quinta-feira, 28 de junho de 2018

OS QUAKERS


         Quaker é o nome dado a vários grupos religiosos, com origem comum num movimento protestante britânico do século XVII. A denominação Quaker é chamada de quakerismo, Sociedade Religiosa dos Amigos, ou simplesmente Sociedade dos Amigos ou Amigos. Eles são conhecidos pela defesa do pacifismo e da simplicidade, rejeitando qualquer organização clerical, para viver no recolhimento, na pureza moral e na prática ativa do pacifismo, da solidariedade e da filantropia. Estima-se que haja 360 mil quakers no mundo, sendo o Quênia na África o local que possui a maior comunidade Quaker.



HISTÓRIA
         Criado em 1652, pelo inglês George Fox, o Movimento Quaker pretendeu ser a restauração da fé cristã original, após séculos de apostasia, eles se chamam de “Santos”, “Filhos da Luz” e “Amigos da Verdade”, de onde surge, no século XVIII, o nome “Sociedade dos Amigos”. Esta sociedade reagiu contra o que considerava abusos da Igreja Anglicana, colocando-se como “sob a inspiração direta do Espírito Santo. Os membros desta sociedade, ridicularizados no século XVII com o nome de quakers (em inglês: “tremedores”), que a maioria adota nos dias atuais.
         Perseguidos na Inglaterra por Carlos II, os quakers emigraram em massa para os Estados Unidos, então uma colônia da coroa britânica, onde em 1681, criaram sob a égide de William Penn, a colônia da Pensilvânia. Em 1947, os comitês ingleses e americanos do Auxílio Quaker Internacional receberam o Prêmio Nobel da Paz. No Brasil a uma diminuta comunidade quaker que existe desde o império formada por grupos esporádicos de estrangeiros.




CRENÇAS

         Os quakers, apesar de rejeitarem um credo formal, creem em:
·        Sentir Deus – todo indivíduo é capaz de sentir Deus diretamente, sem intermédio algum. Todos têm uma luz interior: o Espírito Santo, que guia o indivíduo quando este se converte e aceita essa voz;
·        Bíblia – tradicionalmente os quakers aceitaram Cristo como a Palavra Divina e a Bíblia seria o testemunho dessa Palavra. Alguns quakers têm-na como única;


·        Testemunho de simplicidade – os quakers adotam modos de vidas simples: sem valorizar roupas caras, distinção de classe social, títulos honoríficos ou gastos desnecessários;
·        Igualdade – existe um forte senso de igualitarismo, evitando discriminação baseada em classe e influência social. As mulheres tiveram direitos iguais e participação dos cultos quakers desde o século XVIII.
·        Honestidade – recusam jurar, conduzir negócios obscuros, atividades antiéticas;
·        Ação Social – organizações como o Greenpeace e a Anistia Internacional foram fundadas pelos quakers e são influenciadas pela ideologia da Sociedade dos Amigos;
·        Pacifismo – os quakers se recusam a usar armas e violência, mesmo em defesa própria ou alheia.

CULTO
         Existem duas formas de culto nas Reuniões da Sociedade Religiosa dos Amigos:
1.   O Culto Programado, que se assemelha a qualquer outro culto protestante tradicional, conduzido por um ministro, com hinos, orações e leituras da Bíblia;


2.   A outra forma é o tradicional Culto Silencioso ou não-programada, em que os quakers se reúnem e esperam que alguém se sita guiado pelo Espírito Santo para exortar, ler a Bíblia, dar um testemunho, orar ou cantar. Às vezes um culto não-programado pode passar sem ter manifestação alguma, sendo uma hora de silêncio e meditação.


