobre o destino dos últimos tinham que enfrentar ao longo da guerra. Ao final da guerra, o CICV organizou o retorno de cerca de 420 mil prisioneiros de guerra para seus países natais respectivos. Em 1920, esta tarefa foi dada à recém-fundada Liga das Nações, que indicou o diplomata e cientista norueguês Fridtjof Nansen como o "Alto Comissário da Repatriação de Prisioneiros de Guerra". Sua responsabilidade foi estendida para o cuidado de refugiados de guerra quando sua posição tornou-se "Alto Comissário para Refugiados". Nansen, que inventou o Passaporte Nansen para refugiados sem nações, e foi premiado com o Prêmio Nobel da Paz de 1922, indicou dois delegados do CICV como seus deputados.


Um ano antes do final da guerra, o CICV recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 1917, por seus trabalhos durante a guerra. Este foi o único prêmio Nobel concedido durante os quatro anos da guerra. Em 1923, o Comitê realizou mudanças nas suas políticas de seleção de novos membros. Até então, apenas cidadãos de Genebra poderiam servir no Comitê. Esta limitação foi ampliada para incluir todos os cidadãos suíços. Como uma consequência direta da Primeira Guerra Mundial, um protocolo adicional para a Convenção de Genebra foi adotado em 1925, que tornou ilegal o uso de gases sufocantes ou venenosos, bem como agentes biológicos, como armas de guerra. Quatro anos depois, a Convenção original foi revisada, e a segunda Convenção de Genebra "relativa ao Tratamento de Prisioneiros de Guerra" foi estabelecido. Os eventos da Primeira Guerra Mundial e as atividades respectivas do CICV aumentaram significantemente a reputação e a autoridade do Comitê dentro da comunidade internacional, e levaram a uma extensão de suas competências.


Em 1934, uma nova proposta, para a proteção da população civil durante um conflito armado, foi adotado pela Conferência Internacional da Cruz Vermelha. Porém, a maioria dos governos possuíam pouco interesse em implementar esta proposta. Como consequência, esta proposta não entrou em vigor antes da Segunda Guerra Mundial.
A base legal do trabalho do CICV durante a Segunda Guerra Mundial foram as Convenções de Genebra com a revisão de 1929. As atividades do Comitê foram similares às atividades fornecidas durante a Primeira Guerra Mundial: inspeção de campos de prisioneiros de guerra, organização de assistência para populações civis, e administração da troca de mensagens relativo a prisioneiros de guerra e pessoas desaparecidas. Ao final da guerra, 179 delegados haviam conduzido 12.750 visitas para campos de prisioneiros de guerra em 41 países. A Agência Central de Informação sobre Prisioneiros de Guerra possuía cerca de três mil empregados, com o índice de prisioneiros contendo 45 milhões de registros, e 120 milhões de mensagens foram trocadas pela agência.


Um grande obstáculo que o CICV enfrentou foi a Sociedade da Cruz Vermelha da Alemanha: esta, por medo de retaliações do governo nazista, recusou-se a cooperar com os estatutos das Convenções de Genebra, sobre violações, tais como a deportação de judeus da Alemanha e os assassinatos em massa conduzidos pelo governo alemão. Além disso, outros dois países no conflito, o Japão e a União Soviética, não assinaram a Convenção de Genebra de 1929, e portanto, não precisavam cumprir com as regras das convenções. Como consequência, outros países recusaram-se a cumprir com as regras das Convenções, quanto aos soldados capturados provenientes dos dois países em questão.
Durante a guerra, o CICV não conseguiu obter um acordo com a Alemanha nazista sobre o tratamento de prisioneiros em seus campos de concentração, e eventualmente parou de pressionar o governo alemão, para evitar problemas com este quanto ao trabalho da primeira com prisioneiros de guerra. O CICV também falhou em obter informações detalhadas sobre os campos de exterminação e o assassinato em massa de judeus europeus. Este é considero a maior falha do CICV na sua história.
Após novembro de 1943, o CICV obteve permissão para enviar pacotes para prisioneiros em campos de concentração, com nomes e localizações conhecidas. Visto que o recibo destes pacotes eram comumente assinados por outros prisioneiros, o CICV conseguiu registrar a identidade de cerca de 105 mil prisioneiros em campos de concentrações, e enviou 1,1 milhão de pacotes, primariamente para o Dachau, Buchenwald, Ravensbruck e Sachsenhausen.


