sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

CROMWELL e a História de uma Cabeça Decepada

 


A Cabeça Decepada de CROMWELL

 

            Sem dúvida entre as mais controversas figuras da história britânica existe um lugar de destaque reservado ao General e Chefe de Estado, Oliver Cromwell[1]. Ele ficou conhecido por liderar o Exército do Parlamento na Guerra Civil Inglesa[2], alimentada pelos seus desentendimentos com o Rei Carlos I[3] a respeito de reformas que visavam diminuir o poder real. Cromwell era um ferrenho anti monarquista, desejava manter os poderes reais em xeque e em mais de um momento tentou abolir a realeza de uma vez por todas. Ele coordenou os esforços da Revolução, foi um comandante obstinado e chegou a liderar as tropas pessoalmente em sangrentas batalhas contra as forças legalistas.


Oliver Cromwell visita o corpo de Carlos I
           Quando seu lado emergiu vitorioso da Revolução, seu papel foi fundamental no julgamento real. Em 1649, ele conseguiu algo até então jamais ocorrido na Europa, executar um rei. Em 1653 Cromwell se sagrou Lorde Protetor da Inglaterra, Irlanda e Escócia, negando se tornar, ele próprio, aquilo que tanto detestava: um Monarca. Por pouco a coroa não foi parar em sua cabeça, mas ele se manteve fiel aos seus princípios. Sua morte e a jornada posterior de seus restos mortais (principalmente sua cabeça) se mostrariam um acontecimento tão estranho e cheio de reviravoltas quanto foi sua turbulenta vida.


            O triunfo de Oliver Cromwell se encerraria com sua morte no ano de 1658. Ele recebeu um luxuoso funeral, seu corpo foi cuidadosamente embalsamado e então colocado numa câmara de honra na Abadia de Westminster[4] onde ironicamente muitos reis e rainhas foram sepultados ao longo dos séculos. Para os aliados do Lorde Protetor, seu corpo seria pranteado pelos seus seguidores, admirado pelos seus feitos e enaltecido pelas vitórias. Mas não foi o que aconteceu.


Carlos II
            Em 1660, os Legalistas que haviam se exilado no exterior retornaram para a Inglaterra e reconquistaram o poder. Carlos II[5] se tornou o novo Rei e não esqueceu a ousadia dos revolucionários; ele desejava vingança a qualquer custo. Aqueles que participaram do julgamento e da execução real foram caçados sem piedade. Os capturados foram arrastados para masmorras e torturados com requintes de crueldade para entregar outros. O rancor do sucessor era tamanho que em alguns casos, parentes, amigos e até empregados dos conspiradores também acabaram presos e executados. A sede de sangue era tanta que mesmo crianças sofreram perseguições, sendo mandadas para o exílio ou em alguns casos jogadas de embarcações para morrerem afogadas. Seu único crime era descender de algum conspirador. Carlos II, no entanto não se conformava em não poder se vingar do causador de tudo aquilo. Cromwell estava morto e não havia nada que ele pudesse fazer para extrair dele sua vingança. Ou será que havia?




            O Rei ordenou que o cadáver de seu desafeto fosse removido de onde havia sido depositado com todas honras. A ordem era remover o corpo e dar a ele o tratamento que um condenado teria. Primeiro o cadáver foi retirado do caixão e atirado no chão. Ele foi amarrado em uma corda e arrastado sendo ofendido, cuspido e vilipendiado pelos cidadãos compelidos a agir dessa maneira por um decreto real. Aquele que se negasse a participar dessa humilhação poderia ser considerado um traidor. Ao chegar a uma praça onde execuções ocorriam, o corpo foi surrado e então enforcado. Ele permaneceu pendurado da manhã até a madrugada, quando foi descido, colocado num patíbulo e decapitado. Mas nem isso foi o bastante!



     Enquanto o corpo era desmembrado e preparado para ser mandado para várias cidades inglesas, a cabeça de Cromwell foi estacada em um poste de carvalho com 12 metros de altura erigido diante de Westminster Hall[6]. Lá serviria como uma macabra lembrança para todos que desafiassem a Monarquia.



           A cabeça permaneceu no mesmo lugar por incríveis 20 anos, uma lembrança mórbida a que muitos reputavam histórias assombrosas. O fantasma decapitado de Cromwell era visto frequentemente, vagando pelos arredores, seus passos ecoando pelos corredores desertos e pelas ruelas adjacentes. Uma lenda muito difundida afirmava que o grande poste atraía raios e que em pelo menos uma ocasião Westminster Hall se incendiou na véspera do aniversário da morte de Cromwell. Havia o perturbador rumor de que se uma pessoa encarasse o crânio em uma noite de lua cheia, estaria fadado a ter uma morte medonha em menos de um mês. Boatos sobre pessoas que haviam sido vítimas dessa maldição se multiplicavam e muitos estavam dispostos a evitar as órbitas vazias da caveira nessas noites enluaradas.


       Mas a verdadeira jornada da cabeça começaria oficialmente em 1685, quando uma violenta tempestade atingiu Londres e derrubou o poste de carvalho fazendo o crânio se soltar do prego e rolar até os pés de um guarda. Esse sentinela, cuja identidade permaneceu desconhecida, decidiu apanhar o objeto macabro e escondê-lo num vão dentro da chaminé de sua casa. Enquanto isso, uma busca pelo crânio era conduzida com uma recompensa sendo oferecida para quem recuperasse o artefato. O guarda, temia ser punido por ter pego o crânio e por isso resolveu guardar segredo.


           Quando estava perto da morte, ele confidenciou a sua filha e genro a responsabilidade pelo sumiço do crânio e o paradeiro deste que ainda se encontrava na lareira. O crânio foi então recuperado e vendido para um colecionador particular. Ele então desapareceu até meados de 1710 quando ressurgiu na coleção de um homem chamado Claudius Du Puy[7], que possuía em um Gabinete de Curiosidades composto por vários itens mórbidos. O crânio era um de seus objetos mais importantes, o último resquício de Oliver Cromwell.


          Du Puy afirmava que o crânio tinha estranhas propriedades e que uma pessoa podia se comunicar com o espírito de Cromwell que se encontrava preso na peça. Ele havia sido peça central em sessões de contato com os mortos e dizem, até em missas negras. O colecionador faleceu em 1738 e o crânio desapareceu novamente após um assalto a propriedade de Du Puy que estava fechada após a sua morte.




Máscara Mortuária de Cromwell
          A Cabeça de Cromwell ficaria desaparecida da história e permaneceria esquecida por muitas décadas. Ninguém sabia onde ela havia ido parar e ninguém realmente parecia se importar, mas em 1780 ela surgiu uma vez mais na coleção particular de Samuel Russel, um ator itinerante que exibia o macabro objeto para quem quisesse pagar algumas moedas para vê-lo. Russel dizia que havia adquirido o crânio de uma pessoa que lhe devia dinheiro e que esta havia contado a ele como ela havia sido roubada da casa de Du Puy. Ele a aceitou como pagamento de uma dívida.

            Enquanto a maioria das pessoas via o crânio como uma mórbida curiosidade, um ourives chamado James Cox[8] viu na peça uma oportunidade de enriquecer. Ele comprou de Russel a peça por cerca de 100 libras (aproximadamente 5600 libras em valores atuais) e tratou de espalhar o rumor de que ela tinha poderes sobrenaturais. Diziam que o objeto revelava visões do passado e do futuro, que falava na mente de seu dono e que conhecia muitos segredos dos bastidores do poder. Um dos rumores mais interessantes envolvia a localização de um grande tesouro que supostamente havia sido coletado por Cromwell em seus dias como Lorde Protetor. Ninguém jamais havia encontrado esse tesouro e acreditava-se que, com a devida persuasão, o crânio poderia ser convencido a revelar seu paradeiro.




          Cox negociou o crânio com dois irmãos conhecidos como Hughes que acreditavam no ocultismo e que imaginavam, seriam capazes de convencer o espírito de Cromwell a revelar a localização de seu tesouro perdido. Os Hughes teriam contratado médiuns e espiritualistas para estabelecer comunicação com o espírito, patrocinaram rituais e até se valeram da ajuda de bruxos, mas até onde se sabe, seus planos não foram bem sucedidos. Seja porque o Lorde Protetor se negou a colaborar, ou mais provável, que a história fosse balela, eles morreram na miséria. No final de suas vidas, os irmãos tentaram promover uma exibição do crânio e de outras peças que pertenceram a Cromwell, mas eles não recuperaram seu investimento original.

            Os Hughes morreram em datas próximas em meados de 1810 e a cabeça desapareceu num limbo de mistérios uma vez mais. Supostamente a filha de um dos irmãos Hughes conseguiu vender a cabeça e essa foi parar então nas mãos de Josiah Henry Wilkinson em 1815. Ele ao menos tratou o objeto com um pouco mais de respeito. Ao invés de exibi-la simplesmente a deixou guardada em uma caixa de madeira com palha e serragem. O estranho objeto passou de geração para geração da família, tratado como uma herança peculiar.





 

           Enquanto isso, outras cabeças apareceram, com seus donos afirmando se tratarem da verdadeira cabeça de Oliver Cromwell. Disputas e acusações a respeito de farsantes se aproveitando da história se tornaram algo corriqueiro. Em dado momento, haviam mais de cinco cabeças supostamente pertencentes ao Lorde Protetor espalhadas pela Inglaterra. Finalmente em 1911, uma rigorosa análise feita por cientistas do Instituto Real de Arqueologia examinou as cabeças. A conclusão foi que o item genuíno em poder da Família Wilkinson era o autêntico. O mesmo estudo foi realizado uma segunda vez em 1934, confirmando o laudo original.


Horace Wilkinson


            Apenas no ano de 1960 é que a longa odisseia da cabeça de Oliver Cromwell se encerraria de uma vez por todas. Um dos descendentes de Wilkinson, o Dr. Horace Norman Stanley Wilkinson, decidiu dar um descanso decente à cabeça. Em 25 de março de 1960, a cabeça foi colocada em uma caixa de metal e enterrada em local secreto no campus do Sidney Sussex College, em um local conhecido apenas por alguns poucos indivíduos afim de evitar a ação de ladrões de sepulturas.

