quarta-feira, 23 de março de 2022

THOMAS MALTHUS

 


            Thomas Robert Malthus – Nascido em Rookery, perto de Guildford no condado de Surrey em 13 ou 14 de fevereiro de 1766 e falecido em Bath, condado de Somerset na Inglaterra. Foi um economista britânico, matemático, sociólogo, iluminista e clérigo anglicano inglês. É considerado o pai da demografia por sua teoria para o controle de aumento populacional, conhecida como malthusianismo, que afirmava que, enquanto os meios de subsistência crescem em progressão aritmética, a população cresce em progressão geométrica, e a melhoria da humanidade seria impossível sem limites rígidos para a reprodução.


       Malthus foi filho de um rico fazendeiro de terras, terminou os estudos no Jesus College (Cambridge) de 1784 a 1791, onde obteria um posto de professor em 1793. Malthus tornou-se pastor anglicano em 1797 e casou-se em 1804. Seu pai, Daniel Malthus, era amigo do filósofo David Hume e seguidor de Jean-Jacques Rousseau, utilizou a obra “Emile” para influenciar na educação de Thomas Malthus, educado domiciliarmente até ingressar na Jesus College (Cambridge). No ano de 1797, quando tornou-se sacerdote da Igreja Anglicana foi influenciado decisivamente para escrever sua obra “Ensaio Sobre a População”, e, dois anos depois participou de uma turnê europeia com William Otter, Edward Daniel Clarke e John Marten Cripps, utilizando a viagem para observar e coletar dados populacionais.

 

Malthualismo

Malthus e seus “Ensaios”

          Em 1805, foi nomeado professor de história e economia política num Colégio da Companhia das Índias (East India Company College), em Haileybury. Expôs suas ideias em dois livros conhecidos como “Primeiro Ensaio” e “Segundo Ensaio”. No primeiro, de 1798, denominado “Na Essay on Population”, de 1798, o qual necessitou também de uma outra edição ampliada e revisada em 1802 e subsequentemente 1806, 1807, 1817, 1826, ele especificou: “Foi um economista britânico, e é considerado o pai da demografia, por suas teorias”, onde “Um ensaio sobre o princípio da população na medida em que afeta o melhoramento futuro da sociedade, com notas sobre as especulações de Mr. Godwin, M. Condorcet e outros escritores”.

            Além disso, Malthus ofereceu um importante modelo teórico do sistema de casamento na Inglaterra do início do século XIX, chamando a atenção para duas hipóteses básicas: a primeira abordando a necessidade do alimento para a existência do homem, e a segunda em que o desejo de intercurso sexual motiva fortemente a humanidade.


            Essas duas leis, desde que se obteve conhecimento da humanidade, aparecem como sendo leis fixas de nossa natureza e, até agora, não há evidências de nenhuma alteração, não existindo certeza que elas nunca deixarão de ser o que são agora, sem uma ação imediata do poder supremo.

            Já o segundo “Ensaio”, de 1803 foi descrito como: “Um ensaio sobre o princípio da população ou uma visão de seus efeitos (...) passados e presentes na felicidade humana, com uma investigação das nossas expectativas quanto à remoção ou mitigação futura dos males que ocasiona”.

 

Malthus e o Casamento

            Malthus desenvolve, a partir da segunda edição de seu livro, a ideia de controles preventivos: as reflexões morais que os indivíduos civilizados fariam antes de contraírem matrimônio. Entre essas, tem-se a análise dos custos do matrimônio em função do contexto social e econômico. A união matrimonial pressupunha um custo adicional na vida das pessoas, que seriam obrigadas a abandonar hábitos sociais. Suas anotações estavam dispostas da seguinte maneira:

“Casar: filhos (se Deus consentir); constante companhia que se interessará pela gente (uma companheira na velhice); objeto de amor e distração; etc. Permanecer solteiro: liberdade de ir para onde quiser; escolher a vida social, e pouco dela; conversas com homens inteligentes nos clubes; não ser forçado a visitar parentes e a envolver-se com ninharias; etc. Os custos reais, custos dos filhos, custos de uma esposa, são, assim, contrapostos às vantagens da companhia e do conforto. Tais desvantagens tornariam a vida menos confortável e haveria com certeza uma perda de tempo e lazer.”