Em 12 de março de 1945, o presidente do CICV, Jacob Burckhardt, recebeu uma mensagem do general do SS, Ernst Kaltenbrunner, aceitando o pedido do CICV para visitar os campos de concentrações alemães. Uma condição exigida pelos alemães, era de que os delegados do CICV teriam que ficar nos campos até o final da guerra. Dez delegados, entre eles Louis Haefliger (que visitou o Mauthausen), Paul Dunant (Tehresienstadt) e Victor Maurer (Dachau) aceitaram tal acordo e visitara os campos. Haefliger preveniu a expulsão forçada ou execução dos prisioneiros em Mauthausen quando ele alertou tropas americanas, salvando as vidas de 60 mil prisioneiros. Porém, Haefliger foi criticado pelo CICV, visto que este considerou suas ações como fora de sua autoridade, e arriscando a neutralidade do CICV. Em 1990, o então presidente do CICV, Cornelio Sommaruga, reabilitou a reputação de Haefliger.


Outros delegados do CICV notórios por suas ações durante a Segunda Guerra Mundial incluem Friedrich Born, um delegado do CICV em Budapeste, salvou as vidas de 11 a 15 mil judeus na Hungria; Marcel Junod, um médico de Genebra, tendo escrito um livro, Warrior without Weapons, sobre suas experiências, uma das quais inclui tendo sido um dos primeiros estrangeiros a visitar Hiroshima após o bombardeio atômico da cidade.
Em 1944, o CICV recebeu seu segundo Prêmio Nobel da Paz. Este foi o único Prêmio Nobel dado durante a Segunda Guerra Mundial, como havia ocorrido no primeiro Prêmio Nobel durante a Primeira Guerra Mundial. No final da guerra, o CICV trabalhou com as sociedades da Cruz Vermelha nacionais para organizar trabalhos de assistência para os países mais afetados. Em 1948, o Comitê publicou um relatório revisando suas atividades de guerra, entre 1 de setembro de 1939 a 30 de junho de 1947. Desde janeiro de 1996, os arquivos deste período do CICV foram abertos para pesquisa acadêmica e pública.


Holocausto

Na cerimônia de comemoração da liberação do campo de concentração de Auschwitz, o então presidente do CICV, Cornelio Sommaruga, buscou mostrar que a organização sabia completamente da gravidade do Holocausto e da necessidade de manter a história deste evento viva, para evitar uma possível futura repetição. Sommaruga pagou tributo a todos que sofreram ou perderam suas vidas durante a guerra, e publicamente desculpou-se por erros da Cruz Vermelha do passado, referentes à vítimas dos campos de concentrações.
Em 2002, um oficial do CICV publicou algumas das lições que a organização aprendeu de seus erros quanto ao Holocausto:
·         Sob o ponto de vista legal, foi o trabalho que levou a adoção da Convenção de Genebra relativo à proteção de civis em tempos de guerra.
·         Sob o ponto de vista ético, foi a adoção da declaração dos Princípios Fundamentais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, sob o trabalho de Max Huber e Jean Pictet, para prevenir mais abusos tais os que ocorreram na sociedade da Cruz Vermelha alemã quando Hitler subiu ao poder em 1933.
·         Sob o ponto de vista político, sua relação com a Suíça foi redesenhadas para assegurar a independência do movimento.
·         Com o objetivo de manter acesa a história do passado, o CICV aceitou, em 1955, a tomar responsabilidade do Serviço Internacional de Busca, onde documentos e relatórios relativos a campos de concentrações foram mantidos.
·         Para estabelecer os fatos históricos do evento, o CICV convidou Jean-Claude Favez para conduzir uma investigação independente das atividades, no nome das vítimas da perseguição nazista, e deu a Favez completo acesso para os arquivos sobre este período. Preocupado com a transparência do processo, o CICV também decidiu dar a historiadores acesso a todos seus arquivos, desde que estes possuam 50 anos ou mais de idade. Após as conclusões de Favez, o CICV reconheceu os erros da organização do passado, e expressou arrependimento quanto ao tópico.
Em uma publicação oficial feita em 27 de janeiro de 2005, no 60 aniversário da liberação de Auschwitz, o CICV disse:
Auschwitz também representa a maior falha na história do CICV, falha que foi agravada pela falta de iniciativa por parte da organização para tomar decisões que ajudassem as vítimas da perseguição nazista. Esta falha permanecerá como parte da memória do CICV, tal como os atos de coragem de delegados individuais do CICV da época.
Em 12 de agosto de 1949, revisões das duas Convenções de Genebra foram adotadas. Uma convenção adicional, "para a mediação das Condições de Membros de Forças Navais Feridos, Doentes e Naufragados", foi aprovada como o sucessor das Convenções de Haia de 1899 e 1907. Após a Convenção de 1949, a Convenção de Genebra de 1929 passou a ser considerada a terceira, visto que as duas Convenções de Haia passaram a ser consideradas a segunda.
Por causa da Segunda Guerra Mundial, a Quarta Convenção de Genebra foi estabelecido, "relativo à Proteção de Pessoas Civis em Tempos de Guerra". Protocolos adicionais foram aprovados em 8 de junho de 1977, para fazerem com que os protocolos da Quarta Convenção fossem válidos em guerras civis. No presente, as quatro convenções, e seus protocolos adicionais, contém mais de 600 artigos, em comparação com os 10 artigos da Primeira Convenção, de 1864.
No centenário do CICV em 1963, esta, em conjunto com a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, recebeu seu terceiro Prêmio Nobel. Desde 1993, cidadãos de outros países foram permitidos a servir como delegados do Comitê, uma responsabilidade anteriormente restrita a cidadãos suíços. Atualmente, 35% dos membros do CICV não possuem cidadania suíça.