         Rejeitando qualquer forma exterior de religião, os quakers não praticam o batismo com águas nem a Ceia do Senhor, diferentemente da maioria das denominações cristãs. Creem que o indivíduo seja batizado com “fogo” (pelo Espírito Santo), falando na consciência e relembram a obra de Cristo dando graças em todas refeições.
        Os quakers ficaram famosos pela marca de alimentos que tem a estampa de um adepto da religião:


OS AMISH




         Amish é um grupo religioso cristão anabatista baseado nos Estados Unidos e Canadá. São conhecidos por seus costumes conservadores, como o uso restrito de equipamentos eletrônicos, inclusive telefones e automóveis.
         Os anabatista (que vem do grego re-batizadores) são cristão sectários, a chamada “ala radical” da Reforma Protestante. Os anabatistas formavam um único grupo ou igreja, pois, havia diversos grupos chamados genericamente de “anabatistas” com crenças e práticas diferentes e divergentes. Eles foram assim chamados porque os convertidos eram batizados apenas na idade adulta, por isso, eles re-batizavam todos os seus prosélitos que já tivessem sido batizados quando crianças, pois creem que o verdadeiro batismo só tem valor quando as pessoas se convertem conscientemente a Cristo. Desta forma os anabatistas desconsideravam tanto o batismo católico quanto o batismo dos protestantes luteranos, reformados e anglicanos.

ORIGEM

         Como parte dos Mennonitas os Amish são descendentes dos grupos suíços de anabatistas chamados de Reforma radical. Os anabatistas suíços ou “os irmãos suíços” tiveram suas origens com Felix Manz (cerca de 1498 -1527) e Conrad Grebel (cerca de 1498 – 1526). O nome Mennonita foi aplicado mais tarde e veio de Menno Simons (1496 – 1561). Simons era um padre católico holandês que se converteu ao Anabatismo em 1536. O movimento Amish começou em 1693 com Jacob Amman (cerca de 1656 – 1730), um líder mennonita morando na Alsácia que acreditava que os Mennonitas da Suiça e Alsácia estava se afastando dos ensinamentos de Simons.

         Os primeiros Amish começaram a migrar para os Estados Unidos no século XVIII, para evitar perseguições e o serviço militar obrigatório. Os primeiros imigrantes foram para o condado de Berks, Pensilvânia.


A SOCIEDADE AMISH


         Estimativas do início da década de 2000 apontavam a existência de 198 mil membros da comunidade Amish no mundo, sendo 47 mil apenas na Pensilvânia. Esses grupos são compostos por descendentes de algumas centenas de alemães e suíços que migraram para os Estados Unidos e Canadá.

         Os Amish preferem viver afastados do restante da sociedade. Eles não prestam serviços militares, não pagam a Segurança Social e não aceitam qualquer forma de assistência do governo. Muitos evitam até mesmo fazer seguro de vida.


         A maioria fala um dialeto alemão conhecido como “alemão da Pensilvânia”. Eles dividem-se em irmandades, que por sua vez divide em distritos e congregações. Cada distrito é independente e tem suas próprias regras de convivência.


         O filme “A Testemunha”, com o ator Harrison Ford, mostra o modo de vida dos Amish nos Estados Unidos. Homens usando ternos e chapéus pretos e mulheres com a cabeça coberta por um capuz branco e com um vestido preto. A comunidade Amish considerou muito liberal a imagem que se fez deles.

         Os Amish não gostam de ser fotografados. Interpretam que, de acordo com a Bíblia, um cristão não deve manter sua própria imagem gravada.

ESTILO DE VIDA
         Do ponto de vista médico, a sociedade Amish leva um estilo de vida exemplar e ideal, uma vez que praticam muita atividade física, não ingerem bebidas alcoólicas, não fumam, não têm relacionamento sexual fora do casamento, sensação de pertencimento a um grupo, consumo de alimentos saudáveis cultivados e criados por eles mesmos e sem presença de substâncias já conhecidas por causar câncer e outras doenças.

         Estudos realizados no estado estadunidense de Ohio, com os Amish, mostram que entre 1996 e 2003 houve 191 casos de câncer, o que é um número extremamente baixo ao equiparar proporcionalmente com a população não-Amish.


         A base da alimentação Amish é carne, tubérculos e massas sempre cultivados e criados por eles mesmos. Dentre as raras compras que fazem no mundo “exterior”, estão farinha, sal e açúcar.

