quinta-feira, 21 de julho de 2022

NIKITA KRUSCHEV


Nikita Serguêievitch Khrushchov (nascido em 15 de abril de 1894 em Kalinovka, Rússia e falecido em 11 de setembro de 1971 em Moscou na Rússia). Foi um político soviético que liderou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) de 1953 a 1964 e presidiu o Conselho de Ministros de 1958 a 1964.



Infância, Juventude e militância no Partido Comunista

         Filho de camponeses, conhecido no ocidente por Nikita Kruschev, nasceu na pequena aldeia de russa de Kalinovka, perto da fronteira com a Ucrânia. Aos 14 anos, Nikita em 1909, se mudou com a família para a cidade mineira ucraniana Yuzovka, onde se tornou aprendiz de metalúrgico e realizou outros trabalhos temporários.

         Kruschev ingressou no exército do imperador russo, o czar, durante a participação russa na Primeira Guerra Mundial, lutando no conflito. Mudou de lado e ligou-se aos comunistas apenas em 1917, quando ingressou nas fileiras da Guarda Vermelha, mas não participou efetivamente da Revolução Russa que derrubou o Império.

         Em 1918, Nikita Kruschev se envolveu em atividades sindicais e ingressou no Partido Bolchevique (ala que daria origem ao Partido Comunista da União Soviética, anos depois), onde a principal liderança era de Vladmir Lênin – trabalhando em várias funções políticas em Donbass e Kiev, na Ucrânia, e organizando uma sede do Partido Comunista na Ucrânia.

         No ano de 1929, Kruschev se mudou para Moscou, atual capital da Rússia onde ascendeu na hierarquia do Partido Comunista. Foi na mudança que Kruschev passou a se aproximar de Josef Stalin. Em 1935 foi nomeado por Stalin primeiro secretário do comitê do partido da cidade de Moscou. Três anos depois alcançou o cargo de líder do Partido Comunista na Ucrânia e em 1939 chegou ao Comitê Executivo do Partido Comunista Soviético.

         Durante a Segunda Guerra Mundial, Kruschev mobilizou tropas para lutar contra a Alemanha Nazista na Ucrânia e em Stalingrado (cidade que atualmente se chama Volgogrado). Após a guerra ajudou a reconstruir o campo devastado ao mesmo tempo em que combateu a dissidência nacionalista ucraniana.


         Cada vez mais próximo da linha de frente do partido, Kruschev, com o passar dos anos, foi atuando para ser o próximo líder da sigla. No entanto, ele não fazia ideia que seus planos virariam realidade em tão pouco tempo.

Nikita Kruschev Ascende ao Poder da URSS 

        Pouco mais de uma década após o fim da Segunda Guerra, e alguns anos após o início da Guerra Fria (que teve início em 1947 e durou até 1991), em 1953, Josef Stalin, figura histórica para os soviéticos por ter atuado na Revolução Russa, ter vencido o nazismo e ser o principal articulador no fortalecimento da União Soviética como uma potência mundial na primeira metade do século XX, falece em 5 de março.

         Como a morte do poderoso Stalin, Nikita Kruschev participa e vence a disputa interna pela sucessão do líder morto, tornando-se Secretário-Geral do Partido Comunista, cargo de maior importância na liderança da sigla.


         No início, Kruschev e outros oficiais de alto escalão governam por meio de uma forma de liderança coletiva. Contudo, em 1955, Kruschev organizou a destituição do primeiro-ministro Georgi Malenkov e substitui-o por um aliado, Nikolai Bulganin. Com a manobra, Nikita Kruschev ascendeu ao posto de líder máximo da União Soviética (governando, diferente dos primeiros anos após a morte de Josef Stalin, de forma autônoma).

         Porém, ao contrário do que os soviéticos e membros partidários pensavam, ao assumir o poder, Nikita Kruschev não atuou para a continuação do trabalho de seu antecessor. Contrariamente, ele procurou enterrar a história de Stalin, causando uma ruptura histórica na URSS.