E assim, depois de séculos, a cabeça do Lorde Protetor enfim pode descansar.

 

Fonte:

Blog Mundo Tentacular

http://mundotentacular.blogspot.com/2020/08/a-estranha-jornada-da-cabeca-de-oliver.html

Acessado em: 7 de dez. 2021


[1] Oliver Cromwell – Nascido em Huntingdon, condado de Cambridgeshire, Anglia Oriental, Inglaterra em 25 de abril de 1599 e falecido no Palácio de Whitehall, Londres em 3 de setembro de 1658. Foi um militar e líder político inglês e, mais tarde, Lord Protector. Nascido no meio da nobreza rural, os primeiros quarenta anos de sua vida são pouco conhecidos. Após passar por uma conversão religiosa na década de 1630, Cromwell tornou-se puritano independente, assumindo uma posição, no geral, tolerante, face aos protestantes do seu tempo. Um homem intensamente religioso – auto denominado de Moisés puritano – ele acreditava profundamente que Deus era seu guia nas suas vitórias. Cromwell foi eleito membro do parlamento pelo círculo eleitoral de Hungingdon em 1628, e por Cambridge, no Pequeno (1640) e Longo Parlamentos (1640 -1649). Participou da Guerra Civil Inglesa, ao lado dos Parlamentaristas. Chamado de “Old Ironside”, foi rapidamente promovido da liderança de uma simples tropa de cavalaria para um dos comandantes principais do New Model Army, onde desempenhou um papel de destaque na derrota das forças realistas. Foi um dos signatários da sentença de morte do rei Carlos I em 1649, e, como membro do Rump Parliament (1649 – 1653), dominou a Comunidade da Inglaterra. Foi escolhido para assumir o comando da campanha inglesa na Irlanda durante 1649 – 1650. As suas forças derrotaram a coligação entre os Confederados e os Realistas, e ocuparam o país – terminando, assim, com as Guerras Confederadas Irlandesas. Durante este período, foram redigidas uma série de Leis Penais contra os católicos romanos (uma minoria significativa na Inglaterra e na Escócia, mas uma grande maioria na Irlanda), e grande parte das suas terras foram confiscadas. Cromwell também liderou uma campanha contra o exército escocês entre 1650 e 1651, liderando os “Roundheads” contra os Cavalheiros (Cavaliers), saindo vitorioso principalmente pelo fato do seu exército ter um modelo chamado “New Model Army” que tinha uma hierarquia baseada na meritocracia, ou seja, as altas patentes só eram alcançadas por merecimento. A 20 de abril de 1653, dissolveu o Rump Parliament pela força, instituindo uma assembleia, de curta duração, conhecida como Paramento Barebones, antes de ser convidado pelos seus pares para liderar como “Lorde Protetor” da Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda, a partir de 16 de dezembro de 1653. Como governante, esteve à frente de uma política exterior muito agressiva e eficaz. Depois de sua morte (por malária) em 1658, foi sepultado na Abadia de Westminster mas, após a tomada do poder pelos monarquistas, em 1660, o seu corpo foi retirado da sepultura, pendurado por correntes e decapitado. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Oliver_Cromwell. Acesso em 6 de dez. de 2021.

 

[2] Guerra Civil Inglesa – aconteceu durante a Revolução Inglesa, foi uma guerra civil entre os partidários do rei Carlos I da Inglaterra e do Parlamento, liderado por Oliver Cromwell. Começou em 1642 e acabou com a condenação à morte de Carlos I, em 1649. Antes da revolução, o poder do rei era absolutista, uma vez que contestá-lo era um sacrilégio. Depois da revolução, o poder do rei se viu reduzido, onde o rei existe e reina, mas não governa, quem governa é o Primeiro-Ministro, através do parlamento. Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_Inglesa. Acesso em 10 de dez. de 2021.

Batalha de Naseby
 

[3] Carlos I – Nascido em Dunfermline, Fife, Escócia em 19 de novembro de 1600 e falecido em Londres, Inglaterra em 30 de janeiro de 1649. Foi rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1625 até sua execução. Era o segundo filho do rei Jaime VI da Escócia e sua esposa Ana da Dinamarca; quando seu pai herdou o trono inglês em 1603, Carlos se mudou para a Inglaterra, onde passou a maior parte da vida. Ele se tornou herdeiro aparente, quando seu irmão Henrique Frederico morreu. Uma tentativa malsucedida e impopular tentou casar Carlos com uma princesa espanhola em 1623. Dois anos depois se casou com a francesa Henriqueta Maria. Depois de sua sucessão, Carlos começou uma luta pelo poder contra o parlamento inglês, tentando obter uma receita enquanto o parlamento tentava restringir sua prerrogativa real. Ele acreditava no direito divino dos reis e achou que podia governar de acordo com sua consciência. Muitos de seus súditos eram contra suas políticas, particularmente suas interferências nas igrejas inglesa e escocesa e o aumento de impostos sem o consentimento parlamentar, vendo suas ações como de um monarca absoluto tirano. As políticas religiosa de Carlos, junto com seu casamento com uma católica, geraram antipatia e desconfiança entre grupos reformistas como os puritanos e calvinistas, que o viam como muito católico. Ele apoiava clérigos controversos como Ricardo Montagu e William Laud quem Carlos nomeou Arcebispo da Cantuária, falhando em ajudar forças protestantes durante a Guerra dos Trinta Anos. Suas tentativas de forçar reformas religiosas na Escócia gerou as Guerras dos Bispos, aumentou a oposição dos parlamentos inglês e escocês e ajudou a precipitar sua queda. A partir de 1641, Carlos lutou contra as forças dos dois parlamentos na Guerra Civil Inglesa. Depois de ser derrotado em 1645, ele se entregou para forças escocesas que o entregaram para o parlamento inglês. Carlos se recusou a aceitar as exigências de uma monarquia constitucional protestante e temporariamente fugiu em novembro de 1647. Recapturado na ilha de Wight criou uma aliança com a Escócia, porém o Exército Novo de Oliver Cromwell consolidou seu controle na Inglaterra no final de 1648. Carlos foi julgado, condenado e executado por traição em janeiro de 1649. A monarquia foi abolida e uma república foi declarada. O Interregnum inglês terminou em 1660 e a monarquia foi restaurada com seu filho Carlos II. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_I_de_Inglaterra.  Acesso em 6 de dez. de 2021.

 


[4] Abadia de Westminster – formalmente denominadas Igreja Colegiada de São Pedro em Westminster, é uma grande igreja em arquitetura predominantemente gótica na cidade de Westminster, Londres, Inglaterra, a oeste do Palácio de Westminster. É um dos edifícios religiosos mais notáveis do Reino Unido e o local tradicional de coroação e sepultamento dos monarcas ingleses e, posteriormente britânicos. O edifício em si era uma igreja monástica beneditina até a dissolução do mosteiro em 1539. Entre 1540 e 1556, a abadia tinha o status de catedral. Desde 1560, o prédio não é mais uma abadia ou catedral, tendo o status de “Royal Peculiar” da Igreja Anglicana – uma igreja responsável diretamente pelo soberano. De acordo com a tradição relatada pela primeira vez por Sulcard em cerca de 1080, uma igreja fundada no local (então conhecida como Thorn Ey [Ilha Thorn]) no século VII, na época de Mellitus, um bispo de Londres. A construção atual começou em 1245, por ordem do rei Henrique III. Desde a coroação de Guilherme, o Conquistador (William), em 1066, todas as coroações de monarcas ingleses e britânicos estão na Abadia de Westminster. Houve 16 casamentos reais na abadia desde 1100. Como local de enterro de mais de 3,3 mil pessoas, geralmente de destaque predominante na história britânica (incluindo pelo menos dezesseis monarcas, oito primeiros-ministros, poetas laureados, atores, cientistas e líderes militares e o Guerreiro Desconhecido), a Abadia de Westminster às vezes é descrita como “Valhalla da Grã-Bretanha”, depois da construção de um icônico salão funerário da mitologia nórdica. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Abadia_de_Westminster.  Acesso em 10 de dez. de 2021.

 


[5] Carlos II – Nascido em Londres em 29 de maio de 1630 e falecido em Londres em 6 de fevereiro de 1685. Foi rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1660 até sua morte. Seu pai Carlos I foi executado no Palácio de Whitehall em 31 de janeiro de 1649, no auge da Guerra Civil Inglesa. O parlamento escocês o proclamou rei, porém Oliver Cromwell o derrotou na Batalha de Worcester, em 3 de setembro de 1651 e Carlos fugiu para a Europa continental. Cromwell se transformou no governante da Inglaterra, Escócia e Irlanda; Carlos passou nove anos em exílio na França, Províncias Unidas (República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixo) e nos Países Baixos Espanhóis. Após a morte de Cromwell em 1658, uma crise política resultou na restauração da monarquia, com Carlos sendo convidado a retornar a Grã-Bretanha. Em 29 de maio de 1660, seu aniversário de trinta anos, ele foi recebido em Londres com grande aclamação pública. Depois disso, todos os documentos legais foram datados como se ele tivesse sucedido seu pai em 1649. O parlamento inglês aprovou leis conhecidas como Código Clarendon, criado para fortalecer a posição da restabelecida Igreja Anglicana. Ele concordou com o código, mesmo sendo a favor de uma política de tolerância religiosa. A principal questão estrangeira do início de seu reinado foi a Segunda Guerra Anglo-Holandesa. Em 1670, assinou o Tratado Secreto de Dover, uma aliança com o seu primo Luís XIV de França. O rei francês concordava em auxiliar o inglês na Terceira Guerra Anglo-Holandesa e pagar uma pensão a Carlos, em troca Carlos prometia se converter ao catolicismo em uma data futura não especificada. Ele tentou em 1672 introduzir a liberdade religiosa aos católicos e dissidentes protestantes, com sua Real Declaração de Indulgência, porém o parlamento inglês forçou sua retirada. Em 1679, as revelações de Tito Oates sobre um suposto “Complô Papista” iniciaram a Crise da Exclusão quando descobriu que o irmão do rei, Jaime, o Duque de Iorque e Albany era um católico. A crise viu o surgimento de partidos Whig pró-exclusão e Tory antiexclusão. Carlos se aliou aos Tories e, após a descoberta de uma conspiração para mata-lo junto com o irmão em 1683, alguns líderes Whigs foram mortos ou exilados. Carlos dissolveu o parlamento em 1681, reinando sozinho até morrer em 1685. Não teve nenhum filho com sua esposa Catarina de Bragança, apesar de ter reconhecido vários ilegítimos, sendo assim sucedido por seu irmão Jaime. Fonte: Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_II_de_Inglaterra. Acesso em 6 de dez. de 2021.