CRENÇAS
         Os princípios enfatizados pelos Amish são:
·        A Bíblia, principalmente a ética do Novo Testamento, deve ser obedecida como a vontade de Deus, embora não sistematizando sua teologia, mas aplicando-as no dia-a-dia. A interpretação da Bíblia é realizada nos cultos e reuniões da igreja. Essa posição de evitar querelas tecnológicas evitou divisões de caráter doutrinário nas denominações anabatistas;


·        Credos e confissões são somente documentos para demonstrar aquilo em que se crê, mas requerem a adesão ou crença a eles. Aceitam, portanto, em essência os credos históricos do Cristianismo, mas não o professam;
·        A igreja é uma comunidade voluntária formada de pessoas renascidas. A igreja não é subordinada a nenhuma autoridade humana, seja ela o Estado, ou hierarquia religiosa. Assim evitam participar das atividades governamentais, jurar lealdade a nação, participar de guerras;


·        A igreja não é uma instituição espiritual e invisível, mas uma coletividade humana e real, marcada pela separação do mundo e do pecado e uma posição afirmativa em seguir os mandamentos de Cristo;
·        A igreja celebra o batismo adulto por aspersão como símbolo de reconhecimento e obediência a Cristo, e a Santa Ceia em memória da missão de Jesus Cristo;


·        A igreja tem autoridade de disciplinar seus membros e até mesmo sua expulsão, a fim de manter a pureza do indivíduo e da igreja;
·        A teologia anabatista é massivamente eclesiológica, baseada na vida comunitária e na igreja;
·        Quanto a salvação, os Amish creem no livre-arbítrio, o ser humano tem a capacidade de se arrepender de seus pecados e Deus regenera e ajuda-o andar em uma vida de regeneração.
·        Os Amish não creem que a conversão para Cristo seja uma experiência emocional de um momento, mas um processo que leva a vida inteira;
·        Visão sobre a natureza de Cristo única, pois é a visão da doutrina semi-nestoriana, crendo que Jesus Cristo foi concebido miraculosamente pelo Espírito Santo no ventre de Maria, mas não herdou nenhuma parte física dela Maria, seria portanto um instrumento usado por Deus para cumprir o seu plano;
·        A essência do cristianismo consiste em uma adesão prática aos ensinamentos de Cristo;
·        A ética do amor rege todas as relações humanas;
·        Pacifismo: Cristianismo e violência são incompatíveis.


CULTO


         O culto Amish é praticado da mesma maneira desde a concepção do anabatismo na época da Reforma Protestante. O culto é voltado a Deus e não tem o caráter evangelizador, portanto práticas como “chamada ao altar” ou “aceitar Jesus” não existem. Não constroem a igreja, assim reúnem-se em casas privadas ou em salas de escolas. As mulheres sentam-se separadas dos homens e cobrem a cabeça com um véu. O culto inicia com uma invocação de algum dos anciãos, seguem-se hinos, cantando do hinário Ausbund, que é o mesmo texto desde o século XVI e não contém notação musical. Então há uma oração, onde todos se ajoelham silenciosamente até que algum membro masculino ore pela igreja. A leitura e pregação da Bíblia é feita extemporaneamente, sem sermões preparados, e muitos elterns (anciãos) abrem as Escrituras aleatoriamente. Seguem uma oração do ministro e uma benção final. A congregação de despede com um ósculo.



CONTROVÉRSIAS
         Os Amish são muitas vezes confundidos com comunidades igualmente reservadas, mas de tradições e raízes completamente distintas. Algumas vezes até com os Fundamentalistas, com os quais mantêm poucas semelhanças.

         Uma das maiores comunidades Amish no mundo fica na Pensilvânia, Estados Unidos. Em outubro de 2006, uma chacina dentro de uma escola Amish resultou na morte de cinco crianças entre 6 e 13 anos, além do atirador de 32 anos, que se suicidou. O atirador era um motorista de caminhão de leite que atendia a comunidade. Fez reféns 10 meninas. No mesmo dia, membros da comunidade visitaram a família do motorista e assassin0, que se chamava Roberts, para dizer que o perdoavam. No enterro das meninas, o avô de uma das vítimas disse às outras crianças: “não devemos odiar aquele homem”. O fato inspirou o filme Amish “Grace”, no Brasil “Graça e Perdão”.



quarta-feira, 27 de junho de 2018

OS MÓRMONS - IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS (4)


DOCUMENTOS QUE BASEIAM A FÉ MÓRMON

ESCRITURAS
         Joseph Smith Jr. Foi o restaurador da igreja, ensinou que Deus estava revelando coisas divinas aos homens. A igreja aceita livros sagrados e revelações que complementam e esclarecem a Bíblia. Além disso, Deus pode dar a revelação para aqueles que presidem esta igreja, e revelações pessoais a qualquer homem ou mulher em qualquer lugar e situação, revelações estas ligadas à sua vida pessoal e familiar. Eles são mantidos na Primeira Presidência e os Doze Apóstolos da igreja como profetas, videntes e reveladores.