         Os anos de liderança de Kruschev foram responsáveis pela ruptura histórica conhecida como “desestalinização”, pois o novo líder fez de tudo para tirar Stalin da mentalidade dos russos. Durante o 20.º Congresso do Partido Comunista, realizado em 1956, por exemplo, Kruschev denunciou a figura de Stalin através do que chamou de “Crimes de Stalin”, procurando manchar a memória como figura histórica do líder anterior.


         Durante quatro horas, que foram transcritas em mais de 57 páginas, Kruschev surpreendeu o mundo comunista ao denunciar seu antecessor, como um torturador e assassino, falando sobre os grandes expurgos, a morte de milhões de camponeses pela fome na Ucrânia, consequência da planificação equivocada, entre outras ações criminosas promovidas por Stalin. Batizado de “Culto à Personalidade e suas Consequências”, o discurso da então liderança soviética criticou a idolatria em torno dos líderes soviéticos, denunciou Stalin e condenou as práticas autoritárias soviéticas de anos anteriores.

        Kruschev também denunciou Joseph Stalin como um criminoso brutal. De acordo com o novo Secretário-Geral, o governo de seu antecessor havia praticado, pro meio de uma “ditadura totalitária, medo e terror” sobre os soviéticos.

         Em decorrência da imagem heróica construída pelos soviéticos sobre Stalin, a recepção do discurso foi impactante. Há relatos de casos de infarto e desmaios entre os espectadores enquanto o então Secretário-Geral discursava.

         A partir do discurso de Nikita Kruschev, a imagem de Stalin começou a ser transformada radicalmente no ideário popular soviético. Além do discurso, o governo Kruschev atuou de outras formas para “desestalinizar” a URSS. Cidades mudaram de nome, com Stalingrado (hoje, Volgogrado), imagens foram retiradas e, entre tantas mudanças, o corpo do líder soviético foi removido do Mausoléu de Lênin.


         O discurso do 20.º Congresso do PCUS foi a primeira grande polêmica de Nikita Kruschev como uma liderança soviética e não seria a última.

O Governo Nikita Kruschev

        No ano de 1968, Nikita Kruschev, já líder absoluto da União Soviética, depôs Nikolai Bulganin e assumiu o cargo de primeiro-ministro da URSS, posto diplomático da nação (Chefe de Estado).

         Dentro do país, Kruschev reduziu o poder da polícia secreta da União Soviética (KGB – órgão público cujo objetivo era exterminar opositores do governo), libertou prisioneiros políticos, relaxou a censura artística, abriu mais o país para visitantes estrangeiros.

         Kruschev, mesmo ainda sem assumir como primeiro-ministro inaugurou, em 1957, a era espacial russa com o lançamento do satélite Sputinik. Já em 1959, atuou na campanha russa que alçou um foguete soviético à Lua e, em 1961, trabalhou no histórico lançamento que levou o astronauta soviético Yuri A. Gagarin a se tornar o primeiro homem a ir para o espaço em toda a história da humanidade.


         Na esfera internacional, Nikita Kruschev tinha um relacionamento complicado com outros chefes de Estado. Durante uma viagem aos Estados Unidos em 1959, cujo objetivo era uma reunião de cúpula com o presidente americano Dwight D. Eisenhower, Kruschev protagonizou um dos momentos mais “diferentes” do seu governo e da Guerra Fria.

         Na ocasião, ao chegar ao solo estado-unidense, o líder soviético, além do encontro com o presidente dos EUA, manifestou o desejo de conhecer Hollywood; e uma visita foi agendada. O passeio começou nos estúdios da Twentieth Century Fox Studios. O primeiro-ministro da URSS foi levado à cabine de som que gravava a trilha sonora do filme Can Can de autoria de Cole Porter. Ao saberem de sua presença, o elenco do filme rapidamente o cercou. A visita de Kruschev sobrou até para Frank Sinatra, que era o protagonista da produção e foi chamado para servir como um não oficial mestre de cerimônia da visita.

