domingo, 27 de janeiro de 2013

HISTÓRIA CONCEITO DA ENCICLOPÉDIA NOVO CONHECER





HISTÓRIA

(texto da Enciclopédia Novo Conhecer)


            Pode-se imaginar que o homem quando aprendeu a se comunicar e passou de curtas frases guturais (gemidos) à construção de uma linguagem, logo começou a contar estórias. Podemos visualizar, ao redor de uma ancestral fogueira, homens semivestidos a relatar uns aos outros as experiências das últimas caçadas. As narrativas mais impressionantes, por seus aspectos heróicos ou trágicos, permaneciam vivas à força de serem repetidas. Sua transmissão de pais para filhos criava e reforçava os sentimentos de solidariedade entre o grupo. Embora misturada à lenda, estava se iniciando a História.

            Hoje ela significa a reconstrução da vida das sociedades, em suas formas organizativas e culturais, o que exige métodos especiais de trabalho e pesquisa. As sociedades vivem sua própria História. Aos historiadores compete reconstruí-las em sua forma original, para submetê-la a uma análise cujo objetivo último é compreender o homem, em sua ação e em seu relacionamento dentro da sociedade.


A pré-história da História

            Os relatos orais acompanharam as gerações desde tempos imemoriais até a antiga Grécia. E os séculos transformaram os personagens históricos em deuses e heróis, até que, durante o esplendor de Atenas (século V a.C.), Heródoto resolveu fixar no papel os fatos reais das guerras entre gregos e persas ocorridas alguns anos antes (500-479 a.C.) Para isso viajou pelos locais em que se desenvolvera o conflito, pesquisando documentos e ouvindo pessoas. O resultado foi um livro a que chamou “História”, onde apresentou uma nova forma para o estudo de documentos. Embora revelasse certo exagero e alguma imprecisão, sua obra permaneceu até nossos dias como um texto básico para o conhecimento daquele período. Pelo seu trabalho, a posteridade o consagrou como o “Pai da História’.

            Quase na mesma época, Atenas produziu um segundo historiador, Tucídides (471? – 400? A.C.), que participou da luta entre Atenas e Esparta e escreveu depois a “História da Guerra do Peloponeso”. Nela, desenvolveu uma análise crítica que lhe valeu ser considerado como um dos maiores historiadores da antiguidade. Heródoto de Halicarnasso e Tucídides lançaram as bases metodológicas da História, iniciando o seu desenvolvimento como disciplina específica.


A História da pré-história

            Durante um longo tempo, as culturas antigas que não conheceram a escrita permaneceram inacessíveis aos historiadores. Supunha-se a existência dessas civilizações unicamente pelos vestígios encontrados de armas e utensílios. Entretanto, o progresso das pesquisas logrou estabelecer algumas conclusões sobre esse período, que ficou conhecido como a pré-história. Conforme o grau de aperfeiçoamento técnico dos restos de objetos encontrados, a pré-história foi dividida em quatro idades representativas dos estágios de desenvolvimento dessas civilizações.

            Os tempos mais remotos foram chamados de Idade da Pedra Lascada (ou Paleolítico), quando armas e utensílios eram feitos com lascas de pedras trabalhadas rusticamente. Na fase seguinte (Pedra Polida ou Neolítico), os objetos já são mais elaborados. O polimento da pedra indica um progresso técnico, correspondente a uma organização social mais complexa. Depois, o homem apropriou-se dos metais, aperfeiçoando a fundição do cobre e do estanho, cuja liga deu nome ao período (Idade de Bronze). O bronze foi, inclusive, usado como meio de troca (moeda). A última fase da pré-história foi denominada Idade do Ferro. Suas formas de organização social são complexas e nela surge a escrita. Com os primeiros documentos escritos saímos da pré-história. Naturalmente, essa sucessão de fases é mais exata para algumas regiões que para outras. E a cronologia varia muito. Os Egípcios inventaram a escrita antes mesmo de usar o bronze e vários povos tribais dos nossos dias não chegaram sequer a desenvolver uma cultura material do tipo neolítico. Não se trata, portanto, de fases necessárias, mas de etapas que ocorreram na maior parte do Velho Mundo.


A História dividida

            Para facilidade de estudo, a História foi classificada em períodos ou idades, obedecendo a uma seqüência cronológica. Segundo tal orientação, a História divide-se em Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. Dentro deste critério, adotado para a História Ocidental, cada uma das idades revela um sistema social padrão, sujeito a constantes transformações.

            Isso quer dizer que as divisões da História não são arbitrárias. Quer dizer, também, que as civilizações não desmoronam, nem se acabam repentinamente. Estão, isto sim, sempre se modificando. Cada fato histórico é conseqüência de fatos anteriores e será causa de novos fatos que virão a seguir. Embora a divisão da História nos mostre sistemas sociais diferentes, a História é toda ela um só conjunto de fatos inter-relacionados.


Das pirâmides à queda de Roma

            A Idade Antiga começa com a própria História. Nela incluem-se os povos de origens mais remotas, como os sumérios, egeus, egípcios, assírios, caldeus e persas. Entretanto, seu apogeu é a Antiguidade Clássica, que abrange as fases hegemônicas da Grécia e de Roma.

            Iniciando-se cerca de 3.500 a.C., a Antiguidade chegou ao seu fastígio na Atenas do século V a.C.. Nele viveram Péricles, Sócrates e Platão. No século seguinte Alexandre Magno e Aristóteles. Com a decadência grega, a supremacia se deslocou para Roma, onde atingiu seu esplendor no século anterior a Cristo, época de César e Augusto.