A BÍBLIA

         Todos os Santos dos Últimos Dias aceitam a Bíblia como escritura sagrada, desde que esteja traduzida corretamente. Acreditam que suas profecias são verdadeiras. Os Santos dos Últimos Dias estudam o Velho Testamento e o Novo Testamento em classes de escola dominical, em suas reuniões aos domingos. Entende-se que as escrituras são compilações de livros que mostram a vontade de Deus através de seus respectivos profetas, e nota-se que há outros livros que são mencionados na Bíblia que foram perdidos. Desde 2015, membros da igreja no Brasil utilizam a Bíblia versão SUD que é uma revisão da Bíblia do Padre João Ferreira de Almeida, Edição revista e corrigida de 1914. Antes de 2015, a Bíblia preferida da igreja já era a tradução de João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, edição corrigida e revisada, fiel ao texto original. Esta Bíblia é usada quando autoridades da igreja fazem citações.

O LIVRO DE MÓRMON

         O Livro de Mórmon é, segundo acredita-se, um outro testamento de Jesus Cristo, segundo a igreja, e é um volume de escrituras sagradas, com um propósito semelhante a Bíblia e da teologia, e é considerado por seus membros como a pedra fundamental de sua religião. É uma história de comunicação de Deus com os antigos habitantes das Américas. A história começa 600 a.C., quando Deus enviou um profeta chamado Leí deixar Jerusalém com sua família, e irem todos para uma terra da promessa: As Américas. Depois de Leí, o senhor chamou outros profetas, como Néfi (filho de Leí), Mosias, Helamã, entre outros. Mórmon foi um desses profetas. Também um dos acontecimentos mais importantes relatados no Livro de Mórmon, é a visitação do Salvador Jesus Cristo às Américas, após sua ressurreição. Também o livro tem uma promessa, que se encontra no livro de Moroni, capítulo 10, versículo 3-5, “perguntar a Deus com real intenção, a fim de saber se o livro é verdadeiro.”

DOUTRINA E CONVÊNIOS


         De acordo com a Igreja Mórmon, Doutrina e Convênios é uma coletânea de revelações divinas e modernas dadas por Deus a Joseph Smith Jr. E alguns de seus sucessores. Contém instruções sobre o Sacerdócio, o trabalho missionário, o trabalho dos templos, as glórias da eternidade, e trabalho para os mortos, entre outros.
         Doutrina e Convênios contém 138 seções, ou capítulos, e duas demonstrações oficiais escritas por Joseph Smith Jr., mas também contém o que é chamado pela igreja como “a palavra literal de Deus”. Entre os escritos, está a Primeira Visão (seções 76, 110, 137 e 138), ordenações (seção 102), sentenças (artigo 109 e 121), letras (artigo 127 e 128) instruções personalizadas (artigo 129 e 131) e declarações (artigo 134).
         A maioria das seções foram escritas e desenvolvidas por Joseph Smith Jr. a partir de 1829 até sua morte, em 1844. A última seção relata uma visão dada a Joseph F. Smith em 1918 sobre o mundo dos espíritos e da administração da obra missionária entre os mortos.

Joseph Smith Jr.

PÉROLA DE GRANDE VALOR

         Todos os Santos dos Últimos Dias aceitam uma coleção de escritos sagrados, chamados de Pérola de Grande Valor. É uma seleção de materiais ou itens de grande valor que estão relacionados a vários aspectos importantes da fé e teologia da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. É composto de “O Livro de Moisés”, “O Livro de Abraão, “Joseph Smith – Mateus”, “Joseph Smith – História” e as “Treze Regras de Fé”. O profeta Joseph Smith preparou esse material separadamente e esses foram publicado durante os anos nos jornais da igreja. Mais tarde, o élder Franklin D. Richards do Quórum dos Doze sentiu que os membros da igreja precisam de melhor acesso a esses artigos, preparando assim a “Pérola de Grande Valor” para esse fim. Foi publicada pela primeira vez no ano de 1851 na Inglaterra em inglês. O livro foi usado muito pelos membros da igreja, e mais tarde, em 1880, foi aceito como uma obra padrão da Igreja Mórmon.


