sábado, 19 de janeiro de 2013

UM NOBRE CRÍTICO DE LITERATURA ESTADUNIDENSE



Harold Bloom

Entrevista feita pela jornalista Lúcia Guimarães para o Jornal Estado de São Paulo (imperdível)



Entre os livros, como um modo de vida

Prolífico, erudito e - raridade absoluta em seu ofício - popular, o americano Harold Bloom, um dos maiores críticos modernos, fala com exclusividade ao ‘Estado’: 'Sou apenas um professor de escola'

18 de janeiro de 2013 | 23h 01

Lúcia Guimarães

NOVA YORK - Os visitantes da casa na rua bucólica de New Haven, em Connecticut, recebem instruções precisas para não tocar a campainha. Devem abrir a porta destrancada e ir direto à segunda sala. Lá, o anfitrião vai começar por satisfazer a própria curiosidade sobre detalhes mundanos da vida da repórter.

Harold Bloom é caso único na história da crítica literária do último meio século. Um autor prolífico, erudito, popular, que seduz e enfurece. Aos 82 anos, maltratado por doenças que lhe restringem a mobilidade, seu vigor criativo é formidável. Não para de escrever, dar aulas, analisar a prosa e a poesia dos alunos e, apesar da dor na perna e da má circulação que o obriga a levantar da cadeira em intervalos curtos, demonstra um prazer evidente em conversar.

"Eu não me defino como crítico literário", diz Bloom, que nunca será acusado de modéstia. "Eu digo que sou um professor de escola" (ele dá aula na Yale University). A afirmação o leva a uma das muitas reminiscências que haveria de compartilhar naquela tarde, alternando nostalgia e alguma intriga, com ar maroto, sempre envolvendo alguém como "Philip" (Roth) e "Cormac" (McCarthy), citados assim, pelo primeiro nome, ou por apelidos, se é que restou à interlocutora alguma dúvida de que ele esteve no centro da história literária recente americana. "Havia um homem muito mau", diz, "chamado William Styron". Bloom recorda que estava jantando na casa do grande poeta Robert Penn Warren (para ele "Red", o apelido do escritor ruivo); todos "já tinham bebido um pouco demais" quando Bloom comentou com Warren - "com toda razão", deixa claro - que ele devia continuar escrevendo poesia, já que seus romances recentes não tinham a mesma qualidade. "A sua opinião não importa", cortou Styron, autor de A Escolha de Sofia e das memórias da depressão, Perto das Trevas. "Você é apenas um professor de escola." Bloom diz que o comentário foi o mais memorável que ouviu de um "mau escritor". "Como me acusar de ter a melhor e mais nobre profissão do mundo?" O professor conclui a anedota lembrando que Styron já faleceu e oferecendo "um aforismo bloomiano pelo qual quero ser lembrado: Se nós não falarmos mal dos mortos, quem vai falar?"

Fui bater à porta de Harold Bloom para conversar sobre A Anatomia da Influência - Literatura Como Um Modo de Vida, que sai no Brasil pela Objetiva, no segundo semestre. Ele considera o livro uma síntese de sua trajetória crítica. O título se refere à obra que talvez será considerada a mais inovadora de sua carreira, A Angústia da Influência - Uma Teoria da Poesia, lançada em 1973, marco da crítica literária, em que Bloom trata da luta do poeta para criar sob a influência de seus precursores.

Entre a angústia e a anatomia, Bloom diz que se tornou mais suave. Mesmo com mais de 50 edições em dezenas de línguas, o autor considera A Angústia da Influência terrivelmente difícil e não tem certeza se entende a obra. Mas há outras mudanças. Em A Anatomia da Influência, Bloom se diz inspirado pelo poeta francês Paul Valéry que escreveu "sobre a influência da mente sobre si mesma". Seu novo livro, ele diz, é sobre a influência do autor sobre si mesmo. A outra diferença: "Antes, eu defendia a literatura da contracultura. Agora a defendo da politização e da ruptura da tecnologia, que impôs" - e ele aponta para meu tablet - "a linguagem visual."

A suavidade adquirida ao longo do tempo se expressa no que Bloom manifesta ser o "amor literário", definido por ele como um estado de intensa ambivalência, "da culpa da herança, e da tristeza de ter chegado tarde demais".

A originalidade da obra do crítico não exclui a repetição e em Anatomia da Influência ele revisita seu elenco de suspeitos, especialmente William Shakespeare. Depois de lançar Shakespeare, A Invenção do Humano, um de seus maiores best-sellers, Bloom conta que se sentiu irritado por perguntas sobre a tal invenção. "É claro que não estava dizendo que foi como Thomas Edison inventando a lâmpada", diz. "O caráter sempre existiu, mas não sei se é o caso com a personalidade. Shakespeare é único porque ele mudou a maneira como nos vemos. Em Shakespeare, caráter é personalidade, é destino." E lembra outro episódio.

Estava falando em público quando lhe perguntaram sobre alguma boa adaptação de Shakespeare para o cinema. Respondeu que o diretor que mais entendeu a obra do inglês foi o japonês Akira Kurosawa. "Ele não falava inglês, mas o poder de Shakespeare vai muito além do da linguagem." A invenção, ele observa, é a essência da poesia. "Sem a poesia, nada teria vindo a este mundo. Shakespeare nos mostrou o que estava à nossa volta e não conseguíamos enxergar."

