domingo, 28 de maio de 2017

51 ANOS BEM VIVIDOS. AGRADEÇO A TODOS E TODAS QUE LEMBRARAM DESTE HUMILDE SER HUMANO!

Ontem, dia 27 de maio, completei 51 anos. Acredito que já devo ter passado pela metade da minha vida, embora, meu avô Toninho Moreau tenha vivido até os 101. Se for para manter minhas faculdades mentais (principalmente para a leitura e escrita) espero ultrapassá-lo. Às vezes não!

Agradecendo os que lembraram da data (e o Facebook nos ajuda muito) fiz uma pequena fotobiografia, espero que sirva de homenagem para vocês:

Maffei Ano Zero:



Mamys and Papas
Dona Maria Jonadyr (dona do óvulo) e Seo Otávio (dono do CARA!)
E seo Otávio casa-se com dona Maria Jonadyr...


Alice Mantovani (avó materna) e seo Toninho Moreau (Avò Materno)
Essa é uma parte da família do meu pai Otávio, começando pelo seu padrasto Sr. Mario Nicolau, minha Tia Kike (horror dos bebês Jonhsons, pois ela adorava morder criancinhas fofinhas), minhas primas Gilsa e Sônia,  minha grande (grande mesmo, em todos os sentidos) avó Hermelinda Michetti, aos seu lado minha querida tia Cassilda e de cócoras Valter Maffeis das Neves, meu primo Ico)

Maffei Bebê:
Por uma questão técnica (eu tinha um problema no intestino, provavelmente intolerância a lactose, que não foi diagnosticada) minha mãe não levou fazer aquelas famosas fotos de bebê, mas como minha mãe dizia que eu parecia com o modelo do Bebe Johnson da década de 60, eu deveria ser meio assim:



Inclusive, eu usei em abundância toda a linha da Johnson, principalmente o talco para assaduras.

(*)Uma curiosidade, engraçado uma coisa tão simples hoje, como a lactose, ser um problema quase indecifrável para a medicina da época (pelo menos, no Brasil e particularmente em Porto Feliz).

Tá bom! Tá bom! Como historiador eu tenho que comprovar com documentos que eu era parecido com o bebê Johnson, só lembre-se, naquela época fotos coloridas eram uma raridade, logo não poderão ver meus lindos olhos azuis de bebê Jonhson:


Pois cá está a prova, meu irmão Clóvis é o "carçudinho" da esquerda, seguido pelo meu pai Otávio e minha mãe Maria Jonadyr em seus colos o bebê Jonhson, que por questões técnicas da época (fotos p&b e contra o sol, devido a isso fiquei com a carra um pouco marruda. Mas que eu era fofinho eu era!)

Maffei criança:

De agora em diante, deixo de ser um bebê Jonhson e passo a ser uma criança, por sinal um gordinho invocado e, que continua marrudinho!


Foto 1 - Eu, gordinho invocado e meu irmão Clóvis (sim, aquele "carçudinho"); Foto 2 - Minha mãe Jonadyr, Eu, um pouco mais simpático, meu pai, o operário do Engenho Central, e meu irmão Clóvis ("carçudinho"); Foto 3 - Meu irmão Clóvis, sim aquele mesmo, Eu, razoavelmente simpático e meu paizão; Foto 4 - Meu primeiro cachorro de estimação o PINGO e eu simpatissísimo e; Foto 5 - A cegonha trouxe um novo irmãozinho o Eduardo, na cadeira, meu irmão Clóvis do lado direito (agora ex-"carçudinho") e Eu, que ganhei o posto de "carçudinho".
Já no posto de "carçudinho" oficial, estou no meio do meu irmão Clóvis e de meu pai Otávio, um Gigante, não só nesta foto mas para a vida inteira! No fundo o rio Tietê, não muito sujo.

Doce adolescência":

1.ª Comunhão, olhe que cara de santo!

Turma do Colegial, digo 2.º Grau, digo Ensino Médio, puxa como esse negócio muda, pois as fotos da escola Monsenhor Seckler são de 1983!

A foto central é da Turma de 1983 da escola Monsenhor Seckler se encontrando depois de 33 anos.
Transição, a vida na Caserna:
Nesta foto na direita com os colegas de Porto Feliz da 11.ª Bateria Antiaérea no Vietnam  - Pirapitingui em 1985

Faculdade e Namoro:

Comecei a fazer História em 1986 em 1987 encontrei o amor da minha vida, a mulher mais linda e adorável deste mundo: Sara Patrícia.

1.º Casamento:
Nosso casamento aconteceu no dia 6 de fevereiro de 1988, na Igreja Matriz Nossa Senhora Mãe dos Homens e foi celebrado pelo Padre Chico que infelizmente faleceu nesta semana (24/05/2017).