 

           O casamento, portanto, não era automático e universal, arranjado por outros e ocorrendo como qualquer evento natural, mas algo a ser escolhido, ponderado todos os prós e contras. Era uma decisão que poderia ser tomada cedo na vida, adiada ou mesmo afastada e apresentava para ele um contexto econômico da Inglaterra, por ser uma nação de negociantes que se empenhavam por lucros e riquezas através da indústria e do comércio. 


Teorias Demográficas a partir da Malthusiana

            No contexto histórico do fim da Segunda Guerra Mundial, surge a ONU, havendo um consenso entre os participantes acerca da diminuição das desigualdades econômicas no planeta, desenvolvendo-se a teoria demográfica neomalthusiana como uma tentativa de explicar a ocorrência de fome nos países subdesenvolvidos. Para os neomalthusianos quanto maior o número de habitantes de um país, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos. Verifica-se que essa teoria, embora com postulados totalmente diferentes daqueles utilizados por Malthus, chega à mesma conclusão: o crescimento populacional é o responsável pela ocorrência da miséria. Entretanto, eram favoráveis ao uso de métodos anticoncepcionais e propunham a sua difusão em massa nos países subdesenvolvidos.

            Já na teoria mais atual, denominada ecomalthusiana, o crescimento populacional e os recursos naturais estão em desequilíbrio, o elevado crescimento gera a exploração dos recursos naturais, gerando impactos sobre o ambiente natural.

 


 

Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Thomas_Malthus.Acesso em 31 de jan. 2022.

 

O BARDO WILLIAM SHAKESPEARE

 

 


            William Shakespeare – Nascido em Stratford-upon-Avon, condado de Warwickshire, ao sul de Birmingham, Inglaterra no ano de 1564, sendo batizado no dia 26 de abril deste ano e falecido no mesmo local em 23 de abril de 1616. Foi um poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo. É chamado frequentemente de poeta nacional da Inglaterra e de “Bardo do Avon” (ou simplesmente “The Bard”, “O Bardo”[1]). De suas obras, incluindo aquelas em colaboração, restaram até os dias de hoje 38 peças, 154 sonetos, dois longos poemas narrativos, e mais alguns versos esparsos, cujas autorias, no entanto, são ainda disputadas. Suas peças foram traduzidas para todas as principais línguas modernas e são mais encenadas que as de qualquer outro dramaturgo. Muito de seus textos e temas permanecem vivos até nossos dias, sendo revisitados com frequência, especialmente no teatro, na televisão, no cinema e na literatura.

            Shakespeare nasceu e foi criado em Stratford-upon-Avon. Aos 18 anos casou-se com Anne Hathaway, com quem teve três filhos: Susanna e os gêmeos Hamnet e Judith. Entre 1585 e 1592, William começou uma carreira bem-sucedida em Londres como ator, escritor e um dos proprietários da companhia de teatro chamada LordChamberlain’sMen, (em português: Homens do Lorde Camareiro), mais tarde conhecida com King’sMen. Acredita-se que ele tenha retornado a Stratford em torno de 1613, morrendo três anos depois. Restaram poucos registros da vida privada de Shakespeare, e existem muitas especulações sobre assuntos como a sua aparência física, sexualidade, crenças religiosas, e se algumas das obras que lhe são atribuídas teriam sido escritas por outros autores.

            Shakespeare produziu a maior parte de sua obra entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças eram principalmente comédias e obras baseadas em eventos e personagens históricos, gêneros que ele levou ao ápice da sofisticação e do talento artístico ao fim do século XVI. A partir de então escreveu apenas tragédias até por volta de 1608, incluindo Hamlet, Rei Lear e Macbeth, consideradas algumas das obras mais importantes na língua inglesa. Na sua última fase, escreveu um conjunto de peças classificadas como tragicomédias ou romances, e colaborou com outros dramaturgos. Diversas de suas peças foram publicadas, em edições com variados graus de qualidade e precisão, durante sua vida. Em 1623, John Hemingesand Henry Condell, dois atores e antigos amigos de Shakespeare, publicaram o chamado “First Folio”, uma coletânea de suas obras dramáticas que incluía todas as peças (com exceção de duas) reconhecidas atualmente como sendo de sua autoria.