 


[6] Westminster Hall – Palácio de Westminster ou Casas do Parlamento -  é o palácio londrino onde estão instaladas as duas Câmaras do Parlamento do Reino Unido (a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns). O palácio fica situado na margem norte do rio Tâmisa, no Borough da Cidade de Westminster próximo de outros edifícios governamentais ao longo da Whitehall. O palácio é um dos maiores parlamentos do mundo, constituindo um dos ex-libris de Londres, o que faz dele um dos edifícios existentes a conterem mais de 1.000 salas, 100 escadarias, e 5 Km de corredores. Apesar de a maior parte da construção datar do século XIX, entre os edifícios originais do Palácio encontra-se o Westminster Hall, usado atualmente para importantes cerimônias públicas, tal como os Funerais de Estado, e a Torre das Jóias (Jewel Tower). A tutela do Palácio de Westminster e do seu recinto foi exercida durante séculos pelo representante da Rainha, o Lorde-Camareiro Mor (Lord Great Chamberlain). Por acordo com a Coroa, o controle passou para as duas câmaras em 1965. Certas salas de cerimônia continuam sob a alçada do Lorde-Camareiro Mor. Depois de um incêndio em 1834, as atuais Casas do Parlamento foram construídas nos 30 anos seguintes. Foram obras do arquiteto Sir Charles Barry (1795 – 1860) e do seu assistente Augustus Welby Pugin (1812 – 1852). O desenho incorporou o Westminster Hall e o que restava da capela de Santo Estevão. Todos os cidadãos britânicos têm o direito tradicional de pedir para se avistarem com os seus membros do Parlamento, encontrando-se no elaboradíssimo Salão Central (Central Lobby). Durante as sessões parlamentares é possível assistir aos debates a partir da Galeria dos Estranhos (Stranger’s Galleries). Até a rainha está sujeita a restrições. Durante a Abertura Solene do Parlamento (State Opening of Parliamente) a soberana deve sentar-se no trono entre os Lordes enquanto o Primeiro-Ministro e os membros do Gabinete são convidados a entrar pela Câmara dos Comuns – um costume que remonta à intrusão arbitrária de Carlos I para pedir a prisão de cinco membros do Parlamento, tendo, no entanto, falhado no seu propósito. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_de_Westminster. Acesso em 10 de dez. 2021. 



[7] Claude Dupuy – Nascido em Paris em 1545 e faleceu em Paris em 1.º de dezembro de 1594. Foi um jurista, bibliófilo, filólogo e humanista francês. Figura chave no círculo de humanistas e historiadores franceses centralizados em torno de Jacques Cujas e Jacques-Auguste de Thou. Claude Dupuy formou uma grande biblioteca de manuscritos que foi herdada pelos seus filhos Pierre, erudito notável, e o humanista Jacques Dupuy. Quando este morreu, em 1657, os livros e manuscritos passaram para a Coleção Real e hoje fazem parte da Biblioteca Nacional da França. Todas essas obras são identificadas hoje como o Codex Puteanus. Entre seus escritos mais célebre estão os manuscritos das Epístolas de São Paulo, em grego e latim, alé de uma coleção de notações tironianas. Entre outras raridades encontram-se também manuscritos do século IX de Estácio (século I d.C.), a obra Apologeticum de Tertuliano e um códex do século V da Terceira Década de Lívio (século I d.C. – II d.C.). Estes escritos tinham pertencido à Abadia de Corbie, e foram adquiridos não se sabe por que meios. Claude Dupuy não se interessava por Iluminuras, ele dava preferência a textos bons, corretos, e escritos com elegância. Ele os lia, e algumas vezes fazia anotações sobre eles. Infelizmente, morreu muito cedo para publicar os resultados de suas pesquisas, porém, sua vasta correspondência com Gian Vicenzo Pinelli (1535 – 1601) foi editada por Anna maria Rauge. Pierre Dupuy – Nascido em Agen, França em 14 de novembro de 1582 e falecido em Paris em 15 de novembro de 1651. Foi um jurista, erudito e bibliotecário real francês. Era filho do humanista e bibliófilo Claude Dupuy. Mathieu Molé (1584 – 1656), primeiro presidente do Parlamento de Paris, para fazer um levantamento sobre os documentos que constituíam até aquela época o que eles chamavam de Trésor des Chartes (Cartas do Tesouro). Este trabalho levou onze anos para ser realizado. Este inventário dos manuscritos está preservado no original e em cópia na Biblioteca Nacional da França, sendo que existem transcrições nos arquivos nacionais de Paris, no salão de registros de Londres, e em outras partes do mundo. A classificação feita por Dupuy é ainda vista com respeito, porém, o inventário foi parcialmente substituído pela publicação do Inventário do Tesouro em 1863. Dupuy também publicou, junto com seu irmão Jacques e o amigo Nicolas Rigault (1577 – 1654) a “História de Jacques Auguste de Thou” (1620). Os dois irmãos, então, adquiriram de Rigault o posto de guardiães da Biblioteca Real, criando, a seguir, o catálogo da biblioteca. Durante o trabalho de criação do catálogo, Dupuy fez o registro do gigante acervo de documentos não publicados, que lhe fornecem material para muitas obras de excelente qualidade. Estas obra se tornaram importantes contribuições para a história das relações entre a igreja e o Estado na Idade Média. Foram escritas do ponto de vista gálico, isto é, em favor dos direitos da coroa em questões temporais e políticas, e isto explica a demora da publicação posterior à morte de Dupuy. Fonte: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Claude_Dupuy. E ver também https://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Dupuy. Acesso em 10 de dez. 2021.

 

[8] James Cox (cerca de 1723 – 1800) – Foi um inventor, joalheiro e empresário britânico e também proprietário Museu de Cox. Mais conhecido por criar autômatos engenhosos e relógios mecânicos, incluindo o relógio de Cox, movido por pressão atmosférica, o relógio Peacock e o Cisne de Prata. A carreira de Cox como joalheiro começou em 1751, e seus autômatos foram projetados por artistas como Joseph Nollekens e Johann Zoffany. Na década de 1760, John Joseph Merlin tornou-se seu aprendiz. Embora ele se proclamou ourives, ele empregou vários joalheiros e fabricantes que podem ter feito muito trabalho; que ele nunca foi membro da guilda do ourives confirma mais a alegação de que ele subcontratou trabalho. Cox se especializou em intricados objetos de relógio incrustados de ouro, prata e joias, conhecidos como “canções de canto”. Seu mercado principal era o Extremo Oriente, especialmente a Índia e China, e o imperador chinês Qialong, possuía um de seus autômatos, em forma de carruagem. A popularidade de Cox foi importante para o comércio britânico: o comércio de chá garantiu que as importações britânicas superassem em muito suas exportações para a China, e Cox ajudou a corrigir o desequilíbrio. Suas “canções de canto” inicialmente reduziram o déficit comercial britânico, mas no início dos anos de 1770 Cox estava preso com um grande e um mercado oriental inundado. Ele liquidou parte de seu estoque na Christie’s em 1772 e usou o estoque restante para iniciar seu museu. Na década de 1770, Cox gerenciou um museu privado no Great Room em Spring Gardens, em Londres. Ele estava exibindo seus produtos desde pelo menos 1769, embora o museu oficial tenha sido inaugurado apenas em fevereiro de 1772. O local fica perto do Arco do Almirantado e estaria entre as salas de exibição mais populares de Londres no próximo meio século. O Cox’s Museum era tão memorável que era costume referir-se à sala como “anteriormente o Cox’s Museum”, e durante a execução do museu de 1772 a 1776 a exibição de Cox eclipsou todas as outras exposições. Sua habilidade em publicidade, sem dúvida, desempenhou um papel na construção da popularidade do museu. Cox produziu vários catálogos e uma coleção de versos elogiando seu museu, que foram publicados pela primeira vez em vários jornais de Londres (alguns provavelmente foram plantados por Cox). O Cox’s Museum estava entre as exposições mais caras de Londres, e o preço supostamente era para limitar o número de visitantes por razões de segurança. O museu era popular entre as classes altas e literatas de Londres: James Boswell o visitou em 1772, por recomendação de Samuel Johnson, e Frances Burney encena um debate sobre os usos da arte em Cox’s em seu romance Evelina. O dramaturgo Richard Sheridan presta homenagem ao Cox’s Museum em The Rivals. Como proprietário do museu, Cox pode ter comprado a cabeça de Oliver Cromwell como uma curiosidade. Embora ele esperasse por patrocínio real e exibisse, como era comum, retratos reais no museu, Cox nunca alcançou seu objetivo. Em 1773, uma lei especial do Parlamento autorizou Cox a dividir sua coleção e vender as peças por sorteio. O museu foi removido de Spring Gardens em 1775 e depois de ser brevemente exibido na Mansion House pelo Lord Mayor, foi dissolvido e vendido por loteria em maio de 1775. Em 1778, Cox foi à falência pela segunda vez. Cox despachou seu filho John Henry para Cantão na China em 1782 para vender um estoque acumulada. Em Cantão, James e John Henry tornaram-se sócios de Daniel Beale e seu irmão Thomas na empresa Cox & Beale. Cox permaneceu no negócio como varejista, não mais como artista ou fabricante, até sua morte. Entre as obras mais conhecidas de Cox estão o Relógio do Pavão, agora no State Hermitage Museum em São Petersburgo, e o Silver Swan, construído por Cox Barnard Castle, Teesdale, Couty Durham. O cisne, que pode levantar o pescoço, virar a cabeça e (aparentemente) pegar peixes pequenos, ainda funciona, como é demonstrado diariamente. Na época da loteria de maio de 1775, um par de brincos de diamante atraiu muita atenção, com Cox se oferecendo para compra-lo de volta do vencedor por 5.000 libras. Um relógio musical desenhado por Cox, e anteriormente propriedade do Rei Farouk do Egito, foi vendido em 12 de dezembro de 2012 na Bohams London por 385.250 libras (577.547 dólares). Fonte: https://stringfixer.com/pt/James_Cox_(inventor). Acesso em: 10 de dez. 2021.