Bloom não se ilude sobre o seu lugar na cultura contemporânea americana em que jovens, ele escreve, "despencam no precipício do oceano cinza da internet". Não há mais um Walt Whitman, o autor como consciência de um país, ele lamenta, porque não existe mais um público nacional. "Nosso maior romancista em atividade, Thomas Pynchon, é um autor difícil. Nosso maior poeta, meu amigo John Ashbery, é um poeta difícil. Nosso possível maior dramaturgo, Tony Kushner, chegou perto de falar a todo país, com Anjos na América, mas não escreveu nada com a mesma força, nos últimos 20 anos."

Harold Bloom demonstra uma franqueza bem-vinda sobre os escritores mais jovens. Em vez de alardear o fim do romance, declara que não tem competência para ler romancistas 50 anos mais moços do que ele. Logo em seguida, afirma que seu melhor aluno, Lucas Zwirner, ainda inédito, é um evidente romancista em formação. "Eu li gente como Jonathan Franzen, David Foster Wallace e variados Safran Foers, mas a sensibilidade mudou tanto que não devem confiar na minha reação."

Bloom aponta para o teto e diz que o sótão de sua casa abriga um manuscrito não publicado, Freud, Transferência e Autoridade, que encosta em 900 páginas e vai ser um problema póstumo de seus executores literários. "A minha ambivalência sobre Freud se tornou excessiva", confessa. Hoje, ele vê o criador da psicanálise não como cientista, mas como o grande ensaísta moral, o Montaigne do século 20. "Uma definição que ele detestaria."

Por falar em livros longos, Bloom diz que está quase acabando de escrever outro, "especialmente importante para mim". O título, que cita um poema de Ralph Waldo Emerson, será: Os Espíritos Sabem Como Se Faz, Tradição Oculta na Literatura Americana, um exame da obra de dez autores.

Enquanto trocamos histórias pessoais, o professor dá outro sinal do caminho percorrido na carreira literária de seis décadas, ao anunciar que espera um telefonema do New York Times. "Chegou a hora", diz, "embora eu não tenha a menor intenção de morrer, de atualizar o meu obituário, que eles escreveram há vários anos. E o pior, não vou poder nem ler quando ficar pronto." Ele disca o número da repórter e diz: "Estava me sentindo tão vivo, que tarefa melancólica". Mas logo brinca: "... considerando a alternativa..." A repórter o consola, dizendo que vai telefonar de volta em cinco anos, já que ele não para de produzir. "Em 5, 10 ou 15 anos", protesta o professor e conta que três ciganas, em três países, leram a palma da sua mão. Previram que ele vai viver 89 anos, 3 meses e 11 dias e admite, sorrindo, esperar um certo nervosismo na manhã do décimo primeiro dia. "No fim das contas", ele diz, contemplativo, "o que eu faço é salvar as aparências, no sentido mais decente da palavra. É tentar preservar a continuidade da literatura e do pensamento do Ocidente."

sábado, 12 de janeiro de 2013

Aos meus futuros alunos


Aos meus futuros alunos

 

            Depois de oito anos estarei de volta às salas de aula. Não deixa de ser emocionante, afinal encontrarei você, meu futuro aluno para podermos discutir sobre, sobre... o mundo (nada a nós será proibido debater, dentro dos princípios éticos, é claro)! O ontem, o hoje e o amanhã estão e estarão como sempre estiveram, a nosso dispor. Sonharemos juntos, nos divertiremos juntos, sofreremos, algumas vezes, juntos e principalmente, espero, aprenderemos juntos.

            Prometo ter muita paciência e comprometimento com seu aprendizado e junto descobriremos muito mais.

            Você que é aluno do sexto, sétimo e oitavo ano da Escola Municipal Flávio de Souza Nogueira de Sorocaba no período da manhã e você que estudará na Escola Estadual Monsenhor Seckler à tarde e a noite, seremos camaradas!

            Já estou afiando minha espada do conhecimento para não decepcioná-los. Em breve, espero podermos nos comunicar e aprender via facebook, blogs, etc. Usaremos todos os meios para garantir o seu aprendizado.

            Enquanto isso não acontece, uma dica, uma professoral dica, baixem pela internet, o jogo Tetris, pois ele ajuda muito a gente pensar logicamente e treinem bastante, eu já cheguei nos 16.000 pontos... vamos ver quem conseguirá mais.

            Estou ansioso para reencontrá-los! Até lá... me aguardem!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Peço licença para dar uma resposta a um Eminente Articulista da vil mídia:


Quem perdeu a linha?
Desvendando alguns nós que querem colocar na cabeça do porto-felicense!

 
 

Não costumo responder à provocações, porém quando o direito legítimo de protestar passa para o desagradável terreno da falta de compostura faço questão de abrir uma exceção na minha conduta.

 

A senhora Lara Bianchini fez a gentileza de postar em meu facebook pessoal 33 vezes o artigo do senhor Maurício Cazagrande. Não precisava, sou um bom leitor e entendo as coisas na primeira, e quando os posts são educados eu costumo responder sempre com educação, gentileza e cortesia.

 

Não sei se a senhora Lara e os comentaristas do artigo conhecem o senhor Maurício Cazagrande, que em seu artigo aparece como um paladino da moralidade, porém só para lembrar esse senhor é o mesmo que passou a eleição 2012 inteira fazendo campanha para um candidato sem ir praticamente um dia trabalhar no seu cargo de funcionário público como assessor parlamentar na Câmara Municipal de Porto Feliz. Em outras palavras usou o dinheiro público para interesses eleitorais, as testemunhas deste fato não são poucas.