Só alegria:


Meu avô Toninho com minha avó Alice, meu pai e minha mãe, o noivo Jonhson e a Noiva Barbie, a avó Judith da noiva e a mãe da noiva Marlene.
1988 - 2016
Desta feliz união apareceu o Luiz Otávio:



Luiz Otávio e Eu com Berto Belo, com a vereadora Miraci e com a Mamãe e Papai.

Como nos casamos muito cedo muito cedo nos separamos, 1992-1993, e assim fui viver a vida de solteirão...


Com Luiz Otávio na casa de praia da Tia Cassilda
Muitas e muitas aventuras... Como por exemplo no grupo de direitos humanos Solidariedade Popular.

Foto 1 -Com o historiador Jonas Soares de Souza no Engenho Vassoural em Itu; Foto 2 no caminho de Cocorobó até Canudos na Marcha dos 100 anos do nascimento do Arraial; Foto 3 - Com dom Pedro Casaldaliga em Rio Maria - PA e; Foto 4 - com meu aluno e hoje também professor de História Noraldino em Monte Santo - BA.

2.º Casamento (sem comentários), de bom a pequena e linda Luíza:






Em 2004  povo de Porto Feliz me deu a honra de ser seu prefeito por dois mandatos (2005 -2012):

Neste conjunto de seis fotos procuro demonstrar algumas das atividades como prefeito participando de eventos, despachando e planejando no gabinete dando entrevistas ao meu amigo Décio Fernandes "a voz de Porto Feliz, a Terra das Monções", em uma atividade com alunos na Escola Municipal vereador Carlinhos, desfilando como Monçoeiro na Semana das Monções e participando de debates regionais e nacionais.
Mas continua as aventuras:
Em 2009 tornei-me Radioamador, primeiramente Classe C e hoje sou Classe A PY2AAE na foto meu rádio ic 718 hf, abaixo na pedreira de Varvitos contemplando o vagar do tempo e à esquerda acompanhado da Luíza à noite, vendo os andamentos da reforma da Gruta do Parque das Monções.

Também estreei um programa de TV pela TV Convenção chamado diálogos:


De volta às aulas em 2012: Escola Estadual Monsenhor Seckler em Porto Feliz/SP e Escola Municipal Flávio de Souza Nogueira em Sorocaba/SP:



Neste período alguns animais se incorporaram à família:


Pepita (Dalmata), Miete (Siamês), Juju (Vira-lata a única gata fêmea), Galileu (Brasilian Shorthair), Tigrão (Angorá) e os dois cachorrinhos da raça Shitzu Bolota e Rabito.

3.º e volta ao legítimo casamento. Em 2015 eu e a Sara resolvemos nos casar novamente, é meio difícil explicar, mas ficou assim, meu terceiro casamento foi com a primeira esposa novamente, entendeu? Não? Deixa pra lá, veja as fotos elas falam por si mesmo:



Bem vou ficando por aqui agradecendo a todos e a todas que expressaram quanto gostam de mim, espero que vocês gostem desta pequena foto-biografia e para terminar:


Um abraço a meus irmão Clóvis (isso mesmo o "carçudinho') e Eduardo e nesta foto a única tia que sobrou do lado do meu pai minha querida Tia Cassilda, uma verdadeira mãe para nós três.
Puxa fiquei mais cansado em fazer essa foto-biografia que durou essa tarde de domingo inteira do que quando "corri" na 90.ª São Silvestre.


Acho que esqueci de falar em algum momento meu amor pelos livros e pela escrita, fica para o final

Despeço-me com meus grandes amores:







Tchau:


Cláudio Maffei = 28/05/2017 = 18:45

DIA DA MORTE: COINCIDÊNCIA NA VIDA DE CERVANTES E SHAKESPEARE


CERVANTES E SHAKESPEARE



         Cervantes nasceu em Henares, Espanha e após estudos feitos ao acaso devido as deslocações de seu pai, um médico pobre, abraçou a carreira militar. Em 7 de outubro de 1561 foi ferido na batalha de Lepanto, no decorrer da qual a frota dos cristãos destruiu a dos turcos, ferimento esse que lhe inutilizou a mão esquerda.
         Mais tarde, feito prisioneiro pelos piratas, Cervantes ficou cativo em Argel durante cinco anos. Voltando à Espanha, escreveu um livro que o tornaria célebre: Dom Quixote de La Mancha, história de um pobre cavaleiro que percorria o país com o seu criado, Sancho Pança, para vingar as injustiças.
         Cervantes morreu em Madrid em 23 de abril de 1616, e, por coincidência no mesmo dia morria William Shakespeare, em Stratford-on-Avon, Inglaterra.


