As comemorações do dia 1.º de Maio como
dia dos Trabalhadores surgiram a partir de lutas concretas da classe operária
contra a insidiosa mais-valia que a classe dos capitalistas impõe sobre o proletariado.
O getulismo transformou em uma data de festa, exatamente para amenizar o
caráter classista da mesma. Porém nós trabalhadores não podemos deixar de
enxergar as lutas por detrás desta importante data e que custou o sangue de
muitos dos nossos irmãos da classe operária, aquela que tudo constrói!
UM PROJETO PARA O DIA DO TRABALHADOR
Já há um bom tempo (talvez uns dois
anos) venho prorrogando um projeto, que só teria razão se fosse lançado no dia
1.º de Maio, Dia dos Trabalhadores. Projeto este que consiste em escanear em
PDF o livro “1.º de Maio – Cem Anos de Luta (1886 – 1986)” de José Luiz DelRoio, uma pareceria da Editora Global e a Secretaria de Estado de Relações do
Trabalho que tinha a sua frente Alda Marco Antônio no governo de Franco Montoro
(15/03/1983 a 15/03/1987).
O primeiro contato que tive com esse
deslumbrante livrinho foi no próprio ano da sua edição, no Primeiro de Maio de
1986, centenário da eloquente data. Provavelmente o mesmo foi distribuído pelas
bibliotecas públicas do estado de São Paulo, porque foi na Biblioteca Municipal
Cesário Mota de Porto Feliz (sediada, então, no prédio da Cadeia Velha) que eu
o li e emprestei pela primeira vez.
Neste ano de 1986 tinha eu começado o
curso de história na então Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Sorocaba
(hoje UNISO), e o livro serviu-me de introdução e para minha entrada no estudo
do mundo do trabalho. Juntamente com as primeiras leituras da coleção Primeiros
Passos da Brasiliense, de forma ainda um pouco enviesada comecei a, pela
primeira vez, ter contato com os ideais anarquistas, socialistas, comunistas e
liberais. Foi nele que li pela primeira vez, aos 20 anos de idade, assuntos
sobre a
Internacional, a
Comuna de Paris e, principalmente, sobre a origem do
Dia Internacional dos Trabalhadores.
Passado o tempo, indo beber água fresca
nos mananciais teóricos da Ciência Política, da Filosofia, da Economia, em
2013, ao fazer uma rápida visita ao Sebo do Messias, atrás da Catedral da Sé,
mais exatamente na Praça João Mendes, eu voltei a encontrar com a obra de José
Luiz Del Aroio. Quis o destino que eu a adquirisse e a relesse 27 depois. A
sensação e o vigor do livrinho me impressionaram como da primeira vez.
Um tempo depois, ao estar reorganizando
minha humilde biblioteca (que dediquei ao escritor português José Saramago) fui
fichar o livro em meu computador no programa Biblioteca Fácil, e ao manuseá-lo,
sua cola goma laca seca e a falta de amarração fez com que o livro desmontasse
suas folhas em minhas mãos. Depois de receber o número de 1.146, deixei-o de
lado e coloquei na cabeça que devido à sua importância da sua simples
complexidade, do seu vigor militante, o mesmo merecia ser devidamente
transformado em pdf e ser colocado à disposição, daqueles que querem, precisam
e desejam mudar o mundo.
Essa obra nascida no início da
República Nova (1985/86), momento tão carregado ainda dos temores da cruel
ditadura militar que assolava o Brasil desde 1964, tal que os arquivos
estudados por José Luiz Del Roio juntamente com outro historiador Maurício
Martins de Melo estavam exilados, assim como muitos brasileiros, na Itália.
Estes dois historiadores dedicaram a salvar o que foi possível da literatura e
documentação do proletariado brasileiro, sendo que nos anos 1977 fundaram e
resgataram para o Archivio Storico Del Movimento Operario Brasiliano (ASMOB) em
Milão na Itália e em 14 de junho de 1980. Também fundaram o Centro de Memória
Sindical, uma entidade intersindical constituída por mais de 50 sindicatos e
federações de trabalhadores cujo objetivo era recuperar a história das lutas
operárias.
Falando da obra, o livro é amplamente
adornado com fac-símiles de jornais e panfletos sobre o Primeiro de Maio e a
luta da classe operária no Brasil, dando uma atenção especial em relação ao
nascimento do 1.º de Maio como dia de luta da classe trabalhadora através da
história dos mártires de Chicago, cruelmente assassinados pelo capitalismo
estado-unidense em 1886.
Neste ano de 2022 foi possível o
escaneamento e a divulgação do mesmo para pessoas interessadas na luta dos
trabalhadores e, consequentemente na história da classe operária. Minha humilde
contribuição para este 1.º de Maio de 2022 é esse trabalho de formiga, mas não
de qualquer formiga, e sim de uma guerreira saúva!
Cláudio
Maffei (finais de abril, 2022)
Ver também no Blog do Maffei; Primeiro de Maio um Dia de Luta
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