O LIVRO DE MOISÉS
       

  Um pequeno livro, composto por oito capítulos, que Joseph Smith Jr. Começou em junho de 1830, o qual, segundo Smith, foi traduzido com o poder de Deus, os escritos de Moisés, na Bíblia, acrescentando as peças originais que foram perdidas ao longo do tempo. Equivalentes no início do Gênesis, contendo um relato da criação do mundo, a história de Adão e Eva, a vida de Enoque (descendente direto de Adão) e as condições que preparam o mundo para o Dilúvio. Ele diz a tentativa de Satanás para destruir o plano de salvação, e como Jesus Cristo aceitou o plano pré-morta.

O LIVRO DE ABRAÃO
         No início do século XIX, um arqueólogo italiano, Antônio Lebolo, encontrou alguns papiros nos túmulos egípcios. Quando ele morreu, eles foram deixados para Michael Chandler. Joseph Smith Jr. os comprou, com a ajuda de Oliver Cowdery e W.W. Phelps. A tradução foi feita supostamente em 1835, pelo próprio Joseph Smith Jr. De acordo com ele, o livro era uma tradução de alguns registros antigos escritos por Abraão, enquanto estava no Egito. O livro, de acordo com os Santos dos Últimos Dias, descreve a história de Abraão e seus primeiros anos de vida, incluindo a visão do cosmos.


JOSEPH SMITH – MATEUS
         Livro de um único capítulo, faz parte da correção de Joseph Smith Jr. fez da Bíblia para torna-la mais correta, com a ajuda de Deus. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias continua a usar a Bíblia cristã (sem os livros deuterocanônicos aceitos pela Igreja Católica, alguns chamam de “apócrifos” para significar que a discussão destes textos é aberta) mas considera a correção de Joseph Smith Jr. importante.

JOSEPH SMITH – HISTÓRIA
         As seções deste livro contam a história oficial de Joseph Smith Jr., escrita por ele próprio em 1838. Foi publicada em série no Times and Seasons, em Nauvoo, Illinois, em 15 de março de 1842.


CULTURA E SOCIEDADE

         Devido às diferenças no estilo de vida promovida pela doutrina da Igreja Mórmon e da história, uma cultura distinta tem crescido em torno dos membros da igreja. É sobretudo concentrado no Ocidente, mas como os membros da igreja se concentram em todo o mundo, muitas das suas práticas distintivas, como seguir a Palavra de Sabedoria, revelou lei ou código, semelhante ao capítulo 11 de Levítico, na Bíblia, que proíbe o consumo de tabaco, álcool, café e chá, e outras substâncias que causam dependência. Como resultado da Palavra de Sabedoria, a cultura em algumas áreas do mundo, com uma alta concentração de membros da igreja, tende a ser refletida.
         Reuniões e programas extensivos são realizados regularmente e se tornaram parte da cultura dos Santos dos Últimos Dias.


MÚSICA


         O Coro do Tabernáculo Mórmon, fundado em 1847, é um dos maiores e mais antigos e renomados coros em todo mundo. É composto por 360 vozes e é geralmente acompanhado por um órgão de 623 tubos. A Orquestra da Praça do Templo é constituída por 110 músicos. Todos os membros do Coro do Tabernáculo Mórmon são voluntários da Igreja de Jesus Cristo dos Santos do Últimos Dias. Durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2002, realizado em Salt Like City, o Coro do Tabernáculo Mórmon realizou a cerimônia de encerramento oficial.
         Todas as reuniões da igreja aos domingos começam com uma canção selecionada a partir da coleção de canções, chamada de hinário. Muitas canções e hinos são específicos para a igreja. O hinário moderno foi publicado em 1985 e possui 341 hinos. O primeiro hinário, compilado por Emma Smith em 1836, possuía apenas 26 hinos, todos eles presentes no hinário moderno. Entre os mais conhecidos estão: Que Manhã Maravilhosa!, Sou um Filho de Deus, Ó meu Pai, Hoje ao Profeta Rendamos Louvores, Um Pobre Aflito Viajou, Ó Élderes de Israel, entre outros.



