Jan van Eyck
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Jan van Eyck (Maaseik?,Holanda c. 1390 — Bruges, 1441) foi um
pintor flamengo do século XV, irmão de Hubert van Eyck e pupilo de Robert
Campin. Foi também o fundador de um estilo pictórico do estilo gótico tardio,
influenciando em muito o Renascimento nórdico. Como tal, é visto como o mais
célebre dos primitivos flamengos.
Teve como bases para a sua carreira artística os
escultores Klaus Sluter e Broedeldam, duas distintas personagens da arte
flamenga.
Foi um pintor igualmente caracterizado pelo naturalismo,
imperando na sua obra meticulosos pormenores e vivas cores, além de uma extrema
precisão nas texturas e na busca por novos sistemas de representação da
tridimensionalidade, ou seja, a perspectiva.
Van Eyck, porém, não recorria com tanta frequência à
perspectiva, pintando, desta feita, a madeira em que concebia os seus quadros
de branco, o que concedia à pintura um excepcional brilho e um ligeiro efeito
de profundidade. A ressequida madeira era também polida. Tal diz-nos que o
artista era muito inovador e até um pouco atrevido.
É concedida, muitas vezes, a van Eyck a criação da
pintura a óleo. Todavia, esta já era relativamente conhecida e utilizada na
Flandres do século XIV. Realmente, o que o artista criou foi a tinta a óleo com
secagem rápida (hoje em dia esta é, obviamente, mais rápida).
Foi, em 1425, nomeado pelo Duque de Borgonha que veio a
se casar com Infanta de Portugal D. Isabel, pintor da corte da Flandres, cargo
que conservou até à sua morte.
A relação que mantinha com o duque era de tal
importância, que este encarregou-o mesmo com alguns cargos e missões
diplomáticas, sobretudo em Espanha, Portugal e Itália.
A sua visita a estes países explica muitas das mudanças e
inovações na arte, sofridas sobretudo em Portugal e na Itália. Nesta última,
por exemplo, explica-se a grande influência dos primitivos flamengos com as
ditas viagens de van Eyck ao país. Note-se, entre outros, a obra de Melozzo da
Forlì.
Em Portugal, um país sempre conservador e que
"franzia o olho" às novas tendências, toda aquela arte gótica que
ainda imperava no país, foi convidada a desaparecer. Esta radical mudança
eventualmente pode ser visível nos famosos Painéis de São Vicente de Fora,
pertencentes, hoje, ao acervo do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
É de relevo, na obra de van Eyck, a influência da pintura
helenística. O artista costumava conceder profundidade e diversas sombras,
mesmo nas zonas onde mais incidia a luz. Tal facto, pode ser considerado como
uma iniciação ao realismo.
Por outro lado, é interessante uma constante elementar,
mas de profundo vigor, em quase toda a obra do artista flamengo: as figuras
humanas aparecem representadas como se um monumento fossem. Note-se o quadro O
Casal Arnolfini, em que, tanto Giovanna Arnolfini como o esposo, Giovanni
Nicolao, são representados com recorrência a uma certa
"monumentalidade".
Entre seus herdeiros diretos podemos mencionar Rogier van
der Weyden, Hugo van der Goes, Petrus Christus, Konrad Witz, Hans Memling, Martin
Schongauer e Mabuse.
Para levar a termo sua intenção de espelhar a
realidade em todos os pormenores, Jan Van Eyck teve que aperfeiçoar a técnica
pictórica. Foi ele o inventor da pintura a óleo. Existe muita discussão em
torno do significado exato e da veracidade dessa asserção, mas os detalhes
importam comparativamente pouco. A descoberta dele foi algo como a da
perspectiva, que constituiu um evento inteiramente novo. O que ele realizou foi
uma receita para a preparação de tintas, antes delas serem espalhadas no papel.
Os pintores daquela época não compravam cores prontas em tubos ou outros
recipientes. Tinham que preparar seus próprios pigmentos, sobretudo extraídos
de plantas e minerais. Depois os pulverizavam, triturando-os entre duas pedras
– ou mandando seus aprendizes triturarem-nos –, e antes de os usarem,
adicionavam algum líquido aos pigmentos, a fim de converterem o pó numa espécie
de pasta. Havia diversos métodos para fazer isso, mas durante a Idade Média o
principal ingrediente do líquido era obtido do ovo, o que era muito adequado,
salvo pelo inconveniente de secar muito depressa. Esta técnica é conhecida como
têmpera. Aparentemente não muito satisfeito com esta fórmula, pois não permitia
realizar transições suaves em que as tonalidades cromáticas se transformassem
gradualmente de uma para outra. Usando óleo ao invés do ovo, Jan Van Eyck podia
trabalhar muito mais devagar e com maior exatidão. Podia fazer cores lustrosas,
suscetíveis de serem aplicadas em camadas transparentes ou "vidradas";
podia adicionar cintilantes detalhes em relevo com um pincel de ponta fina, e
realizar todos os milagres de precisão e minúcia que espantaram seus
contemporâneos e cedo levaram à aceitação geral do óleo como o veículo
pictórico mais adequado.