            Shakespeare foi um poeta e dramaturgo respeitado em sua própria época, mas sua reputação só viria atingir o nível em que se encontra nos dias atuais no século XIX. Os românticos, especialmente, aclamaram a genialidade de Shakespeare, e os vitorianos idolatraram-no como um herói, com uma reverência que George Bernard Shaw chamava de “bardolatria”. No século XX sua obra foi adotada e redescoberta repetidamente por novos movimentos, tanto na academia quanto na performance. Suas peças permanecem extremamente populares hoje em dia e são estudadas, encenadas e reinterpretadas constantemente, em diversos contextos culturais e políticos, por todo o mundo. 

Identidade

            Está envolta em grande polêmica, muito continua ainda por saber sobre William Shakespeare – quem foi, por onde andou ou com quem se dava. Não faltam teorias – uns dizem que era Francis Bacon, a Rainha Elizabeth I disfarçada e até um francês chamado Jacques Pierre. Mas, se não o virmos como tendo uma vida própria, a mais credível é que seria um pseudônimo de Christopher Marlowe. Pois, este último, que era igualmente um poeta e dramaturgo seu contemporâneo, que emprega nos seus versos um estilo ou estrutura muito similar, parece ter sido provado que terá trabalhado na composição de algumas peças de teatro atribuídas a Shakespeare.

            Tal como era uso da época, há evidências de uma nova fonte da qual ele terá retirado ideias e até frases de um livro escrito no final de 1500 por George North, uma figura presente na corte inglesa, denominado “A Brief Discourse of Rebellion and Rebels” (“Um Breve Discurso de Rebelião e Rebeldes”). 

Vida

Primeiros anos

            William Shakespeare era filho de John Shakespeare, um bem-sucedido luveiro e subprefeito de Stratford (depois comerciante de lãs), vindo de Snitterfild, e Mary Arden, filha afluente de um rico proprietários de terras. Embora a sua data de nascimento seja desconhecida, admite-se a de 23 de abril de 1564 com base no registro de seu batizado, a 26 do mesmo mês, devido ao costume, à época, de se batizarem as crianças três dias após o nascimento. Shakespeare foi o terceiro filho de uma prole de oito e o mais velho a sobreviver.

            Muitos concordam que William foi educado em uma excelente grammar schools da época, um tipo de preparação para a universidade. No entanto, Park Honan conta, em “Shakespeare, Uma Vida”, que John foi obrigado a tirá-lo desta escola, quando William deveria ter quinze ou dezesseis anos (algumas fontes citam doze anos). Na década de 1570, John passou a ter um declínio econômico que o impossibilitou junto aos credores e da sociedade. Acredita-se que, por causa disso, o jovem Shakespeare possuiu uma formação colegial incompleta. Segundo certos biógrafos, Shakespeare precisou trabalhar cedo para ajudar a família, aprendendo, inclusive, a tarefa de esquartejar bois e até abater carneiros.

           Em 1582, aos 18 anos de idade, casou-se com Anne Hathaway, uma mulher de 26 anos, que estava grávida. Há fontes que dizem que Shakespeare queria ter uma vida mais favorável ao lado de uma esposa rica. O casal teve uma filha, Susanna, e dois anos depois, os gêmeos Hamnet e Judith.

        Após o nascimento dos gêmeos, há pouquíssimos vestígios históricos a respeito de Shakespeare, até que ele é mencionado com parte da cena teatral de Londres em 1592. Devido a isso, estudiosos referem-se aos anos de 1586 a 1592 como os “Anos Perdidos de Shakespeare”.

            As tentativas de explicar por onde andou William Shakespeare durante esses seis anos foram motivo pelo qual surgiram dezenas de anedotas envolvendo o dramaturgo. Nicholas Rowe, o primeiro biógrafo de Shakespeare, conta que ele fugiu de Stratford para Londres devido a uma acusação envolvendo o assassinato de um veado numa caça furtiva, em propriedade alheia (provavelmente de Thomas Lucy). Outra história do século XVIII é a de que Shakespeare começou uma carreira teatral com os Lord Chaberlains. 