         Quando William chegou à idade de 16 anos, o pai quis empregá-lo no seu estabelecimento, mas o jovem apaixonado pela leitura e pela escrita foi para Londres, onde representou pequenos papéis de comediante.
         Encontrando-se em breve à frente de uma companhia, como autor e ator, William apresentava-se perante um público onde se misturavam aristocratas, burgueses e artesãos. Para todos os seus espectadores escrevia obras muito variadas, peças históricas, comédias e tragédias, criando personagens inesquecíveis.


Assim, desapareceram há mais de três séculos, dois dos maiores nomes da literatura num mesmo dia!

            

sábado, 27 de maio de 2017

CANUDOS UMA HISTÓRIA, UMA VIAGEM E UM LIVRO


Vai ser meio difícil explicar, mas em 1993, por prestar serviços voluntários num grupo de direitos humanos chamado Solidariedade Popular, tive a oportunidade de estar no sertão da Bahia. Metido a besta e a poeta, neste mesmo ano escrevi um livro de poesias, chamei-o de Palavras do Sertão, por que foi de lá que essas palavras vieram. Em 2001, ajeitei todo o material, inclui alguns textos explicativos do livro, do sertão e sobre Canudos, a obra estava realmente pronta, me senti um Homero das Caatingas, mas só em 2011, dez anos depois, reuni condições de editá-lo. Aqui o texto explicativo sobre a luta do Antônio Conselheiro:



UTOPIA DO SERTÃO
 Cláudio Maffei

O ano de 1993 foi festejado com muita reverência no norte da Bahia, principalmente em Canudos, cuja fundação completou um século. Foi ali que floresceu a utopia criada pelo Bom Jesus – como o povo do sertão chamava Antônio Vicente Mendes Maciel -, conhecido pela História como Antônio Conselheiro.

Maffei em 1993 durante Romaria dos 100 anos da Construção de Canudos


Hoje, a Canudos (ex-Belo Monte) de Conselheiro repousa irrequieta sob o açude de Cocorobó, construído pelo governo militar em 1968, numa tentativa de apagar a memória da guerra e da ferrenha resistência do povo do sertão.

Localização da cidade de Canudos no sertão Baiano

Escreve Edmundo Moniz, autor que bem retratou a verdadeira História de Canudos: “A primeira expedição contra Canudos foi comandada por um tenente; a segunda, por um major; a terceira, por dois coronéis que perderam a vida; a quarta, por quatro generais, numerosos coronéis, majores, capitães e tenentes. A primeira expedição compunha-se de 100 soldados; a segunda, de 600; a terceira, de 1.200; a quarta de cerca de 10 mil, num exército de 20 mil”. Continua Moniz: “A primeira, a segunda e a terceira foram abatidas em combates de horas; a quarta durou quatro meses e, por várias vezes, esteve prestes a ser destroçada. Salvou-se graças ao grande reforço que recebeu quando se achava em perigo, o que representou, pode-se dizer, uma quinta expedição. Entre a preparação das expedições e as batalhas travadas, a campanha de Canudos durou de 4 de novembro de 1896 a 6 de outubro de 1897. Não se tratava de uma simples insurreição de sertanejos, e sim, uma guerra civil.”

Atacantes de Canudos descansam já perto do arraial

Como puderam os sertanejos vencer ou enfrentar metade do Exército brasileiro? O que Antônio Conselheiro tinha que fascinava os sertanejos? Por que o interesse em destruir Canudos?


Conselheiro nasceu em Quixeramobim, no Ceará. Seu pai era comerciante, sua mãe faleceu quando ele tinha seis anos e três irmãs menores. O pai se casou novamente e o pequeno Antônio sofreu muito com a madrasta autoritária e agressiva. De gênio quieto, aprendeu a ler e começou a ter aulas com o professor Manuel Antônio Ferreira Nobre, aprendendo, com afinco, matemática, geografia, francês e latim. Sua educação foi muito importante para seu futuro fascínio. Quando estava com 27 anos, Antônio Maciel perdeu o pai, assumindo a tutela das irmãs e dos negócios, cuja dívida deixada o levou à falência. Casou as três irmãs e mais tarde fez o mesmo, mas foi infeliz no casamento. Depois de muitas mudanças, empregando-se como advogado, professor, juiz, entre outros, em cidades do Ceará, foi acometido de tremendo desgosto quando sua mulher, Brasilina, fugiu com um sargento.
Cenas do filme Canudos. Conselheiro é protagonizado por José Wilker

A partir daí, Conselheiro tornou-se peregrino e passou a vestir-se como ficou conhecido: bata azul, cabelos e barbas longas, com um bordão na mão sempre a caminhar e pregar, construindo e reformando igrejas, capelas e cemitérios.
Capelinha construída pelo Conselheiro na subida do Monte Santo (BA)

Em suas prédicas mostrava ser um grande intelectual, contrariando a historiografia conservadora que o chamava de demente e ignorante. Conhecia Santo Agostinho e a Utopia de Thomas More, Homero e Campanela, entre outras obras e autores, das quais provavelmente não tinham conhecimento os militares que o atacavam.