            Logo só respondo ao artigo do paladino da moral porto-felicense, (a quem passo a denominar de eminente articulista) devido às pessoas, que estão sendo enganadas (por mentiras ou deturpações de um determinado grupo), pessoas estas que são dignas do meu respeito e carinho. Além de alertar aos companheiros petistas e os milhares de simpatizantes não só da minha pessoa mas também do meu partido do trabalho ardiloso e planejado de desconstrução da imagem do governo Maffei, que está sendo engendrado por hora.

 

            De início já descarto totalmente a analise político-partidária deste senhor que beira ao ridículo ou mesmo à mesquinhez intelectual. Dizer que eu impus uma candidatura da professora Andréa é não conhecer a democracia interna do Partido dos Trabalhadores e inclusive desrespeitar nossos filiados e simpatizantes que tanto se empenharam na construção de um processo democrático de escolha de uma candidatura que poderia resultar na primeira vez que uma mulher governasse Porto Feliz, a bela candidatura da nossa guerreira Professora Andréa, que embora não tenha saído vencedora concorreu com uma dignidade impar. Talvez ele pudesse relatar o modo democrático como os “Democratas” escolheram seu candidato em nossa cidade, se foram feitas prévias, debates, inúmeras reuniões como nós fizemos.

            Fruto também de uma míope visão política é a afirmação da possível manipulação que haveria num possível governo da professora Andréa, só que não conhece essa professora guerreira e vereadora atuante, poderia fazer tal afirmação, pois prefiro pensar que esse comentário beire a ignorância e não a má fé do eminente articulista. Nossos candidatos a vereador e nossos filiados, além dos seus alunos conhecem a firme determinação e competência da professora Andréa.

            Tamanha é a arrogância do eminente articulista que copio uma parte do seu texto, onde chama você, um dos 18 mil eleitores, que colocou o PT e a minha pessoa no governo de Porto Feliz de um adjetivo nada educado:

 

 “Não sou nenhum doutor em política, mas eu creio que o PT nunca mais voltará a governar esta cidade. Mas para que isto seja de fato consumado, vou tentar descrever e arquivar este documento para que os senhores não cometam a burrada novamente.” (o itálico e o negrito são por minha conta).

           

           

Essa frase em seu bojo deixa transparecer duas coisas:

1.ª) O objetivo politiqueiro e eleitoreiro daqueles que querem desconstruir um governo muito bem avaliado e de sucesso (tanto que foi reeleito) visando desde já 2016;

2.º) O olhar da elite (embora esse senhor não o seja, defende a ideologia dela) que sempre desmerece e humilha o povo.

 

            Continuando nosso eminente articulista cita a transição, que por sinal, nunca houve em Porto Feliz e que está sendo feita inclusive graças a uma lei de minha autoria. Dizendo que o grupo de transição esta tendo dificuldade, não leva em consideração a Lei 4.701/2009, essa que eu citei que é de minha autoria e que compõem as equipes de transição, que por sinal aqui em Porto Feliz são dez pessoas do governo atual e dez pessoas do governo eleito; o decreto 7.294/2012 que regulamenta a lei; umas quatro reuniões que eu já tive com o prefeito eleito Levi e com seu vice Miguel; várias reuniões dos integrantes da equipe e uma farta quantidade de documentos que foram entregues à equipe de transição.

            Logo em seguida o eminente articulista me elogia de inteligente e astuto, adjetivos que não mereço, ao escrever sobre a medida que tomamos para reduzir o horário da prefeitura como um todo. Medidas essas que já expliquei numa entrevista que dei ao Jornal JP de 08/12/2012 (e que peço licença para tornar a repetir neste momento):

 

“JP - Maffei, porque essa medida de fazer com que os postos de Saúde funcionem apenas meio período?”

            “Não é só os postos de saúde, e sim a prefeitura que a partir desta semana passou a ter como expediente o horário das 7 as 13 horas. Essa medida visa desacelerar os processos administrativos para que possamos fechar o ano de acordo com o que preconiza a Lei de responsabilidade fiscal. Diferentemente dos outros anos deste governo que iniciou em 2005 teremos um novo governo, logo não podemos deixar restos a pagar sem empenho prévio, por isso essa desaceleração no processo administrativo. A máquina tem uma dificuldade muito grande em desacelerar, os pedidos, os empenhos continuam a chegar e diferentemente dos outros anos temos que realmente parar, não dá para conversar com fornecedor para deixar notas para depois, temos que pagar tudo este ano, até dia 31 de dezembro. Outro caráter fundamental desta medida também é o de economizar para pagarmos os pequenos fornecedores, que tem que ser pagos principalmente com verbas próprias e não por convênios, etc.”

 

“JP - Não havia outra forma de economizar que não fosse essa (unidades funcionando em meio período)?”

            “É bom que se coloque aqui que a questão das unidades de saúde serem também reduzidas em seu horário, não foi tomada de forma irresponsável, notamos que de 85 a 90% dos usuários dos postos vão até ele antes das 12 horas, ou seja, antes do almoço, na parte da tarde há uma certa ociosidade nestes setores, assim sendo passamos todos os trabalhos para o horário das 7 as 13 horas e toda e qualquer emergência médica será cuidada na Santa Casa que tem atendimento 24 horas. Essa medida embora cause certa chateação na população, principalmente quando é amplamente divulgada na mídia, mas na verdade não muda muito a rotina dos usuários dos postos e atrasamos ao máximo para fazê-la, apenas um mês. E como falei na pergunta acima mais que economizar a medida visa desacelerar o processo administrativo, que inclusive já é normal todo fim do ano orçamentário, quando as dotações do orçamento começam a escassear. E também outros setores estão sofrendo o mesmo processo.”