 


domingo, 5 de dezembro de 2021

REFORMA PROTESTANTE (ORIGEM VI) OS ANGLICANOS

 


REFORMA PROTESTANTE

(ORIGENS VI)

IGREJA ANGLICANA

 


            A Reforma Religiosa foi um processo de oposição à Igreja Católica que ocorreu em diversas regiões do continente europeu. Geralmente estuda-se três principais casos de Reforma Religiosa no século XVI: a Luterana, a Calvinista e a Inglesa (Anglicana).


           Diferentemente das demais, a Reforma Religiosa na Inglaterra ocorreu a partir da iniciativa de um rei, e não de teólogos críticos às doutrinas e práticas do clero católico. O motivo que levou o soberano inglês Henrique VIII[1] a se desligar da Igreja de Roma foi a não aceitação de seu pedido de divórcio enviado ao papa Clemente VII[2].

            Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão[3], nobre de origem espanhola. O motivo do pedido seria o fato de sua esposa não lhe dar um filho homem, situação que impossibilitava ao soberano inglês deixar em seu lugar no trono da Inglaterra um descendente seu. Dos seis filhos de Catarina, apenas a princesa Maria[4] sobreviveu. O interesse de Henrique VIII era casar com Ana Bolena[5], uma dama da corte da Inglaterra, e com ela poder ter um filho que o sucederia. Como não foi aceito o pedido pelo papa, o rei inglês declarou seu divórcio da rainha através de um tribunal nacional, em 1533. Um ano depois, Henrique VIII foi excomungado por Clemente VII.




     Porém, não foi apenas a não aceitação do divórcio pelo papa que levou Henrique VIII a romper com a Igreja Católica. Problemas políticos entre Inglaterra e Roma vinham desde a Guerra dos Cem Anos[6] (1337-1453), quando os altos dignitários católicos, localizados em Avinhão, estavam mais próximos dos franceses que dos ingleses, durante o chamado Cisma do Ocidente[7]. Havia ainda sérias críticas ao clero católico na Inglaterra desde ao menos o final do século XV, cujo principal expoente foi John Wycliff[8]. Tais críticas eram tanto doutrinárias quanto sobre o comportamento luxuoso dos clérigos católicos em momentos de penúria econômica da sociedade inglesa.


        Após Henrique VIII ser excomungado, foi decretado na Inglaterra o Ato de Supremacia, pelo qual o soberano inglês passava a ser o chefe supremo da Igreja da Inglaterra. Com essa medida, era criada a chamada Igreja Anglicana. O rei inglês passava a ter o poder de nomear os ocupantes dos cargos eclesiásticos, além de decidir sobre assuntos de ordem religiosa. A estrutura eclesiástica foi mantida, adotando-se, porém, posteriormente, a doutrina teológica desenvolvida por João Calvino.


      No aspecto econômico, o Estado Inglês confiscou todos os bens da Igreja Católica, principalmente as terras dos mosteiros, que foram vendidas a vários nobres, comerciantes e fazendeiros. Tais medidas agradaram aos gentry[9], membros da pequena nobreza ligados ao comércio e às atividades econômicas do nascente capitalismo.


         Por ironia dos acontecimentos, Henrique VIII não conseguiu ter um filho homem com Ana Bolena. A filha do casal, Elisabeth, tornar-se-ia rainha anos depois. Ana Bolena foi acusada de traição extraconjugal, condenada e decapitada em 1536. Henrique VIII ainda se casou mais quatro vezes, sendo que no terceiro casamento conseguiu ter um filho homem, Eduardo, que o sucederia. Seu quinto casamento também terminou de forma trágica, já que sua esposa Catarina de Howard foi também decapitada em decorrência de ações extraconjugais.

            O anglicanismo na Inglaterra consolidar-se-ia na Inglaterra apenas com o reinado de Elizabeth I (1558-1603), depois de sua irmã Maria Tudor tentar restaurar o catolicismo no reino.

 

 

ANGLICANISMO

            Designação de uma tradição dentro do Cristianismo que inclui a Igreja da Inglaterra e outras igrejas historicamente ligadas àquela ou que têm crenças, práticas e estruturas semelhantes. O termo anglicano tem origem em ecclesia anglicana, uma expressão medieval latina datada de, pelo menos, 1246, e que significa Igreja Inglesa. Os adeptos do Anglicanismo são designados por anglicanos. A grande maioria dos anglicanos é membro de igrejas que fazem parte da Comunhão Anglicana internacional. Contudo existem algumas igrejas foram da Comunhão Anglicana, que consideram também anglicanos, em particular aqueles que se designam por igrejas do Movimento Anglicano Contínuo.

Thomas Cranmer

           A fé dos Anglicanos tem por base as escrituras, as tradições da Igreja Apostólica, e da sucessão apostólica (“episcopado histórico”) e dos Pais da Igreja iniciais. O Anglicanismo é um dos ramos do Cristianismo ocidental; declarou sua independência do pontificado romano no período da Regulamentação Religiosa de Elisabeth I[10], o qual é designado por monasticismo[11] britânico. Muitos dos formulários anglicanos de meados do século XVI são semelhantes àqueles do protestantismo reformado contemporâneo. Estas reformas na Igreja da Inglaterra foram vistas pelo Arcebispo da Cantuária Thomas Cranmer[12], como um meio entre duas tradições protestantes emergentes, nomeadamente o Luteranismo[13] e o Calvinismo[14]. No final do século, a manutenção no Anglicanismo de muitas formas litúrgicas tradicionais e o episcopado eram vistas como inaceitáveis por aqueles que divulgavam os princípios do protestantismo.

            Na primeira metade do século XVII, a Igreja da Inglaterra e outras igrejas episcopais associadas na Irlanda e nas colônias inglesas na América, foram apresentadas por teólogos anglicanos como tendo uma tradição cristã diferente, com teologias, estruturas e formas de oração que representavam um meio termo diferente, ou via media, entre a Reforma Protestante e o Catolicismo Romano – uma perspectiva que se tornaria muito influente nas teorias da identidade anglicana, e foi expressa na descrição “Catholic and Reformed”. No seguimento da Revolução Americana (Independência dos EUA), as congregações anglicanas nos Estados Unidos e no Canadá foram ambas reorganizadas em igrejas autônomas com os seus próprios bispos e estruturas autônomas; estas, com a expansão do Império Britânico e a atividade das missões cristãs, foram adotadas como modelo a muitas recém-criadas igrejas, em particular na África, Australásia e nas regiões do Pacífico. No século XIX, o termo anglicanismo era utilizado para descrever a tradição religiosa comum destas igrejas: a Igreja Episcopal Escocesa, embora com origem na Igreja da Escócia, acabou por ser reconhecida como também partilhando da mesma identidade comum.

          O grau de distinção entre as tendências Reformistas e o Catolicismo ocidental dentro da tradição Anglicana é, habitualmente, uma matéria de debate tanto no seio das igrejas anglicanas, como na Comunhão Anglicana. Único no Anglicanismo é o “Book of Common Prayer”, um livro de preces utilizado na maioria das igrejas anglicanas, em diversos países, tenham elaborado outros livros de preces, o Prayer Book continua a ser reconhecido como um elo na Comunhão Anglicana. Não existe uma única Igreja Anglicana com autoridade jurídica universal, pois cada igreja nacional, ou regional, tem autonomia total. Como o nome sugere, as Igrejas da Comunhão Anglicana estão ligadas por laços afetivos e por lealdade. Estão em comunhão total com a Sé da Cantuária e, deste modo, com o Arcebispo da Cantuária, pessoalmente, é um ponto de convergência da unidade anglicana. Com um total estimado em 90 milhões de membros, a Comunhão Anglicana é a terceira maior comunhão cristã no mundo, atrás da Igreja Católica Apostólica Romana e da Igreja Ortodoxa.

Assembleia de Westminster
        O anglicanismo apresenta uma fusão de elementos católicos com elementos calvinista (Calvinismo). A história do anglicanismo no Brasil inicia-se no século XIX, no contexto da transferência da corte portuguesa para o Brasil, o que trouxe destaque para a região nas relações exteriores e possibilitou a abertura das primeiras capelas anglicanas no país. O anglicanismo é o grupo protestante mais antigo em operação contínua no Brasil. Inicialmente vinculado à Igreja da Inglaterra e restrito aos membros da colônia britânica, o anglicanismo começou a arregimentar fiéis brasileiros após iniciativas missionárias de membros da Igreja Episcopal dos EUA, que obtiveram êxito a partir de 1889, quando foi proclamada a república, o que desvinculou a Igreja Católica do Estado brasileiro e permitiu a livre conversão dos brasileiros a qualquer religião além da católica. Em 1955, as capelas anglicanas mantidas pela Igreja da Inglaterra fundiram-se ao distrito missionário do Brasil, então operado pela Igreja Episcopal dos Estados Unidos. Dez anos mais tarde, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) foi oficialmente separada da Igreja Episcopal dos Estados Unidos, tornando-se uma província eclesiástica autônoma da Comunhão Anglicana. Desde, então, houve diversos cismas no anglicanismo brasileiro, geralmente em resistência à aceitação de costumes mais liberais pela IEAB, além da introdução de jurisdições estrangeiras não vinculadas à Comunhão Anglicana. Atualmente, todas as vertentes existentes no movimento anglicano internacional – anglo-católica, evangélica, liberal e carismática – encontram-se representadas no país.