Londres e a Carreira Teatral

            Foi em Londres onde se atribuiu a Shakespeare seus momentos de maiores oportunidades para destaque. Não se sabe de exato quando Shakespeare começara a escrever, mas alusões contemporâneas e registros de performances mostram que várias de suas peças foram representadas em Londres em 1592. Neste período, o contexto histórico favorecia o desenvolvimento cultural e artístico, pois a Inglaterra vivia os tempos de ouro sob o reinado da rainha Elizabeth I. O teatro deste período, conhecido como teatro elisabetano, foi de grande importância e primor para os ingleses da alta sociedade. Na época, o teatro também era lido, e não apenas assistido e encenado. Havia companhias que compravam obras de autores em voga e depois passava a vender o repertório às tipografias. As tipografias imprimiam os textos e vendiam a um público leitor que crescia cada vez mais. Isso fazia com que as obras ficassem em domínio público.

            Biógrafos sugerem que sua carreira deve ter começado em qualquer momento a partir de meados dos anos 1580. Ao lado do The Globe, haveria um matadouro, onde aprendizes do açougue deveriam trabalhar. Ao chegar em Londres, há uma tradição que diz que Shakespeare não tinha amigos, dinheiro e estava pobre, completamente arruinado. Segundo um biógrafo do século XVIII, ele foi recebido pela companhia, começando num serviço pequeno, e logo fora subindo de cargo, chegando provavelmente à carreira de ator. Há referências que apresentam Shakespeare como um cavalariço. Ele dividiria seu emprego entre tomar conta dos cavalos dos espectadores do teatro, atuar no palco e auxiliar nos bastidores. Segundo Rowe, Shakespeare entrou no teatro como ponto, encarregado de avisar os atores o momento de entrarem em cena. O então cavalariço provavelmente tinha vontade mesmo era de atuar e de escrever.

      Seu talento limitante como ator teria o inspirado a conhecer como funcionava o teatro e seu poeta interior foi floreando, floreando, foi lembrando dos textos dos mestres dramáticos da escola, e começou a experimentar como seria escrever para o teatro. Desde 1594, as peças de Shakespeare foram realizadas apenas pelo Lorde Chamberlain’s Men. Com a morte de Elizabeth I, em 1603, a companhia passou a atribuir uma patente real ao novo rei, James I da Inglaterra, mudando seu nome para King’s Men.

    Todas as fontes marcam o ano de 1599 como o ano da fundação oficial do Globe Theatre. Fundado por James Burbage, ostentava uma insígnia de Hércules sustentando o globo terrestre. Registros de propriedades, compras, investimentos de Shakespeare o tornou um homem rico. William era sócio do Globe, um edifício que tinha forma octogonal, com abertura no centro. Não existia cortina e, por causa disso, os personagens mortos deveriam ser retirados por soldados, como mostra-se em Hamlet. Inclusive, todos os papéis eram representados pelos homens, sendo os mais jovens os encarregados de fazerem papéis femininos. Em 1597, fontes dizem que ele comprou a segunda maior casa em Stratford, a New Place. De 1601 a 1608, especula-se que ele esteve motivado para escrever Hamlet, Otelo e Macbeth. Em 1613, O GlobeTheatre foi destruído pelo fogo. Alguns biógrafos dizem que foi durante a representação da peça Henry VIII.

            Shakespeare teria estado bem cansado e por esse motivo resolveu desligar-se do Globe e voltar para Stratford, onde a família o esperava. 

Últimos Anos e Morte 

           Após 1606 e 1607, Shakespeare escreveu peças menores, que jamais são atribuídas como suas. Após 1613, suas últimas três obras foram colaborações, talvez com John Fletcher, que sucedeu-lhe com o cargo de dramaturgo no King’s Men. Escreveu a sua última peça, “A Tempestade” terminada somente em 1613.

            Então, Rowe foi o primeiro biógrafo a dizer que Shakespeare teria voltado para Stratford algum tempo antes de sua morte: mas a aposentadoria de todo o trabalho era rara naquela época; e Shakespeare continuou a visitar Londres. Em 1612, foi chamado como testemunha em processo judicial relativo ao casamento de sua filha Susanna. Em março de 1613, comprou uma casa no priorado de Blackfriars (Frades Negros); a partir de novembro de 1614, ficou várias semanas em Londres ao lado de seu genro John Hall.

            William Shakespeare morreu em 23 de abril de 1616, mesmo dia do seu aniversário. Susanna havia se casado com um médico, John Hall, em 1607, e Judith tinha se casado com Thomas Quiney, um vinificador, dois meses antes da morte do pai. A morte de Shakespeare segue misteriosa ainda nos dias de hoje. No entanto, é óbvio que existam diversas anedotas. A que mais se propagou é a de que Shakespeare estaria com uma forte febre, causada pela embriaguez. Recebendo a visita de Bem Jonson e de Michael Drayton, Shakespeare bebeu demais e, segundo diversos biógrafos, seu estado se agravou.