            Na era cristã, Roma sofreu um lento ocaso, com a degeneração de seus costumes e instituições, enquanto se fortaleciam as novas doutrinas espirituais. Convencionou-se marcar a passagem para a Idade Média no ano de 476, em que o Império Romano do Ocidente se desmembrou com a invasão de bárbaros, de origem germânica.


O tempo dos cavaleiros

            Nossa visão de Idade Média é toda ela povoada de castelos e de cavaleiros andantes. É a época dos barões, dos senhores feudais, das Cruzadas. Essa organização feudal se estruturou ao fim das investidas dos bárbaros, após a unificação e cristianização da Europa, realizada por Carlos Magno (coroado em 800). Cristalizou-se, a partir de então, um grande fervor religioso, cuja expressão máxima está consubstanciada na filosofia de Santo Agostinho e de Santo Tomás de Aquino.

            A grande fase das cavalarias ocorre por ocasião das Cruzadas, que tinham como meta libertar Jerusalém da dominação turca, sem ignorar objetivos comerciais. Mas a estrutura econômica medieval baseava-se principalmente na agricultura e nas relações entre os servos e senhores feudais. O aparecimento e a intensificação do comércio urbano levaram ao enfraquecimento da organização agrária e à decadência do feudo. Duas datas são apontadas como críticas: 1453, quando os turcos tomam Constantinopla (com a conseqüente migração dos sábios bizantinos para a Europa), e 1492, com a descoberta da América.


Depois, os Reis poderosos

            De modo geral, quando pensamos em uma corte luxuosa, de onde um rei dirige despoticamente seu país, estamos pensando na História Moderna. Ela se caracteriza pela centralização do Estado nas mãos de soberanos poderosos, ficando a maioria das nações sob o regime da monarquia absoluta. Iniciado com o Renascimento e as Grandes Navegações (que seriam marcos de transição), o absolutismo teve seu apogeu na Inglaterra com Henrique VIII e Elisabeth I, e na França dos luíses.

            Mas o evoluir do conhecimento humano e o enriquecimento da burguesia começaram a minar o absolutismo. Consolidam-se os anseios democráticos, com a divisa de que todos os homens são iguais, e eclode a Revolução Francesa (1789), que derruba do trono Luís XVI. Assim termina praticamente o absolutismo, e com ele a Idade Moderna, iniciando-se a Idade Contemporânea.


A História vai à lua

            Embora tenha apenas duzentos anos a História Contemporânea está repleta de fatos importantíssimos. No século XIX houve Napoleão, e depois dele o surto de nacionalismo que inspirou a independência de quase todos os países da América Latina e Europa.

            No século XX ocorreram duas guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945) e o aparecimento do mundo socialista. Além disso, um sopro de liberdade percorreu os países africanos e outras regiões que eram colônias do Ocidente.

            Durante todo o período desenvolveu-se a Revolução Industrial, que a partir da Inglaterra se espalhou pelo mundo, atingindo hoje os países menos desenvolvidos.

            Em nossos dias, a exploração das possibilidades da energia atômica, o advento dos foguetes espaciais e mudanças sociais profundas com o avanço dos computadores e da internet são alguns dos fatos marcantes que vivemos. E o desenvolvimento tecnológico tem provocado ora euforia, ora sérias apreensões.


O Ofício de Historiador

            Atualmente, a tarefa do historiador é submeter os fatos Históricos a uma análise, a mais ampla e objetiva possível. Seu trabalho desenvolve-se a partir da escolha e pesquisa dos materiais necessários ao estudo do assunto.

            A natureza desse material é a mais diversa. As fontes escritas são documentos políticos, diários, anais, inscrições fúnebres, obras literárias, etc. Como exemplo teríamos os “Comentários” de Julio César sobre a guerra da Gália, as crônicas do florentino Dino Compagni na Idade Média, ou ainda os hieróglifos egípcios deixados na pedra de Roseta e decifrados por Champollion.

            As fontes não escritas compõem-se dos remanescentes materiais das culturas, como as pinturas do homem das cavernas, ruínas de cidades e templos, objetos de uso doméstico, jóias, moedas, armas, cidades e templos, objetos de uso domésticos, jóias, moedas, armas, e o que mais tenha desafiado a ação do tempo.

            A variedade enorme desses documentos faz com que o historiador sozinho nem sempre possa interpretá-los. Para uma visão correta, existem outras ciências auxiliares, às quais deve recorrer a História.

            Se o historiador precisa decifrar uma inscrição incisa em uma pedra, tumba ou edifício publico, apela para a Epigrafia. Se seus escritos estiverem em papiros ou tabuinhas de cera e cerâmica, ele se volta para a Papirologia ou a Paleografia.

            Para os documentos oficiais que foram conservados, existe a Diplomática. Brasões de família antigas, moedas e medalhas, selos e sinetes, são objeto, respectivamente, do estudo da Heráldica, da Numismática e da Esfragística.

            A descoberta e análise de todas essas fontes deve-se a uma ciência mais geral, a Arqueologia, cujo trabalho valioso trouxe à tona culturas e civilizações que permaneciam desconhecidas.

            Após haver coletado os subsídios de que necessita, o historiador inicia a segunda parte de seu trabalho, quando submete suas fontes a uma análise crítica e começa a formar um quadro de interpretação dos dados a seu dispor.

            Até esse momento, o historiador procurou ser o mais objetivo possível. Mas agora não poderá mais manter tal isenção de ânimo. Por mais que o historiador procure visualizar a História com os olhos puros do cientista, sua análise final resultará filtrada por sua própria realidade. Sendo impossível alcançar a total objetividade, ele interpreta os fatos históricos sob essa consciência, imprimindo à História uma nova orientação, que extrai do passado as lições para o futuro.



           

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