         No entanto, a situação começou a esquentar quando o então presidente da Fox, Spyros Skouras, cutucou Nikita Kruschev. Ao dizer que a União Soviética iria “enterrar” o capitalismo, Skoura, um anticomunista, declarou que Hollywood não estava particularmente interessada em acabar com o sistema econômico.

         Kruschev, cujo temperamento era sabidamente inflamado, explodiu. Considerou os comentários de Skoura faziam parte de uma campanha de provocações com o fim de importuná-lo durante sua visita ao país e afirmou: “Se você quer prosseguir com a corrida armamentista, muito bem. Eu aceito o desafio. Com relação ao lançamento dos mísseis, bem, eles estão alinhados na rampa. Esta é a questão mais séria. É questão de vida ou morte, senhoras e senhores, é questão de guerra e paz”, disse Kruschev a Skouras.

         A irritação de Nikita Kruschev cresceu quando ele soube que não teria permissão de visitar a Disneylândia. As autoridades do governo estado-unidense, de acordo com os historiadores, temiam que eventuais multidões pudessem pôr em risco a segurança pessoal do primeiro-ministro. Kruschev, ainda enfurecido pela discussão com Skouras, explodiu: “E digo, gostaria muito de visitar a Disneylândia. Mas não podemos garantir sua segurança, dizem. Então o que eu devo fazer? Cometer suicídio?”, disse o líder soviético.

Acirramento da Guerra Fria


         Nikita Kruschev não tinha laços “saudáveis” com o ocidente. Por ser um fervoroso comunista, o primeiro-ministro soviético não digeria bem suas relações com países capitalistas (especialmente Estados Unidos). Os primeiros anos de governo Kruschev, todavia, não foram muito quentes do ponto de vista da geopolítica, até que na década de 1960 a situação transfigurou-se.

         No ano de 1960, durante uma conferência na Organização das Nações Unidas (ONU), Kruschev foi protagonista de um incidente que mostrava com o líder agia quando contrariado. Discordando do pronunciamento do delegado das Filipinas, que acusava a União Soviética de ter “engolido” os países da Europa Oriental e de ter despojado estes países de seus direitos, Kruschev interrompeu-o com insultos e tirou o sapato para bater na mesa para ser ouvido e chamar a atenção.

         Em 1961, o chanceler soviético aprovou a construção do Muro de Berlim, símbolo do mundo bipolar e da Guerra Fria, para impedir que os alemães orientais fugissem para a Alemanha Ocidental capitalista.

         Um ano depois, em 1962, com a divisão entre Estados Unidos e União Soviética já representada por uma barreira física, a chamada “Cortina de Ferro”, as tensões da Guerra Fria chegaram ao ápice. No mês de outubro do ano, os Estados Unidos descobriram que havia mísseis nucleares soviéticos estacionados em Cuba, uma ilha do Caribe, muito próxima do estado da Flórida (Cerca de 150 km de distância).

         O episódio da descoberta dos mísseis ficou conhecido como “a Crise dos Mísseis”. Na ocasião, se quisesse Nikita Kruschev poderia ter começado uma guerra nuclear.

         O mundo parecia estar à beira de um conflito nuclear, mas após um clima de tensão que durou 13 dias, o líder soviético concordou em remover as armas. Em troca, o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, que um ano antes havia autorizado a invasão fracassada da Baía dos Porcos, consentiu publicamente não atacar Cuba.


         Kennedy também concordou em retirar as armas nucleares americanas da Turquia (uma das bases nucleares americanas mais próximas da URSS). Em julho de 1963, os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Soviética negociaram uma proibição parcial de testes nucleares.


Do Ápice à Queda de Nikita Kruschev

         O plano de tentar pressionar os EUA com os mísseis estacionados em Cuba, quase deu certo, mas os estado-unidenses interceptaram a estratégia que levou a URSS, a partir de então, ficar para trás tanto na corrida armamentista quanto na espacial.

