sexta-feira, 2 de junho de 2017

MAFRA: O CONVENTO QUE VIROU UM PALÁCIO


Mafra foi concebido inicialmente como um pequeno convento para 13 frades, o projeto para o Real Convento de Mafra foi sofrendo sucessivos alargamentos, acabando num imenso edifício de cerca de 40.000 m2, com todas as dependências e pertences necessários à vida quotidiana de 300 frades da Ordem de S. Francisco, em 1717, no reinado de D. João V.

Foi preocupação de D. João V garantir o sustento do Convento, pagando as despesas do seu “bolsinho”. Assim, eram dadas propinas a cada frade duas vezes por ano, no Natal e no São João. Constavam de tabaco, papel, pano de linho e ainda burel para os hábitos, tendo cada irmão direito a dois, um para usar e outro para lavar. Tinham ainda de remendar cada um a sua própria roupa.
No convento gastavam-se e anualmente, por exemplo, 120 pipas de vinho, 70 pipas de azeite, 13 moios de arroz (cada moio equivale a 828 litros) ou 600 cabeças de vaca. Junto ao Convento ficava o Jardim da Cerca, com a horta, pomar, vários tanques de água e para se distraírem, sete campos de jogos, quatro da bola, um do aro e dois de laranjinha. 
Ocupado pelas tropas francesas e depois inglesas na época das Guerras Peninsulares, o Convento foi incorporado na Fazenda Nacional quando da extinção das ordens religiosas em Portugal, a 30 de Maio de 1834 e, desde 1841 até aos nossos dias, foi sucessivamente habitado por diversos regimentos militares, sendo desde 1890 sede da Escola Prática de Infantaria.

Destaca-se como espaços conventuais mais significativos o Campo Santo e a Enfermaria para além da Sala Elíptica ou do Capítulo, a Sala dos Atos Literários (Exames), a Escadaria e o Refeitório, estes últimos hoje pertencentes à Escola das Armas. O Palácio de Mafra recebe visitas sob marcação.


O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO E O REINADO DE LUÍS XIV


            Absolutismo, sistema político no qual se confere todo o poder a apenas um indivíduo ou a um grupo.

MONARCAS ABSOLUTISTAS NA INGLATERRA:

MONARCAS ABSOLUTISTAS NA ESPANHA:

MONARCAS ABSOLUTISTAS NA FRANÇA:

MONARCAS ABSOLUTISTAS NA RÚSSIA:

MONARCA ABSOLUTISTA EM PORTUGAL:
            O desenvolvimento do absolutismo moderno começou com o nascimento dos Estados nacionais europeus no final do século XV e se prolongou durante mais de 200 anos. O melhor exemplo que se tem dele é o reinado de Luís XIV. Sua declaração “o Estado sou eu” resume com precisão o conceito do direito divino dos reis.

LUÍS XIV


            Luís XIV (1638-1715), rei da França (1643-1715), conhecido como “Rei Sol”. Impôs um governo absolutista na França e empreendeu uma série de guerras, com o objetivo de dominar a Europa. Seu reinado caracterizou-se pelo florescimento da cultura francesa.
            O reinado de Luís XIV de mais de meio século representou um período de apogeu para a França. O país conheceu um enorme poderio militar, prosperidade científica e desenvolvimento artístico.
Cardeal Mazarin
           Em 1648 teve início a Fronda, uma série de conflitos liderados pelo Parlamento e pela nobreza contra o primeiro-ministro Jules Mazarin. Os problemas iniciaram ainda na menoridade de Luís XIV, contribuindo para o amadurecimento e fortalecimento do seu caráter. Dominado o conflito, Mazarin tomou uma série de medidas com a finalidade de organizar a máquina administrativa, transformando-a em uma das principais armas da monarquia.
Jean-Baptiste Colbert
            Por ocasião da morte de Mazarin, Luís XIV decidiu governar sozinho e elegeu como assessor financeiro Jean-Baptiste Colbert. A economia do país foi reestruturada para atender às exigências mercantilistas, sendo então criadas a marinha mercante, fábricas, estradas e portos. Foram desenvolvidos dois novos e eficazes instrumentos de poder: um corpo de diplomatas profissionais e um exército permanente.
            Em relação à política externa, seu firme objetivo foi glorificar a França e impedir qualquer ressurgimento do poder dos Habsburgo. Em quatro guerras, demonstrou a toda a Europa sua habilidade como chefe militar. Seu último empreendimento foi a Guerra da Sucessão espanhola (1701-1713).