 

          Admite-se que Shakespeare deixou como herança sua segunda melhor cama para a esposa. Sabe-se, entretanto, que a “Second bestbed”, no testamento, é simplesmente a cama de casal, sendo a melhor cama, conforme os costumes da época, a do quarto de hóspedes. Ao que parece, o testamento não teria sido redigido pelo dramaturgo, que só assinou; certas expressões religiosas fizeram recentemente descobrir-se que se trata de uma fórmula legal, então em uso e até prescrita. Em sua vontade, ele deixou a maior parte de sua propriedade à sua filha mais velha, Susanna. Essa herança intriga biógrafos e estudiosos porque, afinal, como Anne Hathaway aguentara viver mais ou menos vinte anos cuidando de seus filhos, enquanto Shakespeare fazia fortuna em Londres? O escritor Anthony Burgess tem uma explicação ficcional sobre o assunto. Em “Nada como o Sol”, um livro de sua autoria, ele cita Shakespeare espantado em um quarto diante de seu irmão Richard e de sua esposa Anne: estavam nus e abraçados.

        Os restos mortais de Shakespeare foram sepultados na igreja da Santíssima Trindade (Holy Trinity Church) em Stratford-upon-Avon. Seu túmulo mostra uma estátua vibrante, em pose de literário, mais vivo que nunca. A cada ano, na comemoração de seu nascimento, é colocada uma nova pena de ave na mão direita da estátua. Acredita-se que Shakespeare temia o costume em sua época, em que provavelmente havia a necessidade de esvaziar as sepulturas mais antigas para abrir espaços às novas e, por isso, há um epitáfio na sua lápide, que anuncia a maldição de quem mover seus ossos:


“Bom amigo, por Jesus,

Abstém-te de profanar o corpo aqui enterrado

Bendito seja o homem que respeite estas pedras,

E maldito o que remover meus ossos.”

(Epitáfio na tumba de Shakespeare)

 

       Após a morte de Shakespeare, a Inglaterra passou por alguns importantes momentos políticos e religiosos. Jaime I morreu em 27 de março de 1625, em Theobalds House, e tão logo sua morte foi anunciada, Carlos I seu filho com Ana da Dinamarca, assumiu o reinado. É válido lembrar que, com a morte de Elizabeth I, Shakespeare e os demais dramaturgos da época não foram prejudicados. Jaime I, o sucessor da rainha, contribuiu para o florescimento artístico e cultural inglês; era um apaixonado por teatro.

    Em 1649, a Câmara dos Comuns cria uma corte para o julgamento de Carlos I. Era a primeira vez que um monarca seria julgado na história da Inglaterra. No dia 29 de janeiro do mesmo ano, Carlos I foi condenado à morte por decapitação. Ele foi decapitado no dia seguinte. Foi enterrado no dia 7 de fevereiro na Capela de Saint George do Castelo de Windsor em uma cerimônia privada.

            Nota: é bem conhecida a coincidência das datas de morte de dois dos grandes escritores da humanidade, Miguel de Cervantes e William Shakespeare (ambos com data de falecimento em 23 de abril de 1616). Porém, é importante notar que o Calendário Gregoriano já era utilizado na Espanha desde o século XVI, enquanto que na Inglaterra sua adoção somente ocorreu em 1751.

 

Peças

   Os estudiosos costumam dividir em quatro períodos a carreira de dramaturgia de Shakespeare. Até meados de 1590, escreveu principalmente comédias influenciados por modelos das peças romanas e italianas. O segundo período iniciou-se em 1595, com a tragédia “Romeu e Julieta” e terminou com “A Tragédia de Júlio César”, em 1599. Durante esse tempo, escreveu o que são consideradas suas grandes comédias e histórias. De 1600 a 1608, o que chamam de “período sombrio”, Shakespeare escreveu suas mais prestigiadas tragédias: “Hamlet”, “Rei Lear” e Macbeth. E de aproximadamente 1608 a 1613, escrevera principalmente tragicomédias e romances.