            Em 2000 os anglicanos foram estimados em 0,02 % dos evangélicos de missão em pesquisa do IBGE, o que correspondia na época 13.880 membros. Em 2009, nova pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) estimou a porcentagem de anglicanos em 0,01% da população brasileira, à época 19.400 membros.

Fontes:

PINTO, Tales. Site História do Mundo: https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/igreja-anglicana-e-a-reforma-na-inglaterra.htm. Acesso em 8 de dez. 2021.

WIKIPÉDIA: https://pt.wikipedia.org/wiki/Anglicanismo. Acesso em 8 de dez.    2021

 



[1] Henrique VIII – Nascido em 28 de junho de 1491 no palácio de Placentia em Greenwich, Londres, Inglaterra e falecido em 28 de janeiro de 1547 em Windsor, Berkshire, Inglaterra. Foi rei da Inglaterra até sua morte, e também Senhor e depois Rei da Irlanda. Henrique foi o segundo filho do monarca inglês da Casa de Tudor a ocupar o trono, sucedendo Henrique VII. Conhecido como o fundador da Igreja Anglicana. As suas lutas contra Roma conduziram à recusa da autoridade papal da igreja inglesa, à dissolução dos Mosteiros e a sua autoproclamação como Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra. Ainda continuou a acreditar nos principais ensinamentos católicos mesmo após sua excomunhão. Henrique VIII realizou a união legal da Inglaterra e Gales e os Atos das Leis em Galés de 1535 e 1542. Fonte: Wikipédia. Acesso em 5 de dez. de 2021.



 

[2] Papa Clemente VII – Nascido em 26 de maio de 1478 em Florença, Itália e falecido em 25 de setembro de 1534 em Roma. Seu nome antes do papado era Giulio di Giuliano de Médici, foi chefe da Igreja Católica e governante dos Estados Papais de 19 de novembro de 1523 até a data da sua morte. “O mais infeliz dos papas”, o reinado de Clemente VII foi marcado por uma rápida sucessão de lutas políticas, militares e religiosas – muitas em andamento – que tiveram consequências de longo alcance para o Cristianismo e para a política mundial. Eleito em 1523, no final da Renascença Italiana, Clemente VII chegou ao papado com uma grande reputação de estadista. Serviu com distinção como conselheiro principal do papa Leão X (1513 – 1521), do papa Adriano VI (1522 – 1523) e ainda se distinguiu como “gran maestro” de Florença (1519 – 1523). Assumindo capacidade de liderança em tempos de crise, com a Reforma Protestante em expansão, a igreja se aproximando da falência, e grandes exércitos estrangeiros invadindo a Itália, Clemente VII tentou inicialmente unir a cristandade, fazendo paz entre os muitos líderes cristãos então em desacordo. Mais tarde, ele tentou libertar a Itália da ocupação estrangeira, acreditando que isso ameaçava a liberdade da igreja. A complexa situação política da década de 1520 frustrou os esforços de Clemente VII. Foram tempos de herança de desafios assustadores, incluindo a Reforma Protestante de Martinho Lutero no norte da Europa; uma vasta luta pelo poder na Itália entre dois reis mais poderosos da Europa, O Sacro Imperador Romano-Germânico Carlos V e Francisco I de França, cada um dos quais exigiu que o papa escolhesse um lado; e invasões turcas da Europa Oriental, lideradas por Suleiman, o Magnífico. Os problemas de Clemente foram exacerbados pelo divórcio contencioso do rei Henrique VII de Inglaterra, que resultaria na ruptura entre a Inglaterra e a Igreja Católica, e pela deterioração, em 1527, das relações com o imperador Carlos V, que conduziria ao violento Saque de Roma, durante o qual o papa foi preso. Depois de escapar do confinamento no Castelo de Sant’Angelo o papa – com poucas opções financeiras, militares ou políticas restantes – comprometeu a independência da igreja e da Itália, aliando-se ao seu ex-carcereiro, o imperador Carlos V. Em contraste com seu papado torturado, Clemente VII era pessoalmente respeitável e devoto, possuindo uma “personalidade digna de caráter”, “grandes feitos teológicos e científicos”, bem como “liderança e julgamento extraordinários” – Clemente VII, em tempos de serenidade, poderia ter administrado o poder papal com alta reputação e prosperidade invejável. Mas, com toda a sua profunda compreensão dos assuntos políticos da Europa, Clemente parece não ter compreendido a posição alterada do papa “em relação aos emergentes estados-nações e ao protestantismo na Europa. Em matéria de ciência, Clemente VII é mais conhecido por aprovar pessoalmente em 1533, a teoria de Nicolau Copérnico de que a Terra gira em torno do Sol, o heliocentrismo – 99 anos antes do processo por heresia contra Galileu Galilei por ideias semelhantes. Eclesiástico, Clemente VII é lembrado por emitir ordens protegendo judeus da Inquisição, aprovando a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e protegendo a Ilha de Malta para os Cavaleiros de Malta. Fonte: Wikipédia. Acesso em 8 de dez. de 2021.

 


[3] Catarina de Aragão – Nascida em Alcalá de Henares em 16 de dezembro de 1485 e falecida no Castelo de Kimbolton, Cambridgeshire, conhecido como Condado de Cambridge, Inglaterra, em 7 de janeiro de 1536. Foi Princesa de Espanha e a primeira rainha consorte de Henrique VIII de Inglaterra, sendo mãe da rainha Maria I. Conversava tanto em Espanhol nativo, quanto em latim, grego, francês e, mais tarde inglês. Quando rainha, o seu tempo foi maioritariamente empenhado em obras de caridade, o que lhe conferiu o amor do povo inglês. Filha de Isabel I de Castela e Fernando de Aragão, Catarina tinha três anos quando estava noiva de Arthur, príncipe de Gales, herdeiro aparente do trono inglês. Eles se casaram em 1501, mas Arthur morreu cinco meses depois. Ela ocupou o cargo de embaixadora da Coroa Aragonesa na Inglaterra em 1507, a primeira embaixadora da história da Europa. Catarina posteriormente casou-se com o irmão mais novo de Arthur, o recém-ascendido Henrique VIII, em 1509. Por seis meses em 1513, ela serviu como regente da Inglaterra enquanto Henrique VIII estava na França. Durante esse período, os ingleses venceram a Batalha de Flodden, um evento em que Catarina desempenhou um papel importante com um discurso emocionado sobre a coragem inglesa. Sua união com Henrique não resultou em um herdeiro masculino para o trono. Henrique entrou com um pedido de anulação do casamento, alegando que ela teria consumado o anterior, com seu irmão mais velho, falecido pouco depois de desposar Catarina, Arthur, Príncipe de Gales. Uma série de eventos seguiu a esse pedido, levando o rompimento da coroa inglesa com a Igreja Católica Romana após o papa negar sua separação. O rei, assumindo a supremacia religiosa no país, conseguiu a anulação e casou-se com sua amante Ana Bolena. Catarina, todavia, nunca aceitou a decisão, e continuo considerando-se sua legítima esposa e Rainha da Inglaterra. (Fonte Wikipédia: acesso em 5 de dez. 2021)

 


[4] Maria Tudor (Maria I) – Nascida em Greenwich, Londres, Inglaterra em 18 de fevereiro de 1516 e falecida em Londres em 17 de novembro de 1558. Foi Rainha da Inglaterra e Irlanda de 1553 até sua morte, além de Rainha Consorte da Espanha a partir de 1556. Sendo filha de Henrique VIII com sua primeira esposa, Catarina de Aragão, atuou como o quarto e penúltimo monarca da Casa de Tudor. Em 1533, quando seu pai decidiu anular o casamento com sua mãe para se casar com Ana Bolena, ela foi declarada como filha ilegítima do rei e excluída da linha de sucessão, sendo substituída por sua meia-irmã, Isabel; no entanto, retornou à mesma através de uma lei aprovada em 1543. Ela havia sido restabelecida como a herdeira do trono atrás de seu meio-irmão, Eduardo VI, cujo reinado aplicou a Reforma Protestante na Inglaterra, proibindo o Catolicismo – religião seguida por Maria – fosse praticado em todo o reino. Quando teve conhecimento de sua iminente morte, movido pela diferença religiosa com sua meia-irmã, Eduardo assinou um documento onde escolhia sua prima, Joana Grey, como sua legítima sucessora. Porém, Maria reuniu forças no reino e conquistou o apoio popular, depondo-a a nove dias depois da sua ascensão. Em seu reinado, Maria reverteu as reformas religiosas implantadas por Eduardo e o protestantismo passou a ser proibido na Inglaterra. Em 1556, ela se tornou Rainha Consorte da Espanha graças ao seu casamento com Felipe II, único filho de seu primo, Carlos V. O matrimônio foi recebido com uma revolta popular organizada por Thomas Wyatt que buscava depô-la em favor de sua meia-irmã; no entanto, o levante fracassou e Isabel foi aprisionada na Torre de Londres. Por outro lado, Maria não teve filhos, passou por duas gravidezes psicológicas, uma em 1554 e outra em 1557, o que a fez ser ridicularizada na Europa, tornando a sucessão de Isabel iminente. No entanto, Maria só veio reconhecê-la como sucessora dias antes de sua morte, em 1558. Maria é reconhecida como a primeira mulher a obter sucesso na reivindicação do trono da Inglaterra – a Imperatriz Matilde fracassou em sua tentativa – apesar da concorrência e determinação dos opositores. Em seus primeiros anos, gozava de apoio popular e simpatia, principalmente pela população católica. Apesar de seu reinado ser lembrado pelas perseguições aos protestantes, que lhe renderam o epíteto de “Maria Sangrenta”, suas políticas de reforma fiscal, expansão naval e exploração colonial se tornaram bem-sucedidas no Período Isabelino. Além disso, foi honrada pelo papa Paulo IV com uma Rosa de Ouro. Fonte: Wikipédia. Acesso em 5 de dez. de 2021.