            Comparável à busca de glória na guerra foi seu mecenato no campo das artes. Entre outros feitos, Luís XIV incentivou e protegeu dois expoentes da literatura francesa: Racine e Molière. O grande palácio de Versalhes constituiu o símbolo ideal para sua luxuosa corte. Luís XIV não conseguiu pôr um fim nas tensões entre uma elite governante e uma sociedade estamental, baseada em privilégios hereditários. Entretanto, converteu a França no modelo burocrático da Europa absolutista do século XVIII.
Palácio de Versalhes

quinta-feira, 1 de junho de 2017

"DAESH" OU "ESTADO ISLÂMICO"?LEIA ESTE ARTIGO PARA SABER PORQUE DEVEMOS OPTAR PELO "DAESH"


POR QUE DEVEMOS DIZER “DAESH” EM VEZ DE “ESTADO ISLÂMICO”?

Segundo Azeredo Lopes, professor de direito internacional público, acredita que seria bom que se passasse a utilizar o termo "Daesh" em vez de "Estado Islâmico". Antes de mais, porque lhe retira o peso simbólico. "Se é uma organização que existe essencialmente para nos destruir, eu acho muito bem que, de uma vez por todas, não lhe façamos o favor de a promover, reconhecendo-lhe dois estatutos fundamentais que eu me recuso reconhecer-lhe: o estatuto de Estado, que, do ponto de vista jurídico-político, é o estatuto mais nobre do direito internacional, e o estatuto de representação islâmica, que eu recuso aceitar que possa ser corporizado por uma associação de bandidos, assassinos e terroristas".



O QUE SIGNIFICA “DAESH”?

"Daesh" é a sigla em árabe para al-Daula al-Islamiya al-Iraq wa Sham (Estado Islâmico do Iraque e Sham [Levante]). O mais correto seria "Daish", mas a variante "Daesh" é mais usada na mídia, o que é mais correto do ponto de vista de pronúncia.
O acrônimo ISIS é usado amplamente na mídia em inglês e significa Estado Islâmico do Iraque e Síria, o que provoca muita controvérsia, já que o Iraque e a Síria são dois Estados soberanos que não têm nada a ver com os terroristas cujas ações sangrentas sacodem o mundo inteiro.
Altos diplomatas e políticos em várias línguas, inclusive o inglês, usam o acrônimo “ISIL” no qual a única coisa que difere da sigla anterior é a letra “L” que significa Levante – uma região não determinada de forma precisa e que abrange Síria, Palestina, Jordânia e Líbano. 

“DAESH” PORQUE OS TERRORISTAS ODEIAM O NOME?
Como é geralmente sabido, a guerra deve ser travada em todas as frentes, inclusive na mídia e na opinião pública. Em árabe, esta palavra é semelhante à "Daes", que significa "aquele que esmaga algo" ou "Dahes" que pode ser traduzido como "aquele que semeia a desordem".
Segundo divulgou o jornal britânico Mirror, citando o canal de TV norte-americano NBC, militantes do grupo terrorista ameaçaram "cortar as línguas de cada um que pronuncie a palavra 'Daesh'“. Além disso, nos territórios controlados pelo grupo terrorista, o uso da palavra "Daesh" não só é proibido, mas o castigo são 70 chibatadas, informou o jornal britânico The Independent.
Quer dizer, os próprios terroristas oferecem mais uma razão para usar ainda mais ativamente a palavra "Daesh" porque o que é mau para os terroristas é bom para o mundo.