         O governo de Nikita Kruschev não sobreviveu a essa virtual derrota. Em outubro de 1964, ele foi chamado de volta das férias em Pitsunda, Geórgia, e forçado a renunciar ao cargo de primeiro-ministro e Secretário-Geral do Partido Comunista. Apesar da explicação oficial da saída de Kruschev ter sido em decorrência de sua saúde (debilitada por transtornos cardíacos), tempos depois se apurou que, entre outros problemas de sua gestão, a considerada derrota da União Soviética na Crise dos Mísseis foi o mais determinante fator para sua destituição.

        A saída de Kruschev da liderança soviética também representou sua falência política. Ele não conseguiu nem sequer se reeleger membro da Comissão Central do Partido Comunista e viveu seus últimos anos no isolamento, morando numa casa de campo em Ptrovo-Dalneye na Rússia.


Fonte: COSTA, Pedro. Site: Ideias Radicais. Disponível em: https://ideiasradicais.com.br/quem-foi-nikita-khrushchev/. Acesso em 21 de jul. 2022.

 

quarta-feira, 20 de julho de 2022

STEPAN BANDERA – COLABORACIONISTA NAZISTA QUE SE TORNOU SÍMBOLO DA DIREITA UCRANIANA

 

Se você buscar por imagens de manifestações políticas na Ucrânia desde 2010 irá encontrar flâmulas e quadros de Stepan Bandera. Esse homem hoje é pintado como herói pela direita ucraniana e seu pensamento possui profunda influência na política do país e nos grupos paramilitares neonazistas como o Batalhão Azov. Para entender a figura de Stepan Bandera, conversamos com Rodrigo Ianhez, especialista no período soviético formado pela Universidade Estatal de Moscou.

Stepan Bandera nasceu em 1909 na região da Galícia[1], hoje um território pertencente à Ucrânia, mas que passou por períodos de dominação do Império Austro-Húngaro e da Polônia. No fim dos anos 20, ele ingressa na Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), uma organização ativista pela formação de um estado  independente.

A OUN e Bandera organizaram diversas ações contra os poloneses na região da Galícia, que à época estava sob controle da Polônia”, explica Rodrigo Ianhez. A região onde hoje fica Lviv – principal cidade do oeste ucraniano – fazia parte do território polonês.

Após o exército nazista invadir a Polônia e expandir suas operações militares a leste, quebrando o tratado Molotov-Ribbentrop, Bandera viu a oportunidade de conseguir apoio dos nazistas para conquistar a independência da Ucrânia.

Depois do avanço dos nazistas a leste, Bandera se tornou um colaboracionista do nazismo. Ele foi recrutado pela inteligência alemã para auxiliar na tomada da Galícia. Durante as primeiras semanas da ocupação, cerca de 7 mil judeus foram mortos apenas na cidade de Lvov. Bandera também foi o responsável pela criação de dois batalhões da SS”, afirma Rodrigo Ianhez.

Após apoiar os nazis e colaborar com a implantação do sistema de genocídio no território ucraniano, Bandera cresceu suas aspirações para tentar transformar seu país em uma república independente. “De orientação fascista, é claro”, pontua Rodrigo Ianhez. Mas a empreitada não deu muito certo. “Ele foi preso pelos nazistas e foi levado para campos de concentração. Seu tratamento não foi o mesmo dado para os outros presos”, afirmou.

Enquanto Bandera estava detido, os batalhões da SS e o exército insurgente ucraniano – ambos apoiados por Bandera e pelos nazistas – avançavam com as tropas e, em 1941, tomavam Kiev. Foram as forças inspiradas pela OUN e pelos nazistas que causaram o massacre de Babi Yar, onde 33 mil judeus foram assassinados em dois dias.

Após anos preso, Bandera retorna ao front. “Quando os soviéticos avançavam em direção a Oeste e começaram a libertar a Ucrânia, ele foi chamado novamente para colaborar com os nazistas e aceitou”, conta o historiador.

