As favelas proliferaram, hoje com o infortúnio das
drogas, facções criminosas e milícias. Também vemos moradores se organizando e
combatendo o sistema como podem, seja com enfrentamentos, atos culturais como o
Hip Hop e outras formas de luta.
(Cláudio Maffei)
Cosinhei as batatas, eles comeram. Tem
uns metais
e um pouco de ferro que eu vou vender no Seu Manuel. Quando o João
chegou da escola eu
mandei ele vender os ferros. Recebeu 13 cruzeiros. Comprou um copo de agua
mineral, 2 cruzeiros. Zanguei com ele. Onde já se viu favelado com estas
finezas? (...)
Os meninos come muito pão. Eles gostam de pão mole. Mas quando não tem eles comem pão
duro.
Duro é o pão que nós comemos. Dura é a cama
que dormimos. Dura é a vida do favelado.
Oh! São Paulo rainha que ostenta
vaidosa a tua coroa de ouro que são os arranha-céus. Que veste viludo e seda e
calça meias de algodão que é a favela.
(...) O dinheiro não deu para comprar
carne, eu fiz macarrão com cenoura. Não tinha gordura, ficou
horrivel. A Vera é a única que reclama e pede mais. E pede:
— Mamãe, vende eu para a Dona Julita,
porque lá tem comida gostosa.
Fui no Palacio, o Palacio mandou-me
para a sede na Av. Brigadeiro Luís Antonio. Avenida
Brigadeiro me enviou para o Serviço Social da Santa Casa.
Falei com a Dona Maria Aparecida que
ouviu-me e respondeu-me tantas coisas e não disse nada. Resolvi
ir no Palacio e entrei na fila. Falei com o senhor Alcides. Um homem que não é
niponico, mas é amarelo como manteiga deteriorada. Falei com o senhor Alcides:
—Eu vim aqui pedir um auxilio porque
estou doente. O senhor mandou-me ir na Avenida Brigadeiro Luis Antonio, eu fui.
Avenida Brigadeiro mandou-me ir na Santa Casa. E eu gastei o único dinheiro que
eu tinha com as conduções.
—Prende ela!
—Eu sou pobre, porisso é que vim aqui.
Surgiu o Dr. Osvaldo de Barros, o falso
filantrópico de São Paulo que está fantasiado de São Vicente de Paula. E disse:
—Chama
um carro de preso!”
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