O ESTADO ISLÂMICO NÃO UM ESTADO!

O nome "Estado Islâmico" implica uma certa noção de instituição, o que claramente não tem nada a ver com a realidade. Para evitar esta noção, é melhor referir-se aos terroristas usando o termo "Daesh" porque de fato os terroristas em questão representam um quase-Estado que nunca foi reconhecido formalmente nem internacionalmente.

FONTES:




CUNHANDO A HISTÓRIA DA CUNHAGEM

História da cunhagem
Cunhagem é o processo pelo qual as moedas passam para serem gravadas.

Consiste em produzir a estampagem de um desenho em uma, ou ambas, as faces de uma moeda, utilizando para tanto um cunho.


Em economia, cunhagem geralmente refere-se ao custo total da produção da moeda metálica, geralmente a cargo das autoridades governamentais e de países com reservas disponíveis para tal.

A palavra francesa seignorage (francês arcaico, referente ao moderno seigneuriage) que significa em português "vantagem da cunhagem", faz referência a diferença [positiva] entre o valor de uma moeda e o custo de produzi-la e pode ser usada como analogia moderna em relação a posição dos Estados Unidos como emissor do dólar americano, moeda-padrão usada nos negócios internacionais.

A história da cunhagem de moedas está interligada com a evolução dos métodos produtivos e das técnicas de metalurgia. No início as moedas eram cunhadas de forma artesanal, para realizar a operação o desenho a ser utilizado era gravado de forma "espelhada", em baixo relevo em uma bigorna.


Em seguida o disco de metal, previamente aquecido, era pressionado sobre esta gravação com o auxilio de um punção, onde se aplicava a pressão necessária com um martelo, transferindo assim o desenho do cunho para o metal.


Este processo produzia moedas com um desenho gravado em apenas uma das faces.Num segundo momento o punção onde se aplicava a pressão foi substituído por outro cunho (este móvel e também gravado como o cunho fixo), este novo processo permitiu a cunhagem de moedas com gravações nas duas faces.

Este processo necessitava, porém, da força humana, o que tornava a produção de moedas uma atividade lenta.

Posteriormente no século XVI, este processo foi melhorado com a introdução do balancim , uma espécie de prensa na qual é possível fazer um esforço menor e produzir, no entanto, uma pressão maior e mais uniforme nos cunhos.

Já durante a revolução industrial a cunhagem foi aprimorada com a introdução de prensas a vapor, e posteriormente prensas elétricas.


OS HOMENS QUE ACENDERAM O SÉCULO XVIII

                Temos usado para descrever as tendências do pensamento e da literatura na Europa e em toda a América durante o século XVIII, antecedendo a Revolução Francesa, o termo Iluminismo. Termo este que foi empregado pelos próprios escritores do período, convencidos de que emergiam de séculos de obscurantismo e ignorância para uma nova era, iluminada pela razão, a ciência e o respeito à humanidade. As novas descobertas da ciência, a teoria da gravitação universal de Isaac Newton e o espírito de relativismo cultural fomentado pela exploração do mundo ainda não conhecido foram também importantes para a eclosão do Iluminismo.
Sir Isaac Newton

            Entre os precursores do século XVII, destacam-se os grandes racionalistas, como René Descartes e Baruch Spinoza, e os filósofos políticos Thomas Hobbes e John Locke. Na época, é igualmente marcante a fé no poder da razão humana. 

             Chegou-se a declarar que, mediante o uso judicioso da razão, seria possível um progresso sem limites. Porém, mais que um conjunto de idéias estabelecidas, o Iluminismo representava uma atitude, uma maneira de pensar. De acordo com Immanuel Kant, o lema deveria ser "atrever-se a conhecer". Surge o desejo de reexaminar e pôr em questão as idéias e os valores recebidos, com enfoques bem diferentes, daí as incoerências e contradições entre os textos de seus pensadores. A doutrina da Igreja foi duramente atacada, embora a maioria dos pensadores não renunciassem totalmente a ela.
Immanuel Kant
            A França teve destacado desenvolvimento em tais idéias e, entre seus pensadores mais importantes, figuram Voltaire, Charles de Montesquieu, Denis Diderot e Jean-Jacques Rousseau. 