Após várias perseguições por parte das autoridades, tanto civis e militares quanto religiosas, já peregrinando pelo norte da Bahia e com um grande séquito de seguidores, Conselheiro decidiu construir a Utopia. Sabia, de antemão que não o deixariam em paz pelas suas pregações populares, anti-latifúndio e anti-injustiças cometidas pela República que acabava de ser proclamada.

Antiga Capela de Belo Monte (Canudos) inundada pelo Açude de Cocorobó

O ascetismo e a promessa de construção do Reino de Deus na terra fascinava o homem do sertão que vivia deserdado pela sociedade. Os que seguiam Conselheiro eram sertanejos pobres, jagunços estropiados, caboclos, negros ex-escravos, enfim, os sem-terra que sofriam humilhações e eram explorados pelos coronéis proprietários do latifúndio – até hoje o grande problema do Nordeste e do Brasil.


Em Belo Monte, todos eram bem acolhidos, todos eram irmãos, os que chegavam despojavam-se da ganância e, quando tinham alguma coisa doavam para ser repartida pela sociedade. Uma cidade assim no Nordeste só poderia ser vista como um paraíso para os filhos do sertão. Logo, o pequeno arraial passou a ser a segunda cidade da Bahia, com 30 mil habitantes, só atrás da capital, Salvador. Sua economia baseava-se principalmente na criação de cabras, cuja pele era exportada até para a Alemanha.

Retrato da seca e da morte na caatinga

Exemplo único de justiça no sertão, Canudos incomodava a ordem político-religiosa estabelecida pela República. Assim como Cuba hoje, Canudos era, para as elites, um mau exemplo que poderia ser seguido e, por isso, tinha que ser destruído.

Por onde o exercito passava não ficava pedra sobre pedra

As autoridades religiosas invejavam Conselheiro (ele continuou respeitando a religião católica, seus dogmas e sua hierarquia, sem nunca se autoproclamar ou servir como sacerdote), que arrebanhava mais ovelhas que os pastores da Igreja.
As autoridades políticas, insufladas pelos latifundiários e envolvidas com os interesses dos militares no jogo da sucessão presidencial, viram em Canudos uma chance de realçar as atitudes heroicas do Exército, demonstrando superioridade sobre os Casacas – termo que o general Floriano Peixoto usava para designar os civis. Derrotar um bando de sertanejos “fanáticos” e mal armados seria uma oportunidade para destacar-se daí um líder em condições de assumir o poder.

Sertanejo, neto de moradores de Belo Monte

O engano foi gigantesco. Canudos resistiu, desbancando vários chefes militares arrogantes, mostrando-se Conselheiro um estrategista militar que não tinha comparação com os melhores alunos da academia. A pretensa superioridade das forças da legalidade foi batida por uma estratégia superior: a guerra de guerrilhas na caatinga.

Crianças sertanejas e o meio inóspito do sertão

O total conhecimento do terreno e seu conseqüente aproveitamento, a utilização da superioridade tática em detrimento da superioridade estratégica possuída pelo Exército e seus canhões levaram Conselheiro a uma concepção de guerra que deixou estarrecidos os coronéis, majores e generais. A “fraqueza do governo”, como gritavam os sertanejos aos soldados, demonstrou a importância da utilização da guerra psicológica. Canudos não se rendeu, foi esmagada pela superioridade técnica e quantitativa do Exército que a combateu.

Secura da terra e ao fundo o açude de Cocorobó que cobriu Belo Monte de Conselheiro

A exemplar resistência do sertanejo, a viabilidade de uma sociedade justa, sem classes, em pleno sertão nordestino e a concretização da utopia conselheirista são a prova mais fiel da mentira que as elites colocam nas costas dos brasileiros:  a de que somos um povo pacífico e acomodado. A utopia de Canudos é a negação desta mentira e a afirmação da resistência popular do povo brasileiro, que sempre lutou e continuará a lutar por sua libertação.

Conselheiro depois de morto, foi desenterrado e sua cabeça foi levada para Salvador


Artigo publicado na revista Cadernos do Terceiro Mundo n.º 169 de Janeiro de 1994 pp. 21 e 22.
  