 

 

            Feito estas citações do semanário, necessário é agora responder pacientemente e de forma gentil uma indelicadeza do nosso eminente articulista, por serem de ordem inclusive pessoal. Como sou uma pessoa de educação esmerada não pedirei para esse senhor dobrar a língua ao falar da minha querida filha Luiza, que de fato estuda numa escola particular, escola Sirius em Sorocaba, única e exclusivamente por que fica perto da casa da minha sogra, que mora em Sorocaba, pois minha esposa e primeira dama Patrícia, trabalha (concursada) na Escola do SESI em Votarantim e deixa nossa querida filha na casa da mãe que a encaminha para escola perto de sua casa. Não é da conta do articulista de fina estampa, porém gostaria de esclarecer aqui que a Patrícia e a Luiza vão para o posto sim, e também à Santa Casa (e diferentemente de algumas autoridades, não cortamos a fila) inclusive eu trato minha pressão com a Dr.a Lizandra do PSF do Centro. De fato, só eu tenho UNIMED, devido a ser professor do ensino Estadual, associado a APEOESP, assim sendo a anos, muito antes de ser prefeito, entrei num plano, mas sempre vou a Santa Casa quando preciso e inclusive brigo para passarem minha carteirinha da Unimed para a unidade receber do meu convênio.

            E tenha certeza, caro articulista, o Maffeizão, sem pestanejar colocaria a Luiza numa escola municipal, pois eu fui aluno durante 9 anos no Coronel Esmédio e 3 anos no Monsenhor e o Luiz Otávio também estudou tanto nestas escolas como no Externato São José.

            É bom observar, nessa frase, o trabalho de tentar desconstruir não só minha imagem como também da minha família, que é muito querida dos porto-felicenses. O povo de Porto Feliz carrega a Luiza desde 2005 em seu colo e ela (Luiza) ama gigantescamente Porto Feliz.

            Tanto infeliz são as colocações sobre a Regiane e a Dra. Cláudia. Pois diferentemente do senhor articulista os membros do meu governo sabem o que falam, pode até não ser demagógicos como os chefes do articulista, mas falam com responsabilidade e competência, e quando nós afirmamos que de 80 a 90% dos procedimentos são feitos nas unidades de saúde antes do almoço, e antes ainda das 13 horas, antes nós observamos a série histórica dos nossos atendimentos o que demonstra um total desconhecimento do funcionamento das unidades por parte de um assessor parlamentar que inclusive assessora um doutor que é funcionário publico de carreira!

            A parte da tarde nas unidades de saúde é usada principalmente para expedientes administrativos, reuniões com agentes, médicos, enfermeiras, etc. O grosso das consultas são na parte da manhã, e as que não forem serão mudadas ou para o horário da manhã ou para a Santa Casa. Logo qualquer procedimento que o articulista precisar, poderá fazê-lo na Santa Casa, não só a tarde, mas durante 24 horas do dia. É bom lembrar que estamos falando da Santa Casa que este governo não deixou fechar em dezembro de 2007.

            Quero salientar aqui minha solidariedade e apoio a estas duas guerreiras Regiane e Dra. Cláudia. Dra. Cláudia que pela sua competência, profundo conhecimento do SUS e participação na construção do mesmo é membro do COSENS E CONASENS ( Conselho Estadual e Nacional dos Secretários de Saúde, posição nunca galgada por qualquer Gestor de Saúde de Porto Feliz) e foi convidada pelo prefeito eleito Juvenil de Salto para gerir o SUS saltense. Quem tiver duvida em relação ao trabalho que a Dra. Claudia fez em Porto Feliz, olhe o índice de desenvolvimento do SUS e o índice de desenvolvimento da FIRJAN (Federação das Industrias do RJ).

            Em relação ao lixo hospitalar, acho que o senhor articulista terá que explicar de onde ele tirou esses números: R$ 600 mil? Deixamos de pagar?

            No processo de fechamento de contas, podemos até estar atrasando alguns pagamentos, porém falar em deixar de pagar beira a calunia, pois a verdade é que estamos tendo dificuldades com a empresa que tem que retirar o lixo hospitalar, que por sinal não é só do hospital, mas sim de toda a cidade, inclusive das clinicas. Não sei se por coincidência ou não a empresa que recolhe esse lixo é a Tratalix, ligada a empresa coletora do lixo, sabe de onde? De Itu. Coincidência, não? Lembra daquele assunto sobre desconstrução de imagem para 2016 e procure ler quem está querendo sair como o herói da História e a quem ele é ligado!

            E já que mencionei fechamento de contas, é bom que se diga que dentro das nossas prioridades de pagamento, em primeiro lugar estamos pagando as folhas de pagamento dos nossos funcionários e das entidades que detém folha de pagamento.

            Vou aproveitar a mesma entrevista que citei acima para explicar o que vem acontecendo com as finanças dos municípios em todo Brasil, e alguns optam por não pagar o funcionalismo, nós como integrantes do Partido dos Trabalhadores, sempre priorizamos a folha de pagamento dos trabalhadores:

 

JP – “Porque a situação financeira se agravou? Queda nos repasses dos governos Federal e Estadual?”