         Outros expoentes do movimento foram Kant, na Alemanha, David Hume, na Escócia, Cesare Beccaria, na Itália, Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, nas colônias britânicas. 

          A experiência científica e os escritos filosóficos entraram em moda nos círculos aristocráticos, surgindo, assim, o chamado despotismo ilustrado. Entre seus representantes mais célebres encontram-se os reis Frederico II da Prússia, Catarina II, a Grande, da Rússia, José II da Áustria e Carlos III da Espanha. O Século das Luzes, ou Iluminismo, terminou com a Revolução Francesa de 1789, que incorporou inúmeras idéias iluministas em suas fases mais violentas, desacreditando-as aos olhos da maioria dos europeus contemporâneos. O Iluminismo marcou um momento decisivo para o declínio da Igreja e o crescimento do secularismo atual, assim como serviu de modelo para o liberalismo político e econômico e para a reforma humanista do mundo ocidental no século XIX.

quarta-feira, 31 de maio de 2017

BÁRBARA TUCHMAN: A ARTE DE ESCREVER HISTÓRIA


                Bárbara Tuchman é a historiadora de maior sucesso nos Estados Unidos, duas vezes agraciada com o Prêmio Pulitzer. Em seus textos e palestras, apresenta-nos lições sobre sua arte. Vamos compilá-las, com propósito didático. Divulgar a arte de escrever é um dever do ofício de professor e orientador.

                Escrever história de modo a encantar o leitor e a tornar um assunto tão cativante e emocionante para ele quanto para ela tem sido seu objetivo, desde o fracasso inicial com sua tese. Foi classificada como dotada de um “estilo medíocre”. Comentário dela sobre a tese: “tão bela – na intenção – e tão mal escrita”... o entusiasmo não tinha sido suficiente; era preciso saber também usar a língua. 


Visão, conhecimento e experiência não fazem um grande escritor, só com o domínio da língua que se tornará a voz dessas virtudes.

                Antes de mais nada, a paixão pelo assunto é indispensável para se escrever bem. Mas não basta. Bárbara descobriu que se aprende a escrever, escrevendo. Descobriu que um elemento essencial para se escrever bem é um bom ouvido. Devemos ouvir o som de nossa prosa. Em sua opinião, as palavras curtas são sempre preferíveis às longas. Quanto menos sílabas, melhor! Os monossílabos... são os melhores de todos!

                As palavras têm um poder autônomo, quase atemorizador, de produzir na mente do leitor uma imagem ou ideia que não estava na intenção do autor. O uso descuidado das palavras pode deixar uma falsa impressão que não se pretendia.

                Para Bárbara, o problema está no fato de que a arte de escrever lhe interessa tanto quanto a arte da História

Tuchman vê a História como arte, não como ciência. 

Quando escreve, é seduzida pelo som das palavras e pela interação de som e sentido. As palavras constituem material sedutor e perigoso, a ser usado com cautela.

                Pergunta-se: – “Sou, em primeiro lugar, escritora ou historiadora?” Ela mesma responde: – “As duas funções não precisam estar, e de fato não devem estar, em guerra. A meta é a fusão". 

"Em longo prazo, o melhor escritor é o melhor historiador”.

                A História é vista como literatura, em oposição à História como ciência. Sua exposição deve ser feita em todo o seu valor emocional e intelectual, a um amplo público, através da difícil arte da literatura. Note-se: “amplo público”! a ênfase deve sempre ser dada à escrita para o leitor comum, em contraposição à escrita apenas para os colegas eruditos. Quando escrevemos para um público amplo, temos de ser claros e interessantes. Esses são os critérios que determinam um bom texto.

                O leitor é a pessoa que deve se ter sempre presente. Escrevamos nossos textos com um cartaz pregado acima de nossa mesa, perguntando: “Irá o leitor virar a página?”

