Leandro Karnal, em seu livro Conversas
com um Jovem Professor nos sugere que o profissional da educação deve
pensar em quatro linhas de força que devem cruzar quando falamos de uma boa
aula, vamos verificar cada uma delas no Blog do Maffei, mas uma por dia:
A terceira linha de força de uma aula diz respeito ao
ambiente. Pode parecer muito estranho para quem começa, mas o ambiente da aula
funciona como um cenário de uma peça: não é central mas reforça o texto e cria
o “clima”. Assim, tente observar se o cenário é adequado. Há coisas que você
pode fazer e outras estão longe do seu alcance. Você pode e deve estabelecer
alguns minutos para colocar ordem antes da aula. Lixo pelo chão ou cadeiras
amontoadas podem ser resolvidas. Não dê aula com o quadro cheio com a matéria
do outro professor. Explique sempre aos alunos a importância de preparar o
ambiente. Se necessário, dê o exemplo pegando um papel do chão, mesmo que
pareça lógico: não é sua função. Mas, você aprenderá logo, se ficar esperando
que surja a pessoa adequada para fazer isso, sua aula esperará até a próxima
era geológica.
Nunca caia na tentação de começar falar baixo em meio ao
caos e a sujeira para ver se eles prestam atenção. Não passe nunca a sensação
que tanto faz se eles ouvem ou não, ou se tanto faz se a aula for eficiente ou
não. Ou a aula é ou ela não é. É melhor não dar uma aula do que aceitar o papel
de monólogo patético.
Sobre o ambiente, você aprenderá logo algumas coisas
estranhas. Por exemplo: se começar a chover lá fora, a aula será interrompida.
Todos os seus jovens alunos ficarão olhando para a chuva na janela ou no
telhado e deixarão de prestar atenção. Dias de verão em salas quentes são um
desafio além da capacidade humana. Outra coisa: as obras na escola sempre
iniciarão no primeiro dia de aula, com barulho constante. Avisos da direção
somente serão dados quando você tiver, enfim, acalmado a turma. Quando houver
um minuto de silêncio na sala alguém entrará para falar da festa de São João ou
sobre um recente vandalismo no banheiro do segundo andar. Enfim, é fundamental
tentar.
No mundo perfeito, a sala é confortável, com temperatura
agradável, os aparelhos estão à disposição e funcionam, ninguém precisa ir ao
banheiro a cada cinco minutos e os alunos te esperam com sorriso no rosto e
sede de saber. Esse é o seu paraíso? É o meu também. Se você deseja e luta por
ele, você tem boa chance de ser um bom professor. Se você só pode trabalhar
nesse paraíso e considera impossível ou indigno enfrentar outros purgatórios ou
infernos, então... Tente outra coisa no mundo. Dar aula é muito interessante,
mas não é a única função digna no mundo.
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