“Desde 2009 há uma desaceleração no FPM e ICMS, mas neste ano de 2012 foi mais intenso devido às medidas anti-crises dos governos federal e estadual. Mas são medidas normais em fim de governo, inclusive adotei algumas delas em 2008, mas é claro que foi um período mais ameno do que o pós-2009.”

 

JP – “Você fala em fechar as contas e cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Afinal, como está o caixa da Prefeitura?”

“Acho engraçado a oposição e alguns órgãos da mídia viviam dizendo que não íamos fechar contas, que ficaríamos devendo, quando tomamos medidas para que isso não aconteça são os primeiros que demagogicamente vem reclamar. Estamos fazendo o que a lei nos faculta, manter o equilíbrio fiscal. No dia 1 de janeiro vamos entregar tudo de acordo com o que preconiza a LRF, inclusive faço questão de publicar o que vamos deixar de projetos (mais de 1,5 milhão em emendas), programas, etc. vamos deixar as licitações em dia, diferentemente do que aconteceu comigo, o próximo prefeito receberá todas as viaturas com o tanque cheio.”

 

 

            Para terminar, o eminente articulista, reforça tudo aquilo a que tenho me referido sobre a tentativa de desconstruir o Maffeizão, o governo Maffei e o Partido dos Trabalhadores, deixando bem claro qual é o objetivo do artigo.

 

            Porém, às pessoas conscientes e aos valorosos companheiros e simpatizantes, afirmo que são atitudes como essa que me fortalecem e me fazem participar do debate político.

            Pois, para dizer a verdade, não tenho intenção de voltar a governar Porto Feliz e torço para a futura administração ser muito melhor do que a minha. Sei da força e dos companheiros aguerridos que tenho no meu partido e que tem toda condição de me substituir, assim como nossos aliados.

            Também respeito e respeitarei qualquer reivindicação e manifestação vinda do nosso povo e entenderei sua mensagem, mas também peço para aqueles que sabem o que era Porto Feliz antes deste governo venham na defesa do nosso projeto, por que é exatamente nisto que indivíduos, como o eminente articulista e seu vil meio de comunicação, estão atacando.

            E embora estejamos passando um momento duro, difícil tanto economicamente, quanto politicamente, tenho certeza que com ética, respeito e elegância deixaremos uma cidade muito melhor do que recebemos, vencendo todos os desafios como o fizemos desde 2005.

            E viva a Democracia e viva Porto Feliz!

 

Cláudio Maffei

10/12/2012

SOLIDARIEDADE A DOM PEDRO CASALDÁLIGA


As ameaças a Dom Pedro Casaldáliga


DO O GLOBO

Dom Pedro Casaldáliga abandona sua casa após ameaças de morte

Religioso é conhecido por defender os direitos dos índios

Casaldáliga: espanhol vive em Mato Grosso desde a década de 1960

            O bispo Pere Casaldàliga, de 84 anos, se viu obrigado a deixar sua casa em São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, após receber ameaças de morte por seu trabalho em defesa dos índios Xavante e de comunidades pobres.


            Francesc Escribano, biógrafo do bispo e diretor da productora Minoria Absoluta, que prepara uma minissérie de TV sobre Casaldàliga, explicou que o religioso deixou sua casa a pedido da Polícia Federal. 

            As autoridades o levaram a um local desconhecido, onde conta com proteção policial, diante das ameaças de morte recebidas nos últimos dias por parte de colonos que ocupam ilegalmente as terras dos Xavantes. A Justiça está perto de decidir a favor dos índios na disputa por terra, o que vem aumentando a violência por parte dos ocupantes ilegais.

            O Conselho Indigenista Missionário emitiu um comunicado em solidariedade com o bispo, no qual, junto com outras organizações locais, defende o compromisso do religioso com "a defesa dos interesses dos mais pobres e dos povos indígenas".


            Nascido de uma família de camponeses em Balsareny, perto da Barcelona, em 16 de fevereiro de 1928, Casaldàliga foi ordenado sacerdote em 1952.


            Em 1968 já morava no Mato Grosso e três anos depois foi consagrado bispo de São Félix do Araguaia, município de 150 mil km² e uma das maiores reservas indígenas do país.


            Nunca voltou À Espanha, nem mesmo para o enterro de sua mãe. Tampouco cumpriu a visita obrigatória que os bispos devem fazer a Roma a cada cinco anos para prestar contas ao Papa. "Sou um pobre e os pobres não viajam", se justificava sempre.

            Ligado à teologia da libertação, sofreu ameaças de morte e perseguições durante o regime militar e de latifundiários da diocese, que chegaram a matar um vigário confundido com ele.


  
          Paulo VI, que o fez bispo em meio ao impulso reformador do Concílio Vaticano II, se viu obrigado a levantar a voz em Roma para deixar claro que Pere Casaldàliga era um dos seus. “Quem atingir Pere, atingi Paulo", disse, em frase memorável.

            A ofensiva posterior de João Paulo II contra os teólogos da libertação, entre os quais o prelado catalão sempre foi uma referência, acabou mudando o panorama: Casaldàliga foi por décadas um estorvo para Roma, que o aposentou em 2005.


domingo, 9 de dezembro de 2012

CEM ANOS DA GUERRA DO CONTESTADO .