EVENTOS E ENCONTROS SOCIAIS
         Quatro vezes por ano, as mulheres adultas (membros da Sociedade de Socorro) frequentam a casa de uma família em busca de enriquecimento espiritual. A reunião pode ser constituída por um projeto de serviço (quando as mulheres se organizam e ajudam a família na organização do lar) ou assistir a um evento social. A Sociedade de Socorro também oferece atividade complementares para as mulheres com as mesmas necessidades e interesses.

         A igreja emitiu em 1995, a edição A Família: Proclamação ao Mundo, que revela a postura oficial da igreja em relação à família.


         Além destas reuniões regulares, reuniões adicionais são frequentemente realizadas na igreja. Auxiliares oficiais da liderança podem realizar reuniões ou treinamentos para membros da igreja dependendo de cada situação. A Organização dos Rapazes e Moças, uma das organizações estruturais da igreja, realiza uma vez por ano uma atividade onde os jovens aprendem técnicas de escotismo e progresso pessoal, além de muitas atividade saudáveis e divertidas. Outras atividades populares são o aprendizado de técnicas de basquete, destinada a jovens em geral, estes por sua vez, são convidados por jovens mórmons, de história familiar, conferências, devocionais (para jovens e membros solteiros). Membros da igreja também podem utilizar o edifício da igreja para casamentos, recepções e funerais.



MEIOS DE COMUNICAÇÃO E ARTES
         A cultura criou importantes oportunidades de negócio para os Santos dos Últimos Dias. A maior parte dessas comunidades são na área de cinema, websites, arte gráfica, fotografia e pinturas. A igreja possui uma editora chamada Deseret Book, situada em Salt Lake City, responsável por grande parte das edições notáveis e outras publicações da igreja que são vendidas. Alguns dos títulos se tornaram populares fora da comunidade mórmon são a trilogia Tempo de Glória e o filme The Other Side of Heaven (O Outro Lado do Céu). Uma série de obras foram bem sucedidas apenas no seio da comunidade mórmon. A BYU Television, um canal de televisão por satélite operado pela University Brigham Young, é de propriedade da Igreja Mórmon. Publicam também mensalmente em várias línguas a revista A Liahona.



GENEALOGIA

         A igreja mantém registros cuidadosos de seus membros, e facilita-lhes a compilação e armazenagem de informações sobre a sua ascendência. Essas informações são importantes devido à crença na possibilidade de salvação dos antepassados, mediante o batismo vicário feito pelos seus descendentes. Os membros da igreja acreditam que a salvação só poderá ser alcançada se os antepassados aceitarem o Evangelho no “mundo espiritual”, lugar onde o espírito dos mortos aguarda a ressurreição.


         Os Santos dos Últimos Dias acreditam que possuem uma grande obrigação para com os mortos. O conhecimento da origem da família, sua ligação, a tradição, a cultura e a religião, são tidas como um princípio para os adeptos do mormonismo. Realizam, por procuração, portarias em templos da igreja para familiares falecidos dos seus membros, com o propósito de lhes permitir receber as bênçãos divinas provenientes aos que cumprem a doutrina mórmon. Os Santos dos Últimos Dias acreditam que assim, as família poderão ser eternas. Isto foi que motivou a igreja criar em manter o Centro de História da Família, que se localiza em Utah.


         Os arquivos de genealogia da igreja são riquíssimos em conteúdo, sendo referência mundial. No Brasil, o principal Centro de História da Família situa-se em São Paulo, no bairro do Caxingui, distrito do Morumbi, fundado em 1984.