 


[5] Ana Bolena – Nascida em duas prováveis data 1501 em Bickling, Norfolk ou em 1507 em Hever, Kent na Inglaterra e falecida em 19 maio de 1536 em Londres. Foi a segunda esposa do rei Henrique VIII e Rainha Consorte do Reino da Inglaterra, de 1533 até a anulação de seu casamento dois dias antes de sua execução em 1536. Seu casamento com Henrique VIII foi polêmico sob o ponto de vista político e religioso e resultou na renúncia à autoridade papal na Igreja da Inglaterra, que se tornou independente de Roma. A ascensão e queda de Ana Bolena, considerada a mais controversa rainha consorte da Inglaterra, inspiram numerosas biografias e obras ficcionais. Era filha de sir Tomás Bolena e Isabel Howard. Foi educada na França, principalmente como dama de companhia da rainha Cláudia da França, esposa de Francisco I. Voltou para a Inglaterra em 1522. Dois anos mais tarde, apaixonou-se por Henrique VIII. A princípio, Ana resistiu às tentativas do rei em seduzi-la e torná-la sua amante, como sua irmã, Maria Bolena havia sido. Henrique VIII anulou seu casamento com Catarina de Aragão para que se pudesse casar com Ana Bolena. Quando se tornou claro que o Papa Clemente VII não aprovaria o divórcio de Henrique VIII e Catarina de Aragão e, posteriormente, o casamento deste com Ana Bolena, iniciou-se a ruptura religiosa entre a Inglaterra e a Igreja Católica Romana, resultando na criação da Igreja Anglicana. O arcebispo de Iorque, Tomás Wolsey, foi destituído de seu posto em 1529, por não ter sido bem sucedido na tentativa de conseguir o divórcio e anulação do casamento do rei Henrique VIII com Catarina de Aragão. O casamento de Ana Bolena com Henrique VIII ocorreu em 25 de janeiro de 1533, entretanto, demorou quatro meses para ser contemplado. Em 23 de maio daquele ano, foi anulado o casamento de Henrique VIII e Catarina de Aragão, sendo que cinco dias depois, o casamento de Bolena com o rei foi validado. Logo após, Henrique VIII e o arcebispo foram excomungados da Igreja Católica pelo papa. Fonte: Wikipédia. Acesso em 8 de dez. de 2021.

 


[6] Guerra dos Cem Anos – conflito ocorrido entre 1337 a 1453 (logo, 116 anos) que não foi uma guerra contínua, mas uma sucessão de batalhas envolvendo França e Inglaterra durante o processo de formação das monarquias nacionais europeias. Essa guerra é lembrada por conta da participação de Joana d’Arc, uma camponesa que lutou junto do exército francês. A Guerra dos Cem Anos foi vencida pela França, acabando com qualquer pretensão da Inglaterra de anexar seu território. Fonte: HIGA, Carlos César. Guerra dos Cem Anos; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/guerra-cem-anos.htm. Acesso em 09 de dez. 2021.

 


[7] Cisma do Ocidente – ocorreu entre 1377 e 1417. Desse cisma resultou a existência de três papas, que reivindicavam o poder sobre o mundo cristão ocidental. A origem do Cisma do Ocidente esteve ligada à disputa de poder existente entre o papa Bonifácio VIII e o rei da França Felipe IV, o Belo. O rei da França determinou a cobrança de impostos da Igreja para aumentar a renda de seu orçamento. O papa Bonifácio VIII se opunha à cobrança e ameaçou Felipe IV de excomunhão. Temeroso das consequências dessa ação, Felipe IV convocou pela primeira vez, em 1302, a Assembleia dos Estados Gerais, reunindo o clero, a nobreza e os comerciantes das cidades. Esses decidiram pela cobrança dos impostos clericais, acirrando o conflito entre a coroa francesa e o papado. Com a morte de Bonifácio VIII, em 1303, Felipe IV pressionou pela eleição de um papa francês, fazendo substituto de Bonifácio VIII o papa Clemente V. Para manter um controle mais rígido sobre o papado, Felipe IV transferiu Clemente V de Roma para Avinhão, no sul da França. Tinha início o período conhecido como o Cativeiro de Avinhão, que durou de 1307 a 1377, onde vários papas se submeteram ao poder dos reis capetíngios. Após a morte de Gregório XI, em 1377, um novo papa foi escolhido em um conclave de 16 cardeais. O cardeal de Bari, na Itália, passou a ser o papa Urbano VI e que pressionaria para que a sede do papado novamente se instalasse em Roma. Outro grupo de cardeais não aceitou essa eleição e, em 09 de agosto de 1378, assinou um documento tornando nula a eleição de Urbano VI. Pouco mais de um mês depois, elegeram outro papa, o cardeal de Genebra, que passou a se chamar Clemente VII, cuja sede de seu papado se mantinha em Avinhão. O Cisma do Ocidente levou a uma sucessão de papas nas duas cidades até o seu fim em 1417. Mas o motivo de ter durado tanto tempo se deveu também à disputa de poder entre os vários reinos europeus no período. Apoiavam o papa de Roma o imperador do Sacro Império, o rei da Inglaterra e o conde de Flandres. O rei da França, de Nápoles e depois Castela, Aragão, Lorena e Escócia apoiavam o papa instalado em Avinhão. Um concílio se reuniu na cidade de Piza, na Itália, em 1409-1410, para encontrar uma solução para a divisão. No entanto, surgiu um terceiro papa, já que o escolhido em Pisa não foi aceito pelos demais grupos. A situação somente iria mudar a partir de 1415 quando um novo concílio foi realizado em Constança. Os cardeais decidiram naquele momento que o papa de Piza, João XIII, fosse deposto. O papa de Roma, Gregório XII, renunciou ao cargo. E o papa de Avinhão, Bento XIII, foi excomungado. Um novo papa foi eleito para garantir a unidade da Igreja na Europa. Martinho V foi reconhecido como único papa em 1417 que se instalou em Roma, acabando com o Cisma do Ocidente. Fonte: UOL – Mundo Educação. PINTO, Tales Santos. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/cisma-ocidente-na-igreja-catolica.htm. Acesso em: 09 de dez. 2021.

  