                O objetivo do autor é – ou deveria ser – manter a atenção do leitor. Querer que o leitor vire a página e continue a fazê-lo até o fim. Isso só acontece quando a narrativa avança com firmeza, e não quando entra num impasse, sobrecarregada de todos os detalhes descobertos na pesquisa, significativos ou não. Contra o texto tipo “rol de roupa”, o lema: “a exclusão de tudo que é redundante e de nada do que é significativo”!

                O leitor é a outra metade essencial do autor. Entre eles há uma ligação indissolúvel. São necessários dois para cumprir a função da palavra escrita. Os escritos não nascem não têm vida independente, enquanto não são lidos. Logo, primeiro é preciso prender o leitor.

                Bárbara é, em primeiro lugar, uma escritora, cujo assunto é a história, e cujo objetivo é a comunicação. Tem sempre presente o leitor como um ouvinte cuja atenção deve ser mantida, para que não se vá embora.

                Quem escreve tem várias obrigações com o leitor, se quiser conservá-lo. A primeira é destilar. Deve fazer o trabalho preliminar para o leitor: reunir as informações dar-lhes sentido, selecionar o essencial, rejeitar o irrelevantesobretudo rejeitar o irrelevante – e colocar o restante de modo a formar uma narrativa dramática que se desenvolve de modo a capturá-lo. Oferecer uma massa de fatos não digeridos é inútil para o leitor. Constitui simples preguiça do autor ou pedantismo para mostrar o quanto leu.

                O produto final é resultado daquilo que se escolheu para incluir, bem como daquilo que preferiu deixar de lado. Colocar tudo, simplesmente, é fácil – e seguro – e resulta numa dessas obras de 900 páginas, nas quais o autor abdicou e deixou a leitor todo o trabalho.

                Para eliminar o desnecessário, é preciso coragem e também mais trabalho. Pascal terminou uma carta de 4 páginas a um amigo dizendo: “desculpe-me tê-lo cansado com uma carta tão longa, mas não tinha tempo para escrever-lhe uma carta breve”.
                O leigo em geral subestima a escrita e se impressiona demais com a pesquisa, como se essa fosse a parte difícil. Não é. 

Escrever, como um processo criativo, é muito mais difícil e leva duas vezes mais tempo.



                O mais importante na pesquisa é saber quando parar. Devemos parar antes de ter acabado. Sem isso, nunca paramos e nunca acabamos.

                Como copiar é um trabalho e um aborrecimento, o uso de cartões – quanto menores, melhor –, para anotações, força-nos a extrair o que é rigorosamente relevante, a destilar desde o começo. 

A seleção é que determina o produto final. Por isso, é melhor usar apenas material das fontes primárias. As fontes secundárias são úteis, mas perniciosas. Use-as como guias no início de um projeto. Mas não acabe simplesmente reescrevendo o livro de algum outro autor. Além disso, os fatos apresentados por uma fonte secundária já sofreram uma seleção prévia, de modo que, ao usá-los, perdemos a oportunidade de fazer nossa própria seleção.

                A tarefa de reescrever o que já é conhecido não encerra atrativos para Bárbara. Não sente estímulo para escrever a menos que esteja aprendendo alguma coisa nova e contando ao leitor algo de novo, no conteúdo ou na forma.

                A arte de escrever – a prova do artista – é resistir à atração de desvios fascinantes e apegar-se ao seu assunto. São necessárias, simplesmente, coragem e confiança para fazer escolhas e, acima de tudo, para deixar certas coisas de lado. O melhor quadro é aquele que mostra as partes da verdade que melhor produzem o efeito do todo.

                Outro princípio, sugerido por Bárbara: não discutir as evidências, as fontes, as teorias, em frente ao leitor. Os processos de raciocínio do autor não cabem numa narrativa. Devemos resolver nossas dúvidas, examinar as provas conflitantes, determinar os motivos atrás das cortinas e discutir nossas fontes nas notas de referências, e não no texto

Entre outras coisas, isso mantém o autor invisível, e quanto menos a sua presença for sentida, maior é a sensação de proximidade que o leitor tem com os acontecimentos.