UM PROFESSOR ANARQUISTA POR UMA PEDAGOGIA LIBERTÁRIA

Mestre e doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas, o filósofo Sílvio Gallo é atualmente professor livre-docente na Unicamp e fala à revista FILOSOFIA Ciência & Vida sobre o início de sua trajetória profissional na área filosófica. Relembra sua vida estudantil, quando ainda estudava no curso de técnico em Química, e o início do seu contato com a Filosofia, o que o levou a seguir profissionalmente neste campo do saber, lecionando desde a educação básica até o ensino superior. Ao longo da entrevista, aborda, entre outros assuntos, as contribuições que o pensamento anarquista pode proporcionar para refletirmos sobre a educação do nosso país na atualidade. Analisa a presença da Filosofia no currículo do ensino médio brasileiro e comenta sobre a experiência de escrever o seu segundo livro didático para o respectivo nível de ensino. Ainda sobre a presença da Filosofia no Ensino Médio, reflete a respeito dessa disciplina ser trabalhada na perspectiva da criação de conceitos, definindo a Filosofia como um conjunto de ferramentas conceituais que poderão servir como instrumentos que não resolverão os problemas da atualidade, mas que contribuirão “para enfrentá-los, trabalhá-los, investigá-los”. Ao final da entrevista, Gallo reflete sobre a importância do pensamento dos filósofos franceses e destaca, especialmente, as contribuições que o filósofo René Schérer pode trazer para pensarmos a temática referente à Filosofia da Educação. 



FILOSOFIA • O que despertou o seu interesse em estudar Filosofia e em seguir nesta carreira profissionalmente?
Gallo • Fui estudar Filosofia porque durante o Ensino Médio estudei muito pouco a área de Humanas. Fiz um curso técnico em Química, de excelente qualidade, mas com carga horária mínima para Humanas: duas aulas semanais de História no primeiro ano, duas de Geografia no segundo ano e, no terceiro, uma aula de Educação Moral e Cívica e uma aula de Organização Social e Política do Brasil. Tínhamos aula em período integral, de segunda a sexta-feira das 8h às 18h e aos sábados das 8h às 12h, e apenas essa carga horária em Ciências Humanas. Isso, claro, em plena ditadura.
Quando terminei o curso fui trabalhar como técnico em química e sabia que não queria fazer curso superior na área; gostava da Química, mas achava que tinha aprendido o que queria. Durante um ano, optei por não ir à universidade e nesse período acabei fazendo alguns cursos livres de Astronomia, ciência pela qual me apaixonei. Em alguns desses cursos, estudei cosmologia e vimos as teorias gregas antigas sobre o universo, bem como as bases filosóficas da Física moderna e contemporânea. Isso despertou muito minha atenção. De modo que resolvi ir à universidade, cursar um bacharelado em Física para posteriormente fazer uma pós-graduação em Astrofísica. Como segunda opção, Filosofia, por puro deleite intelectual e nenhuma intenção profissional. Por uma série de questões práticas e familiares, desisti de cursar Física e resolvi, então, investir naquela que seria a segunda opção.
Na época, o único curso de Filosofia em Campinas era o da PUC, que tinha uma turma noturna, o que era conveniente para mim, pois trabalhava em indústria química. Esse curso era uma licenciatura, e então fui cursar a Licenciatura em Filosofia, mas por puro acaso e sem qualquer interesse profissional. Durante o curso, descortinou-se para mim ­outro universo da Filosofia, muito mais abrangente que meu interesse inicial em Cosmologia e Filosofia da Ciência. E, pouco a pouco, a paixão pela Filosofia foi aumentando, ao mesmo tempo em que crescia meu desinteresse pela Química. No final do curso, em 1986, o rumo estava traçado: cursar o mestrado em Filosofia da Educação na Unicamp e dar aulas de Filosofia. Deixei definitivamente para trás minha carreira como técnico em química.

FILOSOFIA • No período compreendido entre os anos de 1987 e 1992, você lecionou Filosofia em algumas escolas de Campinas (SP). Poderia dizer como foi essa experiência docente no ensino médio? Que aprendizados essa experiência trouxe para a sua vida?
Gallo • Comecei, na verdade, em 1987, a dar aulas numa escola pública estadual, de Educação Moral e Cívica e OSPB, para as séries finais do então primeiro grau e para o segundo grau. Minha intenção era desconstruir essas disciplinas da ditadura, trabalhando com conteúdos de Ética na primeira e de Filosofia Política na segunda. Tive mais sucesso com os alunos do segundo do que com os do primeiro grau. Depois de alguns meses, consegui uma bolsa de mestrado e fui obrigado a deixar as aulas.
No ano seguinte, fui convidado para lecionar Filosofia nas três séries do segundo grau em um colégio particular de Campinas. Ali trabalhei por cinco anos, enquanto fiz meu mestrado e boa parte do doutorado. Foi lá que aprendi, de fato, a ser professor. Despertou meu gosto de trabalhar com os alunos jovens, de estudar Filosofia com eles, de explorar o mundo e o pensamento. Posso dizer que essa experiência mudou minha vida, fazendo-me ser o que sou hoje, pensar o que penso, agir da forma como ajo. Consolidou também meu interesse pelo campo da Educação, fazendo-me permanecer no doutorado em Filosofia da Educação após terminar o mestrado.
Embora tenha depois passado a trabalhar no ensino superior, essa experiência foi marcante. Fui ­trabalhar no curso de Filosofia na Universidade Metodista de Piracicaba (onde fiquei por 15 anos, de 1990 a 2005), que era (e continua sendo) uma licenciatura. Resolvi que não poderia repetir ali o que eu tinha experimentado na PUC, uma licenciatura que funcionava como bacharelado. Isso nos fez realizar várias iniciativas, como a criação do Grupo de Estudos sobre ensino de Filosofia (GESEF), um dos pioneiros nos anos 1990 a trabalhar com esse tema. Isso, claro, com todas as dificuldades impostas pela realidade de uma instituição privada. Na Unicamp, onde estou desde 1996 (desde 2005 em tempo integral, depois que deixei a Unimep) na Faculdade de Educação, meu foco é a Filosofia da Educação, mas o ensino de Filosofia continua a ser uma das linhas de pesquisa a que me dedico.