[8] João Wycliffe – Nascido em Hipswell aproximadamente 1328 e falecido em 31 de dezembro de 1384 em Lutterworth, Inglaterra. Foi professor da Universidade de Oxford, teólogo e reformador religioso inglês, considerado precursor das reformas religiosas que sacudiram a Europa nos séculos XV e XVI. Trabalhou na primeira tradução da Bíblia para o idioma inglês, que ficou conhecida como a Bíblia de Wycliffe. Na universidade, aplicou-se nos estudos de teologia, filosofia e legislação canônica. Tornou-se sacerdote e depois serviu como professor no Balliol College, ainda em Oxford. Por volta de 1365 tornou-se bacharel em teologia e, em 1372, doutor em teologia. Como teólogo, logo destacou-se pela firme defesa dos interesses nacionais contra as demandas do papado, ganhando reputação de patriota e reformista. Wycliffe afirmava que havia um grande contraste entre o que a igreja era e o que deveria ser, por isso defendia reformas. Suas ideias apontavam a incompatibilidade entre várias normas do clero e os ensinos de Jesus e seus apóstolos. Uma destas incompatibilidades era a questão das propriedades e da riqueza do clero. Wycliffe queria o retorno da igreja à primitiva pobreza dos tempos evangelistas, algo que, na sua visão, era incompatível com o poder temporal do papa e dos cardeais. Para ele o Estado deveria tomar posse de todas as propriedades da igreja e encarregar-se diretamente do sustento do clero. Logo, a cátedra deixou de ser o único meio de propagação de suas ideias, ao iniciar a escrita de seu trabalho mais importante, a “Summa Theologiae”. Entre as ideias mais revolucionárias desta obra, está a afirmação de que, nos assuntos de ordem material, o rei está acima do papa e que a igreja deveria renunciar a qualquer tipo de poder temporal. Sua obra seguinte, “De Civili Dominio”, aprofunda as críticas ao Papado de Avinhão (onde esteve a sede provisória da Igreja Católica de 1309 até 1377), com seu sistema de venda de indulgências e a vida perdulária e luxuosa de muitos padres, bispos e religiosos sustentados com dinheiro do povo. Wycliffe defendia que era tarefa do Estado lutar contra o que considerava abusos do papado. A obra contém 18 teses, que vieram a público em Oxford em 1376. Suas ideias espalharam-se com grande rapidez, em parte pelos interesses da nobreza em confiscar os bens então em poder da igreja. Wycliffe pregava nas igrejas em Londres e sua mensagem era bem recebida. Apesar de sua crescente popularidade, a igreja apressou-se em censurar Wycliffe. Em 19 de fevereiro de 1377, João Wycliffe é intimado a apresentar-se diante do bispo de Londres para explanar-lhe seus ensinamentos. Compareceu acompanhado de vários amigos influentes e quatro monges foram seus advogados. Uma multidão aglomerou-se na igreja para apoiar Wycliffe e houve animosidades com o bispo. Isto irritou ainda mais o clero e os ataques contra Wycliffe se intensificaram, acusando-o de blasfêmia, orgulho e heresia. Enquanto isso, os partidos no parlamento inglês pareciam convictos de que os monges poderiam ser melhor controlados se fossem aliviados de suas obrigações seculares. Neste período, desenrolava-se a Guerra dos Cem Anos entre a França e a Inglaterra. Na Inglaterra daquele tempo, tudo que era identificado como francês era visto como inimigo e nessa visão se incluiu a igreja, pois havia transferido sua sede de Roma para Avinhão, na França. A elite inglesa (realeza, parlamento e nobreza) reagia à ideia de enviar dinheiro aos papas, esta era uma atitude vista como ajuda ao sustento do próprio inimigo. Neste ambiente hostil à França e à igreja, um teólogo como Wycliffe desfrutou quase imediatamente de grande apoio, não apenas político, como também popular, despertando o nacionalismo inglês. Em 22 de maio de 1377, o Papa Gregório XI, que em janeiro havia abandonado Avinhão para retornar a sede da igreja em Roma, expediu uma bula contra Wycliffe, declarando que suas 18 teses eram errôneas e perigosas para a igreja e o Estado. O apoio de que Wycliffe desfrutava na corte e no parlamento tornaram a bula sem efeito prático, pois era geral a opinião de que a igreja estava exaurindo os cofres ingleses. Ao mesmo tempo em que defendia que a igreja devia ser limitado às questões espirituais, sendo o poder temporal exercido pelo Estado, representado pelo rei. Seu livro “Tractatus De Officio Regis defendia que o poder real também era originário de Deus, encontrava testemunho nas Escrituras Sagradas, quando Cristo aconselhou “dar a César o que é de César”. Era pecado, em sua opinião, opor-se ao poder do rei e todas as pessoas, inclusive o clero, deveriam pagar-lhe tributos. O rei deve aplicar seu poder com sabedoria e suas leis devem estar de acordo com as de Deus. Das leis de Deus se deriva a autoridade das leis reais, inclusive daquelas em que o rei atua contra o clero, porque se o clero negligência seu ofício, o evangélico “e quem serve à igreja deve submeter-se às leis do Estado. Os arcebispos ingleses deveriam receber sua autoridade do rei (não do papa). Este livro teve grande influência na reforma da igreja, não apenas na Inglaterra, que sob Henrique VIII passaria a ter a igreja subordinada ao Estado e o rei como chefe da igreja, mas também na Boêmia e na Alemanha. Especialmente interessantes são também os ensinamentos de Wycliffe endereçada aos reis, para que protejam seus teólogos. Ele sustentava que, já que as leis do rei devem estar de acordo com as Escrituras, o conhecimento da Bíblia é necessário para fortalecer o exercício do poder real. O rei deveria cercar-se de teólogos para aconselhá-lo na tarefa de proclamar as leis reais. Os escritos de Wycliffe em seus últimos anos incluem contínuos ataques ao papado e à hierarquia eclesiástica da época. Entretanto, nem sempre foi assim. Seus primeiros escritos eram mais moderados e, à medida que as relações de Wycliffe com a igreja foram se deteriorando, os ataques cresceram de intensidade. Na questão relacionada ao cisma da igreja, com papas reivindicando em Roma e Avinhão a liderança da igreja, Wycliffe entendia que o cristão não precisa de Roma ou Avinhão, pois Deus está em toda a parte. “Nosso papa é o Cristo”, sustentava. Em sua opinião, a igreja poderia continuar existindo mesmo sem a existência de um líder visível, por outro lado os líderes poderiam surgir naturalmente, desde que vivessem e exemplificassem os ensinamentos de Jesus. A batalha de Wycliffe contra as ordens monásticas (que ele chamava de “seitas”) iniciou-se por volta de 1377 e alongou-se até sua morte. Wycliffe afirmou que o papado imperialista era suportado por estas “seitas”, que serviam ao domínio do papa sobre as nações daquele tempo. Wycliffe dizia que a igreja não necessitava de novas “seitas” e que eram suficientes os ensinos dos três primeiros séculos de existência das igreja. Defendia que as ordens monásticas não eram suportadas pela Bíblia e deveria ser abolidas, junto com suas propriedades. O povo então se insurgiu contra os monges e é possível observar os maiores efeitos dessa insurreição na Boêmia, anos mais tardes, com a revolução hussita (João Huss – 1369 – 1372 ou 1373 tendo morrido em 1415 – foi um pensador e reformador religioso tcheco que iniciou um movimento religios baseado nas ideias de John Wycliffe. Os seus seguidores ficaram conhecidos como os Hussitas. Huss foi executado em 1415 – foi queimado vivo e morreu cantando um hino “Cântico de Davi, Jesus filho de Davi tem misericórdia de mim”. Foi um precursor do movimento protestante, a sua extensa obra escrita concedeu-lhe importante papel na história literária tcheca por modo a fazer corresponder cada som a um símbolo único). Na Inglaterra, entretanto, o resultado não foi o esperado por Wycliffe: as propriedades acabaram nas mãos dos barões feudais. Wycliffe organizou um projeto de tradução das Escrituras, defendendo que a Bíblia deveria ser a base de toda a doutrina da igreja e a única norma da fé cristã. Sustentava que o papa ou os cardeais não possuíam autoridade para condenar suas 18 teses, pois Cristo é a cabeça da igreja e não os papas. “A verdade emana da Bíblia, que contém o suficiente para governar o mundo”, cita Wycliffe em seu livro “De Sufficientia Legis Christi”. Wycliffe afirmava que na Bíblia se encontra a verdade, a fonte fundamental do cristianismo e que, por isso, sem o conhecimento da Bíblia não haveria paz na igreja e na sociedade. Com isso, contrapunha a autoridade das escrituras à autoridade papal: “Enquanto temos muitos papas e centenas de cardeais, suas palavras só podem ser consideradas se estiverem de acordo com a Bíblia”. Idêntico princípio seguiria Lutero mais de 100 anos depois, ao liderar a Reforma Protestante. Wycliffe acreditava que a Bíblia deveria ser um bem comum de todos os cristãos e precisaria estar disponível para o uso cotidiano, na língua nativa das populações. A honra nacional requeria isto, desde quando os membros da nobreza passaram a possuir exemplares da Bíblia em língua francesa. Partes das Bíblias já haviam sido traduzidas para o inglês, mas não havia um tradução completa (que foi baseada na Vulgata), não há dúvidas de que foi sua iniciativa e que o sucesso do projeto foi devido à sua liderança. A ele deve-se a tradução clara e uniforme do Novo Testamento, enquanto seu amigo Nicholas de Hereford traduziu o Antigo Testamento. Ambas as traduções forram revisadas por John Purvey em 1388, quando então a população em massa teve acesso à Bíblia em idioma inglês, ao mesmo tempo que se ouvia dos críticos: “a joia do clero tornou-se o brinquedo dos leigos”. Porém, durante a Idade Média os livros eram raros e caros por serem feitos à mão, a Bíblia não era uma exceção. O uso exclusivo do latim era comum a todos os livros dado a universalidade da língua e o seu reconhecimento erudito e intelectual na Europa Ocidental, regra válida também para a Bíblia. A tradução de Wycliffe da Bíblia para o inglês pode ser entendida como mais movida pelo nacionalismo inglês e menos por uma inclinação popular de democratização de acesso. Os pobres continuaram sem ter acesso a mesma por dois motivos: o primeiro é que era cara por sua confecção ainda manual e segundo o povo continuava analfabeto. A grande difusão da Bíblia só foi de fato possível com a invenção da imprensa no século XV e a universalização da educação a partir do século XIX. Então, somente após o século XIX reuniram-se as condições para a Bíblia ser um livro popular. Apesar do empenho da hierarquia eclesiástica em destruir traduções em razão do que consideravam como erros de tradução e comentários equivocados, ainda existem ao redor de 150 manuscritos, parciais ou completos, contendo a tradução em sua forma revisada. Disso pode-se inferir o quão difundida essa tradução foi no século XV, razão pela qual os partidários de Wycliffe eram chamados de “homens da Bíblia” por seus críticos. Assim como a versão de Lutero teve grande influência sobre a língua alemã, também a versão Wycliffe influenciou o idioma inglês, pela sua clareza, força e beleza. A Bíblia de Wycliffe, como passou a ser conhecida, foi amplamente distribuída por toda a Inglaterra. A igreja a denunciou como uma tradução não autorizada. Contrário à rígida hierarquia eclesiástica, Wycliffe defendia a pobreza dos padres e os organizou em grupos para divulgar os ensinos de Cristo. Estes padres (mais tarde chamados de “lolardos” – o lollardismo foi um movimento político e religioso dos finais do século XIV e inícios do século XV na Inglaterra, inicialmente liderado por John Wycliffe que quando foi demitido da Universidade de Oxford em 1381 pelas críticas à Igreja Católica Romana, sendo que a síntese de suas ideias encontra-se nas “Doze Conclusões dos Lollardas. O termo provavelmente deriva de uma palavra que em holandês equivale à “murmurador. Foi um apelido depreciativo dado a pregadores liderados por Wycliffe, em meados do século XV, “lollard” passou a designar hereges na Inglaterra. Em 1387, ocorreu o primeiro uso oficial do termo na Inglaterra em um mandato do Bispo de Worcester contra cinco “pobres pregadores”. Entre suas principais doutrinas estavam que a devoção era um requerimento para que um clérigo fosse “verdadeiro” padre ou levasse a cabo os sacramentos, e que o leigo devoto tinha o poder de executar os mesmos ritos, acreditando que o poder religioso e a autoridade resultam da devoção e não da hierarquia da igreja. Ensinavam o conceito da “Igreja dos salvados”, significando que entre a verdadeira igreja de Cristo era a comunidade dos fiéis, que tinha muito em comum mas não era o mesmo que a igreja oficial de Roma. Ensinava uma determinada forma de predestinação, advogava a pobreza apostólica e a taxação das propriedades da Igreja Católica, negava a transubstanciação em favor da consubstanciação) não faziam votos nem recebiam consagração formal, mas dedicavam sua vida a ensinar o evangelho ao povo. Estes pregadores itinerantes espalharam os ensinos de Wycliffe pelo interior da Inglaterra, agrupados dois a dois, de pés descalços, usando longas túnicas e carregando cajados nas mãos. Em meados de 1381 uma insurreição social amedrontou os grandes proprietários ingleses e o rei Ricardo II foi levado a crer que os lolardos haviam contribuído com ela. Ele ordenou à Universidade de Oxford (que havia sido reduto dos insurretos) que expulsasse Wycliffe e seus seguidores, apesar destes não haverem apoiado qualquer movimento rebelde. O rei proibiu a citação dos ensinos de Wycliffe em sermões e mesmo em discussões acadêmicas, sob pena de prisão para os infratores. Wycliffe então se retirou para sua casa em Lutterworth, onde reuniu sábios que o auxiliaram na tarefa de traduzir a Bíblia do latim para o inglês. Enquanto assistia à missa em Lutterworth, no dia 28 de dezembro de 1384, foi acometido de um ataque de apoplexia, falecendo três dias depois, no último dia do ano. A influência dos escritos de Wycliffe foi muito grande em outros movimentos reformistas, em particular sobre o da Boemia, liderado por Jan Huss e Jerônimo de Praga. Para frear tais movimentos, a igreja convocou o Concílio de Constança (1414 – 1418). Um decreto deste Concílio (expedido em 4 de maio de 1415) declarou Wycliffe como herético, recomendou que todos os seus escritos fossem queimados e ordenou que seus restos mortais fossem exumados e queimados, o que foi cumprido 12 anos mais tarde pelo Papa Martinho V. Suas cinzas foram jogadas no rio Swift, que banha Lutterworth.