EDUCAÇÃO
         A igreja possui um programa educacional chamado “Seminário”, voltado a adolescentes dos catorze aos dezessete anos membros da igreja. Jovens mórmons são instruídos na doutrina, escrituras e história mórmon todos os dias. Pessoas de dezoito aos trinta anos faze parte do “Instituto de Religião”. Programa similar também mantido pela igreja que realiza semanalmente ou bissemanalmente. Quase 750.000 estudantes mórmons participam nestes dois programas e são ensinados por mais de 35.000 professores.
         Possui ainda um programa extensivo de educação secular, com universidades nos Estados Unidos e Israel e escolas secundárias. É de propriedade da igreja a Universidade Brigham Young, uma universidade privada sediada na cidade de Provo, sendo a mais antiga instituição educacional existente no oeste dos Estados Unidos, fundada em 16 de outubro de 1875 e a maior universidade religiosa da América. Cerca de 98% dos 34.067 alunos da universidade são mórmons.


         Em 2001, a igreja estabeleceu o Fundo Perpétuo de Educação. Empréstimos sem juros são feitos a estudantes pobres mórmons para que estes financiem seus estudos. Estudantes residentes em países em desenvolvimento são tidos como prioritários. Mais de 10.000 empréstimos já foram feitos pela igreja.

         A igreja mantém um programa de educação chamado Pathway, que é um programa que visa ajudar tanto estadunidenses como estrangeiros de qualquer país a estudar na Universidade Brigham Young tanto à distância como no próprio campus a preços bem abaixo da média nos Estados Unidos.

POSTURA DOS MÓRMONS EM RELAÇÃO AO ABORTO


         A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias diz-se contrária à prática do aborto. No entanto, aceita o aborto em casos limitados, por exemplo, se a concepção foi causada por estupro ou incesto, quando a mãe está com a vida em perigo e quando for demonstrado que o feto padece de graves defeitos que não lhe permitiria viver após o nascimento. Ainda assim, nestes casos, recomenda-se que a mãe deve pensar e explorar, juntamente com a família e líderes da igreja, a orientação de Deus antes de tomar uma decisão. A igreja oferece adoção, especialmente para casais que têm dificuldade de ter filhos.

POSTURA DOS MÓRMONS EM RELAÇÃO AO À HOMOSSEXUALIDADE


         A homossexualidade é vista pela igreja como um conjunto de “pensamentos, sentimentos e comportamentos”, e não como uma condição inalterável. A Igreja Mórmon afirma acolher os seus membros assumidamente gays ou lésbicas sob certas condições. Ela ensina que os desejos e sentimentos homossexuais, embora por vezes involuntários, podem e devem ser verificados e controlados. A Lei da Castidade, seguida pela igreja, e que orienta os membros a não praticarem o sexo antes do casamento, é aplicada aos membros homossexuais da mesma forma. A prática da homossexualidade sem arrependimento está sujeita à excomunhão, assim como o adultério ou quebra da Lei da Castidade. No entanto, os membros da igreja que possuem tendências homossexuais permanecem dentro da igreja, desde que se abstenham da prática homossexual. Esses membros são constantemente acompanhados espiritualmente por seus líderes.

         Em 1997, Gordon B. Hinckley, presidente da igreja na época, oficialmente saudou os gays membros da igreja e afirmou-os como pessoas de bem em uma entrevista: “Agora temos gays na igreja. Boas pessoas. Nós não tomamos nenhuma medida contra essas pessoas, desde que não se envolvam em transgressão, a transgressão sexual. Se o fizerem, nós fazemos com eles exatamente o que faríamos com os heterossexuais que transgridam.”
         Em 2009, a igreja anunciou, pela primeira vez, seu apoio as leis que garantem direitos a homossexuais, ao formalizar seu apoio ao projeto de lei que proibia a discriminação de gays e lésbicas no trabalho e na habitação, em Salt Lake City. A lei foi aprovada. Em Utah, onde mais de 70% da população é mórmon, políticos mórmons são maioria na Câmara, no Senado e nos conselhos municipais.
         Em 3 de novembro de 2015, a igreja alterou o Manual de Instrução volume 1, item 16.13, sobre crianças morando com pais em relação homoafetiva, sendo ela adotada ou não. Elas só devem ser batizadas após atingir a maioridade legal e, somente se, não morar mais com os pais que estão em um relacionamento e/ou casamento homossexual. Além disso, a criança deve rejeitar a prática de casamento ou coabitação homossexual. Quando o fato se tornou público, milhares de pessoas pediram excomunhão nos EUA. A igreja afirma que essa política de batismo visa proteger a criança.