                Não esqueçamos do aforismo: “ser academicista é acreditar que acúmulo é aprofundamento e que chatice é precisão”.

                Ler, como escrever, é o maior dom com que o homem se dotou, por meio do qual podemos realizar viagens ilimitadas. Ler possui uma sedução interminável. Escrever, pelo contrário, é um trabalho pesado. É preciso sentar-se numa cadeira, pensar e transformar o pensamento em frases legíveis, atraentes, interessantes, que tenham sentido e que façam o leitor prosseguir. É trabalhoso, lento, por vezes penoso, por vezes uma agonia. Significa reorganizar, rever, acrescentar, cortar, reescrever. Mas provoca uma animação, quase um êxtase, um momento no Olimpo! Em suma, é um ato de criação!

(A formatação e os negritos são deste Blog do Maffei)

Professor Fernando Nogueira da Costa (UNICAMP/FAPESP)

Se quiser beber direto da fonte acesse:
CIDADANIA & CULTURA
Blog do Fernando Nogueira da Costa



COMTE, WEBER E DURKEIN: OS PRECURSORES DA SOCIOLOGIA

                         COMTE                                                         DURKEIN                                                        WEBER



AUGUSTO COMTE

(*19/01/1798, Montpellier, França - + 05/09/1857, Paris, França)



            Estudante da Politécnica aos 16 anos, Comte é nomeado em 1832 explicador de análise e de mecânica nessa mesma escola e, depois, em 1837, examinador de vestibular. Ver-se-á retirado desta última função em 1844 e de seu posto de explicador em 1851.

            Apesar de seus reiterados pedidos, não obterá o desejado cargo de professor da Politécnica, nem mesmo a cátedra de história geral das ciências positivas no Collège de France, que quisera criar em benefício próprio.

            A obra de Comte guarda estreitas relações com os acontecimentos de sua vida. Dois encontros capitais presidem as duas grandes etapas desta obra. Em 1817, ele conhece H. de Saint-Simon: O Organizador, o Sistema Industrial, e concebe, a partir daí, a criação de uma ciência social e de uma política científica. Já de posse, desde 1826, das grandes linhas de seu sistema, Comte abre em sua casa, rua do Faubourg Montmartre, um Curso de filosofia positiva - rapidamente interrompido por uma depressão nervosa - (que lhe vale ser internado durante algum tempo no serviço de Esquirol). Retoma o ensino em 1829. A publicação do Curso inicia-se em 1830 e se distribui em 6 volumes até 1842.

            Desde 1831 Comte abrirá, numa sala da prefeitura do 3.° distrito, um curso público e gratuito de astronomia elementar destinado aos "operários de Paris", curso este que ele levaria avante por sete anos consecutivos. Em 1844 publica o prefácio do curso sob o título: Discurso dobre o espírito positivo.

            É em outubro de 1844 que se situa o segundo encontro capital que vai marcar uma reviravolta na filosofia de Augusto Comte. Trata-se da irmã de um de seus alunos, Clotilde de Vaux, esposa abandonada de um cobrador de impostos (que fugira para a Bélgica após algumas irregularidades financeiras). Na primavera de 1845, nosso filósofo de 47 anos declara a esta mulher de 30 seu amor fervoroso. "Eu a considero como minha única e verdadeira esposa não apenas futura, mas atual e eterna". Clotilde oferece-lhe sua amizade. É o "ano sem par" que termina com a morte de Clotilde a 6 de abril de 1846. Comte sente então sua razão vacilar, mas entrega-se corajosamente ao trabalho.

            Entre 1851 e 1854 aparecem os enormes volumes do Sistema de política positiva ou Tratado de sociologia que intitui a religião da humanidade. O último volume sobre o Futuro humano prevê uma reformulação total da obra sob o título de Síntese Subjetiva.