         Os primeiros trabalho encenados de Shakespeare são “Ricardo III” e as três partes de “Henry V”, escritas em 1590, adiantados durante uma moda para o drama histórico. É difícil datar as primeiras peças de Shakespeare, mas estudiosos de seus textos sugerem que “A Megera Domada”, “A Comédia de Erros” e “Titus Andronicus” pertencem também ao primeiro período. Suas primeiras histórias, parecem dramatizar os resultados destrutivos e fracos ou corruptos do Estado e têm sido interpretadas como uma justificação para as origens da dinastia Tudor. Suas composições foram influenciadas por obras de outros dramaturgos isabelinos, especialmente Thomas Kyd e Christopher Marlowe, pelas tradições do teatro medieval e pelas peças de Sêneca. A “Comédia dos Erros” também foi baseada em modelos clássicos.

           As clássicas comédias de Shakespeare, contendo plots (centro da ação, o núcleo da história) duplos e sequências cênicas de comédia, cederam, em meados de 1590, para uma atmosfera romântica em que se encontram suas maiores comédias. “Sonhos de uma Noite de Verão” é uma mistura de romance espirituoso, fantasia, e envolve também a baixa sociedade. A sagacidade das anotações de “Muito Barulho por Nada”, a excelente definição da área rural de “Como Gostais”, e as alegres sequências cênicas de “Noite de Reis” completam essa sequência de ótimas comédias. Após a peça lírica “Ricardo II”, escrito quase inteiramente em versículos, Shakespeare introduziu em prosa as histórias depois de 1590, incluindo Henry VI, parte I e II, e Henry V.

            Seus personagens tornam-se cada vez mais complexos e alternam entre o cômico e o dramático ou o grave, ou o trágico, expandindo, dessa forma, suas próprias identidades. Esse período entre essas tais alternações começa e termina com duas tragédias: “Romeu e Julieta”, sem dúvida alguma sua peça mais famosa e a história sobre a adolescência, o amor e a morte; e “Júlio César”. O “período trágico” durou de 1600 a 1608, embora durante esse interregno ele tenha escrito também a peça cômica “Medida por Medida”. Muitos críticos acreditam que as maiores tragédias de Shakespeare representam o pico de sua arte. Seu primeiro herói, Hamlet, provavelmente é o personagem shakespeariano mais discutido do que qualquer outro, em especial pela sua frase “Ser ou não ser, eis a questão”. Ao contrário do reflexivo e pensativo Hamlet, os heróis das tragédias que se seguiram, em especial “Otelo” e “Rei Lear”, são precipitados demais e mais agem do que pensam. Essa precipitações sempre acabam por destruir o herói e frequentemente aqueles que ele ama. Em “Otelo”, o vilão Iago acaba assassinando sua mulher inocente, por que é apaixonado. Em “Rei Lear”, o velho rei comete o erro de abdicar de seus poderes provocando cenas que levam ao assassinato de sua filha e à tortura e a cegueira do Conde de Glócester. Segundo o crítico Frank Kermode, “a peça não oferece nenhum personagem divino ou bom, e não supre da audiência qualquer tipo de alívio de sua crueldade”. Em “Macbeth”, a mais curta e compacta tragédia shakespeariana, a incontrolável ambição de Macbeth e sua esposa, Lady Macbeth, de assassinar o rei legítimo e usurpar seu trono, até à própria culpa de ambos diante deste ato, faz com que os dois se destruam. Portanto, Hamlet seria seu personagem mais admirado. Hamlet reflete antes da ação em si, é inteligente, perceptivo, observador, profundamente proprietário de uma grande sabedoria diante dos fatos. Suas últimas e grandes tragédias, “Antônio e Cleópatra” e “Coriolano” contêm algumas das melhores poesias de Shakespeare e foram consideradas as tragédias de maior êxito pelo poeta e crítico T.S. Eliot.


 
         No seu último período, Shakespeare centrou-se na tragicomédia e no romance completando suas três mais importantes peças dessa fase: “Cimbelino”, “Conto de Inverno” e “A Tempestade”, e também “Péricles, Príncipe de Tiro”. Menos sombrias do que as tragédias, essas quatro peças revelam um tom mais grave da comédia que costumavam produzir na década de 1590, mas seus personagens terminavam com reconciliação e o perdão dos seus erros. Certos comentadores veem essa mudança de estilo como uma forma de visão da vida mais serena por parte de Shakespeare. Shakespeare colaborou com mais dois trabalhos, “Henry VIII” e “Dois Parentes Nobres”, provavelmente com John Fletcher.

