Leandro Karnal, em seu livro Conversas
com um Jovem Professor nos sugere que o profissional da educação deve
pensar em quatro linhas de força que devem cruzar quando falamos de uma boa
aula, vamos verificar cada uma delas no Blog do Maffei, mas uma por dia:
A última linha de força de uma aula é o aluno. É a linha
mais importante. O aluno é para o professor e que o paciente é para o médico. É
o objetivo da sua existência profissional. Há uma inversão tradicional da
função pedagógica: considerar o aluno um problema para a escola. O
comportamento do aluno pode ser um problema: ele não é um problema. Voltamos à
metáfora médica: a doença é o problema, o doente não é.
Estamos diante de um dos dilemas mais curiosos do ensino: você
pode combater o mau comportamento, mas sempre lembrando que o aluno é seu
objetivo maior. Separar essas coisas é difícil e, como eu, provavelmente você
vai errar nesse campo.
Os cristão medievais tinham uma regra que podemos adaptar
com sucesso: odiar o pecado e amar o pecador. Sabe a consequência disso? Se
entendermos a ideia bem, significaria deixar claro que eu não admito a bagunça
porque ela é inimiga do aluno e não exatamente minha. Do ponto de vista ideal,
que o aluno sinta que nunca é pessoal, que ele não é o problema, que eu posso
até pedir que ele se retire da sala, mas porque, e unicamente, ele está
impedindo a ele e à turma de atingirem o resultado. É preciso muita maturidade
para isso. Quase ninguém tem. Eu não tive muitas vezes.
Acho que a coisa mais óbvia de todas eu levei muitos anos
para entender. Existem fichas de avaliação, padrões, tabelas e até notas para
se dar ao professor. A mais importante sempre esteve bem diante de mim: o olhar
dos alunos. Eles dizem, com absoluta naturalidade, sobre o andamento de tudo.
Aprender a ler seus olhos. Os olhos dos seus alunos são o espelho da Branca de
Neve: dizem tudo o que você perguntar. “Não estamos entendendo, não tenho
interesse, estou adorando, você fala alto demais, não estou ouvindo”: tudo está
lá. Passei muitos anos achando que eu deveria falar mais e agir mais. Hoje acho
que devo ver e ouvir mais.
Há poucos bons professores. Há muita gente que dá aula bem.
Acho que o ponto principal que diferencia um do outro é a capacidade de olhar
para seu aluno e se sentir junto com ele. Não confundam essa reflexão, por
favor, com a ideia de que você deve oscilar tudo que faz em função do olhar de
agrado e desagrado do aluno. Aqui vem a parte mais importante (e difícil):
conhecer o olhar do meu aluno é conhecer meu ponto de partida, não meu objetivo
final. Educar pode ser (e com frequência é) contrariar a vontade imediata do
aluno. O olhar dele, a sensibilidade para com ele é seu ponto de partida. É
quem diz quanta energia, quanta imaginação, quantos recursos você terá de
realizar para que o olhar dele chegue ao ponto que você deseja. O olhar dele
não é seu horizonte, mas sua possibilidade.
Adorei a perspectiva.
ResponderExcluirTer professores que enxergam os alunos assim não é tão comum, mas existem.
Parabéns, professor!
Belo post.
Que se espalhe por mais profissionais da área👏
Abraços.
jovensmaesblog.blogspot.com
Obrigado Bruna. Peço desculpas pelo tardar da resposta, mas fiquei muito feliz com seu comentário.
ResponderExcluir