Eram os jagunços terroristas?
interessante artigo do cineasta Silvio Back que dirigiu a Guerra dos Pelados
É preciso desossar a Guerra do Contestado a partir de um mix entre o que ela foi e o que poderia ter sido

08 de dezembro de 2012


SYLVIO BACK | CINEASTA, POETA E DIRETOR DE 38 FILMES, ENTRE ELES O CONTESTADO - RESTOS MORTAIS

História, memória, pretérito, pra que te quero? No entanto, há que se exigir “luz, mais luz!”, como balbuciou Goethe (1749-1832) no leito de morte. Sim, os insólitos e decisivos episódios de um dos mais desfrutáveis contornos anímicos do País - inaudita mescla de civilização e barbárie nos cafundós de Santa Catarina e do Paraná - permanecem soterrados a sete palmos pela tortuosamente amnésica História do Brasil. Quando não, enovelados por uma absoluta indiferença e assaz suspeita omissão.
A Guerra do Contestado (1912-1916), o maior levante bélico no campo brasileiro do século 20, verdadeira guerra civil nos sertões sulistas, em plena efeméride de seu centenário, vem se transformando em um zumbi do nosso passado recente. Suas perturbadoras vísceras morais, míticas, políticas e ideológicas, que continuam a nos assombrar, estão a exigir exorcização que a catapulte à pertinência e à atualidade.

A 20 de outubro de 1916, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, sob a égide do presidente da República, Venceslau Brás, o presidente de Santa Catarina, Felipe Schmidt, e Afonso Camargo, presidente do Paraná, “... inspirados no amor à paz...”, firmaram pacto que, aparentemente, selou o fim das sangrentas hostilidades nas e entre as então províncias (Estados) vizinhas.

Era uma paz enganosa, porque nos dois anos subsequentes, por meio das chamadas “varreduras”, sob o comando do então capitão “Rosinha” (José Vieira da Rosa, 1869-1957), da Polícia Militar de Santa Catarina, perpetrou-se um autêntico genocídio, com a perseguição e matança de centenas de rebeldes e caboclos indefesos. Nessas varreduras, oficialmente conhecidas no meio militar como “raides proveitosos” (sic), não havia diálogo entre o caçador e o caçado, apenas o matraquear do tiroteio, o pavor de velhos inermes e o choro de mulheres e crianças. Massacres do tipo do “My Lai” vietnamita (1968), avant la lettre.

Nestes seus cem anos, não se espantem, a Guerra do Contestado debate-se, misteriosa e sintomaticamente, imersa no mais inacreditável esquecimento factual e investigativo, que, aliás, sempre lhe maculou a imagem e o reconhecimento de várias gerações de historiadores. O que, afinal, não é nenhuma novidade.

Essa omissão e descaso ativos nada mais são do que um genérico regional (leia-se, provinciano) com que nossa historiografia, quase toda ela de extrato acadêmico, com as exceções de praxe, imprime seu enfoque unívoco, e ideologicamente (à direita e à esquerda) chamuscado, sobre um passado que lhe é estranho, ainda que entranhado. Daí o Contestado ter-se transformado num autêntico buraco negro da História do Brasil!

Quase sempre, a pegada desses escribas de plantão é o achatamento e a desqualificação da Guerra do Contestado. Quando não, utilizam-na como caricatura ideológica que faça coro com um seu ideário de toque político raso e radical, tentando, a todo custo, ancorá-la em qualquer agito similar que surja no campo. Ou, então, ignorar sua estatura geopolítica e prevalência na fecundação do moderno capitalismo no Brasil, para obliterar seu complexo substrato ideológico-institucional em plena neo-república.

E, ainda, para subestimar ou superestimar o amálgama místico-religioso (o “espírito de irmandade”, a submissão voluntária e a autoridade castrense que vigiam dentro dos redutos), ou para edulcorar os flagrantes de delinquência e ilícitos de nítido caráter terrorista que marcaram a ferro e fogo milhares de viventes e incontáveis interesses locais, nacionais e internacionais.

Ali, no Contestado, ao sul e a oeste das então fluídicas fronteiras entre Santa Catarina e Paraná, deu-se um embate fratricida de quatro anos; ali, em torno de 7 mil homens, um terço do efetivo do Exército brasileiro, promoveu um morticínio exemplar e único no século 20, sob o comando do general Setembrino de Carvalho (1861-1947), co-autor da tragédia de Vaza-Barris havia menos de duas décadas. E, onde, entre mortos e feridos, como em Canudos, se revezavam na brutalidade, espelhando-se mutuamente na sangueira e na insensatez, cada um empunhando a “sua” bandeira da verdade secular e de transcendência messiânica.

Incontornável: no Contestado matou-se à bala, à baioneta e na degola, e tombaram de fome, doençaria e perdição, entre soldados, caboclos e fanáticos, mais de 20 mil pretos, cafuzos, bugres e índios aculturados, imigrantes europeus (poloneses, alemães, ucranianos, rutenos), retirantes e trânsfugas de todos os grotões miseráveis do País. Hoje, centenas de cruzeiros sem nome e data, às vezes emoldurados com fitas coloridas, à sombra dos verdejantes pinheirais remanescentes e das sombrias florestas de Pinus elliottii do planalto catarinense, ainda clamam por justiça e reparação histórica.

No Contestado, a refrega teve inequívocos lances separatistas. Talvez resida aí uma das razões pelas quais se teme tanto mexer e rever o conflito na sua integridade holística, denunciando executantes e mandantes, desencavando valas crematórias, lápides e necrológios. A caudilhesca Revolução Farroupilha (1835-1845), que deu na breve “República Piratini”, era explicitamente autonomista, uma macabra antevisão sesquicentenária do dístico “o Sul é o meu país” - ao contrário do Contestado, onde essa vocação nunca foi coletiva, nem havia unanimidade política quanto a uma possível secessão, e muito menos representou o insumo para a longevidade da desgraceira.