FILOSOFIA • Em seus estudos de mestrado e doutorado, você abordou o pensamento anarquista vinculado à Educação. De que modo a teoria anarquista pode contribuir para pensarmos a Educação de nosso país atualmente?
Gallo • O pensamento anarquista nos coloca na dimensão de uma educação que pode ser vista como pública, antes de ser estatal. Isso é, pensamos a educação pública como um dever do Estado e então a sociedade se desobriga; mas podemos tomá-la em nossas mãos, com a comunidade definindo, de fato, os rumos da educação de seus filhos. Penso que esse é um dos nossos grandes desafios hoje.
Por outro lado, o anarquismo nos coloca na direção de um pensamento autônomo, da necessidade de se pensar por si mesmo. Penso que não há outra possibilidade concreta para a Filosofia senão investir nesse pensamento autônomo, para que o ensino de Filosofia nos coloque numa dimensão libertária da Educação.
Enfim, como não temos condições de nos estender demais sobre o tema, podemos pensar práticas libertárias na relação entre professores e alunos, práticas concretas que podem ser realizadas no ­cotidiano da sala de aula. Praticar relações libertárias na escola ajuda a produzir outra educação, mais aberta, mais livre, mais dinâmica.

FILOSOFIA • Com relação à presença da Filosofia no currículo do Ensino Médio brasileiro, como você avalia a conquista de espaço dentro das escolas, após o término do período de adaptação à exigência da Lei 11.684/08?
Gallo • Em minha avaliação, estamos caminhando razoavelmente bem. É verdade que neste país enorme, a diversidade é imensa e há lugares com avanços interessantes e outros em que muito ainda precisa ser feito. Claro, nas regiões onde há cursos de Filosofia, avança-se mais e programas como o PIBID (Programa de Bolsas de Iniciação à Docência) têm feito uma imensa diferença, provocando efeitos muito interessantes, tanto na formação do futuro professor de Filosofia quanto nas escolas de Ensino Médio que recebem estagiários do PIBID. Penso que os impactos desse programa já estão sendo percebidos, mas que nos próximos anos teremos sua real dimensão. Para o campo do ensino de Filosofia, ele está sendo fundamental.
Por outro lado, em cidades e regiões onde não há cursos de Licenciatura em Filosofia, temos muitos professores não habilitados e, em alguns casos, a situação chega a ser calamitosa. Mas o problema precisa ser enfrentado, buscando-se a capacitação desses professores não habilitados, num primeiro momento, e a habilitação de professores de Filosofia para atender a essas regiões, em médio prazo.
Enfim, os desafios são grandes. Mas eles só estão postos porque a longa mobilização para que a Filosofia estivesse presente no Ensino Médio brasileiro teve sucesso.


FILOSOFIA • Recentemente você publicou, pelo Plano Nacional do Livro Didático – (PNLD) 2015, o livro intitulado Filosofia: experiência do pensamento. Como foi a investida nessa nova forma de publicação? Qual é a proposta didática, no âmbito da Filosofia, que apresenta no respectivo livro?
Gallo • A construção do livro foi um grande desafio. Já havia tido a experiência de produzir um livro didático para Filosofia, Ética e Cidadania – caminhos da Filosofia, publicado em 1997 e que já teve mais de 20 edições. Mas foi algo muito diferente: escrevemos em grupo, para uma realidade em que a Filosofia era disciplina optativa e na maior parte do tempo oferecida em apenas um ano. O livro está dimensionado para isso.
Agora, tratou-se de preparar um livro para os três anos do ensino médio, segundo as orientações do MEC para os livros didáticos de Filosofia, a partir de uma concepção definida de ensino de Filosofia e procurando diferenciar-se de outros bons livros disponíveis no mercado, três deles já aprovados no PNLD anterior. Foi uma grande alegria ver o livro aprovado, pois a avaliação feita pelos especialistas é muito criteriosa e a aprovação indica que o livro tem respeitabilidade na área. Espero que ele se constitua em uma alternativa para os professores de Filosofia que desejem trabalhar de um modo problemático e com uma abordagem mais contemporânea.
A proposta didática foi pensada segundo algumas premissas: tomar a Filosofia como atividade conceitual e seu ensino como um impulso à experimentação do pensamento; centrar-se em problemas vividos, buscando conceitos que nos ajudem a enfrentá-los; dialogar com a história da Filosofia, mas desde uma perspectiva contemporânea; sem deixar de lado os pensadores clássicos, trabalhar também com autores contemporâneos, tentando com isso mostrar a Filosofia como algo vivo, dinâmico, vibrante, que pensa nosso mundo e nosso tempo. Com tudo isso, propor um estudo da Filosofia visando à construção do pensamento próprio e autônomo, mas por meio da leitura de textos dos filósofos e da produção de textos próprios.