            Desde 1847 Comte proclamou-se grande sacerdote da Religião da Humanidade. Institui o "Calendário positivista" (cujos santos são os grandes pensadores da história), forja divisas "Ordem e Progresso", "Viver para o próximo"; "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim", funda numerosas igrejas positivistas (ainda existem algumas como exemplo no Brasil). Ele morre em 1857 após ter anunciado que "antes do ano de 1860" pregaria "o positivismo em Notre-Dame como a única religião real e completa". Comte partiu de uma crítica científica da teologia para terminar como profeta.

            Compreende-se que alguns tenham contestado a unidade de sua doutrina, notadamente seu discípulo Littré, que em 1851 abandona a sociedade positivista. Littré - autor do célebre Dicionário, divulgador do positivismo nos artigos do Nacional - aceita o que ele chama a primeira filosofia de Augusto Comte e vê na segunda uma espécie de delírio político-religioso, inspirado pelo amor platônico do filósofo por Clotilde.

            Todavia, mesmo se o encontro com Clotilde deu à obra do filósofo um novo tom, é certo que Comte, já antes do Curso de filosofia positiva (e principalmente em seu "opúsculo fundamental" de 1822), sempre pensou que a filosofia positivista deveria terminar finalmente em aplicações políticas e nas fundação de uma nova religião. Littré podia sem dúvida, em nome de suas próprias concepções, "separar Comte dele mesmo". Mas o historiador, que não deve considerar a obra com um julgamento pessoal, pode considerar-se autorizado a afirmar a unidade essencial e profunda da doutrina de Comte.


            Comte, afirmando vigorosamente a unidade de seu sistema, reconhece que houve duas carreiras em sua vida. Na primeira, diz ele sem falsa modéstia, ele foi Aristóteles e na segunda será São Paulo.

MAX WEBER

( *21/04/1864, Erfurt, Alemanha – + 14/06/1920, Munique, Alemanha)



            Para Weber a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais. Estas são todo tipo de ação que o indivíduo faz, orientando-se pela ação de outros.

            Só existe ação social, quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações com os demais.

            Weber estabeleceu quatro tipos de ação social. Estes são conceitos que explicam a realidade social, não é a realidade social:

  1. ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado;
  2. ação efetiva: aquela determinada por afetos ou estados sentimentais;
  3. racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independente do êxito desse valor na realidade;
  4. racional com relação a fins: determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários.

            Nos conceitos de ação social e definição de seus diferentes tipos, Weber não analisa as regras e normas sociais como exteriores aos indivíduos.

            Para ele as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais.

            Na sua concepção o método deve enfatizar o papel ativo do pesquisador em face da sociedade.


EMILE DURKEIN

(* 15/04/1858, Epinal, Lorena, França – + 15/11/1917, Paris, França)


            No pensamento durkeiniano a sociedade prevalece sobre o indivíduo, pois quando este nasce tem de se adaptar às normas já criadas, como leis, costumes, línguas, etc.

            O indivíduo, por exemplo, obedece a uma série de leis impostas pela sociedade e não tem o direito de modificá-las.

            Para Durkein o objeto de estudo da Sociologia são os fatos sociais. Esses fatos sociais são as regras impostas pela sociedade (as leis, costumes, etc., que são passados de geração para geração).

            É a sociedade, como coletividade, que organiza, condiciona e controla as ações individuais. O indivíduo aprende a seguir normas e regras que não foram criadas por ele, essas regras limitam sua ação e prescrevem punições para que não obedecer aos limites sociais.

            Durkein propôs um método para a Sociologia que consiste no conjunto de regras que o pesquisador deve seguir para realiza de maneira correta, suas pesquisas. Este método enfatiza a posição de neutralidade e objetividade que o pesquisador deve ter em relação à sociedade: ele deve descrever a realidade social, sem deixar que suas idéias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais.


Veja também:

O NOME DA ROSA

O Nome da Rosa de Umberto Eco: Análise da Obra O Nome da Rosa  é um livro de 1980 escrito pelo italiano Umberto Eco. Em 1986 foi lançado o...

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