 

Performances

            Ainda não está claro para as companhias as datas exatas de quando Shakespeare escreveu suas primeiras peças. O título da página da edição de 1594 de “Titus Andronicus” revela que a peça havia sido encenada por três diferentes companhias. Após a peste negra de 1592 a 1593, as peças shakespeariana foram realizadas por sua própria empresa no The Theatre e no The Curtain em Shoreditch, onde as multidões londrinas foram ver a primeira parte de “Henry IV”. Depois de uma disputa com o caseiro, o teatro foi desmantelado e a madeira usada para a construção do Globe Theatre, a primeira casa de teatro construída por atores para atores. A maioria das peças shakespearianas pós-1599 foram escritas para o Globe, incluindo “Hamlet”, “Otelo” e “Rei Lear”.

            Quanto a Lord Chamberlain’s Men, mudou seu nome para King’s Men, em 1603, eles cultivaram uma relação especial com o novo rei, James I. Embora as performances realizadas serem díspares, o King’s Men realizou sete peças shakespearianas perante à corte, entre 1º de novembro de 1604 e 31 de outubro de 1605, incluindo duas performances de “O Mercador de Veneza”. Depois de 1608, ele a realizaram no teatro Blackfriars Theatre. A mudança interior, combinada com a moda jacobina de aprimorar a montagem dos palcos e cenários, permitiu com que Shakespeare pudesse introduzir uma fase com dispositivos e recursos mais elaborados. Em “Cibelino”, por exemplo, “Júpiter desce em trovão e relâmpagos, sentado em uma águia e lança um raio”.

           Os atores da empresa de Shakespeare incluem o famoso Richard Burbage, William Kempe, Henry Condell e John Heminges. Burbage desempenhou um papel de liderança em muitas performances das peças de Shakespeare, incluindo “Richard III”, “Hamlet”, “Otelo” e “Rei Lear”. O popular ator cômico Will Kempe encenou o agente Peter em “Romeu e Julieta” e também encenou em “Muito Barulho Por Nada”. Kempe fora substituído na virada do século XVI por Robert Armin, que desempenhou papéis como a de Touchstone em “Como Gostais” e os palhaços no “Rei Lear”. Sabe-se que em 1613, sir Henry Wotton encenou “Henry VIII” e foi nessa encenação que o Globe foi devorado por um incêndio causado por um canhão. Imagina-se que Shakespeare, já retirado em Stratford-upon-Avon, retornou para auxiliar na recuperação do prédio.

 

Imortalidade

            Em 1623, John Heminges e Henry Condell dois amigos de Shakespeare no King’s Men, publicaram uma compilação póstuma das obras teatrais de Shakespeare, conhecida como “First Folio”. Contém 36 textos, sendo que 18 impressos pela primeira vez. Não há evidências de que Shakespeare tenha aprovado a edição, que o “First Folio” define como “stol’n and surreptitious copies” (“cópias roubadas e clandestinas”). No entanto, é nele em que se encontram um material extenso e rico do trabalho de Shakespeare.

            As peças shakespearianas são peculiares, complexas, misteriosas e com um fundo psicológico espantoso. Uma das qualidades do trabalho de Shakespeare foi justamente sua capacidade de individualizar todos seus personagens, fazendo com que cada um se tornasse facilmente identificado. Shakespeare também era excêntrico e se adaptava a gêneros diferentes. Trabalhando com o sombrio e com e com o divertido ou cômico, Shakespeare conseguiu chegar perto da unanimidade.

     Estima-se que as obras de Shakespeare influenciaram pelos menos 20 mil peças musicais que vão de óperas, canções e outros ritmos. Shakespeare é também o dramaturgo mais consis-tentemente adaptado nos palcos, em todo o século XX, havendo mais de 50 mil produções e adaptações em todo o globo. Em termos de tradução, vendas e estudos Shakespeare só perde para a Bíblia, e fica à frente de tópicos como comunismo, islamismo e judaísmo. Um artigo publicado diz que as três figuras mais estudadas na história são Jesus, Napoleão e Hamlet.