 

[9] Gentry – do francês arcaico genterie – a nobreza rural europeia que, embora desprovida de títulos nobiliárquicos, possuía os mesmos valores da restante aristocracia inglesa. É uma nobreza terratenente (proprietários de terra que por extensão tem muito poder ou influência e prestígio numa cidade ou região) que, que a partir do século XVI começou se apropriar das terras comunais e de pequenas propriedades rurais de modo a cercá-las e assim proceder à criação de gado ovino – necessária para haver manufaturas domésticas que faziam a produção de têxteis. Foram responsáveis pelo aumento subsequente da produção agrícola, ao introduzirem uma série de inovações agrícolas.

 


[10] Isabel I ou Elizabeth I – nascida em Greenwich, Londres em 7 de setembro de 1533 e falecida em Richmond, Londres, Inglaterra em 24 de março de 1603. Também chamada de “A Rainha Virgem”, “Gloriana” ou “Boa Rainha Bess” (“Bess” era como Roberto Durdley, seu favorito, a chamava) foi Rainha da Inglaterra e Irlanda de 1558 até sua morte e a quinta e última monarca da Casa Tudor. Como filha do rei Henrique VIII, Elizabeth nasceu dentro da linha de sucessão; entretanto, a sua mãe Ana Bolena foi executada dois anos e meio após seu nascimento e o casamento dos seus pais foi anulado. Elizabeth foi declarada ilegítima. O seu meio-irmão Eduardo VI sucedeu a Dom Henrique e reinou até morrer em 1553. Antes da sua morte, Eduardo nomeou Joana Grey, como rainha, excluindo da sucessão as suas meias-irmãs Elizabeth e a católica Maria I, apesar da existência de um estatuto declarando o contrário. Porém, o seu testamento acabou anulado e Maria tornou-se rainha, tendo Joana sido executada. Elizabeth foi também feita prisioneira, durante cerca de um ano em que durou o reinado de Maria, por suspeitas de apoiar rebeldes protestantes. Elizabeth sucedeu Maria em 1558 e passou a reinar com um conselho. A rainha passou a depender muito de um grupo de conselheiros de confiança liderados por Guilherme Cecil, o Barão de Burghley. Uma das suas primeiras ações como rainha foi o estabelecimento de uma igreja protestante inglesa, da qual tornou-se sua Governadora Suprema. A Resolução Religiosa Elisabetana mais tarde desenvolveu-se na atual Igreja Anglicana. Era também esperado que ela se casasse e gerasse um herdeiro para continuar a linhagem da Casa de Tudor, porém, nunca se casou apesar de ter tido vários pretendentes. Elizabeth ficou famosa pela sua castidade enquanto envelhecia. Um culto cresceu a seu redor tendo sido celebrada em pinturas, desfiles e obras literárias. A governança de Elizabeth foi mais moderada do que a do pai e a dos meios-irmãos. Um de seus lemas era vídeo et taceo (“Vejo e digo nada”). Era relativamente tolerante em questões religiosas, evitando perseguições sistemáticas. Depois de 1570, quando o papa a declarou ilegítima e permitiu aos seus súditos que a deixassem de lhe obedecê-la, várias aspirações ameaçaram a sua vida. Todos os planos foram derrotados com a ajuda dos serviços secretos dos seus ministros. Elizabeth era cautelosa em assuntos estrangeiros, movimentando-se entre as grandes potências da França e Espanha. Apoiou, sem entusiasmo, várias campanhas militares ineficazes e mal equipadas nos Países Baixos do Sul, na França e Irlanda. Porém, por volta de 1580, uma guerra contra a Espanha tornou-se inevitável. Quando os espanhóis finalmente decidiram em 1588 tentar conquistar a Inglaterra, o fracasso da Armada Invencível associou Elizabeth a uma das maiores vitórias militares da história inglesa. O reinado ficou para sempre conhecido com Período Elisabetano, famoso acima de tudo pelo florescimento do drama inglês, liderado por dramaturgos como William Shakespeare e Christopher Marlowe, além das proezas marítimas dos aventureiros ingleses como Sir Francis Drake. Alguns historiadores são mais contidos nas suas avaliações a Elizabeth. Eles representam-na como uma governante temperamental, às vezes indecisa e que teve muita sorte. Uma série de problemas econômicos e militares diminuíram a sua popularidade ao final de seu reinado. Elizabeth é reconhecida como uma intérprete carismática e uma sobrevivente obstinada num período em que o governo era um instituição desorganizada e limitada, e monarcas de países vizinhos enfrentavam problemas internos que ameaçavam seus tronos. Assim foi o caso da rival Maria da Escócia, que foi presa por Elizabeth em 1568, e acabou por ser executada em 1587. Depois dos curtos reinados de Eduardo VI e Maria I, o seu período de 44 anos no trono deu estabilidade ao reino e ajudou a criar um sentimento de identidade nacional. Fonte: Wikipédia. Acesso em 5 de dez. de 2021.

 


[11] Monasticismo ou monaquismo – do grego monachos, que quer dizer uma pessoa solitária – é a prática da abdicação dos objetos comuns dos homens em prol da prática religiosa. Várias religiões têm elementos monásticos, embora usando expressões diferentes: cristianismo, budismo, hinduísmo, taoísmo e jainismo. Assim, os indivíduos que praticam o monasticismo são classificados como monges (no caso dos homens) e monjas (no caso das mulheres). Ambos podem ser referidos como monásticos e, por norma, vivem na chamada clausura monástica. Fonte: Wikipédia. Acesso em 08/12/2021.

 


[12] Thomas Cranmer – Nascido em Aslockton em 2 de julho de 1489 e falecido em Oxford em 21 de março de 1556. Foi um dos líderes da Reforma Inglesa e Arcebispo de Cantuária durante os reinados de Henrique VIII, Eduardo VI e Maria I. Cranmer ajudou a construir o caso para a anulação do casamento de Henrique com Catarina de Aragão, que foi uma das causas da separação da Igreja Anglicana e da união com a Igreja Católica. Junto com Thomas Cromwell, ele apoiava o princípio da Supremacia Real, em que o rei era considerado o soberano da igreja do seu reino. Durante seu período como arcebispo, foi responsável por estabelecer as primeiras estruturas doutrinais e litúrgicas da reformada Igreja da Inglaterra por causa das disputas de poder entre os conservadores e os reformistas religiosos. Entretanto, ele conseguiu publicar o primeiro vernáculo autorizado, a “Exortação e Ladainha”. Quando Eduardo chegou ao trono, Cranmer conseguiu promover grandes reformas. Escreveu e compilou as duas primeiras edições do “Livro de Oração Comum”, uma liturgia completa para a Igreja Anglicana. Com a ajuda de vários reformistas continentais a que deu refúgio, ele desenvolveu novos padrões doutrinários em áreas como a eucaristia, celibato clerical, o papel das imagens em locais de culto e a veneração dos santos. Cranmer promulgou novas doutrinas através do “Livro de Oração”, das homilias e outras publicações. Cranmer foi acusado quando Maria I assumiu o trono da Inglaterra, e condenado de traição por seu apoio a Jane Grey, como Rainha, mas Maria Tudor poupou sua vida, resolvendo julgá-lo por heresia, mantendo-o preso até fevereiro de 1556, permanecendo Cranmer como arcebispo. Em novembro de 1554, o Cardeal Reginald Pole foi a Inglaterra para restabelecer os laços do país com o catolicismo. Pole foi indicado como arcebispo de Cantuária em 1556. Entrementes, Cranmer, enfraquecido pelos mais de dois anos de prisão, declarou vários arrependimentos, reafirmando sua crença na transubstanciação e na supremacia papal dizendo posteriormente, que o fez a fim de evitar sua execução. Apesar disso, Cranmer foi sentenciado à morte pela fogueira. De acordo com John Foxe, em 21 de março de 1556, Cranmer foi trazido em procissão à Igreja de Santa Maria, em Oxford, onde ele foi forçado a fazer uma declaração pública afirmando seu arrependimento. Em vez disso, Cranmer retirou sua declaração anterior de arrependimento e denunciou a doutrina da Igreja Católica e o papa, dizendo: “E sobre o papa, eu o recuso, como inimigo de Cristo e Anticristo, com toda sua falsa doutrina”. Após isso, Cranmer foi executado na fogueira. Fonte: Wikipédia. Acesso em 5 de dez. de 2021.

 


[13] Luteranismo – ver Blog do Maffei. https://radiomaffei.blogspot.com/2021/12/reforma-protestante-i.html. Acessado em: 08 de dez. 2021.

 

[14]  Calvinismo- ver Blog do Maffei. https://radiomaffei.blogspot.com/2021/12/reforma-protestante-ii.html. . Acessado em: 08 de dez. 2021.

 

 




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