As tropas do Exército Vermelho ganham dos nazistas e Bandera se torna um foragido. De acordo com Rodrigo Ianhez, o nacionalista se esconde com apoio de seguranças da SS e existem até suspeitas de que ele teria recebido auxílio do serviço secreto britânico. “Esse período de sua vida é obscuro”, explica. Em 1959, Stepan é assassinado pela KGB.

Vale ressaltar que Bandera foi um dos agentes do Holocausto e seu pensamento era supremacista, contra os judeus, contra os moscovitas – como ele se referia aos russos -, contra os poloneses e até contra os húngaros”, pontua Rodrigo Ianhez.


A influência de Bandera na Ucrânia de hoje

O então presidente Volodymyr Zelensky anunciou a proibição de 11 partidos ucranianos por serem “pró-Rússia”. Entre eles, estavam diversas organizações de esquerda. Já partidos políticos com orientação pró-neonazista, como o Praviy Sektor – de extrema inspiração banderista – se mantiveram intactos dentro do estamento político ucraniano. Mas esse processo não começou agora.

Foi em 2010, no governo Yushchenko que esse processo começou. Ele decretou que Stepan Bandera ganhasse o título de Herói Nacional. A medida causou grande polarização na sociedade ucraniana, que não concordava com um colaboracionista do nazismo sendo alçado a esse posto”, segundo Rodrigo Ianhez.

Houve um processo de revisionismo e falsificação histórica. Hoje, os nacionalistas afirmam que a associação de Bandera ao nazismo foi ‘invenção soviética’ e que ele não colaborou com o nazismo, o que é mentira”, explica.

Desde então, a figura de Bandera começou a ser utilizada por nacionalistas ucranianos amplamente. No Euromaidan, sua imagem começou a ser mais replicada. “Os aniversários de Bandera começaram a se transformar em atos públicos. Uma estátua foi construída para ele Lviv, mas foi destruída pouco tempo depois”, afirma o historiador. E o apoio à figura também varia geograficamente.

Hoje, no Oeste da Ucrânia, ele se tornou uma figura realmente importante. Quadros com seu rosto estão em gabinetes de políticos, em prédios públicos. No Donbass e na Crimeia isso não ocorre”. Rodrigo Ianhez reforça que é importante mostrar que a influência de Bandera e do nazismo no nacionalismo ucraniano é crucial: “Não podemos não falar sobre o elefante na sala. Falar sobre isso não é ser pró-Kremlin”.

O historiador reforça o papel de Volodymyr Zelensky – que é judeu – nesse processo. “Zelensky é conhecido por fazer concessões à extrema-direita, mas tenta se afastar da figura de Bandera”. A comunidade judaica ucraniana denuncia a tempos e combate o revisionismo histórico sobre o colaboracionista e sobre a participação dos nacionalistas no Holocausto.

E com a invasão russa, a tendência é que a figura desse nazista ganhe ainda mais força nas mãos da direita ucraniana. “É certo que a guerra irá aumentar esse sentimento nacionalista e isso é preocupante”, conclui o historiador.

(Entrevista feita em 23 de março de 2022 por Yuri Ferreira)

Fonte: Hypeness. Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2022/03/stepan-bandera-quem-foi-o-colaboracionista-nazista-que-se-tornou-simbolo-da-direita-ucraniana/. Acesso em 20 de jul. 2022.

 



[1] Galícia (Reino da Galícia e Lodoméria). Região histórica na Europa Oriental que nos dias atuais é dividida entre a Polônia e a Ucrânia. O núcleo da Galícia histórica consiste nas regiões modernas de Lviv, Ternopil e Ivano-Frankivsk na Ucrânia Ocidental. Não confundir com a Galícia espanhola que é uma comunidade autônoma no Noroeste da Espanha.


 

 

 

EINSATZGRUPPEN E A SOLUÇÃO FINAL HITLERISTA

 

O Einsatzgruppen era uma unidade especial criada pelos nazistas em 1938 durante a anexação da Áustria (chamada de Anschluss) para realizar a perseguição e execução dos opositores do regime. Com o início da guerra, a atuação dessa unidade foi expandida para a Polônia e depois para todo o front oriental da guerra contra a União Soviética.


