A história da matemática é uma área de estudo dedicada à
investigação sobre a origem das descobertas da matemática e, em uma menor
extensão, à investigação dos métodos matemáticos e aos registros ou notações
matemáticas do passado.
Anteriormente à modernidade e à expansão mundial do
conhecimento, os exemplos escritos de novos progressos matemáticos tornaram-se
conhecidos em apenas poucas localidades. Os textos matemáticos mais arcaicos
disponíveis que nos são conhecidos são o Plimpton 322 (matemática babilônica,
cerca de 1900 a.C.) e o Papiro Matemático de Moscou (matemática egípcia, cerca
de 2000 – 1800 a.C.). Todos estes textos versam sobre o então chamado Teorema
de Pitágoras, que parece ser o progresso matemático mais amplamente difundido
depois da aritmética básica e da geometria.
A contribuição greco-helênica refinou grandiosamente os
métodos (especialmente através da introdução do raciocínio dedutivo e do rigor
matemático em provas) e expandiu o tema da matemática, isto é, aquilo de que
ela trata. O estudo da matemática como um tópico em si mesmo começa no século
VI a.C. com os pitagóricos, os quais cunharam o termo "matemática” a
partir do termo “mathema” do grego antigo, significando, então, “tema do
esclarecimento”.
A matemática chinesa fez contribuições já muito cedo,
incluindo o sistema de notação posicional. O sistema numérico indo-arábico e as
regras para o uso de suas operações, atualmente em uso no mundo todo, foi
provavelmente desenvolvido em torno do ano 1000, na Índia e transmitido ao
Ocidente através da matemática islâmica. A matemática islâmica, por sua vez,
desenvolveu e expandiu a matemática conhecida destas civilizações. Muitos
textos gregos e árabes sobre matemática foram então traduzidos ao latim, o que
contribuiu com o desenvolvimento da matemática na Europa medieval.
Dos tempos antigos à Idade Média, a eclosão da criatividade matemática
foi frequentemente seguida por séculos de estagnação. Começando no Renascimento
no século XVI, novos progressos da matemática, interagindo com as novas
descobertas científicas, foram realizados de forma crescente, continuando assim
até os dias de hoje.
MATEMÁTICA NA PRÉ-HISTÓRIA
A origem do pensamento matemático jaz nos conceitos de
número, magnitude e forma. Estudos modernos da cognição animal mostraram que
tais conceitos não são unicamente humanos. Eles teriam sido parte da vida
cotidiana de sociedades de indivíduos caçadores-coletores. Ademais, que o
conceito de número tenha se desenvolvido paulatinamente ao longo do tempo, isto
fica evidente como o fato de que algumas línguas atuais preservam a distinção
entre “um”, “dois” e “muitos”, mas não em relação a números maiores que dois.
Suazilândia |
O objeto matemático reconhecido como possivelmente o mais
antigo é o osso de lebombo, descoberto nos montes Libombos, na Suazilândia, e
datado de aproximadamente 35.000 anos a.C. Tal osso consiste em 29 entalhes
feitos em uma fíbula (ou perônio) de um babuíno. Também foram descobertos
artefatos pré-históricos na África e na França, datados de entre 35.000 e
20.000 anos atrás, os quais sugerem tentativas arcaicas de quantificação do
tempo.
No livro How Mathematics Happened: The First 50.000 Years,
por exemplo, Peter Rudman argumenta que o desenvolvimento do conceito de
números primos apenas pôde ter surgido depois do conceito de divisão, a qual é
por ele datada de após 10.000 a.C., sendo que os números primos provavelmente
não eram entendidos até em torno de 500 a.C. Ele também escreve que “não foi
feita nenhuma tentativa de explicar por que razão uma talha de alguma coisa
deve apresentar múltiplos de dois, números primos entre 10 e 20 e alguns
números que são quase múltiplos de 10”.
MATEMÁTICA EGÍPCIA
O osso de Ishango, descoberto perto das cabeceiras do rio
Nilo, pode possuir algo como 20.000 anos de existência e consiste em uma série de
talhas marcadas em três colunas ao longo do comprimento do osso. As
interpretações mais habituais a respeito de tal osso dizem que ele mostra ou a
mais antiga demonstração conhecida de sequências de números primos ou então um
calendário lunar de seis meses. Há também egípcios do período pré-dinástico do
quinto milênio a. C., que representam pictoricamente as figuras geométricas.
Além disso, reivindica-se que os monumentos megalíticos presentes na Inglaterra
e na Escócia, datados do terceiro milênio a. C., incorporam em suas formas
ideias tais como a de círculo, a de elipse e os triplos pitagóricos.
MATEMÁTICA GREGA
Egípcios, babilônicos e chineses, muito antes do século VI
a.C., eram já capazes de efetuar cálculos e medidas de ordem prática com grande
precisão. Foram os gregos, no entanto, que introduziram as rigorosas provas
dedutivas e o encadeamento sistemático de teoremas demonstrativos que tornaram
a Matemática uma ciência.
A palavra “matemática”, que é de origem grega, englobava a
aritmética, a geometria, a astronomia e a mecânica. Antigamente, apenas a
aritmética e a geometria, as duas áreas teóricas que mais atraíram os gregos
antigos, eram consideradas ciências puramente matemáticas.
Demócrito de Abdera |
Alguns filósofos como Tales de Mileto (625 a.C – 545 a.C.),
Pitágoras de Samos (570 a.C. – 495 a.C) e Demócrito de Abdera (cerca de 460
a.C.). Outros também eram sofistas, como Hípias de Élisa (século V a.C.);
outros dedicavam-se quase exclusivamente à geometria e às suas aplicações
mecânicas e astronômicas, como Euclides (295 a.C.), Arquimedes (287 a.C. – 212 a.C.)
e Apolônio de Perga (200 a.C.). Diofanto de Alexandria notabilizou-se por seus
estudos de álgebra.
A contribuição dos filósofos pré-socráticos à matemática,
enquanto ciência, são discutíveis e em grande parte fruto de tradição mal
documentada. As mais antigas evidências concretas sobre as atividades de um
matemático propriamente dito referem-se a Hipócrates de Quios (cerca de 470 a.C
– 400 a.C.) Nossos conhecimentos sobre Hipócrates de Quios e outros matemáticos
anteriores ao século IV a.C., no entanto, baseiam-se em fragmentos de suas
obras e em tradições conservadas nos séculos posteriores. O mais antigo tratado
matemático que chegou aos dias atuais é o “Da Esfera Móvel”. De Autólico (360
a.C. – 290 a.C.) um estudo a respeito da piramidia da esfera. Dos matemáticos
posteriores restam-nos diversas obras de valor desigual, dentre as quais
destaca-se Os Elementos de Euclides, cuja influência persiste até hoje.
O interesse pela História da Matemática iniciou, também, na
Grécia Antiga, Eudemo de Rodes (século IV a.C.), um dos discípulos de
Aristóteles, escreveu histórias da aritmética, da geometria e da astronomia
que, infelizmente, não foram conservadas. Durante o período greco-romano,
matemáticos como Papo de Alexandria e Teon, pai da filosofa Hipatia, discutiram
e comentaram a obra de seus predecessores.
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