FILOSOFIA • Com base no pensamento dos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari, você defende que a Filosofia se constitui como uma atividade de “criação de conceitos”. Poderia nos explicar como o docente de Filosofia pode desenvolver essa postura filosófica nas aulas de Filosofia do Ensino Médio?
Gallo • Penso que se a Filosofia é uma atividade, ela não pode ser apresentada aos estudantes como algo pronto, finalizado, acabado. Precisamos provocar o pensamento, “empurrar” os alunos para a Filosofia. E podemos fazer isso os trazendo para os problemas, tornando-os sensíveis aos problemas ou tornando-nos, nós, professores, sensíveis aos problemas que eles trazem. E apresentar a Filosofia como um conjunto de ferramentas conceituais que são instrumentos não para resolver esses problemas, mas para enfrentá-los, trabalhá-los, investigá-los.
Sinceramente, não vejo como a Filosofia possa ser outra coisa, principalmente se queremos que os jovens se interessem por ela. Se for apenas mais um conjunto de informações que vão cair na prova, no vestibular ou no Enem, não faz qualquer sentido.


FILOSOFIA • Já existe alguma prática filosófica escolar permeada pela Filosofia como “criação de conceitos”? Se existir, como avalia a aplicação e o desenvolvimento dessa metodologia?
Gallo • Poderia falar de muitas experimentações nessa direção, mas não temos espaço suficiente, então destacarei algumas iniciativas. Há anos o Estado do Paraná definiu suas diretrizes curriculares para o ensino de Filosofia e elas foram pensadas segundo essa perspectiva. Desde então, os professores daquele Estado têm trabalhado nessa direção, alguns com avanços muito interessantes, com experimentações surpreendentes, outros com muitas dificuldades. Isso é inevitável.
Em outubro de 2014, durante o encontro da ANPEd Sudeste em São João del-Rei, tive um encontro com a professora responsável pelos estágios e pelo PIBID de Filosofia da UFJF, bem como com um grupo de alunos de Filosofia e duas professoras de Filosofia da rede pública da cidade, que recebem os estagiários da Universidade. Eles me relataram que estão trabalhando nessa perspectiva de ensino de Filosofia e realizando vários projetos nas escolas, com resultados interessantes.
Também em outubro de 2014, a Anpof realizou seu encontro bienal e, pela segunda vez, aconteceu a Anpof Ensino Médio, com apresentação de trabalhos de professores de Filosofia no Ensino Médio e minicursos. Tive a oportunidade de oferecer um ­minicurso com o título Ensino de Filosofia e Experimentação Conceitual e, ao longo de três dias, trabalhar com professores de Filosofia de vários Estados brasileiros. Também assisti a apresentações de trabalhos relatando experiências como essa perspectiva de ensino de Filosofia, pensada e praticada de diversas formas, o que mostra que temos tido avanços interessantes nesse campo.

FILOSOFIA • No ano de 2014, você organizou o livro intitulado As diferentes faces do racismo e suas implicações na escola. O tema do racismo certamente está bastante em voga no momento. De que modo a Filosofia na escola pode contribuir para problematizar as questões referentes ao preconceito, e não só o racial?
Gallo • Esse livro foi organizado a partir de trabalhos do grupo de pesquisa que coordeno na Faculdade de Educação da Unicamp, o DiS – Grupo de Estudos e Pesquisas Diferenças e Subjetividades em Educação, sendo o tema do racismo um daqueles a que nos dedicamos. Pensamos o racismo em sentido amplo, como o exercício de práticas preconceituosas contra aqueles que são diferentes. O racismo mostra uma reação daqueles que não sabem conviver e compartilhar os espaços com aqueles que são diferentes, em qualquer aspecto.
Penso que as aulas de Filosofia podem proporcionar nas escolas espaços para pensar essa problemática. Claro que ela não pode ser enfrentada apenas pela Filosofia, trata-se de um problema a ser enfrentado pelo conjunto das disciplinas e pela comunidade escolar como um todo, mas a Filosofia pode contribuir com uma abordagem conceitual em torno das diferenças e das multiplicidades que permitem que se veja de outra maneira.
No livro didático, a propósito, há capítulos escritos com essa intenção, por exemplo, ao problematizar a sexualidade e as múltiplas formas de vivenciá-la.