Mesmo que chefetes, ex-lideranças de Gumercindo Saraiva, um dos comandantes da malograda, também separatista, Revolução Federalista (1893-1895), chegassem a propor, em 1914, a criação de um Estado autocrático batizado de “Monarquia Sul Brasileira”, que incorporaria tanto o Paraná como o Rio Grande do Sul, estendendo-se ao Rio de Janeiro. Na “Carta Magna”, que deixa escapar laivos republicanos, além de uma inusitada liberdade de voto, culto e de opinião, sonhava-se até com a criação de um Ministério da Marinha e a anexação da Banda Oriental do Uruguai, “antiga Província Cisplatina”...

Não raro o Contestado é associado à Guerra de Canudos (1896-1897), sendo inclusive chamado, equivocadamente, de “Canudos do Sul”, e faz mesmo algum sentido semântico, pois já nas primeiras notícias de ajuntamentos messiânicos na região, no início do século 20, a expressão veio a lume na mídia. No entanto, o Contestado diferencia-se de Canudos menos pela sua origem igualmente milenarista, como é reconhecido esse surto religioso de deserdados que agem em uníssono almejando uma suposta redenção moral de mil anos.

Tudo atiçado pelo verbo, ora incandescente ora melífluo, de um “messias”, com subtexto cristão revanchista e de restauro de um idílico tempo de benesses e bem-estar geral e perene. Esse “salvador” de homens e almas tanto pode ser um Antônio Conselheiro como os dois “padroeiros” do Contestado, os “sãos” João Maria, histórico e pacifista, e o bruxo incendiário José Maria, de passado dito criminoso, idolatrado por suas mandingas e curas e por arrecadar dinheiro dos caboclos para promover o assentamento fraudulento deles em terras devolutas.

Para higienizar de vez esse caldeirão, o que fazer com os milhares de enjeitados recalcitrantes, como controlar esse lumpesinato enfurecido que se engraçara com o messias em voga, indiferente à interminável pendenga jurídico-institucional entre Paraná e Santa Catarina? O jeito foi forçá-los a se virar como operários das multinacionais Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, a Brazil Railway Company, e Southern Lumber & Colonization (então a maior serraria da América do Sul). Ou, na pior das hipóteses, enxotá-los de suas glebas feito cães sarnentos, por não possuírem título de propriedade.

Isso sem falar nos 8 mil homens recrutados no Nordeste e no Rio de Janeiro como mão de obra quase escrava para tocar a ferrovia. Com seu término, em 1910, desempregados, eles viraram os potenciais novos “soldados do exército encantado de São Sebastião”: miséria por miséria, que fosse acreditando no improvável que poderia matar sua fome, em lugar da exploração de sua força de trabalho por ninharia e da serventia física e moral.

Foi quando o presidente Hermes da Fonseca, apavorado com que ali subsistissem cinzas de um monarquismo redivivo, mandou à região, armado até os dentes, inclusive com inéditos aviões, o general Setembrino de Carvalho, que acabara de liquidar um levante do Padre Cícero no Ceará.

Setembrino atuou com as PMs de Santa Catarina e do Paraná, coadjuvadas pelas milícias dos “coronéis”, os chamados “vaqueanos”, de infausta memória, que faziam o serviço sujo na cola do Exército, do qual recebiam soldo. Um a um eram fuzilados ou degolados os intimoratos recos da tropa celeste de “São Sebastião” (o mito do sebastianismo, restaurado nos sertões catarinenses, virara o mote da hora), em cujas fileiras estariam os combatentes mortos no Irani, tendo à frente “são” José Maria, lancetado naquele entrevero inaugural do Contestado (22 de outubro de 1912).

Conhecidos como “redutos” (eram mais de 40), e para os sertanejos, “cidades santas”, essas favelas, então inexpugnáveis “fortes de resistência” do jaguncedo, constituíam um misto de dormitório, rupestre praça de prédica, reza e batismos, justiçamento sumário e de ditames bélicos. Numa viagem dos tempos, dada a mesma matriz cristã, os sítios remontam ao espaço de fanatismo religioso, cega obediência e castigos aos índios, formatado pelos jesuítas nas missões da chamada “República Guarani” (1610-1776).

Improvisados e provisórios, estendiam-se a partir do Rio Iguaçu (divisa do Paraná), ao longo do Vale do Rio do Peixe (centro-oeste catarinense), até quase às margens do Rio Uruguai, que separa Santa Catarina do Rio Grande do Sul.

Como viviam infiltrados por aventureiros e fugitivos da lei, muitas vezes o epíteto “jagunço” fazia sentido. Em nome de um suposto ideal igualitário (“quem tem, mói, quem não tem, mói também”) pregado por “são” João Maria, nas suas ações guerrilheiras, derrotados nas tentativas de convencer quem os seguisse, punham-se a ameaçar a população civil, além de lhes surrupiar o gado, mantimentos, roupas e armas.

Na invasão de Curitibanos, quando incendiaram prédios públicos, assombrando autoridades e habitantes, houve quem visse em seus olhos aquele esgazeado próprio do fanático. Algo que corresponde ao que o historiador Maurício Vinhas de Queiroz (1928-1995), cujo livro Messianismo e Conflito Social (1966) é referência histórica, revela sobre os caboclos: o Contestado teria sido uma revolta alienada, seus protagonistas agiam como se fossem autistas, enfrentando as razias do general Setembrino de Carvalho com espadas de pau, crentes que ressuscitariam no Exército Encantado de São Sebastião...