Tempos atuais
Em 16 de outubro de 1990, a Assembleia Geral da ONU decidiu permitir que o CICV participasse em assembleias e encontros de seus subcomitês. Assim sendo, o CICV tornou-se a primeira organização privada a receber este estatuto da ONU. Esta resolução foi proposta em conjunto por 138 países membros, e introduzida pelo embaixador italiano Vieri Traxler, em memória as origens da organização na batalha de Solferino. Um acordo com o governo suíço feito em 19 de março de 1993 reafirmou a política de independência da organização de quaisquer possíveis interferências por parte do governo suíço. Este acordo protege a autenticidade da propriedade do CICV na Suíça, incluindo suas sedes e seus arquivos, dá aos membros e trabalhadores da organização imunidade legal, remove a necessidade de pagar impostos, e garante proteção e remove impostos de entrada para todas as comodidades transferidas da e para a Suíça de outros países do mundo, protege o CICV com comunicação segura, ao mesmo nível do que embaixadas estrangeiras, e simplifica viagens de membros do Comitê de e para o país.


Em 1994, o CICV, que tradicionalmente fora uma organização publicamente silenciosa, denunciou o genocídio de Ruanda. Apesar de suas tentativas, o CICV não conseguiu prevenir os crimes que ocorreram em Srebrenica em 1995, tendo admitido, "Nós temos que reconhecer que apesar de nossos esforços para ajudar milhares de civis forçadamente expulsos da cidade, e apesar da dedicação de nossos colegas na região, o impacto do CICV durante a tragédia foi extremamente limitado.” A organização anunciou em 2007 abusos humanitários pelo governo militar da Birmânia, incluindo trabalho forçado, fome, e assassinatos de homens, mulheres e crianças.

Uma dificuldade que o CICV passou a enfrentar após o final da Guerra Fria foi o aumento do perigo enfrentado pelos membros do CICV. Durante a década de 1990, mais delegados do CICV morreram do que em qualquer outra década, especialmente em conflitos locais e internos. Tais incidentes demonstraram desobediência e falta de respeito às regras das Convenções de Genebra e os símbolos de proteção.


O Comitê Internacional da Cruz Vermelha anunciou em 17 de março de 2008 que a crise humanitária no Iraque não havia melhorado desde o início da guerra em 2003. Apesar de melhorias limitadas na segurança e outras condições, estas são de tal forma que ainda possuem um severo impacto nas condições de vida do país, com muitos cidadãos morrendo ou feridos em hostilidades.





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