FILOSOFIA • Nos últimos anos, além de debater sobre a Filosofia no Ensino Médio, você tem dedicado seus estudos sobre os filósofos franceses (como Michel Foucault, Gilles Deleuze, entre outros). Embora suas teorias não estejam vinculadas diretamente ao campo educacional, de que modo o pensamento desses filósofos pode contribuir para pensarmos a área da Educação?
Gallo • Dedico-me ao estudo da Filosofia francesa contemporânea desde os tempos da graduação em ­Filosofia. Esses filósofos me acompanham desde ­então, estão presentes em minhas pesquisas no mestrado e no doutorado, ainda que não tenham sido o foco principal. Nos últimos anos, o que fiz foi ­desenvolver estudos mais sistemáticos, principalmente de ­Deleuze e de Foucault, no campo da Filosofia da Educação.
Penso que suas filosofias, embora não sejam filosofias da educação, oferecem ferramentas conceituais muito interessantes para pensarmos os problemas educacionais, e é isso que tenho me esforçado em demonstrar, experimentando a potência de certos conceitos produzidos por eles para pensar problemas que eles não pensaram. É o que ­poderíamos chamar de uma prática de “deslocamentos conceituais”, tirar certos conceitos de seu campo problemático original e fazê-los funcionar em outro campo problemático. Segundo Deleuze, isso já é uma atividade criativa, pois quando um conceito é deslocado, ele é profundamente transformado, acaba recriado, torna-se, de fato, outro conceito.


FILOSOFIA • Para finalizar, recentemente você pesquisou o pensamento do filósofo contemporâneo René Schérer [professor emérito da Universidade de Paris 8]. O que a Filosofia de Schérer apresenta de novo para as discussões referentes ao campo da Filosofia da Educação?
Gallo • René Schérer é uma figura apaixonante. Com mais de 90 anos, segue dando um seminário de doutorado todo ano na universidade, com uma vitalidade impressionante. Inquieto, está sempre pensando coisas novas e instigando os alunos de seu seminário.
Infelizmente, é pouco conhecido no Brasil, bem menos que os filósofos de sua geração, que já faleceram e dos quais foi colega (em alguns casos, amigo), como Foucault, Deleuze, Derrida, por exemplo. Apenas um de seus livros foi traduzido no Brasil (­Infantis, Ed. Autêntica, 2009), mas ele é autor de aproximadamente 30 livros, sobre variados ­assuntos, bem como diversos artigos. Dedicou-se a temas como a fenomenologia, a comunicação, a hospitalidade, a infância, o anarquismo no pensamento, a estética, a homossexualidade.
Para o que concerne à educação, publicou algumas obras importantes, de modo especial o livro Émile Perverti (1974, reedição revista em 2006), uma dura crítica à pedagogia moderna, que promove uma “perversão da infância”, ao colocar as crianças num molde produzido pelos adultos. O antídoto ele encontrou no utopista francês do século XVIII, Charles Fourier, cuja obra ele tratou de recolocar em circulação na França: pensar uma “infância maior”.
Schérer também não foi um filósofo da educação; mas estou preparando um livro sobre sua obra e seu pensamento, defendendo que podemos perceber uma filosofia da educação em sua trajetória. Uma filosofia da educação crítica do status quo, de um processo educativo que opera segundo aquilo que ele denomina o “dispositivo pedagógico” (tomando de Foucault o conceito de dispositivo e fazendo-o operar na problemática educativa; um exemplo daquilo que chamei anteriormente de “deslocamento conceitual”) e propositiva de um pensamento inventivo e criativo, de um processo educativo que tome as crianças não como seres a serem desenvolvidos e educados para tornarem-se maiores, adultos, mas como seres de desejos e de vontades, que produzem um mundo e suas relações. Uma educação que não defina a priori um processo que deve ser seguido por todos, mas que acompanhe passo a passo as criações das próprias crianças, aprendendo também com elas.
Com Schérer, encontrei outra maneira de pensar o anarquismo (ele afirma em livros do final da década passada que o pensamento é anárquico em sua própria natureza, uma vez que não tem princípios) e a autonomia, novas formas de pensar a educação numa perspectiva libertária. Além disso, ele nos traz também importantes contribuições para pensar o trabalho do professor de Filosofia, isso que ele fez toda sua vida, tanto na educação média como na universidade, investindo no pensamento próprio de cada um, que pode ser experimentado em experiências comunitárias e coletivas, sem deixar de ser singular.



Revista Filosofia Ciência & Vida Ed. 104


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