sábado, 25 de agosto de 2018

PRÉ-SOCRÁTICOS (2)





ANAXÍMENES DE MILETO

         


    Anaxímenes de Mileto foi um filósofo grego pré-socrático do Período Arcaico da Grécia, ativo na segunda metade do século VI a.C. Anaxímenes, tal como outros na sua escola de pensamento, praticou o materialismo monista. Esta tendência para identificar uma específica realidade composta de um elemento material constitui o âmago das contribuições que deu fama a Anaxímenes, que escreveu a obra “Sobre a Natureza”, em prosa. Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a luz da Lua é proveniente do Sol.

         Anaxímenes nasceu em Mileto, aproximadamente em 588 A.C., seu pai era Eurístrato. Teofrasto descreve Anaxímenes como discípulo e companheiro de Anaximandro sendo, aparentemente, cerca de vinte e dois anos mais novo do que ele.
         Como mencionado por Plínio, o Velho, em sua História Natural (Livro II, capítulo LXXVI), Anaxímenes foi o primeiro a analisar o cálculo geométrico das sombras para medir as partes e divisões do dia, e projetou para ele um relógio de sol, que ele chama de sciothericon.
sciothericon de Anaxímenes

         Diógenes Laércio afirma que, segundo Apolodoro, Anaxímenes morre na 63.ª Olimpíada (528 – 525 a.C).

ANAXÍMENES E O ARCHÉ
        
   Enquanto que os seus predecessores, Tales de Mileto e Anaximandro, propuseram que o arqué, ou arkhé, ou ainda arché (princípio da vida), a substância primaria, era a água e o áperiron respectivamente, Anaxímenes afirmava ser o ar a sua substância primária, a partir da qual todas as outras coisas eram feitas. Enquanto a escolha de ar possa parecer arbitrária, ele baseou as suas conclusões em fenômenos observáveis na natureza, como a condensação. Quando o ar condensa, torna-se visível, como o nevoeiro e depois ar puro e outras formas de precipitação, e enquanto o ar arrefece, Anaxímenes supunha que se formaria terra e posteriormente pedra. Em contraste com a água, a água evapora em ar, que posteriormente por ignição produz chamas quanto mais rarefeito. Enquanto outros filósofos também reconheciam tais transições em estados da matéria, Anaxímenes foi o primeiro a associar os pares de qualidades quente/seco e frio/molhado com a densidade de um único material e a adicionar uma dimensão quantitativa ao sistema monista milésio.
        
Simplício em seu livro “Física” nos conta: “Anaxímenes de Mileto, filho de Eurístrates, companheiro de Anaximandro, afirma também que uma só é a natureza subjacente, e diz, como aquele, que é ilimitada, não porém indefinida, como aquele diz, mas definida dizendo que ela é Ar. Diferencia-se nas substâncias, por rarefação e condensação. Rarefazendo-se, torna-se fogo; condensando-se, vento, depois nuvem, e ainda mais água, depois terra, depois pedras, e as demais coisas provêm destas. Também ele faz eterno o movimento pelo qual se dá a transformação”.

A COSMOLOGIA DE ANAXÍMENES


         Tendo concluído que tudo no mundo é composto por ar, mais tarde, Anaxímenes usou a sua teoria para desenvolver um esquema que explicasse as origens de natureza da Terra e dos corpos celestes aos seu redor.
        
O ar para criar o disco plano da Terra, que dizia ser da forma de um pão numa mesa e que se comportava como uma folha a flutuar no ar. Mantendo a visão de eu os corpos celestes eram como bolas de fogo no céu, Anaxímenes propôs que a terra libertasse uma exalação de ar rarefeito (pneuma) que se transformava em fogo, formando no final as estrelas. O Sol não seria composto por ar rarefeito, mas sim de terra, assim como a lua. O seu aspecto em ignição não vem da sua composição mas sim do seu movimento rápido. A Lua é também considerada como sendo plana, flutuando em fluxos de ar, e quando se oculta abaixo do horizonte não passa por debaixo da Terra mas é obscurecida por partes mais elevadas da Terra enquanto faz o seu circuito e se torna mais distante. O movimento do Sol e dos outros corpos celestiais à volta da Terra é similar, diz Anaxímenes, ao modo como um chapéu pode ser rodado na cabeça de uma pessoa.
        
Anaxímenes usou as suas observações e o raciocínio para providenciar as causas de outros fenômenos naturais. Terremotos, dizia, eram o resultado de falta de umidade, que causa à Terra o sofrimento de fraturas de tão seca que estaria, ou por excesso de umidade, que faria a terra também sofrer de fraturas pelo excesso de água. Em ambos os casos, a Terra torna-se fraca pelas fraturas e os montes colapsam, causando terremotos. Os relâmpagos são causados por uma separação violenta, desta vez de nuvens pelo vento, causando uma iluminação brilhante semelhante ao fogo. O arco-íris, é formado quando o ar densamente comprimido é tocado pelos raios do sol. Estes exemplos mostram como Anaxímenes, como os outros milésimos, procuravam uma visão mais completa da natureza, procurando unificar causas para diversos eventos que ocorressem, em vez de tratar cada um por si ou atribuindo as causas a deuses ou a uma natureza personificada




OBRAS

         Anaxímenes escreveu a obra de nome Peri Physeos (Sobre a Natureza), obra que hoje em dia se encontra perdida. Mas temos referência a ela a partir de Diógenes, que disse dele que escrevia em dialeto jônico e num estilo conciso.
         Segundo menciona Plínio, o Velho na sua obra História Natural (Livro II, capítulo XXVI/126). Anaxímenes foi o primeiro a analisar geometricamente aspectos das sombras para medir as partes e divisões do dia, e desenhou um relógio de sol que denominava Sciothericon.


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