Nessa, acabavam embaralhando agressão a símbolos opressores (obras da ferrovia, da serraria, sedes de fazendas, depósitos de armas, linhas telegráficas do Exército) com quem os apoiava clandestinamente (pequenos fazendeiros, comerciantes, políticos locais). Um terrorismo que foi corroendo e manchando a legitimidade reivindicatória do movimento por confundir algozes e vitimas.

Dissolvendo nossa useira e vezeira inconsciência, deboche e preguiça acadêmicas quanto à exegese da história oculta do Brasil, onde invariavelmente o campeão e o perdedor mentem, é preciso desossar o Contestado a partir de um mix entre o que foi e o que poderia ter sido. Ou seja, munido de um rigoroso approach desideologizado, onde os influxos morais permaneçam inoxidáveis.




Assista o filme:



UMA BELA HISTÓRIA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS




Gúbio, uma cidade na Úmbria, estava tomada de grande medo.


Na floresta da região vivia um grande lobo, terrível e feroz, o qual não somente devorava os animais como os homens, de modo que todos do povoado estavam apavorados! Por isso, cercaram a cidade com altas muralhas e reforçaram as portas. E todos andavam armados quando saíam da cidade, como se fossem para um combate.


Certa vez, quando Francisco chegou àquela cidade, estranhou muito o medo do povo.


Percebeu que a culpa não podia ser unicamente do lobo. Havia no fundo dos corações outra causa que era tão destrutiva como parecia ser a causa do lobo.


Logo, Francisco ofereceu-se para ajudar. Resolveu sair ao encontro do lobo, sozinho e desarmado, mas cheio de simpatia e benevolência pelo animal, e, como dizia às pessoas, na força da Cruz.


O perigoso lobo, de fato, foi ao encontro de Francisco, raivoso e de boca aberta pronto para devorá-lo, mas quando o lobo percebeu as boas intenções de Francisco e ouviu como este se dirigia a ele como a um irmão, cessou de correr e ficou muito surpreendido.


Francisco de Assis anulou a violência que havia no irmãozinho lobo. De olhos arregalados, viu que esse homem o olhava com bondade. Francisco então falou para o lobo:


- Irmãozinho lobo, quero somente conversar com você, meu irmão ... E caso você esteja me entendendo, levante, por favor, a sua patinha para mim!


O irmãozinho lobo, então, perante tão forte vibração de amor e carinho, perdeu toda a sua maldade. Levantou confiante a pata da frente, e calmamente a pôs na mão aberta de Francisco.


Então, Francisco disse-lhe amorosamente:


- Querido irmãozinho lobo, vou fazer um trato com você! De hoje em diante, vou cuidar de você meu irmão! Você vai morar em minha casa, vou lhe dar comida e você irá sempre me acompanhar e seremos sempre amigos! Você por sua vez, também será amigo de todas as pessoas desta cidade, pois de agora em diante você terá uma casa, comida e carinho, sendo assim, não precisará mais matar nem agredir ninguém, para sobreviver... Com a promessa de nunca mais lesar nem homem nem animal, foi o lobo com Francisco até a cidade.


Também o povo da cidade abandonou sua raiva e começou a chamar o lobo de irmão. Prometeu dar-lhe cada dia o alimento necessário. Finalmente, o irmão lobo morreu de velhice, pelo que, todos da cidade tiveram grande pesar.


Ainda hoje se mostra, em Gúbio, um sarcófago feito de pedra, no qual os ossos do lobo estão depositados e guardados com grande carinho e respeito durante séculos.


A história do lobo de Gúbio chama-nos, sem dúvida, à reflexão.


Quantas vezes deparamo-nos com irmãozinhos um tanto agressivos, nervosos, impacientes, chegando mesmo a nos agredir com palavras ásperas, levando-nos às decepções e amarguras... Quantas vezes!


Se pararmos para pensar e refletir, talvez cheguemos à triste conclusão, de que esteja ocorrendo, com eles, o mesmo acontecido com o lobo de Gúbio...


Ele, o lobo, acusado, com fome, sem receber compreensão e carinho, respondia também da mesma forma, com medo, ódio e agressividade.


Quando se encontrou frente a frente com o Amor e a Paz, defendidas por Jesus em Seu Evangelho, e personificada, vivida e exemplificada por Francisco de Assis, o lobo não teve outra reação senão a de recuar em suas agressões e respondeu também com carinho e compreensão, passando de inimigo a companheiro e amigo de todos.


Assim acontece em nossas vidas!


Se oferecermos aos nossos semelhantes azedumes, palavras de pessimismo, rancor, ódio e intolerância, receberão indubitavelmente, na mesma dose, tudo aquilo que semearmos...


Pois como dizia São Francisco:


"-é dando que recebemos...".


“Lenda retirada do livro “I Fioretti”, preciosa obra da primitiva literatura italiana, com lendas relativas a São Francisco de Assis”.


Na cidade de Gúbbio, até hoje, existe um sarcófago feito de pedra com os ossos do lobo.



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ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: DOIS MUNDOS, UM MESMO FASCÍNIO PELO PASSADO

Quando falamos em escavar o solo em busca de vestígios do passado, muitas pessoas imediatamente pensam em fósseis de dinossauros e utensílio...

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