Einsatzgruppen, “força-tarefa” em alemão, era formado por membros da Gestapo (polícia secreta), da Wehrmacht (exército alemão) e da Schutzstaffel, a SS (unidade paramilitar do Partido Nazista).

 

Atuação do Einsatzgruppen no Leste Europeu

Inicialmente, a atuação do Einsatzgruppen na Polônia foi contra a intelligentsia local, ou seja, contra a elite intelectual polonesa. O historiador Timothy Snyder chamou esses grupos de “soldados ideológicos”. A intenção da Alemanha ao exterminar a elite intelectual polonesa era minimizar as possibilidades de resistência da sociedade desse país contra a ocupação nazista.

Essa ação do Einsatzgruppen resultou na morte de cerca de 50 mil poloneses e assemelhou-se à prática da polícia secreta soviética (NKVD) contra a intelligentsia polonesa no leste do país no mesmo período. A partir de julho de 1941, esse grupamento passou a exterminar os judeus.

 

Einsatzgruppen durante a Solução Final

Em julho de 1941, Heinrich Himmler e Reinhard Heydrich convenceram Hitler a iniciar a Solução Final, o plano de extermínio dos judeus da Europa. Inicialmente, o líder nazista havia deixado a realização desse plano somente para o final da guerra, mas, a partir da argumentação de Himmler e Heydrich, Hitler autorizou a execução do genocídio.

Assim, em julho de 1941, Himmler fez uma viagem particular por todo oeste da União Soviética a fim de transmitir a última informação: mulheres e crianças judias deviam ser eliminadas junto com os homens judeus. As forças terrestres reagiram imediatamente. A execução dessa ordem foi realizada por três Einsatzgruppen, cada qual responsável por uma área:

 

1)   Einsatzgruppen A: atuava nos países bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia);

2)   Einsatzgruppen B: atuava na Bielorrússia;

3)   Einsatzgruppen C: atuava na Ucrânia. 

A busca do Einsatzgruppen pelos judeus era extremamente organizada, além de haver um grande controle sobre as regiões em que era estabelecida a perseguição desse povo. Ao todo, essa unidade chegou a mobilizar cerca de 20 mil soldados no Leste Europeu, que executavam suas vítimas pelo fuzilamento.

 

O massacre de Babi Yar

Antes da guerra, Kiev possuía cerca de 160 mil judeus, o que representava em torno de 20% da população da cidade. Com a invasão nazista, por volta de 100 mil conseguiram fugir, e os 60 mil restantes ficaram sob o domínio dos nazistas. 

Durante a ocupação alemã sobre essa cidade, dois prédios usados pelos nazistas foram atacados à bomba por membros da polícia secreta soviética. O ataque foi usado pela Alemanha como pretexto para massacrar a população judia de Kiev. Assim, todos os judeus foram convocados a comparecer em determinado bairro da cidade em 29 de setembro de 1941. 

O objetivo dos nazistas era agrupar toda a população judia para executá-la. No dia, segundo os relatos, formou-se uma grande fila e, sistemicamente, os judeus eram acompanhados por tropas para uma vala comum onde eram fuzilados. O massacre de Babi Yar foi feito pelo Einsatzgruppen C e foi responsável pela morte de 33.761 pessoas.

 

Campos de extermínio

A função do Einsatzgruppen na execução dos judeus foi substituída pelo uso da câmara de gás nos campos de extermínio. Essa mudança deveu-se ao fator psicológico que as execuções causavam nos soldados do Einsatzgruppen, principalmente quando as vítimas eram mulheres e crianças. Com o uso do gás Zyklon B, os nazistas conseguiram ampliar o número de pessoas mortas e tornaram o genocídio impessoal.



  



Fonte: Uol. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-einsatzgruppen.htm. Acesso em 20 de jul. 2022.

 

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