POSTURA DOS MÓRMONS EM RELAÇÃO À NEUTRALIDADE POLÍTICA


         A igreja afirma ser neutra em matéria de política partidária. Isso se aplica em todas as nações em que está estabelecida. Os Santos dos Últimos Dias afirmam serem submissos ao regime político de seu país. Entre os princípios da Igreja Mórmon, está o incentivo a seus membros em desempenhar seu papel como cidadãos responsáveis em suas comunidades, inclusive usando seu direito ao voto nas eleições. Nos Estados Unidos onde o voto é obrigatório, a igreja recomenda que seus adeptos façam o uso do voto, mas afirma que não indica qualquer candidato a seus membros ou faz apologia a partidos políticos, assim como não permite que suas propriedades sejam usadas para fins políticos partidários. Declara-se apartidária.

CRÍTICAS

         A igreja tem sido alvo de críticas por sua postura, muitas vezes controversa, desde seus primeiros anos em Nova York e Pensilvânia. Na década de 1820, as críticas davam-se em torno da afirmação de Joseph Smith Jr. Em ter descoberto um conjunto de placas de ouro, e a partir do qual o Livro de Mórmon foi traduzido. Na década de 1830, a maior crítica deu-se ao suposto envolvimento de Joseph Smith Jr. em um fraudulento golpe bancário, inclusive com a impressão ilegal de dinheiro – o AntiKirtland Safety Society Bank, no estado de Ohio. Houve também a publicação do Livro de Mandamentos, onde aparecia a suposta revelação de Deus para que todos os bens dos gentios fossem “consagrados” aos Santos dos Últimos Dias no Missouri, culminando assim na Guerra Mórmon em 1838. Na década de 1840, a crítica maior era centrada nas aspirações teocráticas da igreja em Nauvoo, no estado de Illinois, onde Joseph Smith Jr. foi proclamado prefeito da cidade. A publicação desta crítica pelo jornal Nauvoo Expositor desencadeou a fúria do prefeito, que mandou seu exército, também ilegal, destruir a imprensa deste jornal. Uma série de eventos foram desencadeados e culminou no seu assassinato em 1844.


         Após a igreja aceitar abertamente a prática do casamento plural durante a segunda metade do século XIX, inúmeras críticas em nível nacional sobrevieram em tornaram-se bastante comuns, principalmente pelo fato dos Estados Unidos não permitirem a prática da poligamia no país. Críticas também surgiram em torno das aspirações teocráticas da igreja no território de Utah. Em 1857, a igreja também recebeu críticas da imprensa após o Massacre de Mountain Meadows no sul de Utah, no qual colonos mórmons uniram-se a índios nativos da região com o objetivo de criar o estado de Deseret.
         Críticos acadêmicos têm questionado a legitimidade de Joseph Smith Jr. como um profeta, especialmente a autenticidade histórica do Livro de Mórmon, pela absoluta falta de provas a seu favor e pelas inúmeras provas contra, e do Livro de Abraão, pois hoje todos os fac-símiles e o texto dos papiros “traduzidos” não passam do Livro dos Mortos do Egípcios.
         A crítica contra a igreja também se dá sobre o revisionismo histórico, a oposição da igreja à homossexualidade e as políticas racistas e sexistas. Entre notáveis críticos da Igreja Mórmon do século XX estão Jerald Tanner e Sandra Tanner além de Fawn Brodie.
         Parte dos membros da igreja fizeram intensa campanha em 2008 a favor da lei que permitia o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a campanha chegou a arrecadar mais de 20 milhões de dólares, investidos em campanhas publicitárias na Califórnia, o que gerou debates contrários à denominação e protestos de organizações dos direitos dos homossexuais entre outros. Embora a igreja ainda afirme ser contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, apoiou leis que garantiam direitos a comunidade LGBT em Salt Lake City.

         Devido às grandes diferenças em sua doutrina, a igreja é geralmente distinta da tradição histórica do Cristianismo, muitas vezes chamada de não Cristão, por católicos, ortodoxos, protestantes e outras denominações religiosas.

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