            Diversos filósofos e psicanalistas estudaram as obras de Shakespeare e a maioria encontrou uma riqueza psicológica e existencial. Entre eles, Arthur Schopenhauer, Freud e Goethe são os que mais se destacam. No Brasil, Machado de Assis foi muito influenciado pelo dramaturgo. Diversas fontes alegam que Bentinho, de “Dom Casmurro”, seja a versão tropical de “Otelo”. A revolta dos canjicas, em “O Alienista”, é provavelmente outra versão da revolta fracassada do Jack Cade, descrita em “Henry IV. Na introdução de “A Cartomante”, Machado de Assis utiliza a frase “há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe vossa vã filosofia”, frase que pode ser encontrada em “Hamlet”. 

Poemas


            Em 1593 e 1594, quando os teatros foram fechados por causa da peste, Shakespeare publicou dois poemas eróticos, hoje conhecidos como “Vênus e Adônis” e “O Estupro de Lucrécia”. Ele os dedica a Henry Wriothesley, o que fez com que houvesse várias especulações a respeito dessa dedicatória. Em “Vênus e Adônis”, um inocente Adônis rejeita os avanços sexuais de Vênus (mitologia greco-romana); enquanto que o segundo poema descreve a virtuosa esposa Lucrécia que é violada sexualmente. Ambos os poemas, influenciados pela obra “Metamorfoses”, do poeta latino Ovídio, demonstram a culpa e a confusão moral que resultam numa determinada volúpia descontrolada. Ambos tornaram-se populares e foram diversas vezes republicados durante a vida de Shakespeare. Uma terceira narrativa poética, “A Lover’s Complaint” (“A Reclamação de uma Amante”) em que uma jovem lamenta sua sedução por um persuasivo homem que a cortejou, fora impresso na primeira edição do “Sonetos” em 1609. A maioria dos estudiosos hoje em dia aceitam que fora Shakespeare quem realmente escreveu o soneto “A Lover’s Complaint”. Os críticos consideram que suas qualidades são finas e dirigidas por efeitos.

 

“Sonetos”

           Publicado em 1609, a obra “Sonetos” foi o último trabalho publicado de Shakespeare sem fins dramáticos. Os estudiosos não estão certos de quando cada um dos 154 sonetos da obra foram compostos, mas evidências sugerem que Shakespeare as escreveu durante toda sua carreira para leitores particulares.

            Ainda fica incerto se estes números todos representam pessoas reais ou se abordam a vida particular de Shakespeare, embora Wordsworth acredite que os sonetos abriram suas emoções. A edição de 1609 foi dedicada a “Mr. WH.” Creditado como o único procriados dos poemas. Não se sabe se isso foi escrito por Shakespeare ou pelo seu editor Thomas Thorpe, cuja sigla aparece no pé d pagina da dedicação; nem se sabe que foi Mr. WH., apesar de inúmeras teorias terem surgido a respeito.

            Os críticos elogiam os sonetos e comentar que são uma profunda meditação sobre a natureza do amor, a paixão sexual, a procriação, a morte e o tempo.

 


  Wikipédia. Disponível em:

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/William_Shakespeare.

Acesso em 2 de fev. 2022.


[1]Bardo – Também chamado de Aedo, na Europa Antiga, era uma pessoa encarregada de transmitir histórias, mitos, lendas e poemas de forma oral, cantando as histórias do seu povo em poemas recitados Era simultaneamente músico, poeta, historiador e acessoriamente moralista. Mais tarde seriam designados de trovadores e as tradições musicais e literárias que transmitiam às gerações sucessivas dão origem ás canções de gesta. O bardo usava frequentemente um alaúde para tocar suas melodias e músicas, que contavam com na maioria das vezes uma história triste ou poemas épicos, com acompanhamento de liras, crwth (é uma lira curvada, um tipo de instrumentos de cordas, associado particularmente à música galesa arcaica, mas antigamente muito tocada na Europa) ou de arpas. A música tradicional irlandesa tem nos bardos a sua principal raiz. Também se encontram vestígios de sua arte entre os cantadores ou cantores de gwerziou (música folclórica) bretões e nos eisteddfodau (da cultura galesa, é um festival com várias competições classificadas, inclusive de poesia e música, o termo é formado a partir de eistedd, que significa sentar e fod, que significa ser, de acordo com HywelTeifi Edwards, significa sentar-se juntos, definindo um encontro competitivo entre bardos e menestréis, no qual o vencedor era escolhido por um nobre ou patrono real) do País de Gales. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Bardo. Acesso em 18 de fev. 2022.


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